Bernardo [51] ~ Ricardo

Um conto erótico de Bernardo
Categoria: Gay
Contém 2123 palavras
Data: 05/12/2023 15:58:21
Assuntos: Gay, Início, Sexo, Traição

Eu estava apaixonado pro Ricardo. Desde o primeiro momento que nos conhecemos ao desembarcarmos na França, aquele garoto foi me conquistando aos poucos com sua doçura e sua alegria. E, meus amigos, como é bom estar apaixonado em Paris!

Quando eu poderia me imaginar andando de mãos dadas com outro homem pela cidade? Havia alguns olhares? Sim, principalmente de pessoas mais velhas. Se isso já foi a morte pra mim, hoje eu encarava sem problema. Eu estava a milhares de quilômetros de casa, ninguém me conhecia, ninguém ia mudar a opinião que tinha sobre mim, ninguém iria me bater. Eu era apenas mais um estudante apaixonado na capital mundial dos estudantes. Eu estava feliz, e não conseguia lembrar a última vez que tinha estado tão feliz. Mais do que feliz, eu estava me sentindo leve. Eu ria de qualquer coisa, das cócegas que Ricardo fazia na minha mão, do jeito que ele me rodava sem avisos prévios, de quando ele me roubava beijos.

“Já esqueceu Rafael?” me questionam vocês.

Não. Eu nunca esqueceria Rafael, nem mesmo se eu quisesse. Eu amava Rafael. Mas estava apaixonado por Ricardo. Paixão e amor são sentimentos diferentes. Na minha cabeça, o amor sempre trouxe a sensação de serenidade e eternidade. O amor é construído dia a dia, com seus tropeços, erros e lágrimas no caminho. A paixão é fogo. Paixão é aquele sentimento que te consome vivo, te leva aos céus, te faz perder a cabeça, mas se extingue. Meu amor pro Rafael ia durar pra sempre, minha paixão por Ricardo não.

Não me entendem mal. Eu não beijava Ricardo pensando que ia acabar em poucos meses. Eu aproveitava o momento, afinal, eu não sabia o quanto ia durar. Nós não éramos nem mesmo namorados, éramos amigos fazendo companhia. Não éramos simplesmente uma foda fixa um pro outro, havia sentimento envolvido, só não era amor esse sentimento. Nós ainda estávamos curando nossas feridas, não estávamos prontos pra falar “eu te amo”.

_Faz muito tempo que tô querendo te beijar..._ ele falou.

Caminhávamos pra casa sem pressa naquele fim de domingo.

_E por que não beijou?_ perguntei.

_Porque eu não queria apressar nada. Você passou por muita coisa.

_Sim...

_Eu queria tentar sem medo de te machucar._ ele falou enquanto apertava a minha mão _Eu tinha que ter certeza que você não surtaria.

_Pensando por esse lado, me beijar na rua foi uma estratégia arriscada.

Nós rimos.

_Sim, mas não foi estratégia. Eu comecei a dançar com você ali no meio daquela gente toda e tive a certeza que eu procurava. Só de você me conceder aquela dança, eu sabia que você estava bem o bastante.

_Obrigado por cuidar de mim._ respondi o abraçando pela cintura.

_Não tem que agradecer. A gente tem a obrigação de cuidar de quem a gente gosta.

_E você gosta de mim?

_Muito.

Ele parou na rua e eu parei de frente pra ele. Ele me beijou bem calmamente enquanto me segurava pela cintura. Devíamos parecer dois idiotas. Estávamos os dois lá, nos beijando na cidade mais romântica do mundo, com o vento frio de dezembro sacudindo nossos sobretudos. Uma legítima cena de cinema digna das comédias românticas mais açucaradas. Mas o que fazer se a paixão nos deixa idiota?

Quando chegamos ao apartamento, estava começando a escurecer.

_Guys?_ eu chamei, mas ninguém respondeu.

Estava tudo escuro, aparentemente todos haviam saído, o que não era anormal. Passamos o olho pelos quartos e estávamos mesmo a sós.

_Parece que não tem ninguém?_ falei.

_Ainda bem.

Antes de eu me virar pra perguntar o que ele quis dizer, Ricardo me agarrou por trás. Eu ri quando percebi suas intenções. Mas a graça foi embora quando ele começou a roçar a sua barba rala na minha nuca. Fechei os olhos e senti ele arranhar de leve a minha pele. Meu pau rapidamente começou a dar sinais de vida. A última vez que eu tinha ficado com alguém foi o Tom, e já iam quase oito meses desde então. Eu estava com muito tesão acumulado.

_O apartamento é só nosso._ ele falou no meu ouvido.

