Engoli seco, já entendendo o que ela queria, mas torcendo para que minha impressão estivesse errada.
Depois de poucos segundos em silencio falei com uma ligeira alteração na minha voz:
-- É impressão minha ou você está querendo ter relações sexuais com outras pessoas???
Ela sentiu minha leve animosidade e respondeu com um simples aceno positivo de cabeça.
Eu completei ainda perplexo:
-- Você está falando sério?
Ela já mais decidida falou:
-- Eu só tive você de homem na minha vida, eu preciso disso. Eu vi a morte de perto e percebi que tinha muita coisa que eu queria experimentar na vida. Seria só sexo, não teria envolvimento sentimental. Seira só uma vez, depois nunca mais te peço nada do gênero. Seria apenas uma experiencia para minha vida. Eu fiz questão de fazer isso de forma unilateral, porque te conheço bem e sei que você não se sentiria à vontade em ter que transar com outras pessoas só para igualar as coisas. E também sei que não aguentaria saber que meu marido teve outra sem motivo aparente, já que eu tenho o argumento da minha doença e da minha quase morte.
Ainda mais incrédulo falei:
--Eu também só tive você e quando me decidi casar era porque estava ciente de que estava decidido a ter uma vida a dois. E se um dia eu achar que está faltando alguma coisa no nosso relacionamento, eu não jogaria uma responsabilidade dessas nas suas costas, eu decidiria em conjunto. Sobre eu também ter direitos para poder igualar, você tem certa razão. Eu nunca ficaria com ninguém enquanto casado. Sobre a sua razão ter sido endossada pela sua doença, não se esqueça que sua doença também foi minha e de nossa filha. Todos nós passamos por um período estressante e doloroso. Fiquei quase dois anos sem ter sexo e nem por isso pedi para que pudesse me aliviar por fora. Se minha esposa não podia eu também não podia e ponto final. Não me sinto confortável com esse assunto e nem de saber que minha esposa quer se entregar a um desconhecido.
Ele me corrigiu:
-- Não é qualquer um. Seria uma pessoa do meu meio profissional que tem um desejo grande em mim e que eu acho interessante.
--Interessante??? Eu disse em um tom mais alto e irritado.
-- Sim. Como eu te falei, será uma única vez e a pessoas em questão é um gerente de uma de nossas empresas que está sendo transferido para uma de nossas filiais no Japão e provavelmente eu nunca mais terei contato. Caso aceite, será na próxima sexta feira, em um hotel ao lado do restaurante onde será feita a recepção de despedida dele. Eu terei esta noite única com ele e voltarei para casa na manhã seguinte para que possamos pensar somente em nós daí por diante.
Sei que é difícil de digerir, mas depois eu farei de tudo para te compensar. Espero que me entenda e aceite. Penso que uma negativa sua me privaria de um desejo e poderia me deixar frustrada. Seria egoísmo seu e me daria margem para achar que nosso relacionamento seria tóxico. Espero uma resposta suas até amanhã.
Falou isso e saiu em direção ao quarto, me deixando com um monte de questionamentos.
“Egoísta eu?? Por não achar interessante que minha mulher tenha relações sexuais com outro homem.”
O fato dela ter me contado seu desejo e ainda pedir minha permissão seria o único ato que ela fez, que considero original, afinal acho que o conselho da amiga teria sido para ela fazer sem me contar. Mas ainda considero uma forma de minimizar o impacto da notícia.
“Quer me fazer de corno e diz que nossa relação pode ser tóxica.” Pensei...
“Essa compensação está com cara de manipulação.”
Não era minha esposa falando, eu a conhecia e aquelas palavras não eram dela.
Minha cabeça girava e eu não consegui raciocinar direito ante todas as informações dos últimos minutos.
Quando fui deitar ela já estava dormindo. Não consegui pregar os olhos, uma tristeza aliada a uma grande preocupação me deu uma insônia durante toda a noite. Uma incerteza do que me esperava no dia seguinte, dos rumos que meu casamento poderia tomar.
Minha mente vagava pelo tempo e me vi dentro do carro em uma viagem para o sul do Brasil, onde ela com um tesão da porra, me aplicava um boquete, enquanto se masturbava. Estava difícil controlar o carro, então parei no acostamento. Devido a película dos vidros do carro, que impediam a visibilidade de quem olhava de fora, não perdi tempo. Coloquei meu banco para trás e a peguei como uma boneca e encaixei aquele mulherão de 1,70m em cima de mim. O mundo naquele momento era só nosso.
Não existiam veículos passando, estrada, acostamento. Era só ela, subindo e descendo de meu colo cada vez com mais intensidade. Respirações aceleradas, palavras ditas somente quando se está no auge do tesão. Uma buceta encharcada engolindo um membro extremamente duro e quase em ebulição.
O tempo parou, o universo era só eu e ela. Uma conecção que só que estava presente entenderia. Seus belíssimos seios se esfregando em meu peito em meu rosto, nossas bocas se misturando entre respirações entrecortadas. Uma explosão que veio de dentro de nossos corpos, nos fazendo gritar de uma forma que poderia assustar quem passasse a vários metros de distância. Ficamos vários minutos com ela deitada sobre mim e eu ainda dentro dela. Encharcados de suor, e em êxtase total.
Voltando ao presente, eu tentava entender, como chegamos a este ponto.
Ponderei tudo, tempo de casamento, meu amor por ela, o futuro de nossa filha, como ela reagiria tudo isso, divisão de bens, tempo perdido, e muito mais.
