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Keyla:
Acordamos no outro dia com o despertador tocando. Nos levantamos rápido: eu fui direto para o banho, enquanto Patrícia foi fazer o café da manhã. Assim que terminei, já fui tomar café; Patrícia foi para o banho e logo veio arrumada para a mesa. Eu fui ao quarto e troquei de roupa. Patrícia foi pegar os capacetes dentro de uma das caixas que trouxemos da outra casa. Depois de deixar ração para nossa filhota felina e pegar nossas carteiras, saímos em direção ao trabalho.
Quando chegamos à loja, já havia algumas pessoas ali. Cristina veio falar com nós duas. Antes da loja abrir, fomos até o estoque. Ela apresentou Patrícia ao pessoal que trabalhava lá e fez questão de deixar claro que ela era minha namorada. Acho que ela fez isso para cortar as asas de alguns rapazes que abriram um sorriso ao ver a nova colega. Depois, pediu ao responsável que explicasse o trabalho a Patrícia e disse a meu amor que, se tivesse qualquer problema, poderia falar diretamente com ela. Patrícia agradeceu, eu dei um selinho nela, desejei boa sorte e saímos.
Cristina só me mostrou a seção que eu iria cuidar, que ficava no segundo andar dos quatro que a loja tinha. Nesse andar, estavam as roupas esportivas. Eu gostei, pois já tinha trabalhado ali e conhecia algumas das garotas. Eu me dava bem com todas, então não foi preciso explicar meu trabalho, porque eu já sabia o que fazer. Recebi as boas-vindas das meninas e ganhei até alguns abraços e sorrisos.
Como era segunda-feira, foi tranquilo para mim, principalmente na parte da manhã, que teve um movimento bem fraco na loja. Na hora do almoço, uma das meninas que eu conhecia veio conversar comigo, me perguntou como eu estava e a gente desceu conversando. Patrícia já me esperava. Eu apresentei as duas, e minha amiga nos convidou para almoçar em um restaurante perto dali, dizendo que a comida era boa, barata e que faziam um desconto no almoço para as meninas da loja. Patrícia gostou da ideia, disse que estava com fome e com as pernas doendo, então acabei aceitando o convite e seguimos nossa amiga.
O restaurante era simples, mas muito bem arrumado. Vi que havia muitas meninas que trabalhavam na loja ali. Almoçamos e realmente a comida era muito boa e o preço bem acessível. Resolvemos almoçar ali todos os dias. Durante o caminho de volta, Patrícia fez algumas contas e falou que valia a pena. Eu fiquei olhando para ela, meio assustada, e ela perguntou o motivo do espanto. Eu disse que levaria uns 20 minutos para fazer as contas que ela fez, com uma calculadora ao lado, e ela fez em uns 5 minutos, andando ainda por cima. Ela riu e disse que tinha facilidade com números.
O resto do dia foi tranquilo para mim, mas muito puxado para Patrícia, porque na segunda era dia de repor as peças que foram vendidas no final de semana. Ela reclamou muito de dor nas pernas e nos braços. O trabalho não era pesado, mas ela estava desacostumada; a coitada sofreu.
Saímos e passamos na padaria para comprar algumas coisas para nosso café da manhã do dia seguinte. Aline não estava; a moça que nos atendeu disse que ela tinha saído com uma amiga. Confirmamos com Cláudio que ela tinha saído com Luciana. Ele estava no caixa cobrindo-a. Pagamos e conversamos uns minutos com Cláudio e, por fim, chegamos em casa. Patrícia chegou e se jogou no sofá, mas eu não deixei ela ficar ali. Falei para ela ir tomar um banho antes que perdesse a coragem de fazer isso.
Ela resmungou, mas foi. Eu fui olhar nossa filhota e coloquei ração e água para ela, guardei nossas coisas e fui para o quarto. Assim que Patrícia saiu, eu falei para ela se deitar, que eu ia tomar banho e arrumar algo para a gente comer, e que era para ela descansar.
