_Você tem certeza sobre o que está fazendo da vida, Bernardo?
_Pode não dar em nada, mas eu tenho o direito de tentar, não?
_Você vai se machucar, você sabe, né?
_Não sei, Alice.
_E vai machucar Eric no caminho.
Não respondi. Já caminhávamos para o final de outubro. Fazia um mês desde que eu e Rafael tínhamos terminado. E eu, sem saber muito bem como, caí numa estranha rotina. Eu estava decidido a aflorar meu lado heterossexual. Se eu queria seguir meu plano de casar com uma mulher, ter filhos e levar uma vida pacata, eu tinha que começar a gostar de mulher. E contava com a ajuda de Pedro para isso.
_Você só anda com aquele babaca agora._ falou Alice rabugenta _Vai acabar babaca que nem ele.
_Nesse momento, Pedro é meu herói, meu modelo a ser seguido.
_Você não tem ideia do que tá dizendo.
Pedro se tornou meu guia para a noite de um jovem garoto heterossexual em Belo Horizonte. Ele me apresentou a grande parte das boates e festas famosas da cidade, além de me ensinar todos os seus “truques” para pegação. Confesso que eu estava me mostrando um ótimo aluno, já conseguia até mesmo arranjar meninas sem sua ajuda. O grande problema era que o hábito não estava me fazendo gostar mais da fruta. Eu continuava a achar tudo extremamente frio e mecânico. Mais por minha culpa do que por culpa das garotas, devo dizer. Assim, no fim da noite eu acabava sempre recorrendo a Eric. Eu sabia que aquilo não era correto com ele, que ele gostava muito mais de mim do que eu dele. Mas eu sempre fui sincero com ele em relação às minhas intenções, e eu me enganava dizendo que isso bastava.
Numa das nossas madrugadas de sexo:
_Tenho que ser sincero, não acho que essa sua aventura heterossexual vai dar certo.
Bufei em resposta. Ele veio e, ainda nu, deitou sobre minha barriga e ficou encarando o teto. Me incomodava quando ele se aproximava demais de mim depois do sexo, mas eu não tinha coragem de afastá-lo. Era o mínimo.
_Mas você tem o direito de tentar. E se é assim que você acha que será feliz, torço para que você consiga.
_Obrigado por entender.
Ele saiu de cima de mim e começou a beijar minha barriga, meu peito, meu pescoço, até chegar na boca. Era daquilo que eu falava. Eu não estava apaixonado por Eric, mas nossos beijos tinham paixão. Eu arfava de tesão quando ele me beijava. Eu me excitava e queria sempre mais. Era um beijo incendiário.
_Deixa eu te perguntar..._ falou desgrudando nossa boca.
_Hã? Fala.
_Então, o Rafael sabe que isso aqui tá acontecendo?
Uma nuvem passou pelos meus olhos, ele percebeu e se entristeceu. Por mais que ele soubesse que Rafael ainda era muito importante para mim, eu entendia que quando ele via prova disso, doía.
_Não...
Eu não tive coragem de contar a Rafael que eu voltei a dormir com Eric. Parte era medo da sua reação, parte era achar aquilo inútil. Não nos falávamos mais direito. Chegávamos todo dia, nos cumprimentávamos, e depois cada um ia pro seu lugar. Eu via nos seus olhos a vontade de puxar papo, mas eu entendia que, assim como eu, havia o medo de estragar até aquele delicado fio que sobrou da nossa relação. Era assim que eu sobrevivia sem Rafael, com o mínimo que ele me permitia ter dele: o cheiro do seu perfume, o som da sua voz, seu sorriso educado (outrora apaixonado).
_Não temos mais nada. Não devo explicações a ele.
Ele pareceu satisfeito com a resposta, apesar de eu duvidar que ele realmente tenha acreditado.
_Não devemos explicações a ninguém._ ele falou _Ninguém precisa saber.
_Sim, ninguém._ respondi satisfeito.
Eric era um garoto muito frágil, mas ele aprendeu a lidar com essa sua fragilidade, tornando-se assim um tanto quanto manipulador. Eu sei que ele só disse aquilo porque era o que eu queria ouvir, mas resolvi me iludir com seu jogo. Ninguém precisaria saber.
[...]
Apesar de ter me atracado aos beijos com muitas garotas diferentes (e que pareciam cada vez mais iguais), eu ainda não tinha ido oportunidade de ir até o fim com nenhuma delas. Lógico que eu tinha aquela ideia da garota virginal e intocada para ser a mãe dos meus filhos, mas não precisava começar por ela. Tinha muita menina por aí que estava disposta a ir até o fim comigo sem precisar firmar compromisso. O que me travava era meu medo de não conseguir me excitar com ela.
