Sinopse: O que era para ser um simples diálogo entre duas pessoas que acabaram de se conhecer em um vôo, tornou-se um capítulo cujo protagonista é o querido professor de Literatura Francesa que vocês tanto amam.
***
Paris, dezembro de 2010.
O gigantesco e suntuoso aeroporto Charles de Gaulle, com a toda a sua movimentação diária de passageiros, não foi motivo de aborrecimento para o jovem professor universitário Eric Schneider, de vinte e cinco anos. Afinal, após os cinco anos dedicados à sua formação na Sorbonne e pouco mais de um na função de professor assistente, ele enfim estava voltando para o Brasil.
A fila para o embarque onde o painel sinalizava CDG - GIG - 18h30 era longa, porém após a última chamada do vôo que aconteceu dez minutos antes do horário marcado para a decolagem, ele já aguardava a sua vez tranquilamente para embarcar junto dos demais passageiros.
Depois de toda a conferência de sua mochila, passaporte, passagem apenas de ida para o Rio de Janeiro e com a permissão para o embarque, Eric seguiu corredor adentro em direção à aeronave e não demorou muito para encontrar o seu assento, finalmente se acomodando em uma viagem que duraria onze horas. Guardou sua mochila preta no bagageiro localizado acima do seu lugar, tirou seu pesado casaco de frio e enfim sentou-se em sua poltrona ao lado da janela, tirando por último sua bota de frio permanecendo apenas com suas meias grossas. Não estava relaxando somente para aliviar o seu corpo mas também a mente. Eric Schneider voltava para a sua terra natal com a sensação de dever cumprido. Sentiria a diferença drástica de temperatura em um período de poucas horas mas era algo irrelevante.
O avião embarcaria em alguns minutos e pela janela ele podia observar toda a movimentação de funcionários com seus sinalizalizadores na pista de decolagem.
- Excusez-moi ? - uma voz feminina tirou sua atenção e olhar voltados para o lado de fora da janela.
Eric não pôde deixar de reparar a beleza da mulher que seria a sua companhia no voo. Branca, os cabelos castanhos repleto de cachos definidos, os olhos negros e a boca carnuda.
- Oui - ele apenas sorriu de forma contida, observando-a se acomodar da mesma forma que ele havia feito minutos atrás.
Usando uma calça jeans e botas de cano longo na cor preta, a mulher retirou seu sobretudo também preto e o colocou em sua poltrona próximo ao descanso de braço. Sua blusa de frio com gola rolê no pescoço na cor marrom revelou seus seios médios e empinados. A dona do corpo perfeito, observado pelo jovem professor, enfim sentou-se ao seu lado, ficando mais à vontade para encarar a longa viagem.
- Êtes-vous français ? - Sem perder tempo, Eric arriscou puxar assunto.
- Je suis brésilien.
- Ótimo, ficará bem mais fácil para conversarmos - disse e ela o olhou surpresa esboçando um sorriso - Eric, muito prazer - estendeu-lhe a mão em um cumprimento.
- Yasmin - ela o retribuiu e reparou melhor nos traços europeus que o rosto daquele homem possuía. Os belos traços. - Você não parece que nasceu no Rio.
- Nasci em Santa Catarina - sério, porém simpático, Eric mantinha o contato visual o que a deixou levemente envergonhada.
- Então vai chegar no Rio e fará outra escala?
- Não. Estou indo para uma entrevista de emprego.
Yasmin não conseguiu disfarçar o quanto foi surpreendida com o que acabara de ouvir.
- Como assim? Não tem nada de concreto? E se a entrevista não for bem sucedida?
- A Coordenadora responsável pelo recrutamento também se espantou - ele riu ao se lembrar da conversa por videoconferência que teve com Luciana Monteiro, a responsável pelas admissões - Eu disse à ela que não teria problema nenhum em voltar para o Brasil.
- É bem arriscado...
- Gosto de correr riscos - e piscou pra ela, o que fez seu rosto corar e sentir uma gostosa palpitação por entre suas pernas o que a fez apertar de leve uma contra a outra.