Assim que saí do banho, olhei e vi que Patrícia tinha dormido. Ela realmente estava cansada. Fui para a cozinha e preparei dois pratos de comida: coloquei um no micro-ondas e deixei o outro na geladeira. Se Patrícia acordasse, ficaria mais fácil para eu esquentar para ela.
Depois do jantar, meu tio me ligou e perguntou qual curso a gente iria fazer. Eu disse que iria fazer Direito, mas não sabia qual Patrícia queria. Avisei que ela estava dormindo e que assim que eu falasse com ela, mandaria a resposta para ele no WhatsApp. Nos despedimos e eu fui ver TV na sala, para não acordar a bela adormecida.
A gatinha veio e subiu no meu colo. Fiquei fazendo carinho nela e vendo um filme meio chato. Escutei o celular da Patrícia chamando e logo ouvi que ela falava com alguém e sorria. Logo, ela saiu e veio até mim, me deu um beijo e eu falei que tinha feito o prato dela e que era só esquentar, e que eu já tinha jantado.
Ela disse que ia jantar e avisou que Aline tinha ligado e queria vir conversar com a gente. Falou que tinha explicado a ela onde era nossa casa e que ela provavelmente estava chegando porque ia vir de carro. Eu falei que tudo bem, que iria abrir o portão para ela.
Fiquei parada no portão por um tempo e Aline logo apareceu. Estacionou o carro e veio me dar um abraço. Chamei-a para dentro e Patrícia estava jantando. Sentamos à mesa e, depois de recusar um prato de comida e aceitar um copo de água, Aline começou a falar.
Ela disse que ela e Luciana ficaram conversando depois que a gente saiu da casa dela, que o papo foi ótimo. Depois de um certo tempo, Luciana tocou a real: disse que estava afim dela desde que a conheceu, mas que sabia que ela nunca tinha ficado com garotas e não iria forçar nada, mas queria muito beijá-la.
Aline disse que perguntou como Luciana sabia que ela nunca tinha ficado com garotas. Aí ela contou o papo que teve comigo. Aline disse que confirmou, mas que também estava afim dela, mas pediu para elas se conhecerem melhor primeiro. Luciana falou que tudo bem, mas depois de mais algumas conversas e cervejas, Aline disse que já estava doida para beijá-la. Como o álcool ajudou a dar coragem, levou-a para o quarto com a intenção de dar uns beijos.
Mas os beijos foram muito bons e, quando se deu conta, Luciana já estava com a boca entre as pernas dela, deixando-a louca. Ela disse que não era lá muito experiente sexualmente falando, que só tinha ido para a cama com dois caras diferentes, os dois ex-namorados, mas que o prazer que teve foi algo fora do comum, que teve os dois melhores orgasmos da vida dela.
Disse que ficou tão exausta que nem conseguiu descer com Luciana quando o irmão dela chamou para irem embora, mas que tinha amado a experiência. Mesmo achando que Luciana ficou meio chateada por ela não ter feito nada, disse que, quando se recuperou, mandou um áudio para nós, tomou um banho e foi dormir.
Disse que acordou com ressaca e pensando no que tinha acontecido. Pensou que Luciana nem ia procurar ela, já que ela só aproveitou e não fez o mesmo. Mas, à tarde, Luciana apareceu na padaria com um sorriso no rosto e chamou-a para conversar. Elas saíram no carro de Luciana. Ela disse que Luciana foi super gente boa com ela, falou que tinha amado o que rolou, que estava gostando dela e queria ter algo sério, mas que ela poderia pensar com calma. Se não tivesse afim, poderiam ser amigas ou continuar ficando sem compromisso. Ela disse que pediu um tempo para pensar. Conversaram mais um pouco e foram voltar para a padaria, mas quando entraram no carro acabaram se pegando. Luciana a levou para um lugar mais tranquilo e as duas acabaram transando de novo. Dessa vez, rolou de tudo mesmo. Não foi muito confortável para ambas porque o carro era meio pequeno, mas foi incrível sentir e dar prazer a Luciana.
