A aposta #11

Da série A aposta
Um conto erótico de Jucélia
Categoria: Homossexual
Contém 2245 palavras
Data: 11/12/2023 12:32:06
Última revisão: 29/12/2024 00:31:32

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Jucélia:

Eu mal dormi à noite. Tentei não chorar, mas foi impossível; chorei muito. Estava sentindo uma dor tão grande no peito que doía até para respirar. Como pude ser tão idiota de me entregar assim a alguém?! Eu me fazia essa pergunta várias vezes, e a única resposta era que eu realmente era muito trouxa.

Mas a vida tinha que seguir. Fui trabalhar, e minha situação agora era mais crítica ainda: com sono, cansada e com o emocional só os cacos. Assim que cheguei, Marina me olhou e já veio perguntar se eu estava bem. Eu disse que estava mais ou menos, mas que ia melhorar. Ela me olhou, tipo me avaliando, e me deu um abraço. Eu até me assustei; a garota que mal falava comigo ali me abraçando. Ela me soltou e disse que eu não precisava dizer nada, mas se quisesse conversar, era só falar.

Acho que estava evidente na minha cara que eu estava muito mal e precisava de um abraço. Agradeci e a gente foi trabalhar.

O dia demorou um século para passar. Quando fui sair, Marina veio e pegou no meu braço, perguntando se eu estava melhor. Dei um sorriso amarelo e disse que sim. Provavelmente, ela fingiu que acreditou, porque eu não fui nem um pouco convincente. Ela perguntou onde eu morava, eu expliquei mais ou menos e descobri que morávamos no mesmo bairro.

Perguntei se ela vinha e voltava de ônibus. Minha intenção era me oferecer para trazer e levar ela, já que morávamos perto, mas ela disse que tinha carona. Quando chegamos à saída do prédio, fui me despedir porque ia para o estacionamento pegar minha moto, mas ela pediu para eu ir com ela fora do portão, que queria me apresentar uma pessoa rapidinho. Eu disse que tudo bem, aí ela falou:

Marina— Antes de apresentar essa pessoa, queria te perguntar algo.

Jú— Claro, pode perguntar.

Marina— Você mudaria seu jeito comigo se eu, por acaso, fosse lésbica?

Jú— Claro que não! Até porque eu acho que você é lésbica; acho isso desde o primeiro dia que te conheci.

Marina— Sério? Eu dou tão na cara assim?

Jú— Até que não, mas imaginei que era por causa do pingente da sua pulseira.

Marina— Ah, você prestou atenção então! Kkkk. Bom, então tudo certo. Vamos lá que quero te apresentar a minha noiva.

Ela praticamente saiu me arrastando pelo braço. Saímos do portão e atravessamos a avenida. Do outro lado, tinha um carro preto e, encostada no carro, uma morena um pouco mais baixa que eu, sorrindo de um jeito que dava para ver de longe que era linda. Cabelos encaracolados, pretos e longos, um piercing no nariz, o braço direito cheio de tatuagens, olhos verdes e um corpo que parecia ser bem bonito. Como ela estava com uma calça jeans larga e uma camiseta larga, não dava para ver com perfeição, mas a garota era linda.

Marina chegou e deu um selinho nela, além de um abraço. Depois, me apresentou. Seu nome era Jennifer. Ela me deu três beijinhos e um abraço. Marina disse a ela que eu era a menina legal que tinha falado e que era do mesmo bairro que elas. Jennifer me parecia bem simpática; eu, sinceramente, ainda estava meio boba com a beleza dela.

Conversamos ali por uns 15 minutos. Jennifer trabalhava em uma loja no centro e deixava e buscava Marina todos os dias no trabalho. Eu me despedi delas, expliquei que estava louca para chegar em casa. Jennifer disse para a gente marcar algo na casa delas qualquer hora. Eu disse que a gente marcaria sim, com certeza.