Quanto mais o observava com atenção, mais encantada Yasmin se sentia ao lado daquele jovem. Ainda que o avião estivesse decolando em horário noturno e ela pegasse no sono com o avançar da noite, ter a companhia de um lindo homem como Eric tornaria a viagem de volta muito mais agradável.
- Mas e você? - Eric quis saber - Ficará pelo Rio?
- Vou ficar na casa de uma tia para as festas de fim de ano, mas em janeiro volto para São Paulo onde eu moro com os meus pais e vou começar a trabalhar em um hotel como assistente de chef de cozinha.
- É mesmo? - Foi a vez do professor se surpreender - Isso é muito bom!
- Sim - ela sorriu - Estudei gastronomia por dois anos e depois vim para Paris em uma especialização de dezoito meses na famosa escola Le Cordon Bleu.
- Meus parabéns. Deve estar orgulhosa.
- Muito. Volto para casa realizada.
- Então nisso eu e você somos iguais. Eu também volto sentindo o mesmo.
- E você se formou em?
- Sou professor universitário formado pela Sorbonne. Literatura Francesa.
- Que lindo! E já possui experiência?
- Fiquei um ano na assistência.
- Significa que empatamos nisso também!
- Concordo. Na verdade eu tinha apenas o objetivo de me graduar normalmente. Como eu me formei com excelentes médias, fui convidado para realizar a prova para ingressar no Mestrado e acabei sendo aprovado.
- Bom, agora é a minha vez: meus parabéns.
- Merci. - E riram.
A rápida afinidade junto da primeira faísca de atração entre Eric e Yasmin foi fundamental para que ambos continuassem a conversar de forma descontraída sem perceber o tempo passar. O único fator que interrompeu as conversas animadas foi o sono quando o avião já estava há algumas horas no ar.
***
Ambos esperaram pacientemente a saída de todos os passageiros da aeronave. Apesar da longa viagem, Eric e Yasmin desembarcaram pouco depois de 02h30 da madrugada no Rio de Janeiro de acordo com o fuso horário de forma regressa e o horário de verão no Brasil. Mesmo de noite, eles podiam sentir o clima mais quente e úmido que o Rio de Janeiro sempre teve.
- Acredito que ninguém tenha vindo te buscar... - Eric intuiu enquanto conversava com a jovem e empurrava seu carrinho de bagagens rumo à saída em busca de um táxi.
- Infelizmente não - ela lamentou - Minha tia com certeza está dormindo mas sabe da minha chegada. Ela trabalha como confeiteira e nessa época do ano as encomendas dobram.
- Entendo.
- Você já sabe onde vai ficar? Algum hostel?
- Em um apartamento emprestado de um dos meus professores que morou no Rio por muitos anos antes de voltar para a França. Ele disse que eu poderia ficar o tempo que quisesse.
- Uau, isso é o que eu chamo de sorte!
- Eu prefiro pensar que é uma recompensa pelos anos em que não me foquei em outra coisa além de me formar. Ele me deu as chaves do imóvel e, se tudo o que eu planejar acontecer, o local ficará sob minha responsabilidade pelos próximos anos.
- E em que bairro fica o apartamento?
- Fica na Urca, eu estou com o endereço aqui na minha mochila. E a entrevista será na Universidade particular há poucas quadras dali.
- Ah, não! Agora vai mesmo querer me convencer de que você não é um homem de sorte? Morar próximo do seu provável local de trabalho?
- Quero continuar pensando que estou sendo recompensado.
- Bom, eu não sou nenhum gênio da lâmpada para te oferecer três pedidos mas como você foi recompensado duas vezes, te ofereço uma terceira: vamos dividir um táxi? Vou ficar em Botafogo que é perto da Urca. - a porta da saída do aeroporto se abriu automaticamente para eles e outros passageiros onde vários táxis estavam parados e os respectivos motoristas aguardando por corridas.
- Bom, é a minha primeira vez no Rio e não conheço nada aqui - Ele a olhou em seus doces olhos e com a excitação ganhando força por dentro de sua calça ao se dar conta dos lábios perfeitos que ela possuía - O bom é que não vamos precisar nos despedir agora...
