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Jucélia:
Nem vi a Day sair para trabalhar. Quando acordei, estava sozinha na cama. Fui tomar um banho e depois arrumar algo para comer. Pensei em fazer um almoço já para servir no jantar, mas como a Day ia jantar com os pais, resolvi fazer só um lanche. Eu iria aproveitar e jantar com meus pais.
Depois que fiz meu lanche, dei uma arrumada no apartamento, mas foi rápido, pois ele estava praticamente limpo. Coloquei nossas roupas na máquina e fiquei na sala pensando na vida. Eu queria muito falar para meus pais sobre meu namoro. Tinha quase certeza de que eles me apoiariam, mas tinha medo de que as pessoas da igreja do meu pai ficassem sabendo e isso causasse problemas para ele. A possibilidade de as pessoas falarem mal dele me incomodava muito.
Já tinha pensado em várias soluções, mas nenhuma me agradava. Minha vontade de morar com a Day era enorme e estava crescendo cada vez mais. A gente se dava muito bem em todos os sentidos. Nem mesmo quando passamos pelo pior momento do nosso relacionamento discutimos. Sei que fui meio grossa com ela quando veio à minha casa, mas não a ofendi nem nada. Porém, deixar meus pais sozinhos era algo que eu não faria. Com a chegada da Cássia, isso não seria mais um problema, pois eles não ficariam sozinhos.
Fiquei pensando naquilo durante muito tempo. Eu precisava de uma solução e resolvi agir. Tinha mais gente envolvida nessa decisão, então resolvi saber a opinião deles. Eu iria abrir o jogo com meus pais. Com a Day, não tinha tanta necessidade de falar, já que a gente já tinha conversado sobre isso e ela deixou claro que queria muito que eu morasse com ela.
Coloquei as roupas no varal e coloquei nossas lingeries para lavar. Resolvi sair; provavelmente eu voltaria antes da Day, então nem a avisei. Se algo acontecesse, eu mandaria uma mensagem, mas não queria incomodá-la naquele momento. Tranquei o apartamento e saí.
Assim que cheguei em casa, chamei a Cássia para conversar. Expliquei toda a situação e perguntei se os planos dela eram mesmo morar ali na minha casa. Ela disse que pretendia ficar ali até ter condições de alugar um lugar para si, já que não iria voltar a morar com os pais, embora achasse que futuramente eles pediriam para ela voltar. Ela disse que, caso eu saísse de casa, ela ficaria morando ali, já que teria um quarto só dela e não tiraria minha liberdade. Não precisaria pagar aluguel e, em vez disso, ajudaria nas despesas da casa.
Eu disse a ela que, mesmo se eu não saísse de casa, queria muito que ela continuasse morando com a gente, que ela nunca tirou minha liberdade em nada e que, mesmo se eu não fosse morar com a Day, provavelmente eu iria passar muitas noites lá. Ela me agradeceu e perguntou se eu iria falar com meus pais naquela hora. Eu disse que sim, que não queria mais ficar escondendo as coisas deles. Ela disse que queria ir comigo para me dar apoio. Agradeci e disse que aceitaria.
Saí do quarto e fui para o quarto da minha mãe, mas ela não estava. Olhei na sala e meus pais estavam no sofá conversando. Cheguei e sentei, dizendo que precisava conversar algo muito sério com eles. Meu pai olhou e disse que parecia ser sério pela minha cara preocupada. Eu disse que era, mas não era uma coisa ruim, pelo menos não ao meu ver, e esperava que nem para eles.
Minha mãe até virou o corpo para ficar mais de frente comigo e pediu para eu falar logo para não matá-la de curiosidade.
Jú— Bom, eu conheci uma pessoa há algum tempo, na verdade, naquele dia em que resolvi sair de casa. Foi de uma maneira meio inusitada, mas acabou nos unindo. Acabamos nos apaixonando e já estamos namorando há algum tempo. A gente se dá muito bem e eu a amo muito. Nunca fui tão feliz na minha vida.
Pai— Mas por que não nos contou ou trouxe para a gente conhecer, filha?
Jú— Pai, não é simples assim. Se eu não falei nada, tive meus motivos, mas não quero mais ficar escondendo isso de vocês.
Mãe— Meu Deus, você não se envolveu com homem casado, né?
Jú— Mãe, eu jamais faria isso! Poxa, a senhora me conhece, sabe que não gosto de coisas erradas.
