Desde que me lembro, sempre gostei de garotas. Lésbica, sapatão, sáfica… Podem me chamar do que quiser que eu não ligo, pois é quem eu sou e é quem eu sempre fui.
É que há algo especial nas mulheres, que nenhum homem é capaz de reproduzir. A beleza, os gestos delicados, os assuntos. Eu sou apaixonada por mulheres, sexualmente e filosoficamente falando.
Me encanto com a feminilidade. Para mim, quanto mais ‘feminina’ fosse uma garota, maiores eram as chances de eu gostar dela. Eu até tinha um nome para o seleto grupo de garotas que eu considerava como o auge da feminilidade. Eu as chamava de ‘as barbies’.
Na minha escola, havia uma ‘barbie’. Seu nome era Geovana. Terceiro ano, capitã do time de vôlei e provavelmente uma das garotas mais lindas que eu já vi.
Era uma japonesa mestiça, tinha os olhos grandes e puxados, a pele morena e os lábios grossos, sempre cobertos de batom ou gloss, o que os deixavam ainda mais sedutores.
O cabelo moreno caía até a metade das costas. Vê-la com aquela roupa apertada do time de vôlei era um verdadeiro espetáculo. O short e a camisa regata desenhavam o seu corpo sinuoso e esguio de uma verdadeira atleta, mostrando mais do que devia de suas longas pernas, principalmente quando se enfiava dentro da bunda, e Geovana puxava discretamente.
Eu matava aula à tarde apenas para vê-la treinar com a equipe, ficava escondida em um canto da arquibancada, com o caderno na mão desenhando. Muitas das vezes tendo Geovana como minha modelo secreta.
Apesar de toda a minha admiração, Geovana parecia um sonho distante. Para começar, ninguém na escola sabia que eu gostava de garotas. Era uma escola católica, então devem imaginar o porquê de eu evitar falar sobre isso.
Depois, havia toda a questão social que nos separava. Geovana era popular, mais velha, cercada de amigos que a acompanhavam para todo lado.
Já eu, era nada mais do que só uma nerd esquisita. Que não gostava de me maquiar, pintava as unhas de preto, ficava fazendo tatuagens com caneta nos braços e passava o intervalo sozinha, às vezes admirando Geovana de longe, escondida atrás de uma árvore ou algo assim.
Imaginar Geovana querendo algo com uma garota como eu parecia apenas um devaneio da minha imaginação.
…
Certa tarde, estava na enfermaria do colégio, tomando remédio para a minha cólica. Costumava ter dores agudas, o que me deixava ainda mais indignada com meu ciclo menstrual. ‘Por que sapatões precisam ter útero e menstruar?!’ Era um devaneio que eu sempre tinha a cada 28 dias.
Foi quando Geovana entrou agitada, claramente irritada, e com o nariz sangrando. O sangue escorria das narinas, sujando o buço, lábios, queixos e pingando no uniforme.
– Minha nossa, menina! O que aconteceu aí? – Disse a enfermeira, Irmã Sheyla, espantada.
– Ugh! Aquela vadia da Maria Eduarda! Me acertou uma bolada em cheio. Vaca invejosa!
– Ei, olha a boca, mocinha. Isso são modos! Anda, senta aqui que eu vou pegar os curativos.
Irmã Sheyla era ranzinza, parecia que não gostava de trabalhar. Para ela, cuidar de duas adolescentes já era trabalho demais para a semana inteira.
Ela pegou algodão e tampou as narinas de Geovana. Limpou o sangue em seu rosto e botou uma compressa de gelo na testa, reclinando a sua cabeça sobre a carteira até encostar na parede.
– Pronto, agora fica olhando pra cima e descansa aí até parar o sangramento.
Geovana grunhiu irritada, mas permaneceu imóvel. Eu observava tudo do outro lado da sala. Quando Irmã Sheyla sentou-se na sua cadeira novamente, eu fiquei observando Geovana.
Até mesmo com o nariz ensanguentado ela parecia tão linda. Eu observava suas pernas, as coxas grossas com os pelos morenos. Os seios não tão grandes, mas redondos, como duas metades de laranjas.
– Ei, você! – Geovana me chamou, era a primeira vez que ela falava comigo.
– O-oi?
– Qual o seu nome?
– M-Marcela. O-o seu é Geovana, né?
‘Por que eu não deixei ela falar o próprio nome?!’ Pensei, logo após de me arrepender do que disse. ‘Ela vai pensar que eu sou alguma stalker esquisita!’
– É, isso mesmo. – Ela deu um sorriso de canto de boca. – Mas pode me chamar de Geo, todos me chamam assim.
– Tá bom.
– Por que está aqui?
– Ah, é que eu tô com cólicas. Você sabe, TPM, essas coisas.
– Sei… Sabe o que é bom pra cólica? Transar, mas tem que ser com você por cima. Cavalgando, sabe? Foder com você por baixo não funciona.