- Isso é verdade - ela sorriu sentindo o seu rosto esquentar diante do lindo homem alto de postura séria porém, encantadora.
- Você precisa mesmo ir agora para Botafogo?
***
O apartamento com aparência dos típicos sobrados localizados nas cidades do interior da França seria o novo lar do jovem Eric. Mas naquela madrugada ele só tinha olhos para a jovem cuja sua boca ele beijava de forma faminta no meio daquela enorme sala com apenas uma cama de casal no centro do cômodo e um largo guarda-roupa de madeira em perfeito estado de conservação. As malas de viagem foram deixadas pelo estreito corredor da porta de entrada até o amplo ambiente. Por sorte, mesmo fechado, o apartamento estava iluminado por uma fraca luz amarelada.
Suas mãos sabiam exatamente onde tocar o corpo que foi alvo de cobiça nas últimas horas desde o primeiro momento em que pôs os olhos nele.
- Eric, isso é loucura... - Yasmin sussurrava sentindo aquela boca quente e sedenta em sua pele sugando o pescoço que já não estava mais protegido pela blusa de gola alta - Eu e você mal nos conhecemos...
- E? - ele questionou enquanto explorava com a boca e a língua o colo quase chegando por entre os seios.
- Você pode ser um psicopata...
Ele não conseguiu conter uma risada.
- Eu não sou - ele segurou em seu rosto com as duas mãos, lhe dando um beijo apertado nos lábios - Você vai sair viva daqui, tenha certeza.
- Eu nunca fiz desse jeito...
- Que jeito?
- Transar de primeira com um cara que acabei de conhecer!
- Sempre tem uma primeira vez pra tudo! - e devorou aquela boca macia enfiando as mãos por dentro dos volumosos e perfumados cachos que o deixavam ainda mais excitado.
Yasmin se rendeu à beleza e aos beijos deliciosos daquele que foi o seu companheiro de viagem e suas mãos foram parar em volta do seu pescoço, dando um impulso com o corpo e subindo em seu colo na direção da cama de casal.
Em questão de minutos, as roupas fechadas que o inverno parisiense exigia foram jogadas pelo chão. Era apenas um colchão de qualidade duvidosa naquela cama e dois corpos ansiosos por uma boa transa.
Eric deslizava sua boca até chegar aos seios de Yasmin e sua língua brincava com um dos bicos, lambendo e sugando devagar enquanto ele brincava com o dedo indicador no outro, arrancando gemidos dos mais despudorados da jovem chef de cozinha que alisava os fios loiros e curtos incentivando-o a continuar.
O caminho de beijos continuou até ele chegar por entre as coxas e lentamente a ponta da sua língua começou a deslizar pelos lábios com leves chupões pois queria provar todo o sabor que a excitação daquela mulher poderia ter a oferecer...
- Meu Deus, Eric... Não para... - ela implorava rebolando os quadris e ele abria as pernas o quanto podia para fodê-la com a língua.
Yasmin não conseguia mais pensar no perigo que poderia correr com aquele homem pois o prazer que varria cada parte do seu corpo era muito, muito maior que qualquer sentimento de racionalidade poderia exercer sob ela.
As mãos agarravam naquele colchão sem nenhum lençol. Ela não resistiria por mais tempo ao sentir a boca e os pelos da barba macia que Eric possuía atingirem o seu ponto de excitação que a levaria à loucura.
Apesar de jovem, Eric era um homem com certa experiência quando o assunto era mulheres. E isso tornou-se nítido quando, com apenas a língua habilidosa, sentiu a Yasmin mergulhar em um intenso orgasmo ao sugar e circular a carne sensível que toda mulher possuía.
Ainda sentindo o quarto girar e se recuperando aos poucos do que acabara de acontecer, ela sentiu vários pequenos beijos em sua buceta que devagar foram fazendo o caminho de volta até atingir sua boca novamente, onde sentiu o próprio gosto.
Eric a observava com ternura no olhar e não pode deixar de se encantar com a imagem dos lindos cabelos cacheados e espalhados pelo colchão.
- Você é perfeito... - ela lhe disse baixinho.
