Acasos #31

Da série Acasos
Um conto erótico de Patrícia
Categoria: Homossexual
Contém 2103 palavras
Data: 22/11/2023 00:07:11
Última revisão: 29/12/2024 00:07:15

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Patrícia:

Acho que eu nunca tinha visto alguém chorar tanto. Senti suas lágrimas caírem nas minhas costas e cheguei a ficar preocupada, porque, em alguns momentos, parecia que ela iria perder o fôlego como uma criança. Mas, depois de longos minutos, o choro foi diminuindo. Com o passar do tempo, parou, mas ela ainda soluçava. Eu a deixei ali, agarrada a mim, por mais um tempo, sem parar de fazer carinho na sua cabeça durante todo esse tempo.

Sentir ela ali abraçada comigo, sentir seu cheiro, seu calor e ouvir sua respiração pesada só me deixou mais clara a intensidade do meu amor por ela e o quanto eu estava com saudades. Mas a gente precisava conversar. Afastei-me dela, e dessa vez ela não impediu. Olhei em seu rosto e era de partir o coração: seus olhos estavam vermelhos, os cabelos todo bagunçado, e havia uma tristeza imensa em seu olhar. Notei que ela tinha olheiras; provavelmente, não estava dormindo bem.

Falei para ela que precisávamos conversar, e ela apenas balançou a cabeça. Mas não havia como conversar com ela naquela situação; ela estava totalmente fragilizada emocionalmente.

Patrícia— Olha, vamos fazer assim: eu vou esquentar algo para você comer e você vai tomar um banho e relaxar um pouco. Depois você janta e a gente conversa, pode ser assim?

Keyla— Pode, mas me promete que vai estar aqui quando eu sair do banho?

Patrícia— Ei, se acalma! Eu não vou a lugar nenhum, acredita em mim.

Keyla— Então promete, por favor.

Patrícia— Está bem, eu prometo que vou estar aqui quando você sair do banho. Vou estar na cozinha te esperando.

Levantei-me e a puxei pela mão. Ela foi para o quarto e eu fui para a cozinha. Peguei as sacolas que ela tinha comprado e guardei tudo em seu devido lugar. Notei que havia ali os ingredientes para fazer uma torta de frango; ela sabe que eu adoro. Provavelmente, tinha comprado para fazer quando eu chegasse. Aqueles pensamentos me arrancaram um sorriso.

Esquentei um prato de comida para ela no micro-ondas e deixei sobre a mesa. Não demorou para ela aparecer, vestindo uma camiseta e um short de lycra, com os cabelos molhados e o rosto carregado de tristeza e cansaço. Ela se sentou e começou a comer, mas parecia se esforçar para engolir a comida.

Patrícia— Está ruim a comida?

Keyla— Não!!! Está ótima, é que estou sem fome, mas sei que preciso me alimentar.

Patrícia— Precisa mesmo, mas não precisa comer tudo. Você já comeu uma boa parte; se não quiser o restante, tudo bem.

Keyla— Você não se importa?

Patrícia— Claro que não! Eu só falei que iria arrumar um prato de comida para você porque achei que você estava com fome. Não precisa comer à força, está tudo bem.

Keyla— Eu só não quero te deixar chateada comigo de novo.

Patrícia— Se você começar a fazer as coisas só para me agradar e não porque quer, aí sim vou ficar chateada. Eu não preciso de alguém assim. Eu só quero minha namorada de volta. Uma das coisas que mais admiro em você é que você sempre teve vontade própria. Por favor, não perca isso; não comece a fazer as coisas só para me agradar.

Keyla— Está bem, me desculpe. É que fiquei com muito medo de você não voltar ou de voltar e não me querer mais, porque sei que errei muito com você!

