- Fomos à trilha e acabamos perdendo o horário.
- O que vocês foram fazer lá à noite? Perguntou minha mãe deitada em outra rede.
- O Sandro está com vergonha de dizer, na verdade estávamos com algumas garotas e elas ficaram curiosas em ver como era o anoitecer aqui na cidade quando acendessem as luzes, disse Roger na maior cara de pau.
- É mesmo meu filho? Questionou meu pai.
- É pai.
- O Sandro é muito tímido seu João, disse Roger.
- Bem diferente do irmão, há essas horas o Tiago ainda está na casa da namorada, tem que perder essa timidez meu filho, já está na hora de arranjar umas gatinhas.
Fiquei calado não respondi meu pai, mas fiquei pensando no que disse, eu nunca me interessei por nenhuma mulher e não tinha nem curiosidade de conhecer.
- Deixa o menino João, não vê que ele é diferente do Tiago.
- Oi gente boa, cheguei, disse minha irmã beijando meus pais, em seguida veio a até mim e beijou meu rosto, depois ficou encarando Roger, pois não o conhecia.
- Roger essa é minha irmã Aline.
- Oi Aline, já disse ao seu irmão que você é muito linda.
- Você é muito gentil Roger, prazer em te conhecer.
- O prazer é todo meu! Disse ele e cumprimentou-a com um beijo de cada lado do rosto.
Aline é morena clara, sua aparência é bem semelhante a minha, temos quase os mesmos traços, ela tem cabelos e olhos castanhos pelo ombro, lisos, 1,73, 20 anos na época, magrinha, espontânea, alegre, divertida e adora crianças.
De relance fiquei observando Roger secando minha irmã com os olhos, não gostei daquilo, mais como estavam se conhecendo tratei em esquecer minha observação.
- Isso são horas de chegar menina? Perguntou meu pai alterado.
- Pai, eu estava na casa de uma amiga e avisei que ia chegar tarde.
- Ela avisou João e você estava junto, disse minha mãe.
- Estou bem arranjado com meus filhos, um pra cada lado, enquanto isso a casa fica vazia.
- Pai, não reclama estou sempre em casa, hoje que sai com Roger.
- Também, você recém saindo das fraldas já vai virar andarilho, deixe isso para seus irmãos, disse meu pai.
- Não exagera pai, apenas vou à casa de minhas amigas, disse Aline.
Notei que Roger a olhava em determinados momentos como se fosse comê-la com os olhos e o pior é que ele nem disfarçava.
Uma hora eu olhei pra ele e acho que se tocou.
- Vocês me desculpem, mas eu tenho que ir, já está ficando tarde e amanhã tenho que trabalhar, falou dando jeito de sair.
- Recém cheguei e nem conversamos, disse Aline.
- Sente-se rapaz, fique mais um pouco com a gente, disse meu pai.
- Jante conosco Roger, o jantar já está quase pronto, convidou minha mãe.
- Se vocês insistem então eu fico, disse ele voltando a sentar-se.
Não gostei muito da atitude dele poderia ter dado uma desculpa e saído, precisava por minhas ideias em ordem, então resolvi tomar um banho.
- Vou tomar um banho e já volto.
- Não demora meu filho, já vou servir o jantar, disse minha mãe.
No banho fiquei pensando na aventura intensa que tive com Roger, como eu gostava dele, meu pau subiu só de imaginar a adrenalina que vivemos naquela tarde. Bem que ele poderia ter subido comigo até o quarto, mas pelo pouco que conhecia dele, jamais faria isso e os olhares pra minha irmã, isso não estava certo.
Quando retornei ele estava sentado ao lado de minha irmã conversando, assim que me avistou me chamou para ficar com eles.
Vem aqui Sandro e senta com a gente.
- O papo está animado, falei me aproximando deles.
- O Roger está me contando sobre o trabalho dele.
- Está cheiroso, disse ele assim que sentei ao lado deles.
- Obrigado!
- O Sandro está ficando todo homenzinho, vai ser um gato daqui mais uns anos, disse Aline de forma carinhosa.
- Já vai fazer 17, temos que preparar uma festinha, disse Roger.
- Eu to dentro disse Aline.
- Nem exagerem, não quero nada e ainda falta muito tempo até lá.
- Você não tem escolha irmãozinho, o tempo passa rápido, faço questão de preparar sua festa e convidar seus amigos.
- Eu me prontifico em ajudar.
- Beleza já tem o Roger e eu para ajudar. Só falta mais alguém.
- Podemos convidar a Fernanda e o Rafael para ajudarem, o que você acha Sandro?
- Não sei de nada Roger, isso é invenção de vocês.
- Vai dizer que não quer uma festa?
- Vai querer sim e eu faço questão de ajudar, disse minha mãe.
- Ah pronto agora estou feito.
- Boa noite! Estou perdendo alguma coisa?
- Tiaaaaaaaagoooo era você que faltava, disse minha irmã.
- Faltava em que? Posso saber?
