Bernardo [12] ~ CIÚMES

Um conto erótico de Bernardo
Categoria: Gay
Contém 2200 palavras
Data: 01/12/2023 19:39:59
Assuntos: Gay, Início, Sexo, Traição

_Hahahahahahahahahahaha!

_Para com isso, Alice.

Eu havia acabado de lhe contar sobre o interesse de Pedro nela.

_Ai... Ai..._ disse tentando recuperar o fôlego entre uma risada e outra.

_Isso é cruel. Ele pareceu gostar mesmo de você.

_Pois sinto muito por ele, não vai rolar.

_Eu sei que você acha ele meio bobo...

_Bobo? Tente babaca, idiota, bossal e poderia continuar com nesta linha por toda a tarde. Eu tenho nojo de pessoas como ele.

_Não é pra tanto, Alice.

_É sim. Você que se ilude pensando que ele é uma boa pessoa no fundo, porque isso aliviaria o resto dos defeitos. Aliás, você é meio idiota também de ficar aqui defendendo ele sabendo que se ele descobrisse sobre você, nunca mais olharia na sua cara. Mais: você também é meio babaca por rir das babaquices que ele fala.

_Ok._ disse me cansando da discussão _Tá dado o recado. Não vai rolar nada.

_Nem em um milhão de anos!_ falou rindo.

_Certo._ suspirei _E como anda os preparativos da festa pra amanhã?

_Vai ficar ótimo!_ respondeu já toda empolgada _Eu e sua mãe tivemos várias ideias de temas e...

_Temas?!_ perguntei assustado _ Ah, não... Onde eu estava com a cabeça quando deixei vocês duas planejarem essa festa?

_Quer terminar de me ouvir? Obrigada. Então, tivemos várias idéias de temas, mas como nenhum pareceu com você, decidimos fazer algo mais normal mesmo.

_Ufa...

_Mas é lógico que vai estar tudo muito bem decorado.

_Ixi...

_Para de ser negativo!_ falou me dando um tapa no braço.

_Mas o síndico deixou você decorarem o salão de festa? Ele é chato com essas coisas.

_Salão de festas? Do seu prédio?_ ela falou e virou a cabeça para trás numa gargalhada.

_O que tem?_ perguntei perdido.

_Meu bem, sua mãe alugou um clube na orla da lagoa.

_O QUE?!

As pessoas em volta nos olharam assustadas com meu grito. Estávamos no meio da lanchonete da faculdade.

Para de ser tão escandaloso.

_Meu Deus! Eu só queria alguma coisa discreta, só um churrasco pro pessoal mais íntimo.

_Mas nem deu tanta gente assim, umas duzentas pessoas...

_Duzentas?! Eu nem acho que conheça tanta gente assim!

_Ah, amigos dos seus pais e dos seus irmãos. Sua mãe não está pra brincadeira quando quer fazer uma festa.

Balancei a cabeça negativamente tentando entender a grande roubada que tinha me metido quando concordei em deixas as duas trabalharem juntas.

_A impressão que dá é que vai ser uma coisa muito exagerada, mas não. Sua mãe não alugou o clube todo, ou o salão pra fazer algo muito formal. Só a área da piscina e da churrasqueira. E vai ser durante o dia, então vai ser tudo bem informal. E afinal de contas, você está fazendo dezoito anos, meu querido, tem que se comemorar.

Ainda não sabia bem o que esperar daquela festa...

[...]

Quando sábado chegou, eu estava uma pilha de nervos. Tinha tanta coisa acontecendo. Eu teria que enfrentar uma festa muito maior do que eu imaginava inicialmente, eu teria que ser o centro das atenções (o que eu odeio), teria que falar a Pedro que ele não tinha nenhuma chance com Alice e teria que transar com Taís. Esse último item da lista não devia me assustar tanto, mas assustava mais do que os outros. Se eu pretendia levar uma vida heterossexual, eu teria que me acostumar a transar com mulheres. Logicamente Taís não viria a ser minha namorada ou, menos ainda, minha esposa, mas eu tinha que começar de algum lugar. Aliás, que mal faria experimentar? Se eu gostasse, era lucro! Apesar de eu pensar assim, eu ainda sentia um medo tremendo do que aconteceria. Até pensei em beber para a coisa fluir com mais facilidade, mas desisti da idéia quando pensei na possibilidade das coisas saírem do controle como da última vez que bebi e eu acabar me ferrando.

Fui com meus pais e meus irmãos mais novos mais cedo para o clube. Realmente estava tudo muito bem decorado com balões, faixas e forros de mesa em diferentes tons de azuis. Fiquei mais aliviado ao constatar que não havia grandes exageros na decoração como eu esperava vindo da minha mãe. Logo os primeiros convidados foram chegando, a maioria eram tios, primos e amigos dos meus pais. Da minha turma, o primeiro a chegar foi Pedro, que trouxe mais quatro colegas nossos em seu carro. Todos me desejaram parabéns e se sentaram numa mesa bem grande que tinha reservado para minha turma da faculdade. Mal os deixei lá e Pedro já veio ao meu encontro me puxando para um canto.