Mãe— Desculpe, filha. É que você disse que tinha motivos para esconder. Eu falei besteira, me desculpe.
Jú— Tudo bem, mãe. Esquece isso.
Pai— Mas filha, então por que teve motivos para esconder? Não estou entendendo.
Jú— Estou tentando falar, mas vocês não estão deixando. Estou quase perdendo a coragem.
Pai— Desculpe, filha. Pode falar.
Jú— Eu escondi porque isso não vai afetar só minha vida, mas a de vocês também, por causa da igreja. Meu namoro, infelizmente, não é aceito na religião de vocês.
Mãe— Meu Deus, eu já entendi. É a Karen ou a Daynna?
Jú— A Daynna, mãe.
Pai— Você está namorando uma garota?
Jú— Sim, pai. Por favor, não briga comigo. Eu não suportaria isso.
Pai— Não vou brigar, filha. Só estou meio em choque porque, sinceramente, eu não esperava por isso!
Mãe— Estou tentando assimilar tudo, filha, mas não vamos brigar com você. Só nos dê tempo para digerir isso.
Jú— Mãe, não é só isso. Eu estava pensando em ir morar com a Daynna.
Mãe— Como assim, filha? Não vamos te expulsar de casa nem nada disso. Você é nossa filha e te amamos acima de tudo.
Jú— Mãe, eu sei. Não é por isso. É porque eu realmente quero ir morar com ela e não vou abandonar vocês. Vou vir aqui todos os dias, se você quiser. Eu só quero viver com a pessoa que amo como um casal.
Pai— Filha, não é muito cedo para você querer ir morar com ela?
Jú— Não, pai. Eu sei o que estou fazendo. Não é nada sem pensar ou algo repentino. E também, se eu ficar morando aqui, tenho medo de causar problemas para o senhor.
Pai— Como assim, filha? Que problemas?
Jú— Imagina se o pessoal da sua igreja fica sabendo que sua filha namora outra mulher? Não quero ninguém falando mal do senhor por minha causa.
Pai— Filha, eu não dou a mínima para o que os outros vão falar de mim, desde que não sejam mentiras. Eu nunca me importei com isso. Eu ainda preciso pensar com calma sobre tudo isso que você nos falou, mas uma coisa eu te digo: essa sua preocupação você não precisa ter. Eu vou te amar e te apoiar sempre, porque você sempre foi uma filha exemplar. Não dou a mínima para o que vão falar ou deixar de falar. E digo mais: se você quer mesmo ir morar com sua namorada, você tem minha bênção. Eu nunca iria tentar impedir você de ser feliz.
Jú— Obrigada, pai! Eu nem sei o que dizer!
Mãe— Eu sabia que esse dia ia chegar, mas como você não tinha mais nem namorado, não esperava que fosse tão rápido. Só peço que, se você for mesmo, não deixe de vir aqui, tá? Não quero morrer de saudades de você.
Jú— Mãe, já que vocês aceitaram, eu vou sim. Ainda mais que tem a Cássia para ficar aqui com vocês. Mas eu vou vir aqui todo dia depois do trabalho. Vou deixar algumas roupas aqui. Para mim, é até mais fácil vir aqui, tomar banho e ir para a faculdade. Então vocês não vão se livrar de mim totalmente, eu prometo que nunca vou sumir da vida de vocês.
Pai— Ah, e eu quero netos, ok? kkkkk
Jú— Depois que nós duas nos formarmos, a gente pensa em se casar. Aí sim vamos pensar em netos para o senhor. 🤭
Mãe— Vocês duas estão mais que certas, filha. Mas vou adorar ser vovó também!
Cássia— Já vi que eu vim te dar apoio à toa. kkk
Jú— Graças a Deus! kkk Nossa, estou muito aliviada por vocês me entenderem de verdade. Eu amo muito vocês!
Mãe— Nós também te amamos, filha!
Dei um abraço e um beijo nos meus pais e voltei para meu quarto. Peguei uma mochila e coloquei mais algumas roupas. Falei para a Cássia que eu iria encaixotar algumas roupas minhas e que era para ela arrumar o guarda-roupa do jeito dela, porque eu só precisaria de uma gaveta e um pequeno espaço para deixar algumas roupas. O resto ela podia usar como quisesse.