Saí dali e fui direto para casa. Quando cheguei, fui ver como minha mãe estava, e ela estava com uma carinha melhor, mas ficou preocupada com meu estado deplorável. Eu estava um caco. Disse a ela que estava tudo bem e que no final de semana eu me recuperaria.

Fui tomar um banho e, quando saí, meu pai já tinha chegado. Quando ele me viu, veio até mim e pediu para eu ir descansar. Ele disse que eu estava parecendo um zumbi, falou que ele mesmo arrumaria a janta e que eu não estava em condições de ir daquele jeito para a faculdade. Pior que ele tinha razão; eu não estava em condições de fazer nada, então resolvi mesmo dormir.

Acho que, quando deitei na minha cama, antes do meu corpo tocar o lençol, eu já tinha dormido. Dormi direto. Acordei no dia seguinte com meu celular despertando. Meu corpo estava doendo de tanto que fiquei deitada, mas não era só meu corpo que doía; meu coração também doeu quando me lembrei de Day. Sentei na cama e fiquei pensando o quanto eu ainda iria sofrer por ela.

Criei coragem e fui me arrumar para trabalhar. Tomei um banho rápido e nem tomei café; deixei para tomar no trabalho. Logo que cheguei, Marina já veio me encontrar e perguntou se eu tinha gostado de Jennifer. Eu disse que achei ela legal e linda, que ela era uma garota de sorte. Marina sorriu e disse que ela realmente era muito linda e que às vezes não entendia por que Jennifer estava com ela. Eu disse que ela devia se dar mais valor, porque era muito gata também e muito gente boa.

Ela de novo me deu um abraço. Acho que aquilo iria virar rotina. Marina parecia ser daquelas pessoas muito carinhosas e não se importa em demonstrar isso depois que pega uma certa liberdade com as pessoas. A gente entrou rápido porque eu queria tomar café antes de começar a trabalhar.

O dia foi tranquilo; geralmente, sábado era assim, porque a maioria dos advogados nem ia ao escritório. Quando deu meio-dia, fui para casa. Antes, falei rápido com Marina, trocamos nossos números de telefone e eu fui. Quando cheguei em casa, olhei no celular e tinha uma mensagem da Karen me perguntando se eu estava bem. Ela disse que, se eu quisesse conversar, era só chamar. Eu respondi que estava péssima, mas ia sobreviver e que não queria conversar sobre o assunto Day no momento, mas que isso não interferiria na nossa amizade.

Almocei e passei o resto do dia arrumando a casa e lavando roupa. À tarde, fiz uma janta e troquei algumas mensagens com Karen, que não tocou no nome da Day e nem no assunto dela ter me traído. Eu achei legal da parte dela; acho que nossa amizade iria seguir. Falei um pouco com a minha mãe e eram umas 20 horas quando me deitei um pouco e acabei cochilando.

Acordei com alguém me chamando. Quando abri os olhos, eu quase não acreditei; Day estava ali, sentada na minha cama, com a cara mais triste do mundo. Mas, após o susto passar, eu já fui logo falando:

Jú— O que você quer aqui? E como entrou no meu quarto?

Day— Preciso falar com você, Jú. Seu pai me atendeu e deixou eu vir aqui te chamar.

Jú— Não tenho nada para falar com você; por favor, sai daqui.

Day— Você não precisa falar nada, só me escuta, por favor.

Jú— Não quero ouvir nada que venha de você; por favor, vai embora. Estou pedindo, por favor.

Day— Você vai me ouvir. Eu não vou sair daqui sem falar o que vim para falar.

Jú— Se você não sair, saio eu.

Quando me levantei, ela se levantou e parou na minha frente, dizendo:

Day— Você vai me ouvir, nem que eu tenha que sair atrás de você gritando. E acredite, eu vou fazer isso. Então, ou você senta aí e me escuta, e eu vou embora, ou você sai e eu vou gritando atrás de você. Você escolhe.