– Ei, mocinha! Eu já falei para você cuidar dessa boca suja! Esse aqui é uma instituição de Deus!
Irmã Sheyla repreendeu. Em resposta, Geovana… digo, Geo torceu os lábios, contrariada. A sua reação foi tão sincera que eu acabei soltando um sorriso involuntário.
– Qual a graça? É verdade!
– Eu sei… é só que… é difícil para mim resolver fazer esse ‘tratamento’...
– Ah, que ótimo… outra virgem.
Geo revirou os olhos. Eu quis me explicar, mas achei melhor ficar quieta. No sentido que Geo estava dizendo, eu seria sempre virgem. Só de pensar em um garoto me penetrando com seu pau nojento me dava ânsia de vômito.
– Aquela Maria Eduarda… – Geo continuava a resmungar. – …finalmente conseguiu o que queria, me tirar do jogo de sábado. Ela tem inveja de mim, sabia? Por que eu sou a capitã. Todo treino ela tenta me acertar, joga a bola em mim pra me machucar, você sabe muito bem.
– E-eu sei?
– Ué, acho que sabe. Você assiste todos os treinos. Você não vê ela tentando me acertar?
O meu rosto ferveu. Não que fosse segredo que eu assistia aos treinos, mas saber que Geo me notava fez eu ficar bem mais tímida.
– B-bom… É que eu não fico prestando atenção no treino, sabe? Normalmente eu só fico desenhando.
– Tá bom. – Geo deu de ombros, fazendo pouco caso. – Bom, então acredite em mim, ela faz isso de propósito.
Após um tempo, Irmã Sheyla tirou os algodões já todos vermelhos e trocou.
– Nossa, isso foi feio, hein? Vai ter que ficar sem treinar por pelo menos uma semana.
Geo voltou a ficar irritada, socou a parede e gritou alto:
– Porra!
– Menina! Eu já não falei pra você controlar essa boca suja! Ah, quer saber. Já chega, o seu nariz já parou de sangrar. Pode ir embora. E você, mocinha, já tá se sentindo melhor?
– Ah, um pouco, Irmã Shey…
– Ótimo, pode ir também. Anda! Chispem!
…
Geo não treinou na tarde seguinte, mas foi ao treino acompanhar. Sentou-se na arquibancada na primeira fileira, estava de casaco e com um novo curativo no nariz.
Após um tempo, ela me notou na arquibancada e subiu as escadas, sentando-se do meu lado.
– Aí está você! A desenhista do time de vôlei.
Ela me deu um sorriso discreto, que respondi com outro.
– O que tá desenhando?
– A-ah, não é nada
– Posso ver?
– Não.
– Por favor. – Ela disse, manhosa, como uma súplica.
Normalmente eu não deixava ninguém ver meus desenhos. Tinha vergonha do que iriam achar. Mas Geo era capaz de me manipular, talento este que ela nem sabia que tinha, mas usava muito bem.
– Tá bom, mas não zoa por favor.
Mostrei a ela a folha. O desenho nada mais era que uma versão cartunesca do rosto de Geo, com os algodões no nariz e o rosto ensanguentado. Fiquei com medo de Geo não gostar, de achar errado eu estar desenhando ela. Mas esse desenho não era pra ela, era pra mim.
– Nada mau. Parece até uma tatuagem.
– Sim, eu quero ser uma tatuadora, vou fazer o curso assim que eu terminar a escola.
– Acha que pode fazer uma tatuagem pra mim?
– C-como?
– É que eu estava pensando em fazer uma tatuagem, mas não sei ainda o que fazer. Você podia fazer uma arte pra mim. O que acha?
– E-eu não sei… Eu não sou tão boa assim.
– É claro que é! Olha só isso! Tá, vamos fazer o seguinte. Que tal você ir na minha casa sábado de manhã, e a gente discute isso. O que você acha?
O rosto corou novamente. De repente, estava sendo convidada para a casa de Geo. Mesmo que só fosse para desenhar uma tatuagem, parecia algo tão íntimo para alguém que eu só tinha conversado duas vezes.
– T-tá bom.
– Ótimo! Te vejo amanhã então. Deixa eu ir, eu tenho que conversar com as garotas. Elas vão acabar perdendo o jogo sem mim.
Novamente, Geo me arrancou um sorriso involuntário. Ela pegou a caneta da minha mão e anotou o endereço, bem abaixo do desenho.
– Aqui está. Te vejo no sábado. Beijos!
…
A casa de Geo era bem mais modesta do que eu imaginava. No quarto, havia uma cama, um grande guarda roupa de seis portas e uma mesa para o computador e uma penteadeira, onde podia ver diversas maquiagens, pincéis e outras coisas espalhadas.
– Então, o que tá pensando em tatuar? – Disse enquanto me sentava na cadeira do computador, com o meu caderno de desenhos no colo.