Assim eu fiz. Deixei tudo arrumado. Quando terminei, mesmo com a ajuda da Cássia, já era quase 18 horas. Conversei mais um pouco com meus pais durante o jantar e ganhei um monte de conselhos. Depois me despedi e fui embora, mas falei que, se desse, no domingo eu aparecia por lá. Não era uma despedida para não deixar ninguém com cara de choro, mas não resolveu. Minha mãe acabou ficando bem emocionada quando eu fui saindo.
Não vou negar que também deixei algumas lágrimas escaparem, mas eu realmente não iria sair da vida dos meus pais. Eu iria para a minha casa pelo menos de segunda a sexta, antes de ir para a faculdade. Meus pais sempre foram tudo para mim. O que eu sou hoje, devo a eles. Por mais que eu ame a Day, se a Cássia não tivesse aparecido nesse momento para ficar na minha casa, eu com certeza não iria morar com ela agora.
Cheguei no apartamento e fui arrumar minhas coisas no guarda-roupa. Ali, encontrei um problema: não teria como guardar todas as nossas roupas ali. O guarda-roupa era enorme, mas a Day tinha um monte de roupa. Depois a gente resolve isso. Qualquer coisa, eu deixava as outras roupas que tinha arrumado em casa. Para tudo, se arruma um jeito.
Fui à geladeira, peguei um refrigerante, deitei no sofá e fiquei mexendo no celular para passar o tempo. Provavelmente, a Day só chegaria lá pela meia-noite. Quando deu oito e meia da noite, escutei alguém destrancar a porta. Até assustei, porque imaginei que, nessa hora, a Day estaria com os pais dela. Aí imaginei que ela tinha vindo em casa se arrumar. Assim que me viu, abriu um sorriso, entrou e se sentou na beirada do sofá onde eu estava deitada. Me deu um beijo e perguntou se eu estava bem.
Jú— Estou sim, amor! E tenho uma novidade para te contar. Mas e você, está bem? Não era para você estar indo jantar com seus pais?
Day— Não vai mais ter jantar. Vai ter um almoço amanhã e sua sogra já intimou você para ir! kkk
Jú— Como assim? Ela já sabe da gente?
Day— Sabe sim! Eu contei para ela sem querer! kkkkk Mas deu tudo certo. Ela reagiu super bem e quer te conhecer. Só estou esperando ela confirmar com meu pai. Você vai, né?
Jú— Vou sim, amor! Mas no próximo final de semana, você vai almoçar com meus pais, ok?
Day— Claro, amor! Vou sim. Eu adoro seus pais.
Jú— Você parece calma. 🤭
Day— Como assim? Por que eu não estaria calma? 😳
Jú— É que vai ser a primeira vez que você vai à casa deles como a nora deles e não como minha amiga! kkkkk
Day— Aí, meu Deus! Eles sabem? Mas como? Você foi na sua casa?
Jú— Sim, eu fui e eles sabem sim, amor. Era essa a novidade que eu tinha para te contar.
Day— E como eles reagiram? Amor, eu não estou mais calma não! Me conta tudo!
Jú— Reagiram até melhor do que eu esperava. Pode ficar calma, amor! Nem dificultaram as coisas quando disse que ia vir morar com você.
Day— É sério isso, amor? Por favor, não brinca comigo!
Jú— É sim, amor! Vou morar com você de hoje em diante, se você ainda me quiser aqui.
Nessa hora, ela se jogou em cima de mim, me deu um monte de beijos. Eu imaginei que ela ficaria feliz com a surpresa, mas não tanto. Por fim, ela parou de me beijar e me abraçou. O abraço começou a ficar muito demorado. Afastei-a um pouco e vi que tinha algumas lágrimas no rosto.
Jú— O que foi, amor? Por que está chorando?
Day— Nossa, eu estou tão feliz, meu amor! Eu nem acredito que isso está acontecendo comigo! Eu te amo tanto!
Jú— Eu também estou muito feliz, meu amor! Estamos começando nossa vida juntas e vamos ser muito felizes, porque eu também te amo muito!
Acabei me emocionando também. Ficamos igual duas bobas ali, não sabíamos se chorávamos ou se sorríamos. Às vezes, fazíamos as duas coisas ao mesmo tempo. Eu até me esqueci que no outro dia teria que encarar meus sogros. Pelo que a Day me contava, eu teria duas sogras, já que a madrasta dela é como se fosse uma segunda mãe para ela.
Bom, espero que tudo corra bem e eles gostem de mim. 🙏🏻
Continua…
Criação: Forrest_gump
Revisão: Whisper