Patrícia— Eu falei que voltaria, e estou aqui. Se vou ficar ou não, depende da nossa conversa. Mas já deixo claro: eu não consigo ficar com alguém que me ignora o tempo todo, como você estava fazendo. Mas não quero alguém que faça tudo só para me agradar. Eu quero alguém como você era antes, que dividia sua vida comigo, que me dava amor, atenção, carinho e segurança, mas também tinha suas opiniões, seus sonhos, suas vontades e não escondia isso de mim, mesmo sabendo que nem sempre eu concordava.

Keyla— Eu sei, me desculpe.

Ela começou a chorar de novo, e ali percebi que ela realmente estava abalada. Não teria como levar aquela conversa adiante, não naquele momento. Acho que as coisas seriam um pouco mais complicadas do que eu pensei. Acredito que me afastar não foi minha melhor ideia.

Levantei-me e chamei-a para o quarto. Pedi que ela escovasse os dentes para a gente dormir. Ela perguntou se não iríamos conversar, e eu disse que faríamos isso depois, que teríamos tempo. Ela foi para o banheiro e eu voltei para a cozinha. Coloquei o resto da comida no lixo, lavei o prato, coloquei ração para Becky e voltei ao quarto. Ela já estava na cama. Fui escovar meus dentes e voltei, deitei de barriga para cima e abri os braços. Ela me olhou e sorriu; era a primeira vez que a vi sorrir desde que nos encontramos. Ela se deitou no meu peito, eu a abracei e fiquei fazendo carinho em seu cabelo.

Keyla— Desculpe, eu não estou legal, mas amanhã estarei melhor, eu prometo.

Patrícia— Tudo bem, amor. Agora tenta dormir.

Keyla— Ainda sou seu amor?

Patrícia— Você nunca deixou de ser, nem por um segundo. Você sabe que eu te amo muito e o quanto quero ter você comigo o resto da minha vida. Só precisamos acertar algumas arestas e tudo vai ficar bem.

Keyla— Você tem razão, precisamos mesmo. Eu também te amo muito. Talvez você tenha até alguma dúvida sobre isso depois da forma como agi, mas eu nunca deixei de te amar. Mesmo alienada, eu continuava amando você, e foi esse amor que me fez perceber o erro que eu estava cometendo.

Patrícia— Fico feliz em ouvir isso! Boa noite, amor.

Keyla— Boa noite para você também, amor.

Ela não demorou a dormir. Eu estava cansada da viagem, então logo apaguei também. Mas fui acordada no meio da noite com Keyla gemendo. Achei que era um pesadelo e a chamei, mas ela não acordava. Coloquei a mão no rosto dela e estava muito quente e molhado. Saí da cama e liguei a luz; ela estava suando frio. O desespero me bateu. Tentei pensar rápido— ela precisava ir para um hospital. Eu não sabia dirigir direito; o carro não era uma opção e muito menos a moto. Eu tinha o número do hospital, mas ela tinha. Peguei seu celular e rezei para que ela não tivesse senha. Ela não tinha. Procurei na agenda e liguei, pedi uma ambulância urgente e passei o endereço. A atendente disse que, no máximo, em 15 minutos a ambulância estaria lá.

Vesti uma roupa, coloquei uma calça de moletom em Keyla. Ela não acordava e não parava de gemer. Peguei minha carteira e a dela, fui destrancar a porta e o portão. Voltei e molhei uma toalha de rosto, colocando na testa dela. Eu tentava manter a calma, mas estava desesperada. Graças a Deus, ouvi um barulho de carro e, quando olhei pela janela, vi o reflexo das luzes da ambulância. Corri para abrir o portão e já falei para o rapaz que desceu que ela não conseguiria andar. Ele foi buscar a maca e uma moça me perguntou o que ela tinha. Eu disse que estava com febre muito alta, não acordava e estava gemendo o tempo todo. Quando acordei, ela estava suando frio. O rapaz tirou a maca e os dois entraram. Levei-os ao quarto e ajudei a colocar Keyla na maca. A moça perguntou se eu queria ir com eles e eu disse que iria de moto. Corri lá dentro, peguei meu capacete, tirei a moto, fechei o portão e saí. Logo alcancei a ambulância e fui seguindo-os. No hospital, levaram-na para dentro e eu fui preencher os papéis na recepção.