_O que foi?_ perguntei. Ele parecia aflito.

_Você falou com a Alice?

Eu nem tive tempo de preparar um discurso. Eu teria que falar com ele sem rodeios. E pelo jeito que ele parecia aflito, acho que eu tinha grandes chances de estar o machucando.

_Falei...

_E?

Abaixei a cabeça e suspirei pensando no que falar, mas nem foi preciso, ele entendeu.

_Ela disse não, né?_ ela parecia estar forçando a voz para mantê-la indiferente.

_É, ela disse não. Desculpa.

_Não, que isso?_ falou fingindo (mal) que estava aceitando bem o fora _O que que a gente pode fazer, né? Vamos partir pra próxima. Aqui mesmo, vai chover mulher mais tarde.

_É._ era melhor fingir que ele estava atuando bem _Com certeza. Não era pra ser.

_E o que ela falou exatamente?

Ele estava ferido e não ia superar aquilo fácil.

_Pedro...

_O que? Pode falar, eu agüento, cara. Você acha que nunca levei um fora na vida? Só quero saber aonde posso melhorar.

_Deixa pra lá, Pedro.

_Por que é tão ruim assim? Agora fiquei curioso.

Ele realmente não ia desistir de saber de tudo, então fui obrigado a falar.

_Ela te acha idiota.

Ele ficou me olhando por um tempo analisando o que eu tinha dito. Então começou a rir.

_Fala sério!

_Estou falando sério. Ela te acha idiota.

_Idiota como?_ ele foi ficando sem graça aos poucos.

_Sei lá, Pedro. Ela não gosta das brincadeiras que você faz, ela acha tudo muito infantil. Alice não é dessas meninas que se impressionam com músculos bem desenvolvidos ou carro do ano. Ela se interessa pelo o que o cara tem a dizer.

Ele ficou pensativo, depois, claramente envergonhado.

_Obrigado..._ falou _Mais alguma coisa?

Ele perguntou brincando, mas no momento que falou isso eu me lembrei de como ela abominava sua homofobia. Eu não tinha intenção de lhe contar isso, era andar muito perto da beirada do penhasco, mas meus poucos segundos de hesitação foram o bastante para ele perceber que tinha mais coisa.

_O que mais ela falou, Bernardo?

_O que vai adiantar isso, Pedro? Ela já disse não. Levante a cabeça e siga adiante.

_Agora que quero saber._ falou firme e me encarando

Cocei a cabeça tentando decidir sobre o que fazer. Eu não trabalhava muito bem sobre pressão, então acabei soltando a informação por não conseguir pensar numa desculpa melhor.

_Ela acha que você é homofóbico, Pedro.

Fechei os olhos e me arrependi de ter falado. Eu estava muito perto de me entregar.

_O que?

_Você ouviu bem. Ela te acha homofóbico, que você detesta gays.

_E o que isso tem a ver?_ (perceberam que ele não negou?)

_Para Alice, isso diz muito a respeito da sua personalidade._ já que estava me ariscando tanto, decide chutar o balde e ir mais além _Talvez por ela ter muitos amigos gays, como me contou. Mas principalmente porque, para ela, isso te torna uma pessoa horrível, uma pessoa com a qual ela nunca se envolveria. Acho até que essa a principal razão para ela ter dito não.

Ele ficou me olhando com uma expressão de incredulidade no rosto. Ele realmente não estava esperando por aquilo. Depois a incredulidade se transformou em raiva.

_E como posso gostar disso?_ falou num misto de raiva e nojo _Não vê o que aquele viado fez com você naquele dia?

_Eu realmente não quero discutir isso no dia do meu aniversário._ falei tentando me manter impassível, mas tremendo por dentro.

_Tem como gostar disso? Tem?

_Não vou entrar nessa discussão. Não interessa o que eu penso sobre o assunto. Interessa a sua opinião e a dela, e as duas são conflitantes._ decidi terminar aquela discussão antes que eu acabasse me ferrando pra valer _Olha, Pedro. As coisas não vão mudar, deixa tudo assim. Ela disse não? Paciência, agora é seguir em frente. Agora, deixa eu ir lá porque tem convidados chegando.

Pedro ficou olhando pro nada enquanto eu passava por ele de volta para a festa. Mas ele me chamou:

_Bernardo?

_Sim?_ me virei de volta para ele.

_E se ela acreditasse que eu não sou nada disso?

_Como assim?

_E se ela acreditasse que se enganou, que eu não odeio viados, que não sou infantil, nem nada disso?

Ele não me olhava, ele olhava pra todo lugar, como se estivesse falando consigo mesmo.

_Pedro..._ aquilo ia acabar mal.