– Eu não sei, só queria algo bonito e que tivesse a ver comigo.
– Bom, então, por que não me conta mais sobre você? O que você gosta de fazer?
– Eu gosto de jogar vôlei. E eu sou boa nisso, você não acha?
– Bom, eu não entendo muito, mas você é a capitã do time, então eu acho que sim. – Deu um sorriso desconcertado. – O que mais você gosta?
Geo se deitou por inteira na cama, entrelaçando os dedos sobre a barriga e olhando para o teto, pensativa. O curativo já estava bem mais discreto, apenas um band-aid sobre o nariz. Ela estava usando uma bermuda rosa com uma camisa branca.
– Eu não sei. Acho que eu só gosto de jogar vôlei. É tudo o que sei fazer.
– Você quer ser jogadora profissional?
– Eu não quero, eu vou ser! – Geo afirmou confiante. – O meu namorado vai ver pra mim uma vaga no time dele.
– O-o seu namorado?
Aquilo foi como um balde de água fria. Mesmo sabendo que era difícil, descobrir que Geo tinha namorado enterrava qualquer esperança que eu tinha.
– Sim, meu namorado, ele é jogador profissional. Disse que está conversando com a direção do clube que ele joga pra me dar uma oportunidade. Em troca, eu disse que ele podia me pedir um boquete a hora que quisesse que eu não ia negar!
Ela deu uma risada, porém não acompanhei. Fiquei em silêncio me remoendo de ciúmes.
– Você não é de falar de sexo, né? Toda vez que eu falo sobre você fica meio tímida. Você é virgem mesmo?
– Não, não é isso… É só que… ah, deixa pra lá. Será que eu poderia ir ao banheiro?
– Ah, claro. Fica na última porta à esquerda.
– Obrigada.
Fui ao banheiro, mas não estava com vontade, apenas queria ficar um tempo sozinha. Eu não sabia o porquê, mas saber que Geo tinha namorado tinha sido mais forte do que eu imaginava.
– Sua tola. – Disse a mim mesma. – Você já devia ter imaginado que ela tinha um namorado. Uma garota assim nunca fica solteira.
No fim, só joguei uma água no rosto, para ver se me colocava na realidade e voltei.
Quando abri a porta do quarto, fui pega de surpresa. Geo estava sentada na cadeira, folheando meu caderno de desenhos.
– Não!
Dei um grito agudo e corri pra tirar o caderno das mãos delas. Desesperada, só o que dei foi um tapa e o caderno caiu no chão, aberto em dois desenhos.
O primeiro, o desenho de uma mulher, sentada sobre uma poltrona, completamente nua. Um dos pés estava apoiado no encosto do braço, deixando à mostra sua boceta, com os lábios abertos pelos dedos da mulher que delicadamente os tocava.
O segundo, ainda mais comprometedor. Uma visão de cima de duas mulheres deitadas na cama, também nuas. Uma com as pernas abertas acariciando o cabelo de outra, que estava com o rosto enfiado entre as pernas lhe chupando.
– D-desculpa. – Disse Geo.
– V-você não devia mexer nas coisas dos outros.
– Me desculpa, é que eu estava curiosa para ver seus outros desenhos.
– B-bom, agora v-você já viu. – Eu falava entre gaguejos, suando frio, nervosa, abraçada ao caderno aberto em meu peito.
– Sim, são muito bons. Mas porque você desenha tantos desenhos assim?
Eu não sabia o que dizer, não sabia que desculpa inventar, a não ser dizer a verdade.
– É-É que eu meio que sou l-lésbica…
– Meio lésbica? Então você é tipo… bissexual?
– Não! Desculpa… eu quis dizer que sou lésbica por inteiro. Cem por cento lésbica.
Foi a primeira vez que eu disse aquilo em voz alta para outra pessoa. Apesar do nervosismo, foi como tirar um peso das minhas costas. Mas a reação de Geo ainda era incógnita.
– Bom, acho que isso explica porque você fica tímida falando de sexo.
– Por favor, não conta pra ninguém.
– Tudo bem, não vou contar.
Eu sentei na cama, fechei o caderno. Limpei o suor da testa, mas ainda estava nervosa.
– O-olha, é melhor eu ir.
Com medo, quis ir embora o quanto antes.
– Espera. – Geo pegou em meu braço quando eu me abaixei para pegar a mochila e guardar o caderno.
– O-O que foi?
– Não precisa ir agora, você acabou de chegar. Pode ficar, eu não ligo de você ser… você sabe, lésbica.
– T-tudo bem.
Me sentei de volta na cama, desta vez mais calma. Uma mistura de euforia e preocupação tomava conta de mim. Euforia por finalmente ter ‘saído do armário’. E preocupação por não saber o que viria a seguir.
– Sabe, eu nunca conheci uma garota que gostasse de outras garotas. Como é?
– Como é o quê?
– Como é beijar outra garota?