Quando terminei, fiquei sentada esperando notícias. Peguei meu celular e tinha uma mensagem de Cristina dizendo que estava feliz com meu retorno. Nem li a mensagem direito e mandei um áudio explicando o que tinha acontecido e que daria notícias assim que tivesse.

Fiquei ali esperando, mas ninguém aparecia para me falar nada. Rezei muito para Deus ajudar. Depois de quase uma hora, saíram duas mulheres vestidas de branco pela porta. Levantei-me e fui saber se tinham notícias. Uma delas era a médica que tinha atendido Keyla. Ela disse que estava bem e que a febre já tinha baixado, mas que ela teria que passar a noite no hospital e fazer alguns exames. Perguntei se podia ver Keyla ou ficar com ela no quarto. A médica disse que eu podia ficar, mas que ela seria levada da enfermaria para um quarto particular, que era cobrado. Eu disse que não seria problema, desde que transferi-la no momento não causasse nenhum problema a ela. A médica disse que não, porque ela estava sedada e o único problema encontrado foi a febre, então não seria problema locomover ela.

Ela pediu para a enfermeira resolver isso e eu voltei à recepção para assinar mais papéis. A médica foi comigo e perguntou o que eu era da moça. Eu disse que era minha namorada, mas que vivíamos juntas há mais de seis meses. Ela me perguntou se eu sabia de algo que poderia ter causado a febre dela, que talvez com uma informação seria mais fácil descobrir e até fazer os exames certos. Pensei e perguntei se isso poderia ser emocional. A médica disse que sim e perguntou se Keyla tinha passado por algum trauma emocional.

Eu contei para ela que tivemos um problema no relacionamento e que eu me afastei por uns dias. Retornei no início da noite e, quando Keyla me viu, teve uma crise de choro muito forte. Eu tinha notado que ela não estava muito bem, parecia abatida. Eu nem tive a conversa sobre nosso relacionamento porque ela não me parecia normal; parecia meio abalada emocionalmente. Então deixei a conversa para o outro dia e resolvemos dormir, mas acordei no meio da noite com ela com febre, suando frio e gemendo. A médica agradeceu pelas informações e disse que iria seguir aquela linha, mas faria os exames para ver se ela não tinha algum outro problema que levou a ter uma febre tão alta.

Agradeci e ela me chamou para me levar até o quarto. Ela viu que eu estava muito preocupada e tentou me acalmar, conversando comigo e perguntando como a gente se conheceu. Eu disse que se fosse contar nossa história, ela teria que fazer um plantão só para me ouvir. Ela riu e disse que naquele momento tinha tempo, só não sabia quanto, porque a qualquer momento poderia ter que sair.

Chegamos ao quarto e eu disse que era melhor ela entrar e sentar. Ela riu novamente e disse que faria isso. Ela sentou e eu fui me sentar ao lado da cama de Keyla, segurei a mão dela e dei um beijo em seu rosto. Depois, me virei para a médica e comecei a contar nossa história. Ela ouvia tudo, fazendo caras de espanto bem engraçadas. Quando cheguei na parte em que contei que tinha ficado naquele mesmo hospital entre a vida e a morte, o celular dela tocou e ela teve que sair.

Fiquei ali sentada, olhando Keyla naquela cama; ela parecia um anjo dormindo. Olhei no celular e já era 7 da manhã. Não demorou muito e Cristina me ligou preocupada. Eu a acalmei e expliquei o que estava acontecendo. Conversamos um pouco e ela disse que era para eu dar notícias. Disse que, na hora do almoço, iria até o hospital se Keyla ainda estivesse internada. Nos despedimos e eu voltei a segurar a mão de Keyla. Passou uma meia hora e senti a mão dela se mexer. Quando olhei, ela abriu os olhos. Assim que me viu, abriu um sorriso.