- Não sou, não... - seu olhar e semblante ficaram mais sérios - Tenho os meus defeitos.
- Me fez gozar com um oral... Se isso não é perfeição, eu não sei o que é... - ela confessou e ele riu.
- Nunca gozou assim?
- Como se estivesse nas nuvens, não.
- Ainda temos tempo até amanhecer - e saiu de cima daquele corpo perfeito com o qual iria se deliciar pelo resto da madrugada, indo até a sua carteira guardada dentro de um dos bolsos da calça.
Yasmin ficara hipnotizada com aquele corpo que parecia ter sido esculpido pelos deuses. Os ombros largos, as coxas grossas, os braços definidos e quando Eric virou-se novamente para ela como veio ao mundo, o choque e a expressão boquiaberta tomaram conta do seu rosto. Estava tão envolvida pelos beijos trocados que não havia reparado com atenção. Ele apenas sorriu de forma sacana ao perceber o efeito que causou na sua amante.
- Não vale me dizer que nunca viu...
- Deste tamanho todo? Primeira vez.
Eric então deixou uma cartela de camisinhas em cima do pequeno móvel de cabeceira ao lado da cama, arrancando apenas um pacote. Estava tão enfeitiçado pela beleza de Yasmin que avançou novamente com as mãos pelos fios e a beijou de forma voraz aqueles lábios a ponto de deixá-los inchados.
- Abre as pernas pra mim... - pediu ao chegar na ponta da orelha e mordiscando de leve.
- Promete ir devagar?
Ele congelou com a boca no lóbulo e voltou a olhar em seus olhos.
- Você é virgem??
- Eu? Não! - ela respondeu de prontidão - Quando eu te disse que nunca havia transado com um cara que tinha acabado de conhecer era verdade. Dormi com outros antes de você. Mas é que...
- O quê? - Eric sentia seu membro latejar a ponto de doer.
- Um pau desse tamanho todo eu não sei se aguento.
- Não garanto ir devagar - e sugava a pele da sua bochecha, deslizando a língua - O tesão aqui tá acumulado há bastante tempo.
Seus corpos se abraçaram com seios e peitoral grudados e as bocas unidas em um beijo urgente. Eric nunca poderia imaginar que suas primeiras horas na cidade maravilhosa seria transando com uma mulher que conhecera no avião de volta para casa. Porém, deixou-se levar pela atração surgida no primeiro olhar e o destino encarregou-se do restante. Óbvio, ao seu favor.
- Nunca transou com virgens?
- Eu? - a pergunta o pegou de surpresa.
- Sim. Por acaso você não gosta?
- Só transei uma vez mas foi há muito tempo. Não sei se quero que aconteça de novo. Acho lindo uma moça pura nos dias de hoje mas eu não saberia ser gentil e paciente. Espero não ter que lidar com elas.
- Entendo - Yasmin sorriu fechado.
Eric pegou o pacote de camisinha e abriu devagar para não correr o risco de rasgar. Com habilidade, a colocou por toda a extensão do seu membro e prendendo as mãos de Yasmin no alto da cabeça, a beijou com desejo e excitação. Yasmin fechou as pernas na cintura trazendo o mais próximo que conseguia pois seu corpo implorava o mesmo que ele.
Ela estava tão excitada o que acabou sendo fácil recebê-lo e sentir todo o êxtase de ser arremetida com força por um homem feito ele. Novamente, seus gemidos sem controle surgiram entre os dois.
Eric exigiu novamente aquela boca em um beijo enquanto metia com força naquele canal úmido e quente. Não fazia questão alguma de ter controle sob o próprio corpo e arremetia ao ponto de chegar no útero da sua amante. Estava sedento e carente de uma foda há vários meses. E num ato de uma gostosa covardia, esfregou lentamente sua cintura na pele sensível onde antes sua língua a levou a um orgasmo arrebatador.
- Eric! - Yasmin o abraçou enfiando suas unhas na pele daqueles ombros.
- Isso, goza no meu pau...