– Ah, bom. Definitivamente melhor que beijar um garoto.
– Melhor como?
Respirei bem fundo, dei dois ou três segundos para mim, pensativa. Pela primeira vez eu estava racionalizando esse sentimento, que para mim era algo tão natural que eu jamais tinha pensado a respeito.
– Os lábios são mais macios, e também mais saborosos. Os garotos são brutos quando beijam. As garotas são delicadas, sabem conduzir, serem pacientes e atenciosas. E quando você segura uma garota em seus braços, é tão… não sei dizer… mágico, talvez.
– Entendi. – Percebi que Geo estava pensativa, os olhos caminhando de um lado para o outro. Ela batendo as unhas na escrivaninha fazendo um barulho alto. – Você já beijou muitas garotas?
– Ah, sim, claro! Com certeza.
Menti, eu contava nos dedos quantas garotas eu já havia beijado na vida. Nos dedos de uma mão e não eram todos.
– Se eu te pedisse para me beijar, você beijaria?
– C-C-Como. – A palavra quase não saiu. Me pegou de surpresa o pedido de Geo.
– É que… eu não sei… Olha, eu não sou lésbica, nem bi, nem nada disso. Mas eu sempre tive curiosidade, entende? De saber como é beijar outra garota. Acha que você poderia me ajudar a matar essa curiosidade?
– C-claro! – Os meus músculos queriam abrir um enorme sorriso em meu rosto, mas eu me controlei para não demonstrar tanta animosidade. – Q-quer dizer, mas e o seu namorado?
– Ele não precisa saber. É só um beijo, você não conta sobre e eu não conto sobre você gostar de meninas. O que me diz?
– T-tá bom.
Geo sentou-se ao meu lado na cama. Assim que ela se aproximou, meu coração voltou a palpitar forte, o rosto efervescia de nervosismo. Limpei o suor frio sobre o meu buço enquanto olhava Geo.
Geo me encarava, aqueles olhos de gueixa me observando, eram tão profundos, pareciam que iriam me engolir a qualquer momento.
E os lábios grossos, fazendo as curvas perfeitas do desenho natural do rosto. Eu não acreditava que em pouco tempo estaria beijando-os.
– Bom, vamos logo. Quando você quiser. – Geo me passou a responsabilidade.
– C-certo.
Segurei em sua cintura. Automaticamente, Geo colocou a mão sobre os meus ombros. Nos aproximamos devagar uma da outra, sem perder o contato visual. Geo fechou os olhos devagar quando nossos lábios já estavam a quase um dedo de distância, abrindo-os para me beijar. Eu então fechei os meus e esperei o momento.
Ele veio, e assim que chegou, foi como se uma descarga elétrica percorresse todo o meu corpo. O beijo de Geo era ainda mais delicioso do que eu imaginava. Tinha sabor de cereja silvestre, a língua se movimentava devagar e quando se encontrou com a minha, foi como um balé muito bem ensaiado em nossas bocas.
O beijo foi perfeito. Impossível ter sido melhor. Uma pena que acabou tão rápido. Em menos de trinta segundos, Geo se afastou. Os olhos se abriram e eu notei sua expressão pensativa, passando a língua sobre os lábios e olhando para os lados.
– E-então, o que achou?
– Eu não sei. Acho que foi bom.
Ela logo se afastou. Eu não entendi ao certo. Mesmo ela dizendo que foi bom, ela parecia tão apática. Então, resolvi fingir que não foi nada demais, mesmo estando em festa por dentro.
O celular tocou. Geo atendeu.
– Alô? Oi, amor… Não… Tô em casa, com uma amiga minha… Sério? Mas a gente tava ocupada aqui… Nada, ué… Minha amiga tava desenhando uma tatuagem pra mim… Sim, eu vou fazer… depois do meu aniversário… Eu não preciso te pedir permissão, eu vou fazer e acabou!... Ugh… Ah, tá bom… tá… eu já tô indo… tá, bom… beijos… também te amo.
– Era o Levi, meu namorado. Olha, será que a gente pode fazer isso outro dia? Eu vou ter que sair.
– Ah, sim, claro. Não tem problema.
Rapidamente peguei minha mochila, guardei o caderno e me despedi.
– Marcela.
– O que foi?
– Obrigada, por ter deixado eu, você sabe.
– Ah, não foi nada. – Foi tudo. – Te vejo na segunda. Tchau.
– Tchau.
…
Na semana seguinte, Geo estava treinando normalmente entre as garotas. Na verdade treinava com mais intensidade do que eu já tinha visto. A equipe do colégio perdeu no final de semana, como ela havia previsto, e se complicou para passar para as finais do torneio estadual.
Sim, eu havia estudado sobre. Queria aprender um pouco mais sobre o que Geo fazia, até mesmo para desenhar a tatuagem. Passei o final de semana inteiro com a cara no caderno, desenhando milhares de ideias.
