Nos dois dias seguintes passei trabalhando quase que exclusivamente para eles. Roger tentou contato externo comigo, por celular, e-mail, WhatsApp, mas neguei qualquer aproximação: eu não queria nenhuma intimidade com ele e queria que isso ficasse claro. Ricardo começou a se comunicar com certa frequência comigo e notei que ele era o estilo “bon vivant”, nem um pouco dado ao esforço do trabalho, vivendo apenas da renda de seus bens e investimentos. Meu inconsciente me dizia para não confiar nele e, infelizmente, eu descobriria no futuro o porquê.
(CONTINUANDO)
Lucinha ficou bastante arredia comigo na segunda-feira. Trocamos pouquíssimas palavras, daria para contar nos dedos das mãos… Já na terça, ela parecia outra, carinhosa, preocupada com o meu dia a dia, participativa em todas as atividades domésticas que eu cuidava. Durante o jantar, perguntou se eu poderia deixá-la no consultório de sua médica na quarta de manhãzinha, com o que concordei. Nesse dia, ao final do meu expediente, a encontrei bem amuada em casa:
- O que foi? Está doente mesmo, né? Eu sabia que isso ia dar merda!
- Não estou nada! Bem, não sei, acho que não. É que a doutora Ana disse que eu terei que fazer vários exames e depois repeti-los de tempos em tempos… - Calou-se, suspirando profundamente.
- Tá, e daí? - Perguntei, curioso.
- E daí!? Você tinha que ter ouvido a comida de toco que ela me deu quando confessei o que aconteceu. Nossa! Acho que nunca foi tão escrachada assim. - Resmungava, inconformada: - E quando ela começou a falar o tanto de doença que eu poderia pegar numa relação desprotegida. Poxa, me senti um lixo…
- Bom, ciente você sempre esteve! Você não é criança e sabia muito bem o risco que é transar sem camisinha.
- Ah, amor, tem exame que vou ter que repetir de tempo em tempo. Acho que o último será só daqui a seis meses. Seis meses, amor!
- Ué, paciência…
- É!? Acha isso? A gente nem vai poder transar direito, só de camisinha. Poxa!...
Minha vontade foi dizer que isso pouco importava, porque o meu tesão por ela continuava em zero, mas novamente preferi não criar polêmica. Perguntei quando ela começaria a fazer os exames e ela me disse que a primeira bateria já seria na quinta-feira. Novamente a levei até o laboratório e esperei que fizesse todo o procedimento, levando-a para casa. Acredito que nesse dia ela tenha entendido os riscos que corria, porque seu semblante era péssimo e piorou quando uma atendente a olhou de cima para baixo, condenando-a em silêncio ao ver a lista de exames solicitados pela médica.
Os primeiros resultados começaram a sair naquela semana mesmo e já se mostraram bastante animadores, com nenhum deles indicando qualquer contaminação. Isso melhorou um pouco seu ânimo pessoal, porque, como casal, nós estávamos cada vez mais desconectados. Cheguei a pensar no divórcio, mas depois refletindo o quanto ainda seria difícil para ela atravessar essa fase de exames médicos, decidi aguentar calado. Apesar de nos tratarmos bem em casa, com educação e zelo, não havia mais aquela intimidade que nos faz querer tanto estar ao lado da outra pessoa. Nossa ruptura chegou a tanto que, num acordo velado, implícito, mudei-me para o quarto de hóspedes, sem que ela tivesse feito qualquer recusa.
Um mês se passou e nossa convivência como casal continuava zero, sem a menor intimidade e sexo nenhum. Eu não a procurava, nem ela a mim. Aliás, toda a tensão que os exames causavam nela, fizeram com que ela experimentasse um período de aparente depressão, época em que teve até mesmo que ser medicada.