Ela me pareceu muito decidida. Se ela realmente fizesse o que falou, meus pais iriam ouvir tudo e, provavelmente, os vizinhos também. Resolvi sentar novamente, mas estava com muita raiva por ela praticamente me chantagear para eu ouvir o que tinha a dizer.

Jú— Tudo bem, fala logo e me deixa em paz.

Day— Jú, eu não vim aqui arrumar um monte de desculpas pelo que eu fiz. Eu sei que errei, mas preciso te contar o que aconteceu. E, por favor, não me interrompa. Depois que eu terminar, prometo que saio pela mesma porta que entrei e nunca mais volto aqui, a não ser que você me convide.

Jú— Ok, fala logo e cumpre o que falou; sai daqui e não volte mais.

{...}

Day— Ok, eu mereço ser tratada assim! Bom, eu estava morrendo de saudades de você. Esses dias todos longe de você estavam acabando comigo. A gente não se via, raramente se falava; você não tinha tempo para mim e demorava para responder uma simples mensagem. Eu sabia os motivos, eu entendia, eu juro, mas comecei a ficar muito insegura. Eu nunca fui assim, mas, depois de ser traída, acho que me tornei uma pessoa insegura.

Quando nos falamos no último final de semana, achei que isso tinha passado, mas me enganei. A semana seguinte foi pior; você nem falava comigo mais na hora do almoço. Na quinta, uma cliente minha me falou algo que mexeu muito comigo. Eu disse que tinha conhecido uma pessoa nova e estava com muita saudade dela porque ela teve um problema em casa e estávamos sem poder nos ver. Ela falou para eu tomar cuidado, porque, se eu não conhecia a pessoa direito, talvez ela tivesse se arrependido e estivesse usando uma desculpa para não me ver. Que, infelizmente, hoje nem nas pessoas que a gente conhece direito dá para confiar, imagina em quem a gente não conhece.

Eu já estava insegura e aquilo só piorou tudo. Me desculpe, mas comecei a achar que aquilo poderia ser verdade. Até da doença da sua mãe eu comecei a duvidar. Por isso, te mandei aquela mensagem. Quando fui para meu apartamento, vi que você viu a mensagem, mas não respondeu. Eu fiquei com muita raiva.

Quando cheguei no meu apartamento e vi aquela decoração, fiquei emocionada. Não vou negar que aquilo mexeu muito comigo. Quando Pedro se ajoelhou na minha frente e me pediu perdão, dizendo que me amava, eu não sabia o que falar ou fazer. Estava com muita coisa na cabeça, muitos conflitos de sentimentos no meu coração. Então, cometi o pior erro da minha vida e deixei ele me beijar. E o pior: demorei muito para perceber que aquele beijo era errado e que eu não queria. Então, me afastei. Ele olhou para mim e disse que me amava. Eu fui sincera com ele e disse que, infelizmente para ele, eu não podia dizer o mesmo porque não o amava mais e pedi para ele sumir do meu apartamento, devolver minha chave e nunca mais voltar.

Ele foi embora com raiva, mas foi. Quando ele saiu, Karen chegou e me entregou a rosa que você tinha levado e me contou que te viu chorando. Ali, eu senti meu mundo desabar. Desde então, minha vida não faz mais sentido, porque eu perdi você. E o pior é que a culpa foi toda minha. Eu devia ter confiado em você. Eu devia ter mandado o Pedro embora desde o momento que o vi, mas fiz tudo o contrário e machuquei você, a pessoa que eu amo.

Eu sabia que te amava desde a primeira vez que ficamos. Eu tinha certeza disso e iria te falar, mas fiquei com medo de você me achar uma louca ou algo assim. Mas hoje, mesmo talvez sendo tarde demais, quero que saiba que eu amo você de todo meu coração, que eu realmente sinto muito pelo que fiz. Espero que algum dia você me perdoe. Se isso acontecer, vou fazer de tudo para merecer uma segunda chance com você.