Ao final do treino, chamei Geo e ela subiu a arquibancada para falar comigo, estava suada, com o cabelo bagunçado, mas linda como sempre.
– Pensei em algumas coisas, veja se gostou de algo.
Entreguei o caderno e Geo começou a folhear. No início, eram desenhos mais minimalistas, uma bola de vôlei, uma rede, o desenho da quadra. Aos poucos, eles iam ficando mais complexos. Havia um desenho de um saque, que eu havia utilizado de referência um próprio desenho que eu havia feito da Geo. Ela foi folheando, mas sem se prender a muitos, passando páginas e mais páginas.
Geo virou a última página. Nela havia o desenho de uma loba, de olhos fixos e feições finas.
– Ah, esse daí eu não fiz pra tatuagem.
– Mas é bem bonito.
– Bom, se me permite dizer, eu usei você como referência.
– Mas como? Isso é um lobo.
– Sim, mas você consegue desenhar um animal utilizando uma pessoa como referência, para as feições, muitas pessoas são parecidas como animais.
– Você me acha parecida como uma loba?
– Sim.
– Como?
– O seu olhar… quer dizer, ele é tão penetrante, principalmente quando… – Eu queria dizer ‘quando você me beijou’, mas recuei. – …quando você está jogando, está sempre concentrada, quase não pisca, parece um lobo observando sua presa.
– Entendi. Obrigada, eu acho. Posso ficar com esse?
– P-pode.
Geo arrancou a página do caderno, dobrou gentilmente e guardou consigo.
– Valeu, Marcela. Fico te devendo.
– Ah, não foi nada.
Tímida, eu comecei a mexer na unha, arrancando o resto de tinta preta que tinha. O gesto chamou a atenção de Geo, que olhou com surpresa o estado que estavam.
– Garota! Que unhas são essas! Você não pinta não?!
– Eu pinto, de vez em quando, mas eu deixo descascar.
– Você não pode deixar descascar, vai ficar feia assim.
– Eu não ligo, maquiagem não é exatamente a minha praia.
– Amiga, não tem essa de ser sua praia ou não, toda mulher usa, nem que seja só uma base. E você tem um rosto tão lindo, se usar no tom certo, vai fazer todos os garotos te quererem… Ops, quer dizer, as garotas!
Ela deu uma risada, eu ri junto. Mas ouvir de Geo que meu rosto era lindo foi o que mais me alegrou. Eu nunca me considerei uma garota bonita, tampouco fazia esforço para tal. Meu cabelo estava sempre preso em um coque com uma franja na frente e duas mechas soltas do lado logo a frente das orelhas.
Meus lábios eram finos e meu nariz grande. Os elogios que mais recebia eram dos meus olhos, que eram de um tom de verde-amarelado. O rosto tinha algumas sardas entre a altura dos olhos e da boca. E meu corpo estava sempre coberto por uma calça jeans e um casaco puído que eu havia roubado do meu irmão.
– Vai fazer alguma coisa agora?
– Não, por quê?
– Vamos lá pra casa, eu te mostro como usar maquiagem.
– Ah, não precisa.
– Anda, vai. Deixa, adoro maquiar outra garota. Vai ser como um agradecimento pelo desenho, tá bom?
– Ahh… – Dei um suspiro prolongado. – Tá bom.
…
Geo pegou o seu estojo de maquiagem. Estava mais para uma maleta, ele se abriu com várias divisões, cores infinitas de batom e esmalte, pincéis dos mais diversos formatos, bases para todos os tons de pele.
– Bom, vamos começar pelos seus olhos. Você tem olhos tão bonitos, então é importante valorizá-los. Vamos pôr um pouco de rímel e um delineador bem sútil.
Geo começou os trabalhos, passou o rímel nos meus cílios e então desenhou o delineado sobre os olhos. Ela me observava com aquele mesmo olhar de loba, concentrada, mordendo os lábios em um tique nervoso quando precisava ser cuidadosa.
– Pronto, agora vamos usar um batom para os lábios. Você parece gostar de preto, então é legal usar uma cor mais viva para dar destaque. Vamos ver…. – Ela passou o dedo sobre os batons, escolhendo a cor ideal, e parou em uma bem vibrante. – Aqui! Vermelho carmim, perfeito.
Geo foi me maquiando como se eu fosse uma boneca, assistindo tudo imóvel. Passou o batom em meus lábios, a todo momento eu ficava desconcertada, com o jeito que Geo cuidava de mim, tão atenciosa, tão delicada, e tão íntima. Ela fez minha unhas e soltou o meu cabelo, disse que eu ficaria melhor de cabelo solto. Um pouco de escova para ajeitar e…
– Voilá! Me diz o que achou.