Ele, ainda abraçado a mim, começou a andar comigo guiando para o nosso quarto. Assim que entramos, trancamos a porta. Ele me virou de frente e grudou sua boca na minha. Desta vez, não houve nada de romantismo no seu beijo. Ele pegava fogo e me incendiava junto, não que eu precisasse de muita ajuda pra isso. Ele vasculhava minha boca com sua língua e mordia de leve meus lábios.

_Tá calor aqui, né?_ falei enquanto tirava suas roupas.

_E vai ficar ainda mais quente._ ele respondeu enquanto tirava as minhas.

Nós dois ficamos de cueca e caímos um sobre o outro na minha cama. Ricardo tinha um corpo bonito. Ele era magro, mas era uma magreza saudável. Ele tinha as pernas bem peludas, mas no peito e na barriga, apenas uma fina camada de pelos descia até sua virilha. Se antes as muitas camadas de tecido que usávamos atrapalhava, agora eu conseguia sentir perfeitamente o seu volume roçando contra o meu dentro da cueca. Nossas últimas peças de roupa não demoraram a desaparecer também.

Eu me assustei com um pouco com pau dele. Era grande, maior que os de Rafael, Eric e Tom. Mais do que vinte centímetros tinha com certeza. E era todo perfeitinho: reto, branquinho e com a cabeça rosada.

Vai, brinca com ele._ ele falou ao me ver admirando o seu membro.

Eu não me fiz de rogado e caí de boca. Fui com tanta sede ao pote, que acabei me engasgando e o fiz rir.

_Vai com calma, eu não vou a lugar nenhum.

Sorri envergonhado e recomecei a chupá-lo, desta vez com mais cuidado. Ricardo gemia alto, como se estivesse a ponto de perder a cabeça. Ele também devia estar a um bom tempo sem sexo, pelo menos desde que chegamos à França. Eu agradeci por não ter ninguém no apartamento no momento. Eu fiquei com medo dele gozar muito rápido e parei. Voltei a subir beijando seu corpo por todo o caminho. Ele entendeu como a sua deixa e trocou de posição e começou a me chupar. Se fosse analisar friamente, não foi o melhor boquete que já ganhei, mas o celibato me fazia sentir tudo distorcidamente. Eu entendi o porque dele gemer tão alto e comecei a fazer o mesmo. Ele não demorou muito porque pedi pra ele parar se não eu ia gozar.

Ele se levantou pelado e correu até sua parte do armário, de onde voltou com uma camisinha e lubrificante. Ele me olhou com carinho e eu lhe dei o sinal que podia fazê-lo. Ele vestiu a camisinha em si mesmo e passou lubrificante. Ele ficou se masturbando lentamente enquanto me penetrava com a outra mão. Ele foi enfiando seus dedos um a um, me alargando para recebê-lo. Só aquilo já estava me fazendo ver estrelas de prazer.

_Com cuidado. Esse moço aí não parece estar de brincadeira._ eu falei apontando pro seu pau.

Ele riu com vontade e começou a me penetrar. Fazia muito tempo que não tinha feito aquilo, o último tinha sido Eric há um ano, e o pau de Ricardo era realmente bem grandinho. Doeu muito, mas com paciência ele conseguiu me penetrar. Em pouco tempo ele já bombava com vontade enquanto segurava minhas pernas no ar. Eu me masturbava muito lentamente, aproveitando cada segundo de prazer.

Louco de tesão, eu tomei as rédeas da transa. Saí de baixo dele e o puxei para o chão do quarto. Coloquei ele sentado no chão e sentei em cima dele, guiando os movimentos. Enquanto eu pulava em cima dele com vontade, ele me masturbava com uma mão e com a outra puxava a minha nuca me beijando. Não demorou muito mais tempo, e gozamos os dois ali, naquela posição. Caíamos lado a lado no chão, exaustos. Ele me deu um beijo muito carinhoso e deitou a cabeça no meu peito.

_Estávamos precisando disso._ ele falou recuperando o ar.

_Com certeza!_ respondi rindo.

Ficamos encarando o teto por algum tempo. Só então minha ficha começou a cair. Ricardo era meu amigo, meu colega de sala e meu colega de quarto. Como aquilo funcionaria?

_Como isso vai funcionar?_ perguntei.

_Não sei._ ele respondeu sem me olhar _Como você quer que funcione?

_Eu não sei.

Eu não sabia muito bem como encarar aquela situação. Era realmente novo pra mim, muito diferente das relações que tive com Rafael, Eric e Tom.

_Eu estou apaixonado por você._ ele falou.

_E eu estou apaixonado por você._ respondi.