Foi numa festa de Halloween nos primeiros dias de novembro que tudo mudou. A rigor, era uma festa à fantasia, mas muito poucos usavam. Eu não estava entre eles. Eu tinha ficado com uma menina e esperava por Pedro no bar da boate onde a festa acontecia. Como sempre, eu dispensei a menina e não fiz nem mesmo questão de guardar seu nome. Tudo o que eu pensava era se já era muito tarde para ligar para Eric. Pedro chegou para mim com um sorriso estranhamente alegre demais.
_Cara, você não vai acreditar!
_O que foi?_ perguntei curioso.
Ele parecia mal se contar de excitação.
_Sabe aquela menina que eu tava pegando?
_Aquela boazuda?
_É!
_Sei, e daí?
_Ela tá afim de ir pra um motel!
_Opa, alguém vai se dar bem hoje! Melhor eu ir então, já que você já tem carona para ir embora.
Fiquei agradecido pelo fim daquela noite. Daria tempo de ligar para Eric no nosso horário habitual.
_Espera, aí que vem a melhor parte.
_O que foi?
_Ela perguntou se eu não teria um amigo pra curtir com a gente, porque hoje ela acordou muuuuuito safada!
Ele parecia que a qualquer minuto ia começar a saltitar ali, tamanha era sua excitação. Eu fiquei sem reação na hora. Uma suruba com Pedro era o último jeito com o qual eu esperava terminar minha noite. De cara, vieram à minha cabeça um milhão de coisas que poderiam ter errado.
_Ah, Pedro. Não vou fazer isso, não.
_Por que?!
_Dois homens e uma mulher._ falei indo pela desculpa mais óbvia _Sabe qual o nome disso em inglês? Threesome from hell.
_A gente não vai nem se tocar, cara. É tudo nela!
_Eu sei, mas...
_Mas eu já falei que você topava. Se eu voltar lá sem nada, não vai rolar nem punheta!
Eu balancei a cabeça positivamente. Ele me deu um soco no ombro em comemoração e saiu me puxando para encontrar a tal menina. Eu não sei porque aceitei. E se eu broxasse na frente de Pedro? E se eu tocasse nele sem querer e me entregasse? Eu nem sabia bem o que fazer... Pedro não sabia que eu era “virgem”. Eu aceitei porque tenho uma enorme dificuldade em dizer “não”, mas me arrependi no segundo seguinte.
A menina se chamava Pâmela. É, o nome dessa eu lembro. Era o sonho de qualquer hétero, então devia ser o meu também. Morena, cabelos pretos escorridos até a cintura. Muita bunda, muita perna, muito peito, muita maquiagem e pouca roupa, o tipo clássico. Hoje, eu lembro dela quase que como uma mulher-fruta.
E lá fui eu, tremendo feito vara verde, para a minha grande aventura. Eu desejei ter pegado o Viagra que eu tinha guardado para essa ocasião. Não dava para parar numa farmácia e dizer que era pra comprar um chiclete. Eu fui dirigindo o carro de Pedro porque ele já tinha bebido. Era constrangedor, do retrovisor eu via os dois se pegando no banco de trás. A mão de Pedro já explorava a parte interna do vestido de Pâmela.
Chegamos ao motel e eu mal conseguia raciocinar, tamanho era o meu nervosismo. Sem desgrudar a boca da morena, Pedro foi guiando ela pra dentro do quarto. Ela o jogou na cama e se virou pra mim:
_Você é do tipo que só olha?
Sorri sem jeito, fui até a cama. Me lembrei de fazer tudo com a maior empolgação possível. Eu tinha que lembrar que desta vez eu tinha uma audiência atenta e perigosa: Pedro. Puxei a morena pela cintura e a engoli num beijo. Mais uma vez, não tinha paixão ali, mas eu tinha aperfeiçoado muito a técnica. Ela pareceu gostar, porque correspondia com vontade. Me assustei com a mão dela apertar meu pau por cima da calça, mas consegui manter o beijo. O simples toque bastou para me excitar, o que pareceu agradá-la. De repente, senti outra respiração também muito próxima. Sem parar o beijo, abri um pouco os olhos e vi Pedro beijando a nuca de Pâmela. Ele parecia em transe, fazia aquilo com tanta vontade e tanto tesão, que eu fiquei verdadeiramente excitado pela primeira vez na noite. Eu beijava a mulher enquanto admirava meu amigo.
Nunca tive qualquer quedinha por Pedro. Nunca cheguei perto de me apaixonar por ele, ou algo parecido. Mas era inegável que ele era muito bonito. Ele era muito forte, com seus músculos parecendo querer arrebentar suas camisetas, tinha pele bronzeada e um jeito muito viril. Eu nunca me permiti fantasiar com ele porque, além de ser terreno proibido, minha cabeça sempre esteve ocupada com Rafael e Eric. Nunca o adicionei à equação. Mas lá estava eu, com tesão pelo meu melhor amigo.