Ela não resistiu e entregou-se ao prazer em sua forma mais natural que começou por entre suas pernas reverberando por todo o corpo que parecia latejar. Eric não demorou muito e chegou ao seu ápice derramando-se em jatos que pareciam intermináveis.
Ambos os corpos úmidos pelo suor continuaram grudados e Yasmin permanecia abraçada, sentindo a deliciosa palpitação perder força. Não saberiam dizer qual coração batia mais acelerado.
- Ainda posso pensar que é loucura? - ela perguntou baixinho e ele a olhou nos olhos.
- Pode. E também ter a certeza de que foi bom.
- Foi...
Trocaram selinhos grudados e enfim, Eric segurou-se na cintura da jovem, deixando aquele corpo que acabara de possuir, se livrando do preservativo em um nó e o deixando no chão perto da cama. Voltou a se deitar de lado e ela fez o mesmo, mantendo apenas o olhar junto de sorrisos. Não precisavam conversar. O carinho que Yasmin fazia na sua barba e ele retribuía o gesto em seu rosto já dizia muita coisa mas que poderia ser definido em palavras como carinho e respeito. Além do tesão.
***
Um doce perfume de flores despertou Eric do sono e ao abrir os olhos lentamente percebeu que a porta da varanda estava aberta. A partir daquele instante, mesmo que sonolento, ele começou a olhar o lugar que seria sua nova casa. Uma porta onde era a pequena cozinha, o guarda-roupa e ao continuar com a informal inspeção pelo lugar, tomou um pequeno susto ao ver Yasmin deitada ao seu lado com os cabelos molhados e usando apenas uma toalha cor de rosa. Sorriu ao vê-la.
- Me adiantei e tomei um banho. Não quis te acordar.
- Podia ter me acordado... - ele suspirou junto de um longo bocejo.
- E abri a varanda se não se importa.
- Tudo bem - fez uma leve carícia no belo rosto, observando cada detalhe.
Eric percebeu o silêncio de Yasmin e continuou a olhar em seus olhos. Que pareciam querer falar algo antes mesmo que ela, de fato, falasse.
- E então... Estou esperando.
- O quê?
- O que tem para me dizer.
- Bom... - ela sentou-se na cama dobrando as pernas e ele continuou deitado, com seu braço servindo de apoio atrás da cabeça - É que eu preciso ir. Enviei uma mensagem para a minha tia dizendo que o vôo atrasou.
- Tudo bem - ele assentiu - E o que mais?
- Como assim, o que mais?
- O que mais você quer falar?
- Tá tão explícito assim?
- Sou bom em decifrar pessoas e quase sempre acerto.
Ela sorriu e então prosseguiu:
- Vai achar ruim se a nossa noite ser apenas uma noite?
- Você quer que seja assim?
- Eu prefiro. Você planeja ficar aqui no Rio, eu vou voltar para São Paulo. Não acho que daria certo se continuássemos mesmo que à distância.
- E temos nosso terceiro empate. Realização profissional, começando como assistentes em nossas carreiras e eu não também não acredito em relacionamento à distância.
- Sim! Além disso eu tenho vinte e um anos, sabe? Quero me firmar na minha profissão.
Eric levantou-se e a segurou pelo rosto, dando um carinhoso beijo. Que a deixou novamente excitada como se um incêndio surgisse por entre as pernas.
- Siga o seu coração - Eric lhe disse com as mãos em seu rosto.
- Aham - e mordeu o lábio inferior de leve - Posso... Eu queria... - Seu rosto fervia e Eric entendeu o que ela iria pedir.
- Uma última trepada de despedida?
Ela sorriu colocando uma mecha de cabelo úmido atrás da orelha.
- Só se sentar no meu pau.
Rapidamente Yasmin livrou-se de sua toalha, revelando-se nua para o professor. Eric não perdeu tempo e pegou outro preservativo, colocando-o e suas mãos trouxeram a jovem chef de cozinha para o encaixe perfeito em seu colo.
- Você é tão gostoso, Eric... - e começou a rebolar em busca do seu próprio prazer envolvendo os braços naqueles ombros largos.