Ela me entregou no espelho. Quando me olhei, tomei um susto, nunca tinha me visto daquele jeito. Tão produzida, tão… linda. Os lábios vermelhos se destacavam, o delineador fazia meus olhos ficarem maiores, assim como rímel. O cabelo, solto, me dava um ar sensual que nunca havia imaginado de mim mesma, e as minhas unhas estavam pintadas perfeitamente.
– E-eu… eu estou… linda!
– Viu só? Eu disse que ficava bom em você!
– Não, Geo. Isso é mais do que ficar bom. O que eu vi você fazendo, o jeito com que você cuidou de cada detalhe, sabendo qual cor escolher pra compor melhor… Isso… Isso é arte, Geo. Você é uma artista!
Pela primeira vez, vi seu rosto corar, não por completo, apenas as bochechas, como uma menina tímida.
– E-eu agradeço. Vinda de outra artista, é bem… obrigada…
Ela me deu um abraço apertado. Me pegou de surpresa, mas logo eu a abracei de volta. O abraço durou alguns segundos, bem mais do que o normal, muito mais.
Quando acabou, senti o ar mudar de pressão. Havia algo de diferente naquele abraço. E eu percebi quando acabou e ela parou me encarando. Os olhos de loba se movimentando rápido, sem dizer uma palavra sequer. Eu sabia o que aquilo significava.
Eu a beijei novamente.
...
Mas não houve reação.
Ela não me beijou de volta, ficou atônita. Os olhos se transformaram em uma expressão surpresa. E naquele momento eu percebi. Não era aquilo.
– Uhm… Marcela… Eu não sou… Eu não sou lésbica.
Ela se afastou rápido, como se tivesse nojo de mim.
– Desculpa… Desculpa… – Era tudo o que eu sabia falar, catatônica. – … Me desculpa… Me desculpa, Geo… Eu achei que…
Ela limpou os lábios com a mão, outro duro golpe.
– O que você achou?... Que eu virei uma sapatão só porque eu te beijei uma vez?
– Não! Não é isso… É só que… Me desculpa… – Os olhos encheram-se de lágrimas. – … Eu achei que você gostava de mim.
– Como uma amiga! – A voz de Geo soava alterada, irritada. – Não é só por que eu fui legal com você que isso te dava o direito de querer me beijar!
– Eu sei… eu sei… – A primeira lágrima escorreu borrando a maquiagem. – Por favor, me perdoa…
Tentei segurar sua mão, mas ela se afastou, como se eu fosse eu tivesse uma doença contagiosa. Foi nesse momento que o choro desabou.
– Marcela… é melhor você ir embora… agora… e é melhor que a gente pare de se ver… é melhor você nem mais ir nos treinos, por favor.
– Não! Por favor, me perdoa… a gente ainda pode ser amigas…
– Eu achava que a gente era… mas você achou que a gente fosse outra coisa… vá embora, Marcela.
– Mas…
– Agora!
Foi a despedida mais dura que eu já tive.
…
Os meses se passaram desde então. Eu não acompanhei mais os treinos, parei de faltar às aulas. No intervalo, sequer saía da sala, com medo de encontrar Geo. Eu simplesmente não podia suportar vê-la. Todo o momento eu me lembrava disso, do quanto fui tola e do quanto aquilo me machucou.
Toda vez que a via nos corredores e ela olhava para o outro lado, fingindo não me reconhecer, era como uma punhalada em meu coração.
Toda vez que via o seu nome no jornal do colégio, falando do quanto ela foi heróica na classificação para as finais, e depois do quanto ela foi crucial na decisão do estadual, me fazia sentir enjoo. Me fazia querer chorar mais.
E isso se estendeu por quase todo o fim daquele ano.
Certa tarde, vi Geo do lado de fora do colégio. Discutindo com um cara mais velho, de vinte e poucos anos. Rapidamente notei que era o tal Levi. Quis dar meia volta e ir em outra direção, só para não passar por ela.
Mas a discussão parecia bem séria, Levi estava apoiado no capô do carro, enquanto Geo gritava com ele. O jeito genioso que ela sempre demonstrou se fazia mais presente ali do que nunca.
– Seu canalha! Seu canalha de merda!
Levi tentava acalmá-la, porém o próprio já estava sem paciência.
– Fica quieta, olha o escândalo que você tá fazendo!
– Foda-se! É bom mesmo que todo mundo saiba o canalha filha da puta que você é!
– Quer calar a boca?!
Primeiro, ele pegou no braço dela. Em seguida, em seu pescoço. O sangue ferveu em mim vendo aquilo. Mesmo sendo a garota que partiu meu coração, eu não podia tolerar isso.
– Solta ela!
Eu gritei enquanto atravessava a rua, em passos pesados que mais pareciam uma marcha. Quando cheguei, fiz ele soltá-la e me coloquei entre os dois.
– Cai fora, pentelha. Isso não é da sua conta!
– É da minha conta sim. Você não vai tocar um dedo nela, ouviu?
– E quem vai me impedir? Você?
