Eu morava com a Gabi em uma republica perto do centro. Era uma casa aconchegante e bem decorada. As paredes eram brancas, com alguns quadros coloridos. O sofá da sala era grande e confortável, com algumas almofadas jogadas sobre ele. Ao lado do sofá, havia uma mesa de centro de madeira escura, sempre com alguma bagunça em cima. Na parede oposta, ficava uma televisão enorme, com um rack de madeira que falhava em esconder a fiação.
A cozinha ficava ao lado da sala de estar, com uma bancada de granito preto e armários brancos. Havia uma pequena mesa de jantar no canto da cozinha, com duas cadeiras de segurança duvidosa. Atrás da cozinha, uma porta levava ao quintal. O quintal era espaçoso, com algumas plantas comestíveis e muitas flores. Havia uma pequena mesa e algumas cadeiras de plástico para aproveitar o sol. No canto do quintal, havia um pequeno canil de alvenaria onde o filé, o labrador da Gabi, dormia.
Os quartos ficavam no segundo andar, que era acessado por uma escada que sempre rangia. A Gabi, por alguma injustiça do destino, ocupava a suíte e eu ficava no quarto menor. Do outro lado do corredor, havia um banheiro e um escritório.
Naquele dia eu acordei naquela manhã com o sol entrando pela janela do meu quarto. Estiquei os braços e me espreguicei na cama, sentindo o conforto do edredom quente me envolver. Olhei para as horas e percebi que já era tarde. Levantei rapidamente e fui até o quarto da Gabi para ver se ela ainda estava dormindo. Ela estava lá, com um sorriso no rosto, serena como lhe era peculiar. Senti uma onda de carinho por ela, lembrando-me de como ela pode ser mandona às vezes, mas também carinhosa e gentil em outros momentos.
Tomei uma ducha rápida e quando sai encontrei Gabi com cara de sono perambulando pelo corredor. Fomos tomar café da manhã juntas. Ela vestia um vestido verde que realçava seus olhos castanhos e combinava com sua pele bronzeada. Embora discreto, o vestido tinha um decote grande o suficiente para mostrar um pedaço da tatuagem que ela tinha no seio. Tentei disfarçar, mas meus olhos frequentemente se desviavam para o decote, esperando um dia o vislumbre da arte corporal por completo. Enquanto zapeávamos pelos canais, encontramos um programa sobre treinamento de cachorros. O apresentador contava uma história sobre um cão que sempre mordia os donos, e como ele tinha conseguido ensinar o cachorro a parar com esse comportamento.
Brincando, fingi que ia morder Gabi. Ela me olhou feio. Rindo, eu mordi de novo. Ela me avisou que se eu fizesse isso de novo começaria a me tratar como uma cadela. Eu achei graça e mordi mais uma vez.
"Chega, Renata! Agora eu vou te tratar como uma cadela mesmo", Gabi falou, levantando-se do sofá e indo até o quintal.
Curiosa, fui atrás dela e fiquei observando enquanto Gabi pegava a coleira do filé. A coleira era de couro preto, com uma fivela prateada e uma argola para prender a guia.
"Vou colocar isso no seu pescoço", Gabi disse, vindo em minha direção. "Agora você é a minha cachorrinha e vai ter que me obedecer." Fiquei meio incrédula, mas ao mesmo tempo excitada, e deixei. Gabi deixou a coleira justa. Não doía, mas não era exatamente confortável. "Vai para o chão, cadela", disse a Gabi argumentando que lá era meu lugar. Obedeci, ficando deitada ao lado do sofá enquanto Gabi se acomodava confortavelmente no sofá.