Eu assumo meu erro. Como disse, não há desculpas pelo que fiz, mas se algum dia você me perdoar, estarei te esperando. Eu realmente sinto muito, Jú.

{...}

Eu vi suas primeiras lágrimas surgirem no momento em que ela começou a falar e não parou mais. Quando terminou, ela se levantou e saiu. Eu fiquei ali paralisada, sem saber o que fazer, o que pensar. Tudo aquilo que ela disse mexeu muito comigo. Pensei em ir atrás dela, mas depois pensei que era um erro. E, nessa indecisão, ela se foi e eu fiquei ali sentada, imóvel.

Quando resolvi me mover, fui até o banheiro. Quando saí, meu pai perguntou se minha amiga já tinha ido embora. Eu disse que sim. Ele disse que nem viu ela sair. Eu disse que ela estava com pressa, saí dali para não receber mais perguntas e voltei para meu quarto. Comecei a pensar em tudo que Day me falou. Senti que ela foi sincera, até porque suas lágrimas não eram falsas, a não ser que ela fosse uma ótima atriz. E não fazia sentido ela vir até minha casa me dizer aquilo tudo se não fosse verdade.

Não sei por quanto tempo fiquei pensando, mas cheguei à conclusão de que, se ela me amava e eu não lhe desse uma segunda chance, poderia perder o amor da minha vida. Seria uma perda enorme por causa do orgulho.

Eu iria dar uma chance a ela, mas antes eu tinha que ter uma conversa séria, porque naquela noite ela falou tudo que queria e eu ouvi. Agora era minha vez de falar, e ela iria me ouvir. Dependendo dessa nossa conversa, eu iria resolver minha vida de vez.

Continua…

Criação: Forrest_gump

Revisão: Whisper

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Foto de perfil de Forrest_gumpForrest_gumpContos: 391Seguidores: 86Seguindo: 61Mensagem Sou um homem simples que escreve história simples. Estou longe de ser um escritor, escrevo por passa tempo, mas amo isso e faço de coração. ❤️Amo você Juh! ❤️

Comentários

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Vai ficar tudo bem logoooo 🙏🏻🙏🏻🙏🏻🙏🏻🙏🏻

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Aee👏👏🤭 ótimo como sempre, será que vai ter 2 episódios hoje também kkkk🤭😂😂👀

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Vamos torcer vai que cola hahahaha.

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Na expectativa aqui kkkk

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Eu tbm hehehe. 🤭

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Voltamos a programação normal, um por dia kkkkk obrigado pelo elogio e pelo comentário meu amigo 🤝🏻

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Eu achei que ia rolar mais um para nossa alegria mais não devemos abusar de vc KKK, vai que vc nos abandona, coisa impossível de acontecer já que vc tbm não gosta disso.

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Por esse mês vou estar por aqui, por isso não quero adiantar muita a já que é a última do ano 😁

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Entendi, já tem algo em mente para o anos que vem ?

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Não, nada ainda mas no início do ano não tenho tempo para escrever, então penso em algo nesse intervalo

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Olha até que enfim a Marina apresentou a namorada, é pelo visto vão virar amigas, é prováveis confidentes, e vão dar uma força para a Ju e Day. Que bom a Ju aceitou ouvir a Day, Day foi corajosa indo atrás da Ju na casa dela, agora vamos ver como vai ser a conversa delas, eu acredito que a Ju vai dar essa chance pra ela, e Day vai fazer de tudo pra não perder ela. Estou amando essa história, bem diferente das outras, pois aqui as duas personagens se descobriram juntas não só sexualidade, mais o amor, pois já sofreram muito com antigos relacionamentos.

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Muito bom o que será que a Jú tem a dizer ?

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Muita coisa de fato, elas vão se assumir a qualquer momento, vão esperar o momento certo.

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