A subida pelo elevador até o andar do seu setor era um alívio breve. Com o abrir das portas a tortura voltava. Uma das pernas não obedecia a suas vontades e um simples corredor se transformava em uma longa caminhada. Cada passo manco lhe exigia um esforço maior, muitas vezes inútil quando tenta caminhar tão rápido quanto seus colegas. Aliás, se esforçar mais, chama a atenção para si. Hefesto, como gostava de ser chamado, detestava ser o centro das atenções. Não apenas pelo andar manco, mas pela sua aparência. Era magro, seu nariz ganhava mais destaque em seu rosto do que gostaria, mais até do que os óculos. Se esforçava em melhorar sua aparência, usando roupas sociais com o caimento certo, mantendo o cabelo loiro sempre bem cortado e a barba feita. Mesmo assim, se incomodava com o fado de chegar ao trabalho todas as manhãs com todos olhando para ele.
Se os olhares dos colegas expressavam pena, em outros aspectos a relação era de admiração. Hefesto, seu nick em todos os lugares na internet, era o melhor programador daquela empresa. A Vulcano era uma empresa nova, com rápido crescimento devido a seus produtos inovadores. A companhia desenvolvia aplicativos e softwares para as mais diversas áreas e não havia um deles sem uma linha de código sua. Hefesto fazia aquela empresa funcionar a ser um sucesso e era muito respeitado por isso. Por todos, menos por Luiza.
Assim como seu colega, era sempre o centro das atenções por onde passava, mas pelo motivo oposto. Era uma negra de beleza impressionante. O cabelo rastafári longo se estendia até o final das costas. Os lábios grossos eram extremamente sedutores, assim como as curvas de seu corpo. Não se vestia elegante como Hefesto, sendo adepta de roupas mais simples. Usava a calça jeans sempre bem justa ao corpo, exaltando a formosura de seu quadril e gostava de blusas bem decotadas. Ao contrário do amigo, ela adorava ser o centro das atenções.
Não era apenas pela sensualidade que Luiza se destacava. Ela era um prodígio na empresa. Recém-formada e com poucos meses se destacava entre os demais. Junto a Hefesto, era a principal programadora da empresa. Com dois gênios na empresa, foi normal a decisão de deixá-los trabalhando juntos, lado a lado. Parecia uma ótima ideia, se não fosse a competitividade dos dois.
Luiza é geniosa e tem em sua personalidade forte um dos responsáveis por sua rápida ascensão em meio a tantos preconceitos e via em Hefesto alguém arrogante. Arrogância escancarada toda a vez em que se intitula o próprio Hefesto. Ela precisava se provar todos os dias enquanto ele era venerado como “O deus do código”. Achava aquilo injusto, pois ela também resolvia problemas extremamente complexos, mas sempre colocada abaixo dele.
Hefesto via sua colega como uma aluna malcriada. Se negava a aceitar suas dicas, se dizendo boa o bastante para resolver todas as questões sozinhas. O tratava com certo desprezo, fazendo questão de constantemente lembrá-lo de sua perna manca. Parecia viver na defensiva, sendo cruel ao reagir a qualquer atitude dele.
Não demorou muito tempo, ficou claro ser difícil, para não dizer impossível o trabalho em equipe. Deixaram os dois na mesma sala, mas em projetos diferentes. O dia a dia se tornou uma guerra fria, com os dois calados, focados em seus trabalhos, evitando se falarem.
Em um dia qualquer, as horas se passaram e pouco a pouco todos foram saindo, com o final do expediente. A luz do sol cedia espaço para lua oferecer sua pálida luz para os dois, únicos naquele andar inteiro.
— Não está tarde demais para você ficar aqui?
— Gosto de trabalhar até mais tarde. Se também gostasse, saberia.
— Ao contrário de você, eu tenho vida social.
— Então é porque isso que está até tarde? Ninguém quis ficar com você hoje?
— Isso, assim como ninguém quer ficar com você noite nenhuma.
Hefesto se calou. Luiza se levantou indo em direção à copa.
— Está indo pegar um café? Pega um para mim?
— Vai andando.
Luiza foi até a copa. Preparou seu café enquanto refletia sobre sua agressividade com Hefesto. O tempo dividindo a sala os tornava cada vez mais agressivos um com o outro. Não foi a primeira vez onde ela se arrependeu de algo dito, mesmo sem demonstrar isso. Fez outro café.
Deixou a xícara na mesa do colega, ignorando o agradecimento enquanto caminhava até a fachada envidraçada. Tomou um gole olhando a cidade e suas múltiplas luzes. Voltando a olhar para a sala, percebeu Hefesto olhando-a na altura do quadril.
— O que foi? Estou bonita.
— Como é?
Luiza ignorou a pergunta, com um sorriso debochado.
— Me diz uma coisa, que papo de nerd é esse de Hefesto?
— Não conhece o deus grego Hefesto?
— Sim, o ferreiro.