- Ainda dá tempo de mudar de ideia e ficar na cidade - ele brincou com as mãos firmes na delicada cintura, acariciando a pele macia e arrancando dela um sorriso.
Eric sentiu o canal apertado o esmagando e levou as duas mãos até o bumbum, dando tapinhas arrancando gemidos de Yasmin que rebolava desesperadamente querendo prolongar tudo o que o sexo poderia proporcionar. Não demorou muito e um orgasmo que começou intenso entre as pernas, varreu o seu corpo.
Os rostos se aproximaram e Eric a abraçou apertado pela cintura uma última vez selando um beijo naquela despedida.
***
- Realmente não precisava vir comigo - Yasmin estava junto de suas três malas na calçada da Avenida principal do bairro - Mesmo morando em São Paulo eu conheço a zona sul do Rio de Janeiro.
- Não me custava nada te acompanhar.
Eric e Yasmin aguardavam por um táxi que a levaria até a casa da tia da jovem, moradora do bairro vizinho. Eram oito da manhã e ele já pôde sentir uma amostra do que era o verão na capital do estado com o Sol forte naquele horário. Usando uma camisa polo verde escuro, o calor que sentia parecia ser pior. Não demorou muito e um carro surgiu ao longe no que ela fez sinal e o veículo prontamente aproximou-se para buscar a passageira.
O motorista desceu do carro e, com a ajuda de Eric, colocou as bagagens no porta-malas fechando em seguida.
- Você vai ficar bem? - Yasmin questionou fazendo um leve carinho no rosto de Eric.
- Vou se você me prometer o mesmo.
- Prometo. E nada de trocarmos telefone, certo? Apenas com outra promessa entre nós dois de que seremos vitoriosos em nossas carreiras escolhidas.
- Combinado.
Um demorado e carinhoso abraço e um selinho apertado foram os últimos gestos de carinho entre os dois. Eric observou Yasmin entrar no carro e seguir o seu destino nada longe dali. Suspirou e fez o caminho de volta para onde viveria, embora corresse o risco de se perder naquelas ruas o que felizmente não aconteceu. Antes de chegar em casa, a manchete do jornal em uma banca chamou a sua atenção principalmente pela triste notícia de capa.
''Acidente de carro na Via Dutra mata toda a família.''
Eric ficou chocado com o parágrafo abaixo explicando mais detalhes do ocorrido onde dizia que os pais e dois filhos sentados no banco de trás não sobreviveram aos graves ferimentos.
- Triste demais notícias assim, não acha? - a voz de um homem ao seu lado tirou sua atenção da leitura.
- O quê? Ah sim... Muito triste - concordou sem a intenção de puxar assunto, o que não foi preciso pois o homem muito bem vestido com blusa e calça social e gravata continuou a conversa.
- Acidentes de carro mexem muito comigo. Me lembra sempre de um que ocorreu há uns três anos na descida da Região Serrana.
- Lamento - ele observava o homem falando, sem expressar nenhuma reação.
Primeira lição que Eric Schneider começara a aprender: cariocas, talvez em sua maioria, facilmente puxavam assunto com desconhecidos. O que para ele foi algo curioso uma vez que cresceu em Lages, uma cidade pequena, fria e serrana no Sul do país onde os moradores eram introspectivos e não conversavam muito uns com os outros. Suas relações de amizade na infância foram com o seu irmão caçula e os colegas de escola. Fora isso, os contatos próximos que possuía era com parentes de sua mãe.
- Foi muito triste, uma jovem promotora de justiça que estava com o marido no carro. Ele perdeu o controle da direção e bateu com força na parede de pedras na descida da estrada.
Embora não fosse curioso, o jovem professor perguntou:
- O casal morreu?
- Felizmente ela sobreviveu. Já ele... - o homem suspirou - Não teve a mesma sorte. Morreu à caminho do hospital deixando esposa e uma filha pequena.
- Realmente foi triste mas por que esse acidente daqui do Rio mexe com você?
- Eu sou advogado.
- Ah, sim... Faz sentido.
- Toda a comunidade jurídica ficou consternada com o acidente e a morte do colega. Um promotor criminalista com a carreira em ascensão.
- E a esposa e a filha?