- Nós queremos organizar uma festa de aniversário para o Sandro e será bem-vindo para nos ajudar, disse Roger.
- Se não for à hora em que estiver com minha gata ou quando estiver trabalhando, contem comigo.
- Então não contem com ele, disse rindo.
- Ah que maldade Sandro.
- Você vive grudado na Paula e quando não está com ela está no mercado
- Sandro, você deu uma ótima ideia, disse Aline.
- Que ideia? Eu não disse nada.
- O Tiago pode convidar a Paula para ajudar.
Caímos na risada.
- Bom eu posso convidá-la, acho que ela também vai gostar.
- Pronto! Está formada a equipe, disse minha irmã batendo palmas.
- Não tem como fugir garotão, disse Roger fazendo um cafuné na minha cabeça e bagunçando meu cabelo.
- Dezessete em maninho, quem diria? Sabia que quando você nasceu eu fui o primeiro a te pegar no colo quando nossa mãe chegou do hospital.
- O Tiago mal podia com você, mas fez questão de segurá-lo em seus braços, disse minha mãe.
- Era um pirralhinho cuidando de outro, meu pai disse rindo.
- Mãe, porque eu não me lembro disso? Perguntou Aline.
- não tem como lembrar, disse meu pai.
- Vamos jantar que a mesa está posta, disse minha mãe.
Fomos para mesa de jantar, Roger estava meio deslocado, mas minha mãe deixou-o à vontade.
- Roger querido seja bem vindo à nossa mesa, sente-se nessa cadeira vaga ao lado de Aline.
- Gosto muito de ver minha família reunida, disse meu pai.
- Vamos fazer uma oração agradecendo pela ceia e a nossa união, disse minha mãe.
Minha família é católica e minha mãe sempre teve esse costume de rezar na hora do jantar e agradecer, é apenas uma oração e um agradecimento.
Depois da oração fomos jantar. Graças a Deus tudo ocorreu nos conformes, Roger se entrosou facilmente com minha família e até meu pai que às vezes era meio desligado gostou dele.
Após o jantar o Roger foi embora o levei até o portão.
- Quando a gente se vê novamente?
- Não sei, não posso encontrar com você na frente da escola.
- Isso que é chato eu não entendo porque não podemos nos ver.
- Não insiste Sandro, tem que ser assim. Agora tenho que ir, tchau!
- Tchau!
Fiquei meio triste com a atitude dele em não querer me ver em frente ao colégio, mas era o jeito dele tinha que me acostumar.
Quando retornei Aline me aguardava, parecia estar aflita.
- Sandrooooo me conta quem é esse gato?
- Ah, ele é namorado da professora Larissa, menti para ela.
- Tão gato assim, só podia ser comprometido mesmo.
- Pois é para você ver como são as coisas.
- Faz tempo que são amigos?
- Conheci ele há uns três anos, mas só nos aproximamos mesmo em julho do ano passado depois de uma festa da turma do colégio.
- Ele é lindo e simpático.
- Isso é verdade, por onde o Roger passa ele faz amizades, o pessoal do colégio é muito amigo dele e do country também.
- Maninho, vou dormir que amanhã durante o dia tenho quatro turmas e a noite tem faculdade.
- Não sei como você aguenta.
- Não é fácil, mas eu gosto e logo será você correndo em busca dos seus sonhos.
- O que meus maninhos lindos estão conversando tão animados? Perguntou Tiago sentando ao nosso lado no sofá.
- Eu já estava indo dormir, disse Aline.
- Agora que eu cheguei, disse o Tiago.
- Ah meu filho tenho meus compromissos e agora você só quer saber da Paula.
- Deixa o Tiago curtir a namorada, não vê que ele está apaixonado.
- Obrigado Sandro pelo apoio, a Aline gosta de pegar no meu pé.
- Do jeito que vai Sandro, acho que logo perdemos o nosso irmão.
- Deixa o Tiago curtir o namoro dele, acho os dois tão bonitinhos.
- Bajulador.
- Ele é o meu caçulinha e gosta que o mano velho se dê bem, disse Tiago colocando seu braço atrás do meu obro e puxando contra si.
- Eu gosto da Paula e se você quiser casar com ela tem todo meu apoio.
- Aee maninho, sorriu bobo, mais ainda é muito cedo, tenho que fazer as coisas de forma consciente.
- Esse é o nosso Tiago, disse Aline sorridente.
- Eu acho correta a maneira como está conduzindo sua vida e pelo jeito vai dar continuidade aos negócios do nosso pai.
- Por quê? Você não pretende seguir no mercado?
- Preciso dormir vida de professora não é fácil.
- Fica ai sua boba, vamos conversar mais um pouquinho, disse Tiago puxando Aline pelo braço para sentar-se novamente.
- Só mais um pouquinho, senão amanhã não acordo cedo e não posso atrasar.
Mano, eu sei que você é novinho ainda, mas já está na hora de pensar no que pretende fazer da vida no futuro, disse Tiago agora de forma séria.