— Ele era mais do que um mero ferreiro. Era o grande provedor de mecanismos do Olimpo. Me diga, quais são os grandes mecanismos do mundo moderno?
— Aplicativos. Então você se acha o maior de todos os programadores?
— Pelo menos o maior dos que conheço.
— Você se acha muito.
— Sou realista, apenas isso.
Luiza torceu os lábios balançando a cabeça negativamente. Não suportava ver um homem tão convencido, mas preferiu se calar e não arriscar falar algo mais grave de novo. Voltou sua atenção à cidade e tomou mais alguns goles de seu café até esvaziar sua caneca. Hefesto disfarçava seus olhares, sem sucesso.
O rapaz mantinha seus olhos perdidos, no quadril largo de Luiza. A calça jeans apertada abraçava as curvas do corpo dela, revelando sua silhueta inteiramente. Podia imaginá-la nua em sua frente.
— Minha bunda é boa, não é?
— Como?
— Vai fingir que não está me olhando? Sei que sou gostosa.
Hefesto fingiu um riso debochado.
— Depois, eu sou o convencido.
— Deve ser difícil trabalhar no meu lado e não conseguir se concentrar. É por isso que fica até mais tarde, não é? Rende melhor quando está sozinho.
— Se acha gostosa, mas está aqui, sozinha.
— Meu amor, se você é Hefesto, eu sou Afrodite.
Luiza ria, debochada. Hefesto, sem resposta, voltava suas atenções ao seu monitor. Sua colega se levanta e fica fora por alguns minutos. Perfeito para Hefesto voltar a se concentrar no seu trabalho. Ficou sozinho por pouco tempo, mas o bastante para não se abalar pela volta da colega. A sala continuou em silêncio, rompido apenas pelos sons das teclas sendo batidas. Continuou assim por longos minutos até ele perceber algo estranho na cadeira ao seu lado.
Sua colega se contorcia discretamente, fazendo expressões estranhas onde ele não conseguia identificar se eram de dor ou apenas um riso esquisito. Decidiu ignorar e evitar ouvir outro deboche, mas o estranho comportamento persistia. As contorções às vezes se tornavam mais intensas e as expressões se torciam ainda mais, com direitos a mordidas nos lábios. Cada vez mais ele se distraía, olhando com o canto do olho. Sua imaginação disparava e seu pau ficava apertado na calça. De repente, ela parou. O som das teclas voltou a dominar o ambiente até Luiza voltar a se manifestar. Dessa vez, os socos na mesa e as expressões de raiva deixavam bem claro o sentimento de indignação. Todo esse comportamento, vindo de Luiza, era novo. Porém, a coisa mais estranha para ele, foi um pedido de ajuda dela.
— Me ajuda com esse código? Algo não está funcionando.
Hefesto abriu um sorriso. Sentia-se vitorioso ao ouvir sua colega finalmente pedindo sua ajuda. Fez questão de se levantar e caminhar aos tropeços até ela e se debruçar por trás dela. Olhou o código na tela do computador, linha por linha, trazendo o silêncio de volta à sala.
— Isso é um vibrador?
O sussurro involuntário de Hefesto provocou um arrepio em Luiza. A programadora se contorceu em um gemido manhoso, surpreendendo seu colega.
— Ai… não fala assim no meu ouvido!
Luiza ficou constrangida com aquele arrepio, pois havia mexido com ela.
— Desculpa.
Hefesto sorriu ao perceber o ponto fraco da colega, mas logo assumiu o teclado, editando vários trechos de código.
— Controle de vibração remota, muito interessante. Preciso olhar isso melhor, pode me mandar o código?
Luiza respirou fundo.
— Tudo bem.
Hefesto voltou à sua cadeira e deixou seu trabalho de lado. Pela primeira vez, Luiza prestou atenção no seu colega. A facilidade para identificar erros de código e a velocidade eram impressionantes. Podia ser o programador mais arrogante da empresa, mas ele realmente fazia jus ao reconhecimento dos colegas. Ela, com todo seu talento, não conseguiria trabalhar tão rápido. Tudo isso com uma disposição invejável de alguém já trabalhando por mais de doze horas e trocando seu trabalho pelo dela. Não importava o fato dos dois passarem o dia brigando ou qualquer coisa mais grosseira dita por ela, ele era apaixonado pelo que fazia e por isso era tão bom. Pela primeira vez, Luiza o admirava.
— Mandei o código corrigido para você.
— Obrigada, fico te devendo essa.
— Então me diz, que tipo de vibrador esse aplicativo controla?
— Isso é segredo.
Luiza faz uma careta e Hefesto não insiste. Os dois voltam aos seus trabalhos embalados pelos sons repetitivos dos teclados, depois de algum tempo ele percebe Luiza voltar a ter aquelas contorções. Dessa vez, podia ter certeza de ver sua colega sorrindo, mesmo discretamente. Espiando com mais atenção, percebeu-a deslizando um dedo na tela do celular. Sorriu, malicioso. Digitou por mais alguns minutos, pegou seu telefone e se levantou, indo mais uma vez a Luiza.