- Pelo que eu sei através de colegas, a mãe está seguindo em frente ao lado da filha. Parece que moram no Flamengo.
- Flamengo?
- Sim, o bairro próximo daqui e não o time de futebol. Espera - ele parou e olhou para o professor - Não conhece?
- Cheguei hoje de madrugada na cidade, nasci no Sul. - disse enquanto tentava alargar do seu pescoço a gola larga de sua blusa devido ao forte calor que parecia ser maior conforme o tempo passava.
Eric concluiu que pacientemente ele teria de contar sua origem para todas as pessoas que conheceria dali em diante.
- Então tá explicado! - ele sorriu - Um conselho: troque imediatamente essa sua blusa polo por camisas regatas. Vai usá-las mais do que imagina.
- Obrigado, vou me lembrar disso...
- Ficará aqui pela Urca?
- Sim.
- Ótimo. É um bom bairro mas ele é quase todo residencial. Se estiver à procura de diversão, Botafogo, Ipanema e Copacabana possuem muitas opções. Única atração mais conhecida daqui é a famosa mureta.
Não apenas a simpatia do homem chamou sua atenção mas também o sotaque peculiar em que o chiado na letra S das palavras tinha forte entonação.
- Bom saber...
- Bem, eu preciso ir - ele visualizou a hora na tela do seu celular que estava em suas mãos junto do paletó e voltou a sua atenção para o professor - Bem vindo ao Rio de Janeiro, rapaz! Se sobreviver aqui, sobrevive em qualquer lugar - brincou.
- Está certo.
Eric olhou mais uma vez para a triste manchete e lamentou negativamente. Seguiu o caminho de volta pois tinha muito trabalho a fazer pela casa e não saberia se, em sua entrevista marcada para a segunda-feira seguinte, seria bem sucedido.
*************** // **************
Bairro de Botafogo, Rio de Janeiro, janeiro de 2011.
Depois de sua primeira etapa para a admissão na Universidade em que realizou uma entrevista com a Coordenadora do Departamento do curso de Letras, Eric Schneider viajou para a casa dos pais onde passou as festas de fim de ano. Antes do Ano Novo, porém, recebeu por e-mail a mensagem que tanto aguardava. Foi aprovado para a seguinte etapa de admissão que aconteceria na segunda semana de janeiro.
Estava confiante que seria admitido após a última fase e com isso permitiu-se relaxar e dar um passeio pela região mas não indo muito longe.
Era final de tarde quando saiu do shopping localizado em frente à enseada de Botafogo. No entanto, antes de pegar o ônibus que o levaria para a Urca, decidiu explorar os arredores do shopping chegando até uma praça que ficava na entrada da estação de metrô.
Foi uma grata surpresa conhecer uma estação de perto uma vez que só havia explorado todas as opções de transporte através dos mapas da cidade que havia comprado nos primeiros dias antes de ir viajar. Estava sem Internet instalada onde viveria, pois não era o momento adequado de adquirir despesas extras.
Tranquilamente aproximou-se da entrada e saída da estação mas optou por não entrar, observando apenas o entra e sai dos usuários pela escada rolante. Ao invés disso, deu meia volta e seguiu em frente para conhecer a praça e teve a visão dos diversos bares do outro lado da calçada.
- Ótimo, lugares como estes que evitarei ao máximo frequentar. E se fizer, ficarei na água. - disse para si mesmo.
O playground todo construído em madeira estava com uma quantidade considerável de crianças de todas as idades além das babás, mamães e senhoras. Havia uma senhora, que já aparentava algo perto dos cinquenta anos de idade sentada em um banco de concreto, observando um grupo de crianças brincando e pulando pela pequena ponte de madeira construída que levava até o escorregador.
Eric sentiu-se à vontade em se aproximar da senhora que não tirava os olhos da direção do brinquedo.
- Com licença... Posso? - pediu permissão apontando para o lugar vazio.
- Claro, fique à vontade.
- Obrigado.
E assim como a senhora, também observou as crianças nos diversos brinquedos espalhados pela praça. Talvez teria sido inusitado para ele visitar um local tão incomum pois o contato com crianças que possuía era praticamente nulo. Apenas recebia fotos das primas pequenas enviadas pela sua mãe.