Mas de uma coisa eu tinha plena certeza. Não aceitaria essa proposta de forma nenhuma. Mas por outro lado não desistiria dela e da nossa vida em comum, do nosso amor e de nossa cumplicidade, faria de tudo par dissuadir ela dessa loucura.
Eu tinha meus princípios, minhas convicções. Foram até aqui 40 anos de vida monogâmica de princípios monogâmicos, e não seria da noite para o dia que isso mudaria. Aceitar aquela proposta, seria uma forma de consideração a ela, mas uma tortura eterna para mim.
Sabia que aquela proposta não tinha surgido de uma hora para outra. Ela foi tecida com cuidado. Desde a forma de escolha da pessoa, que eu imagino já tinha sido combinado com ele antecipadamente. Como o local dia e horário.
Sei também que ela não fez tudo isso sozinha. Tinha o dedo a mão o braço de mais alguém. E eu sabia de quem.
Pensando bem ela já tinha tudo planejado e esperava minha aprovação para, talvez, diminuir sua culpa. Mas o que mais me deixava atônito, é que ela sabia que eu era monogâmico e que não seria dessa forma que ela mudaria todo o meu modo de pensar sobre relação a dois. Tinha mias vozes na cabeça dela. Tinha mais mãos tecendo essa teia e manipulando sua cabeça.
Busquei novamente em minhas memórias se em alguma vez que fizemos amor, ela deu alguma dica ou indicação de que queria mais. Mais sexo, mais pessoas, mais posições, etc. E não me recordei de nenhuma passagem do gênero. Sabendo que entre nós nunca teve bloqueio de qualquer tipo de assunto, cheguei à conclusão definitiva de que ela estava sendo, de alguma forma, influenciada pela amiga ou até por outras pessoas.
Ela de alguma forma, ainda fragilizada psicologicamente pela doença, deve ter ficado suscetível as sugestões da amiga.
Essa amizade delas não era longa. Tinha começado no meio do tratamento. Ela se apresentou como uma confidente e mais um ombro para minha esposa. Eu não achava ruim, afinal era mais uma pessoa para ajudá-la na recuperação. Só fiquei com uma pulga atrás da orelha quando minha esposa, horrorizada, me contou sobre os casos de infidelidade dela. De como ela enganava o marido. Me preocupei a princípio, mas desencanei com o tempo, pois confiava muito na minha esposa.
Nesta noite longa onde a insônia me pegou, relembrei da nossa primeira vez, cheio de medos, inseguranças e uma grande vontade de tentar agradar. O rompimento do hímen, o leve sangramento, tudo isso foi assustador no início. Hoje aos 40 anos ainda acho graça desta fase, mas ela foi de suma importância para nosso crescimento e maturidade.
Experimentamos vários tipos de fantasia que se pode fazer com duas pessoas. Sexo em locais públicos, como praças, banheiros públicos e de aviões. Adorávamos ver um pornozinho entre casais e isso foi nos dando novas posições, nos mostrando novas zonas erógenas até então desconhecidas. Como bons estudantes e pesquisadores natos, pesquisávamos tudo o que podíamos em relação a ter prazer. É claro que as cobaias dessas pesquisas éramos nos mesmos. O sexo era comum e natural entre nós. Um olhar, um toque, eram suficientes para acender nosso fogo. Acabávamos sempre extasiados, cansados, melados e satisfeitos. Nunca sentimos necessidade de colocar outras pessoas em nosso mundo sexual. Haviam centenas de coisas que poderíamos fazer a dois e ainda não tínhamos feito. Então nem cogitávamos incluir terceiros.
Foram até hoje, 15 anos de um relacionamento quente e muito íntimo. Onde havia muito dialogo, para saber o que cada um gostava e precisava. Onde tocar e com que intensidade. Muita honestidade, confiança e principalmente muito amor
O sexo com amor é muito mais prazeroso, ele envolve sentimentos puros e verdadeiros, ele traz à tona todo o comprometimento entre o casal, o entrosamento e por isso fazíamos a sexo sim, mas com muito amor envolvido. Era um complemento de nosso relacionamento e não uma necessidade fisiológica apenas. Um sexo seguro, mesmo sendo sem proteção. Um sexo com o único objetivo de gerar cada vez mais cumplicidade não culpabilidade.
Começamos meio tarde em relação a média de idade com que se começa hoje. Eu era um nerd de 25 anos que só pensava em estudar e ela com 20, não era diferente. Não frequentávamos festas ou baladas, não andávamos em curriola de amigos a não ser em grupo de pesquisa e estudos. E foi num desses grupos de estudo que ela sorriu para mim e tudo começou.
Aprendi a fazê-la gozar com tudo que possuía, dedos, língua e, claro, com meu membro. E ela, por sua vez, não ficava atrás na busca para me satisfazer em troca. Inclusive no período da gravidez, onde percebi que sua libido era ainda maior. Nem menstruada eu dava sossego a ela. E vocês pensam que ela reclamava?? Nada disso, adorava e se entregava de corpo e alma. Isso tudo só corroborava para eu ter certeza de que ela foi manipula, incentivada, instigada no seu momento de maior fraqueza e dúvida sobre a vida. Eu precisava fazer de tudo para mostrar para ela que seria uma escolha infeliz e que toda escolha tem consequências. Eu tinha que lutar para manter meu casamento, mas sem perder minha dignidade e princípios, porem sempre estaria aberto a diálogos.
E foi com esse pensamento que consegui dormir, já prevendo que o dia seguinte seria pesado e intenso.
Continua......