Ele sorriu, se levantou e me beijou. Deitamos lado a lado no chão, olhando um para o outro.

_Você não esqueceu Rafael, né?_ ele perguntou.

_Não._ respondi triste _E acho que nem estou tentando.

_É normal, eu também penso muito no meu ex.

_E o que a gente vai fazer?

_Eu acho que a gente devia só deixar rolar.

_Sim... Vamos contar pros meninos?

_Acho melhor não. Não sei como eles reagiriam.

_É.

E ficamos novamente sem palavras. Ele fechou os olhos por um instante e eu fiquei admirando sua beleza, seus traços finos e delicados. O que mais me encantava era as ruguinhas que ele tinha perto dos olhos, que só se faziam acentuar quando ele sorria. Era isso que eu queria de Ricardo? Ir levando e ver onde ia dar?

_Eu vou tomar um banho._ eu falei me levantando.

_Ok.

Eu, ainda nu, me enrolei numa toalha e peguei minhas coisas. Eu sentia ele admirando cada movimento meu. Quando eu pus a mão na maçaneta pra sair do quarto, ele me chamou.

_O que foi?

Ele me olhava sorrindo.

_Você quer namorar comigo?

Ele me pegou de surpresa. No passado eu teria me embolado com um milhão de desculpas pra dizer não. Mas eu tinha deixado esse Bernardo no Brasil.

_Sim.

Ele levantou num pulo e correu até mim. Ele me prensou contra a porta e, ambos nus, recomeçamos a nos beijar. Era esse tipo de coisa que me deixava apaixonado por ele. Não tinha como escapar.

_Eu não sei no vai dar sua história com Rafael._ ele falou _Mas enquanto estivermos aqui, você é todo meu.

_Eu serei.

E voltamos a nos beijar.

Era isso. Eu estava apaixonado e namorando com Ricardo.

Lembram quando eu disse que acredito que cada pessoa que passa pela sua vida lhe ensina uma lição? Então, Ricardo estava passando e deixando a sua marca. A sua marca era me ensinar a estar num relacionamento sério com outro cara. Por mais que parecesse uma brincadeirinha de amigos, que não viam aquilo como algo sério, ainda sim era um relacionamento.

Sabíamos, por exemplo, respeitar a individualidade um do outro. Sim, vivíamos grudados um no outro, passávamos horas deitados pelos parques da cidade, visitamos cada monumento de Paris de mãos dadas, e estávamos sempre juntos nas festas que éramos convidados. Mas cada um tinha sua cama, suas coisas, seus próprios amigos, suas próprias conversas, e isso é muito importante. Isso é algo que nunca dei a Rafael, por exemplo. Por mais que eu tivesse Alice e Pedro por perto, Rafael só tinha colegas. Enquanto namorávamos, Rafael não tinha amigos, e, com as poucas pessoas de quem ele era próximo, ele não podia conversar sobre seu namoro porque eu não deixava. Eu não culpo Rafael pelo fim do nosso namoro, de jeito nenhum, mas hoje eu enxergo que ele esperou demais de mim. Ele esperou que eu fosse o seu ar e a sua comida. Ele esperou que só nosso amor bastasse. A partir do meu namoro com Ricardo, eu consegui enxergar como Rafael via as coisas. Como tudo ainda era recente, é natural comparar os relacionamentos, e nessa comparação eu via essas pequenas diferenças, que aos poucos iam me apontando um caminho pra voltar pra Rafael.

Ricardo foi uma aventura, uma paixão em Paris. Uma das lembranças mais doces que eu tenho da vida. Não teve cobranças, não teve brigas, não teve terceiros. Foi o mais perfeito sonho. Só que eu não o amava, pelo menos não o quanto eu deveria amá-lo. Meu coração era só de Rafael.

Eu nunca enganei Ricardo. Ele sempre soube sobre Rafael e como eu me sentia. Ele sabia que eu estava numa jornada pessoal pra reconquistar Rafael. Éramos (quase) adultos e sabíamos onde estávamos nos metendo. O que eu não sabia era que do mesmo jeito que eu estava disposto a tudo pra reconquistar Rafael, Ricardo estava disposto a tudo pra assumir seu lugar no meu coração. Eu não sabia ainda, mas eu estava prestes a partir o coração do melhor cara que eu já conheci.

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Comentários

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Esse Ricardo é um fofo, apaixonante! E tudo isso em Paris. É realmente um sonho!

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Cada vez mais apaixonado nessa história, caramba, eu já ri, chorei, fiquei apreensivo, mas a vida é assim né? Cheia de altos e baixos. Sério, obrigado por compartilhar ela, chegou num momento ótimo!

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