Mas o problema nisso tudo era que ela não sabia o que fazer: se aceitava namorar ou não, e queria uns conselhos.
Patrícia— O que você sente por ela? Se for só tesão ou foi só para matar a curiosidade, esquece. Melhor não namorar porque tesão passa e você vai magoar ela. Mas se você tem sentimentos por ela, se joga, é o que eu faria.
Aline— Não é só tesão, não. Eu me sinto bem com ela. Eu já tinha algum tipo de sentimento por ela antes, tipo, às vezes me pegava pensando nela com um sorriso bobo nos lábios. Mas depois de ontem, ela simplesmente não sai da minha cabeça. Porém, está indo tudo muito rápido e tenho medo também por causa da minha família. Sei que eles são até mente aberta, não são homofóbicos, mas tenho medo da reação dos meus pais.
Keyla— Olha, eu e Patrícia nos conhecemos em um dia, tivemos nossa primeira vez no outro e começamos a namorar no seguinte. A gente sabia que éramos uma da outra assim de cara. Não estou dizendo que vai ser assim com vocês duas, mas rápido ou não, se tem sentimentos, se joga. Não fica com medo de ser feliz, não. E você tem um aliado para te ajudar com seus pais; seu irmão parece ser um cara legal. Conversa com ele, tenho certeza que ele vai te ajudar.
Aline— Ele provavelmente até já sabe, porque ele é amigo do irmão dela e dela. Também, quando saímos hoje, ele deu um sorriso idiota para o meu lado 🤭. Mas você tem razão, ele me ajudaria sim. Eu e ele nos damos muito bem, e ele sempre foi muito gente boa comigo. Acho que para ele não teria nenhum problema se esse namoro acontecer.
Patrícia— Então vai para casa, esfria a cabeça e pensa no que você quer, no que está sentindo por ela. Seja honesta com você em primeiro lugar e depois com ela. Tenho certeza que você vai tomar a decisão certa.
Keyla— Concordo plenamente com meu amor. Seja honesta com seus sentimentos e, caso sua decisão seja namorar, vocês podem se encontrar aqui, pelo menos até você abrir o jogo com seus pais. Tem três quartos aqui, vocês só vão ter que arrumar a bagunça que fizerem, porque se não a Patrícia quebra vocês no pau. Kkkkk.
Aline— Obrigado, vocês são incríveis. Vou fazer o que vocês falaram, vou pensar com calma e decidir o que fazer. Acho que vou aceitar namorar com ela sim, mas vou esfriar a cabeça e pensar com muita calma.
A gente conversou mais um pouco e ela se foi. Fomos deitar, mas antes perguntei a Patrícia qual era o curso que ela queria fazer. Ela disse que não tinha certeza ainda, mas que provavelmente seria Direito ou Arquitetura. Eu disse que precisava de uma resposta porque meu tio precisava saber para resolver o problema da bolsa. Ela ficou pensando um tempo, mas não decidia. Aí me perguntou o que eu iria fazer, e eu disse que Direito. Ela disse que faria o mesmo então.
Fiquei feliz com a decisão dela. Assim, a gente poderia se ajudar; pelo que já tinha notado, ela que iria me ajudar, na verdade. 🤭
Avisei meu tio e a gente se grudou e foi dormir. Eu até estava animadinha vendo aquele corpo lindo ali do meu lado, mas sabia que ela estava muito cansada, então não tentei nada. Não iria judiar do meu amor com o corpo todo dolorido. Aí me lembrei da caixinha de remédios da minha mãe. Fui rápido ao armário da cozinha, mas não estava lá; provavelmente ela tinha levado com ela. Então voltei para a cama e disse que de manhã a gente passaria na farmácia para comprar um relaxante muscular para ela e alguns outros remédios que eram bons ter em casa em caso de emergência. Ela só concordou, mas já com os olhos meio fechados.
Eu só dei boa noite para ela, apaguei a luz, me aninhei no seu peito e fui descansar.
Continua…
Criação: Forrest_gump
Revisão: Whisper