Pedro era, sem dúvida, muito habilidoso, pois rapidamente se livrou do microvestido que a menina usava, a deixando apenas de calcinha e sutiã. Como a maioria dos meninos, gays ou héteros, eu tinha uma certa fascinação por seios. E os daquela menina eram bem fartos. Como quem está na chuva é pra se molhar, não me fiz de rogado e pus me a apertar e beijar seus peitos. Ela se livrou do sutiã e eu pude apreciar seus mamilos negros e grandes, e foi impossível não colocar a boca ali e brincar com eles. Era diferente do sexo gay, mas era excitante. Por alguns segundos, eu me alegrei com minha excitação, pois tornava possível uma vida heterossexual. Mas foi tudo por água abaixo quando voltei a olhar pra Pedro e o encontrei só de cueca branca acariciando o pau. Ele tinha um corpo lindo. Era quase que o meio-termo entre Rafael e Eric. Enquanto o primeiro tinha um corpo natural e macio, o segundo tinha o corpo talhado e duro. Pedro tinha um peitoral bastante avantajado, no qual desejei me perder como me perdi nos seios de Pâmela. Suas pernas também eram grossas e firmes.
A morena também pareceu ter notado e correu para cima dele, o beijando e lambendo de cima abaixo. Sem saber muito bem como agir ao ser deixado de lado, tratei de tirar a roupa também. Pâmela tirou o pau de Pedro pra fora e começou a chupar. Era retinho, perfeitinho e grande. Maior que o de Eric e Rafael. A boca dela descia e subia com vontade. Me vi salivando e, sem perceber, comecei a me masturbar vendo aquela cena. Eu estava em transe.
_Essa puta chupa bem demais, Bernardo. Você tem que experimentar!
Acordei do meu transe envergonhado por ter sido pego no flagra, mas Pedro nem ligou. Ele não associou que eu estava excitado era com ele. A morena me puxou para a beirada da cama e começou a me chupar de quatro. Ela era boa naquilo, boa o suficiente para me entreter, mas não se comparava a Eric ou Rafael. Pedro não perdeu tempo, tirou a calcinha da moça e começou a devorar com vontade a sua buceta. Era hipnotizante o tesão com o que ele fazia aquilo, como se fosse o último copo de água do deserto. Eu não tinha certeza se conseguiria fazer aquilo. Aquilo era como um hétero de verdade deveria se parecer.
Pedro pegou uma camisinha na lateral da cama e vestiu seu pau. Ele não teve dó, meteu com tudo na morena. Ela começou a gemer com vontade enquanto meu amigo arfava e agarrava sua bunda. O meu pau, ainda na boca dela, estava como pedra. Gotas de suor pingavam do cabelo de Pedro e desciam lentamente pelo seu peitoral enquanto ele metia. O barulho da pele dos dois se batendo conseguia ser mais alto do que nossos gemidos e preenchia todo o quarto. Quando desviei os olhos e voltei a encarar Pâmela, a vi me admirando e seguindo meu olhar. Ela riu. Ela tinha entendido tudo. Então eu me vi amedrontado. Ela podia me entregar para Pedro. Mas ela fez mais.
_Vamos deixar isso ainda mais divertido.
Ela tirou Pedro de dentro dela. Depois, me puxou e me jogou na cama com vontade. Caí deitado de costas. Ela pegou uma camisinha e me vestiu com cuidado. Ela foi sentando lentamente do meu pau. Era diferente de meter num cara. Ela era mais “larga”. Eu a sentia molhada por dentro e mais lubrificada também. Era diferente, mas não era ruim. Pelo contrário, eu gostei de verdade quando ela começou a pular em mim. Ela se virou para trás, onde estava Pedro e disse:
_O que você está esperando?_ e empinou a bunda.
Pedro entendeu o recado. Vestiu uma nova camisinha e foi metendo no cu da morena, desta vez com cuidado. Logo, ele já bombava com vontade enquanto ela pulava em cima de mim. Os dois eram os donos daquela transa, eu era apenas um brinquedinho ali. Era estranho. Apesar de serem dois canais diferentes, eles são muito próximos. Assim, eu sentia o pau de Pedro “roçar” no meu. Aquilo era uma sensação totalmente nova. E ótima. Eu não tenho como explicar o tamanho do tesão que senti com aquilo. Gozei rapidamente, mas os dois pareceram não se importar e continuaram com os movimentos até se saciarem.
A brincadeira se repetiu mais duas vezes durante a madrugada. Ao final, ela caiu de sono na cama, enquanto eu e Pedro (ambos já de cueca) admirávamos nossos reflexos no espelho do teto.
_Nós temos que repetir isso!_ ele falou e eu ri.
Não, não íamos repetir aquilo nunca mais. Aquela foi a primeira e a única experiência sexual que compartilhei com Pedro. Eu aprendi algumas coisas sobre mim mesmo naquela noite. Primeiro, que eu era capaz de transar com uma mulher. Segundo, que eu gostava de homens muito mais do que gostava de mulheres. E, terceiro, que eu tinha que parar de andar com Pedro à procura de vítimas indefesas. Eu só estava a me afundar ainda mais no buraco que me encontrava.