Ficamos vendo tv mais um tempo. Ela no sofá, e eu no chão com uma coleira apertando meu pescoço. O prazer de estar encoleirada no chão era um mundo novo que começava a se abrir para mim naquele momento. "Cadela, vá pegar meu celular", disse a Gabi apontando para a mesa da cozinha. Levantei e começei a andar até lá. "Onde já se viu cadela caminhando?", ela disse. Fiquei de quatro e fui assim até a mesa. Sem querer dar outra gafe, peguei o celular com a boca e levei até ela, um celular levemente babado. "Muito bem, cadelinha", ela enquanto afagava minha cabeça. Eu me sentia um pouco desconfortável, mas também estava começando a gostar da sensação de ser tratada assim.
O dia passou rapidamente, comigo passando a maior parte do tempo no chão da sala, como uma cadela obediente. Gabi se divertia dando ordens e observando como eu as seguia fielmente. No final do dia, eu estava exausta, suada, suja de ficar no chão. Gabi tirou muita coleira e a colocou na mesa de centro. Senti um alivio momentâneo que foi rapidamente substituído pela sensação que faltava algo em mim. Fui tomar um banho. Quanto tirei a calcinha percebi o quanto aquilo tudo tinha me excitado. Senti uma quentura entre as minhas pernas, mas antes que pudesse fazer algo a respeito, Gabi bateu na porta do banheiro e disse que nada de siririca naquela noite. Fiquei surpresa com a perspicácia da Gabi, mas ao mesmo tempo senti um arrepio de excitação percorrer meu corpo. Parecia que ela sabia exatamente o que eu estava pensando. Fiquei em silêncio por alguns segundos, tentando decidir se deveria ou não atender ao seu pedido. Mas algo na voz dela me fez obedecer. Talvez fosse o tom mandão, ou a forma como ela parecia ter o controle da situação. Só sei que acabei tomando um banho gelado, tentando aliviar o tesão que ainda pulsava em meu corpo. Demorei para dormir naquela noite. Talvez tenha me faltado a endorfina pós orgasmo.
Levantei tarde naquele domingo. Na verdade, levantei sem saber que horas eram. Descobri que era tarde depois que botei meu celular para carregar. Desci as escadas, que rangiam a cada degrau que eu pisava. A coleira não estava mais na mesa e o filé não estava no quintal. Foram passear, pensei, com uma certa inveja dele. Sentei no sofá com um copo de leite quente na mão enquanto me perguntava se eu ainda estava proibida de me tocar.
Bebia meu leite devagar, com cuidado para não queimar os lábios, quando o filé entra em casa com a seu coleira no pescoço, todo feliz e esbaforido. Gabi entra logo atrás, segurando a guia na mão. Fui dar bom dia, mas ela me olhou feio. Não entendi muito bem porque, mas ai escorreguei do sofá para o chão e ela sorriu triunfante. Ela sentou perto de mim e começou a falar "sabe, cadela. Tive que devolver a coleira do filé. Mas não se preocupe, eu comprei uma nova para você", e tirou da bolsa uma coleira muito parecida com a dele, de couro preto e detalhes em metal. Havia, entretanto, um pingente gravado "cadela". Eu afastei meus cabelos e ela delicadamente colocou a coleira no meu pescoço, certificando-se de deixar ela bem justa. Ela me mandou levantar os braços. Eu obedeci. "Você tem axilas bonitas", ela disse, enquanto tirava minha blusa. Sem muito esforço, a parte debaixo logo era passado, e eu estava nua na sala. Por alguma razão fiquei com vergonha do meu piercing. Mas não havia tempo para isso: "onde já se viu cadela vestida, né?", ela disse. Eu sorri. Ela então ajustou a coleira de modo que a argola ficasse virada pra frente e prendeu a guia nela. O som metálico seco da guia fechando foi algo transcendental. Ela se levantou e começou a caminhar pela sala. Eu engatinhava ao seu lado. Ela não parecia ser um destino específico, apenas me levar para passear. Nesse momento, eu já não tinha mais inveja do filé. Ela finalmente sentou no sofá e me puxou pela guia para frente dela. " a gente precisa conversar", ela disse. Eu concordei com um sorriso discreto.
continua
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