- Ele é muito novo ainda para decidir essas coisas Tiago, deixa o garoto curtir a vida, disse Aline.
- Pois eu não acho. O Sandro já vai fazer 17 e nessa idade já sabia a faculdade pretendia fazer.
- O Tiago tem razão Aline.
- Já está decidido então? Perguntou Tiago.
- Eu gosto muito de arquitetura.
- Ficou louco meu irmão, onde esse curso vai ter mercado de trabalho aqui nessa cidade e outra, as pessoas nem ligam pra esse negócio de construção. Cada um faz sua casa como quer e não está nem ai para arquiteto, a não ser que você passe num concurso, mas isso é difícil, pois a concorrência é grande.
- Como eu disse Aline é apenas o que gosto, não quer dizer que vou seguir.
- O que você acha Tiago? Perguntou Aline.
- Eu acho que o Sandro tem condições de correr atrás dos sonhos dele, e se decidir por arquitetura terá o meu apoio.
- Você só pode estar louco, o Sandro não tem condições de viajar para outra cidade e fazer uma faculdade, disse Aline já alterada.
- Porque não Aline? Perguntei apesar de achar que ela tinha razão.
No próximo ano você já termina o ensino médio, é novinho ainda, não pensa que eu quero teu mal, só acho que não precisa passar trabalho para ser alguém na vida. Faça como o Tiago, faz administração e dá seguimento com ele nos negócios do papai.
- Na verdade, não parei para pensar sobre isso, mas acho que vai ser o que vou fazer.
- Pois eu penso diferente, disse o Tiago, se você pretende fazer arquitetura, terá o meu apoio mano e mercado de trabalho sempre tem.
- Aqui na cidade? Pode até ter, disse Aline, mas e depois? Vai mendigar uns trocadilhos todo mês.
- Pois eu acho que um arquiteto ganha mais que um professor, disse o Tiago sem perceber que dessa forma magoou Aline.
- É justamente isso que não desejo ao Sandro, eu faço porque gosto e não para ganhar bem.
- Mas e quem disse que eu quero enriquecer, gosto de arquitetura porque é o meu sonho.
- Acho que o Sandro está certo e no que depender de mim, vou te ajudar, disse Tiago me abraçando de lado.
- Obrigado Tiago, mas eu não me decidi ainda.
- Mano não pense que sou contra você, o que decidir é claro que vou apoiar, eu te amo demais para te ver passando trabalho na vida e desculpa se minhas opiniões são diferentes das suas.
- Tudo bem Aline eu te entendo e sei que você só quer o meu bem, assim como o Tiago, amo vocês e prezo muito pela nossa união.
- Agora vou dormir, vocês me prenderam tempo demais aqui e a escrava do trabalho tem que acordar cedo amanhã. Beijo meus amores!
- Beijo mana e durma bem! Tiago retribuiu seu beijo no rosto.
- Beijo maninho e não fica magoado comigo, eu te amo muito!
- Eu sei e também te amo!
- Boa noite amores, disse ela já se retirando para o quarto.
- A Aline fala assim, mas é porque ela só quer o seu bem, disse Tiago fazendo um carinho na minha cabeça.
- A Aline sempre foi de personalidade forte já estou acostumado com ela.
- Fico feliz que não ficou magoado.
- Não teria porque, eu sei que ela só quer o meu bem e não deixa de ter razão.
- Mano, não vá pela opinião dos outros, lute por aquilo que você quee.
Fiquei apenas pensando no que ele disse enquanto seguia acariciando meu cabelo.
- Vou dormir agora, estou cansado.
- Eu também já vou, amanhã tenho um dia duro pela frente e mais faculdade à noite, ainda bem que é o último ano.
- Que beleza!
- Um dia você chega lá.
- Tenho certeza que sim, boa noite!
- Boa noite, ele me deu beijo no rosto e sai.
Cheguei ao meu quarto, tirei minha roupa e deitei na cama somente de cueca, e logo vieram meus pensamentos.
Como aquele final de semana tinha transformado minha vida de um momento para outro, jamais pensei em passar por momentos tão maravilhosos. Roger era um cara estranho, tinha suas qualidades, mas também tinha seus defeitos, que não eram muitos, mas me chateava, a forma dele agir e pensar deve ter sido devido à criação dada pela mãe, que mal tinha tempo para trabalhar. Passou muito trabalho distante do pai e muitas coisas teve que aprender sozinho, não ia me apegar a esse detalhe para discutir com ele. O lance do carro realmente foi ridículo, como poderia cobrá-lo romantismo se tínhamos acabado de ter uma transa maravilhosa, não fazia sentido, mas e o lance com a minha irmã? Não gostei do que vi, Roger era bissexual, foi namorado de Larissa. Será que teria problemas com ele em relação a mulheres? Gostaria que tudo isso não fosse verdade e ele tivesse olhos somente para mim, com esses pensamentos tentei dormir e esquecer tudo que me preocupava.