Ele começou a rir. Levi era alto, tinha mais de 1,80m, era realmente amedrontador, de ombros largos e braços fortes. Eu, com meu modesto 1,65m, tentava manter minha postura, apesar de estar com medo.
– Vaza daqui, pirralha!
Ele pôs a mão em meu ombro para me empurrar. Foi quando eu agarrei e não exitei em lhe morder bem forte. Entre o polegar e o indicador.
– AaaAahaahh!!! Sua piranha!
Para me fazer se afastar, ele me deu um murro, esbofeteando o meu rosto, fazendo um risco de sangue cortar o céu em um brilho escarlate. Cambaleei para trás e só não cai pois Geo me segurou.
– Ficou maluco?! Seu covarde! – Geo gritou e partiu para cima dele.
O circo estava armado. Pessoas pararam em volta para ver. Duas garotas contra um cara. Logo Levi percebeu que apesar de grande, ele não dava conta de nós duas. Empurrou a gente pra trás e gritou:
– Chega! Cansei de vocês. Até nunca mais, Geovana!
Ele entrou no carro e deu partida. Indo embora.
Só depois que tudo acabou que eu notei o nariz torcido. O sabor metálico do sangue escorrendo para os meus lábios.
– Ai, meu Deus, você tá bem? – disse Geo.
– Estou, não foi nada.
– Anda, vem, eu vou te fazer um curativo.
Ela me pegou pela mão e me levou até sua casa, por sorte, não era muito longe do colégio. Ela me levou até o banheiro, limpou o sangue do rosto e pegou o kit de primeiros socorros para cuidar de mim.
Além do nariz, Levi tinha aberto um pequeno corte na minha boca, Geo foi passando álcool, limpando enquanto cuidava de mim. Geo me pegou rindo involuntariamente.
– O que foi? Qual a graça?
– Nada… É que eu lembrei de quando a gente se conheceu. Quem tava com o nariz quebrado era você!
Geo deu uma risada comedida.
– Não tava quebrado, só foi uma contusão. Acho que o seu também não está.
Ela continuou a limpar o sangue, a pia já estava cheia de algodão sujo e ainda assim ela continuava.
– Por que você fez isso? Se meter no meio daquele jeito. A troco de quê?
– Eu não sei, eu só não consigo ficar parado vendo esse tipo de coisa acontecer. Eu sempre acabo reagindo.
– Bom, obrigada, de qualquer forma.
– Não tem de quê.
– Ter mordido ele foi bem… impressionante.
– Bom, se ele era o canalha de merda que você tava falando, então ele mereceu.
– Pois é, ele era. Descobri que ele tava me traindo com uma jogadora do clube. E para piorar, eu ainda disse pra ela que a história de falar com a direção para me indicar era uma mentira! Que ele só tava me enganando! Acredita nisso?!
– Bom, ele mereceu a mordia mesmo.
– Pois é. Foda-se ele, foda-se o clube. Eu consigo achar outro lugar pra jogar profissionalmente.
– Mas é claro! Você acabou de ser campeã… Parabéns, aliás.
– Obrigada.
Ela terminou de limpar e pois dois tampões nas minhas narinas.
– Prontinho.
– Valeu.
– Olha, eu queria te dizer… me desculpa. Por aquilo, eu fui babaca com você, eu não devia ter agido daquela forma.
Eu olhava pra baixo, ajeitei uma mecha do cabelo, colocando-o para trás.
– Eu também não devia ter te beijado. Eu só agi por impulso, não foi certo. Me desculpa.
Geo segurou nas minhas mãos, acariciando as costas com o seu polegar.
– Na verdade, quando você me beijou a primeira vez, quando eu te pedi, eu me senti estranha. Eu demorei muito tempo lutando contra isso, mas a verdade é que eu gostei, mas só percebi isso muito depois. Quando você me beijou a segunda vez, eu ainda não estava pronta, por isso eu agi daquele jeito, tão agressiva… Me perdoa, Marcela?
– Só se você me perdoar também.
– É claro que eu te perdoo.
Ela me deu um abraço, desta vez foi caloroso, reconciliador, senti meu corpo mais leve e já não estava nem um pouco nervosa de demonstrar meus sentimentos.
– Ah, tem uma coisa que eu quero te mostrar. Vem, vamos pro meu quarto.
Chegando lá, Geo me pediu para sentar na cama.
– O que foi?
– Eu fiz a tatuagem!
– Sério? Aonde?
– Aqui.
Ela desabotoou a calça jeans. Desceu até os joelhos e depois tirou. Lá estava a minha arte, impressa em sua pele, na sua coxa direita, do jeito que eu havia idealizado. A loba de olhos de gueixa olhando atentamente sua presa com ambição. A pele ainda estava cicatrizando, mas ali estava.
– Nossa, ficou… fantástica. Doeu bastante?
– Só um pouco, mas não muito. Achei que ia doer mais.