— Então, funcionou? — sussurrou Hefesto, mais uma vez arrepiando sua colega.
— Já falei para não falar assim! Está funcionando, sim, obrigada Hefesto, deus dos códigos e das programações.
O deboche de Luiza não era mais uma ofensa. Sentia-se leve com o sucesso do seu código e seja lá o motivo daquelas contorções, aquilo a deixava excitada. Estava sorridente e mesmo os sussurros de Hefesto e os consequentes arrepios a constrangiam mais. Assim, Hefesto brincava de sussurrar mais em seu ouvido, provocando-lhe ainda mais. Em meio a brincadeira deliciosa dos dois, algo entre as pernas de Luiza começou a vibrar.
— Ui! — Gemeu Luiza. Seu corpo se curvou para frente, se encolhendo. De uma hora para outra a vibração parou permitindo Luiza voltar a posição normal
— Agora a vibração está mais forte, não é? — sussurrou Hefesto, arrepiando Luiza mais uma vez. Ela já não se indignava mais com os sussurros, sempre sorrindo. Os arrepios eram seguidos por uma vibração pontual.
— Você hackeou meu vibrador! — Disse Luiza, fingindo indignação.
Hefesto ria, malicioso. De pé, se encostou na parede, com os braços cruzados, segurando seu celular. O polegar deslizava sobre a tela e Luiza se contorcia ao tentar se levantar. — Safado! — disse ela. As vibrações deixavam seus passos mais lentos.
— Está indo aonde?
— No banheiro, tirar esse vibrador, seu safado!
Hefesto move o dedo na tela em um movimento maior. Luiza se contorce, gemendo ao se apoiar na parede.
— Por que você não tira aqui? — Sussurra Hefesto, arrepiando Luiza mais uma vez.
— Quer me ver sem roupa, seu safado?
— Sim. Quero ver a minha Afrodite.
Luiza gemeu manhosa, sem mesmo um aumento das vibrações. Encostada na parede, seu quadril balança, como se precisasse rebolar para absorver tamanho estímulo.
— Tudo bem, safado! Tiro a roupa para você.
Com os botões desabotoados, ela desceu a calça jeans em um único movimento. Tirou as pernas, se mantendo com a blusa e a calcinha, com o vibrador dentro.
— Pode continuar vibrando — disse Luiza ao retomar os rebolando, olhando-o com um sorriso malicioso por cima do ombro. As vibrações aumentaram e quadril dela balançou com desenvoltura, em movimentos lentos e sensuais. A calcinha, preta, se escondia no bumbum, realçando a sua formosura. Hefesto se encostou atrás dela, sentindo aquele corpo macio se esfregar em sua ereção. Sua calça, cada vez mais apertada, se torna insuportável, sendo desesperadamente retirada, assim como a camisa. Abraçou o corpo delicioso de Luiza por trás, percorrendo as mãos sob a blusa até encontrar os seios macios. Apalpou aquelas formas macias, ajustadas perfeitamente em suas mãos e beliscou delicadamente os bicos. Os dois corpos balançavam em sintonia.
O vibrador incessante extraía de Luiza todos os desejos reprimidos. Seu clitóris, constantemente estimulado, tomava conta de suas ações, dominando todo o seu corpo. Rebolava, não apenas pela vibração, mas pelo deleite da ereção esfregada em seu corpo. Adorava ser olhada, desejada. Se excitava com isso, mas depois daqueles sussurros e vibrações, precisava de mais. Luiza queria ser comida, e sentir o contato de um pau duro roçando em seu corpo, terminava com qualquer razão em sua mente. Empinou ainda mais o quadril, se exibindo e se oferecendo para Hefesto.
A calcinha é puxada para o lado e Luiza se sente invadida. A preta geme manhosa sentindo a rola rígida deslizar em si enquanto o vibrador acoplado a calcinha insiste em estimulá-la. Os gemidos dela soam como uma música erótica, embalando o vai e vem dos quadris de Hefesto. Ele tirou proveito do longo rastafári e o envolveu em seu braço, puxando o cabelo de Luiza. Ela já havia perdido o controle de si mesma para o vibrador e os sussurros em seus ouvidos e, com cabelo preso, estava totalmente dominada. Restava-lhe apenas rebolar. Os gemidos subindo de tom provocavam golpes ainda mais fortes entre os quadris e o dedo de Hefesto acelerava ainda mais a vibração. De repente, os dois gemiam desesperadamente ressonantes enquanto seus corpos vibravam, independente do vibrador de Luiza.
Hefesto, com uma perna ruim e a outra bamba, desaba no chão. Luiza tira finalmente a calcinha, se ajoelha e engatinha até ele para beijá-lo. No fim das contas, os dois trabalhavam muito bem juntos.