_Mas é cara! Ela ia me dar uma chance, não ia?_ agora ele me olhava.

_Alice é mais esperta. Não acreditaria que se enganou assim, mesmo se você passasse a agir totalmente diferente.

_Mas você poderia ajudá-la a acreditar...

_Não, Pedro, isso não vai acontecer. Não vou enganá-la desse jeito, ela me odiaria.

Já estava me preparando para ir embora, mas ele me segurou pelo braço.

_Por favor, Bernardo._ ele implorou e tinha um brilho estranho nos seus olhos, brilho esse que reconheci na hora.

_Você está apaixonado por ela, não está?

Ele continuou me olhando com aquele brilho nos olhos. Ele não disse sim, mas tampouco negou que estivesse apaixonado por Alice. Eu não sabia bem o que fazer. Despedaçar o coração de Pedro ou aceitar participar de uma farsa traindo Alice? Por outro lado, se Alice abaixasse a guarda por um instante e deixasse Pedro mostrar seu melhor lado, ela poderia gostar dele também, não? Eu gostava dele, aprendi a ver seu lado bom. E de um jeito estranho, eles combinavam, se completavam. Eu poderia entrar no jogo dele e ela me agradeceria mais tarde... Os fins justificam os meios? Acho que justificam, pelo menos nesse caso. Eu achava que ninguém poderia se ferir com um pouquinho de manipulação. Ledo engano...

_Ok, eu vou te ajudar.

_Obrigado, cara!_ falou me puxando pra um abraço que chegou a tirar meus pés do chão _Eu não sei como te agradecer!

_Bom, a gente combina como vai fazer isso depois, hoje não tô com cabeça. Mas uma coisa é certa, ela nunca acreditaria que se enganou com você. Porém, ela acreditaria se pensasse que você está mudando aos poucos. Mudando por ela.

_Você acha?

_Acho que é sua melhor chance.

_Então, tá, vamos fazer assim!_ ele parecia uma criança que tinha acabado de ganhar um presente de natal tamanho era sua alegria e entusiasmo.

Eu ri também e já chamá-lo para voltar para a festa comigo, mas me lembrei de um outro problema pendente que ele poderia me ajudar.

_Eu sei de um jeito de você me agradecer.

_O que é? Qualquer coisa que você quiser!

_Você vai dar um jeito de tirar a Taís do meu pé hoje.

Ele me olhou confuso. Por um instante pensei se foi uma boa idéia pedir sua ajuda naquele assunto delicado.

_Por quê? Não quer?

Eu tinha pensado numa mentira para me livrar dela, mas prometi usá-la só em último caso. Mas eu não tinha outra coisa pronta pro momento.

_Eu peguei herpes genital._ falei roxo de tanta vergonha.

_O que?_ ele perguntou com uma cara de nojo.

_Não me faça repetir isso.

_Mas onde você pegou isso?

_Não sei, talvez no vestiário daqui do clube, onde eu nado durante a semana.

_Isso é possível?

_Com certeza!_ ainda não tenho certeza se isso é possível, mas deixemos passar.

_Cara...

_Isso fica só entre nós, ok? E se ela ver, vai espalhar pra todo mundo.

_Certo. Eu vou te ajudar, vou pensar em alguma coisa para ela deixar você quieto por hoje.

_Obrigado.

_Uai, uma mão lava a outra.

_Sim, é verdade._ respondi rindo.

Ele me abraçou pelo ombro e foi me guiando de volta para a festa.

_Sabe,_ falou _te conheço há pouco tempo, mas já te considero meu melhor amigo.

Aquilo era uma coisa boa de se ouvir em qualquer momento. Saber que alguém realmente se importa com você, que te leva em consideração.

_Eu também te considero, junto com Alice, meu melhor amigo.

Nos soltamos e chegamos de volta aonde os convidados estavam. Na mesa dos nossos amigos de faculdade, mais duas pessoas tinham chegado, mas estavam de costas, não reconheci de imediato.

_Falando em viados, chegou o casal cor de rosa da turma._ falou Pedro.

Eram Eric e Rafael. Estavam sentados lado a lado, com as cadeiras coladas de tão próximas. O braço de Rafael passava sobre o encosto da cadeira de Eric, como se o abraçasse discretamente. Mesmo sem vê-los de frente, pude ver que eles riam. Senti o veneno do ciúme corroer cada extremidade do meu corpo.

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Comentários

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Bernardo é muito burro. Traição de amigo é pior que traição de namorado.

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Não sei o que falar desse garoto que mal conheço é já me irrita mais que qualquer outro!!! Bernardo pediu pra ser burro mesmo. Quero nem ver o que Alice vai fazer quando descobrir isso que ele pretende fazer com ela....

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Adoro sua sinceridade, xLucas! Provavelmente você é muito jovem. Uma coisa certa: você é passional. Beijo, garoto!

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