- Alguma delas é a sua?
- Aquela ali - a senhora apontou na direção da ponte - de cabelos pretos e lisos com dois lacinhos cor de rosa pequenos. A blusa rosa e short jeans.
- Ah sim - ele viu o rosto da menina de longe - O cabelo com franja. Sua neta?
- É... Posso dizer que sim. Ajudei a criar a mãe e agora ajudo a criar a filha. Como está de férias, eu procuro passear bastante com ela.
- Isso é muito bom. Algum irmão ou irmã?
- Não, os pais da menina trabalham demais e não teriam tempo e dedicação para mais um. Mas fazem de tudo pela filha, a tratam como uma verdadeira princesa.
- Que ótimo.
- Acredita que até para a neve ela já foi?
- Mesmo?
''Uma menina rica e bem criada'', Eric pensou.
- Sim, nas férias do ano passado. Fiquei morrendo de medo. E se acontecesse algum acidente?
- É arriscado.
Realmente, cariocas eram muito sociáveis e a natural conversa que acontecia ali era a prova concreta.
- Mas graças a Deus, tudo deu certo. Quando ela voltou, contava tudo sobre a neve, que aprendeu a andar de esqui, que via pela janela a neve cair em flocos. Mas ela merece. Uma criança tão boazinha que não dá trabalho nenhum. Educada, obediente, um anjo enviado por Deus. Só é um pouco tímida, por isso eu saio com ela para ter contato com outras crianças.
- Não tem amiguinhos no colégio?
- Sim, mas ela é a quietinha da turminha, entende? A queridinha da professora.
- Sei como é.
Eric observava a menina de longe e via o quanto ela se divertia, pulando ao passar pela ponte e descendo pelo escorregador.
- Bom, eu já vou indo - ela levantou-se do banco, olhando em seu pequeno relógio de pulso - Mesmo com o dia claro, já passamos das seis horas. Agora é hora de um bom banho e o jantar da princesa da família.
- Concordo.
- Obrigada pela companhia. Qual o seu nome?
- Eric.
- Prazer, Eric. Me chamo Judith.
- Foi um prazer conversar com você, Judith.
Embora ela tenha falado muito mais.
Eric acompanhou com o olhar a senhora caminhar e vê-la se aproximar da menina que estava sob os seus cuidados. Esperou a vez da criança em escorregar e quando saiu do brinquedo, a menina estendeu as duas mãos que calmamente foi limpa com um pequeno lenço pela sua responsável. Por fim, ambas de mãos dadas deixaram a praça terminando assim, a diversão.
- Hora de voltar para casa também - levantou-se do banco fazendo o caminho de volta até o ponto de ônibus.
Se fosse aceito para lecionar na Universidade, Eric Schneider conquistaria sua estabilidade profissional e conhecer a cidade, a qual os cidadãos se mostraram tão receptivos, seria uma questão de tempo.
E enfrentar o Sol da capital fluminense presente quase que o ano inteiro se tornaria um grande desafio.
Continua...
(Dez anos depois... hahahaha)
Nota da autora: Os leitores mais espertos, atentos e que possuem a história bem decorada vão saber quem são as pessoas envolvidas nas duas cenas finais. Tanto na banca de jornal e principalmente quem é a menina tão elogiada pela Judith que foi mencionada na segunda temporada. Fácil, não é?
Eu sempre fico espantada comigo mesma quando me proponho a fazer algo simples e que acaba tomando proporções gigantescas.
Seria um curto diálogo proposto pela página /universobestsellers do Instagram em seus desafios diários de escrita onde o perfil convida os seguidores para escreverem e se tornou este conto Prequel enorme. Espero que curtam.
Agora sim, hoje faz mais sentido desejar um Feliz Natal e Excelente 2024 a todos vocês. Daqui a pouco estarei volta e retornando a escrever o próximo capítulo da temporada em andamento.
*Êtes-vous français ?: - Você é francesa?
* Je suis brésilien = Sou brasileira.
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