Geo sentou-se ao meu lado. A euforia de ver a tatuagem nem me fez reparar que ela estava só de calcinha e com a camisa do colégio. Ela pôs a mão em meu pescoço, deu um leve aperto em uma carícia e depois levou ao meu rosto, afagando a bochecha com o polegar.
– Se você quiser, pode me beijar agora.
– Tem certeza? Quer dizer, eu não estou na minha melhor beleza. – Disse dando um sorriso, apontando para o curativo.
– Eu não ligo, eu não ligo mais. Pode me beijar.
Assim, eu finalmente terminei o beijo que havia começado há meses atrás. Nossos lábios se encontraram, primeiro chupando um ao outro, depois a língua e tudo em volta. Geo segurava o meu pescoço enquanto eu segurava sua cintura.
O momento foi esquentando aos poucos, Geo me puxou mais pra perto e foi gentilmente se deitando na cama. Comigo por cima, o beijo ganhou mais contornos, mais lascívia. Geo me mordia os lábios com delicadeza, eu dançava com sua língua, sentindo todos os meus sentimentos acordarem de sua hibernação e aos poucos cicatrizarem o meu coração partido.
– Você já fez com outra garota antes?
– Não.
– Tudo bem, vamos aprender juntas, então.
Ela voltou a me beijar. Desta vez as mãos desceram até minha bunda, apertando com firmeza o tecido. Rapidamente, tratei de tirar a calça, e também o uniforme.
Agora estávamos nós duas apenas de sutiã e calcinha, passando a mão no corpo uma da outra, experimentando juntas essa nova experiência.
– O que a gente faz agora?
– Eu não sei, o que você quer fazer?
– Posso te chupar? – Pedi, enquanto minha mão acariciava sua calcinha, sentindo por entre o tecido os contornos de sua boceta.
– Pode.
Mais um beijo, selando o nosso acordo, e então ela se deitou. Tirou os sutiãs, eu os beijei antes de descer. Pequenos e graciosos, eram lindos e deliciosos de se beijar. As aréolas escuras bem pequenas, os bicos bem discretos. Deu umas mordiscadas e Geo soltou um gemido bem manhoso, que me deixou arrepiada.
Fui beijando o seu corpo, atlético, o abdômen definido, as pernas torneadas, tudo era tão lindo e excitante.
Parei ali, observando com atenção. Fui descendo devagar a calcinha, revelando lentamente o fruto proibido. A testa com uma penugem rala e lisa em formato de triângulo. Os lábios carnudos e bem fechados. Passei o dedo sobre eles, abrindo-os, sentindo a umidade e arrancando mais suspiros.
Tateei até encontrar o grelo, escondido ali no meio. Massageei com o polegar, alternando entre movimentos circulares e verticais. O corpo de Geo se contorcia, os gemidos manhosos começaram a aparecer em série.
Foi quando finalmente ousei experimentar. Passei a língua bem no meio, procurando novamente o clitóris, quando encontrei, chupei e lambi, sentindo a boceta molhar mais e mais.
– Tá gostando?
– Aah… claro que estou… – Geo respondia com a respiração ofegante, o corpo se remexendo, acariciando os próprios seios. – … posso fazer em você também?
– Pode.
Tirei a calcinha, junto ao sutiã. Meu corpo estava longe de ser a perfeição atlética de Geo, os seios eram grandes, mas a bunda quase nula. Mas Geo pareceu não se importar. Me pediu para que sentasse em seu rosto mesmo assim.
Assim eu fiz, coloquei meus joelhos entre o seu rosto e abaixei, até meus lábios encontrarem os dela. Ela beijou, primeiro como se estivesse beijando uma boca, mas logo percebeu que era diferente. Tinha que usar mais a língua e ser mais ritmada. Aos poucos, foi pegando o jeito, até ir me levando ao delírio.
– Aaaahnn…
Eu gemi baixinho, seguindo de um suspiro longo. Eu rebolava, esfregando o rosto de Geo na minha boceta, o nariz roçando no meu clitóris, a língua atravessando os lábios. Tudo muito delicioso.
Depois disso, as coisas foram se soltando. Foi ficando cada vez mais divertido. A gente gemia juntos e ríamos juntos, como se estivéssemos brincando uma com a outra, foi ficando mais leve e também mais delicioso.
Lembro de ter gozado enquanto nos beijávamos, deitadas enquanto uma siriricava a outra entre beijos. Lembro também que Geo gozou quando enfiei dois dedos dentro e acompanhei com minha língua lambendo seu clitóris.
Assim ficamos a tarde inteira, até cairmos exaustas.
– Isso foi incrível! – Disse Geo, com a voz trêmula e o corpo relaxado. – Agora entendo o que você quis dizer.
– Quis dizer o quê?
– Que com mulheres era diferente, que era mágico.
E assim, eu e Geo voltamos a ser amigas, ou talvez bem mais que isso.