Patrícia— Oi!

E dei um selinho nela.

Ela olhou ao redor e perguntou o que tinha acontecido para estar em um hospital. Expliquei, mas já deixei claro que ela estava bem. Ela parecia até tranquila com a situação. Olhou para mim e sorriu de novo. Eu sorri de volta e perguntei qual era o motivo do sorriso.

Keyla— É porque você está aqui comigo e, apesar de eu ser uma idiota, tenho certeza de que você não vai desistir de mim, porque o que a gente tem é muito forte. Juntas, vamos superar qualquer coisa.

Não sei se era efeito dos remédios, mas ela estava bem segura do que falava. E, no fundo, ela tinha razão: eu não iria mesmo deixá-la. Eu iria ficar, sim, mas se ela achava que iria escapar da nossa conversa, estava muito enganada. Essa conversa poderia me fazer mudar completamente de decisão.

Continua…

Criação: Forrest_gump

Revisão: Whisper

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Foto de perfil de Forrest_gumpForrest_gumpContos: 391Seguidores: 86Seguindo: 61Mensagem Sou um homem simples que escreve história simples. Estou longe de ser um escritor, escrevo por passa tempo, mas amo isso e faço de coração. ❤️Amo você Juh! ❤️

Comentários

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Ainda bem q a Patrícia foi sensata e sentiu q deveria deixar a conversa para dps, a Keyla poderia ter uma reação bem pior 😵

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Acho que aqui é a metade. 🤔

Beto falou que vai mandar um música do Roberto Carlos para Lore cantar para você 😍

Debaixo dos caracóis dos seus cabelos

Uma história pra contar de um mundo tão distante

*Debaixo dos caracóis dos seus cabelos

Uma história pra contar de um mundo tão distante

Debaixo dos caracóis dos seus cabelos

Um soluço e a vontade de ficar mais um instante🎤🎶🎵🎼🎶*

🤷🏻‍♀️Kkkkkkkkk

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Errou 🤣🤣🤣🤣🤣🤣

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Kkkkkkkkkkkk

* Debaixo dos caracóis dos seus cabelos

Uma história pra contar de um mundo tão distante

Debaixo dos caracóis dos seus cabelos

Um soluço e a vontade de ficar mais um instante 🎤🎶🎵🎼 *

Agora está certo 🤡kkkkkkkk

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🙏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻

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Tem uma outra também, mas não lembro direito 🤔

Vcs são dois engraçadinhos 😘❤️😂😂😂😂

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https://youtu.be/ZUqGJEjRcoY?si=3jcpulIAG8S8rlWb 😏

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Essa eu nunca tinha ouvido kkkk

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Eu sou formada em músicas que enalteçam o cabelo dela 😂

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Garota esperta kkkkkkk

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Eu não, eu nem sabia disso, usaram minha conta é meu nome para me calúniar 🤷🏻‍♂️🤣🤣🤣🤣

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Eu adorei isso 😌😂😂😂😂

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Eu também, mas foi obra da Juh, sou inocente 🤷🏻‍♂️🤣🤣

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Saindo agora, no pé do ouvido dela 😎🎶❤️🎤

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🗣️Kkkkkkkkkkkkkkkkkkk

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Dever cumprido 😎😂😂😂

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👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻

Kkkkkkkkkkk

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Metade já foi, Jú 🥵😘

Ela canta mesmo 😂😂😂😂😂😂😂

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Jéssica é uma conexão muito forte desde o inicio, com essas duas tem sempre muito amor envolvido!

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Paulo Keyla ficou bem abalada sim, levou um baque muito grande!

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muito bom agora e saber a causa da febre e essa conversa e saber qual e a decisão da Patricia

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Eita 😲 que susto heim, a Keyla estava mesmo muito abalada, que bom que a médica diz que ela está bem, agora aguardar um pouco da recuperação dela e tbm a conversa delas.

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