Roger estranhamente parou de tentar contato comigo. Alícia, vez ou outra, me mandava apenas mensagens de “bom dia” e perguntava como eu estava, ao que eu respondia normalmente, sem dar maiores aberturas. Ricardo marcou mais duas reuniões comigo para colher orientações sobre alguns produtos novos que havia lido na internet e chegou a me convidar para tomarmos uma bebida algum dia. Agradeci, mas disse que estava enfrentando um período meio complicado em casa e precisaria dar todo o apoio para a esposa. Ele pareceu compreender:
- Ah, você é casado? - Perguntou e apontou para uma foto atrás da minha mesa em que estávamos eu e Lucinha: - Suponho que seja com aquela bela moça ali?
- Sim! Ela mesma…
- Ué!? E por que não marcamos algo em que ela também possa participar? Nada demais, apenas uma pizza. Poderia ser bom para aliviar um pouco o estresse que os problemas normalmente nos causam.
Estranhei a insistência dele, mas agradeci o interesse e sua suposta boa vontade, recusando, entretanto.
A vida seguia e a Lucinha tentava dar o seu melhor, não entregando o restante dos pontos. Nova leva de resultados de exames já colhidos chegou e todos sem indicar qualquer contaminação. Sua felicidade aumentava a cada boa nova.
Na primeira semana do segundo mês, a Lucinha começou a tentar uma reaproximação de mim, abraçando-me de surpresa, dando beijos em meu rosto, fazendo carinhos inesperados até que um dia entrou no box enquanto eu tomava banho, de roupa e tudo, e tentou me fazer um boquete, mas, embora eu já acreditasse que ela não tivesse sido contaminada, eu ainda estava bastante magoado e recusei sua aproximação. Nesse dia ela ficou brava de verdade e se trancou em sua suíte, só saindo no outro dia de manhã.
Nesse dia, após uma jornada extremamente extenuante em que tive uma nova reunião extremamente formal com o grupo de investidores capitaneada pelo Roger, cobrando resultados, nos quais tive que rebolar para explicar que era cedo demais para apresentar um relatório de lucros efetivo e sustentável, Lucinha me cobrou uma posição sobre o nosso relacionamento e, com novos resultados em mãos, disponibilizados naquele mesmo dia no site do laboratório, eu acabei sendo mais do que sincero:
- Que relação!? Aquela que você fodeu daquele maldito evento?
Ela não aceitou:
- Eu já te pedi desculpas inúmeras vezes! Agora… Você acha justo a gente ficar assim, vivendo como dois estranhos, sob o mesmo teto?
- Você quer sair? Fica à vontade! A porta é serventia da casa…
- Gervásio!?
- Não me cobre! Não fui eu que te traí.
- Pelo amor de Deus, amor, assim não dá! Eu errei e já assumi isso milhares de vezes e outras milhares te pedi perdão. Mas parece que você simplesmente não quer me perdoar!? O que está acontecendo? Cansou de mim?
- Você simplifica demais as coisas, Lucinha. Àquela noite foi uma das melhores e também a pior da minha vida, por motivos obviamente diferentes. Poderia ter sido perfeita, mas não foi. Então, não me cobre, porque se eu for pressionado, posso tomar uma decisão que não irá te agradar.
Ela se calou, afinal, ela sabia bem quem havia causado aquela ruptura em nosso relacionamento. Após ficar em silêncio por um tempo, olhando para a televisão, me perguntou:
- Foi tudo tão horrível assim? Você não aproveitou nada daquele dia?
Não sei se ela já estava a par de meu crescimento acelerado por conta dos investimentos feitos por um grupo que conheci naquele evento, mas se ela esperava que eu relevasse sua conduta por conta do êxito no meu trabalho, estava jogando muito mal aquele jogo. Como nada respondi, ela mudou o rumo da conversa:
- Quer fazer terapia?
- Terapia!?
- É, terapia de casais.
- Olha, eu não sei se acredito muito nessas coisas aí não…
- Eu quero me reconciliar com você. Estou disposta a fazer de tudo para fazer você me perdoar, mas eu preciso da sua ajuda. Sozinha eu não consigo, afinal, somos um casal, duas pessoas lembra? Homem e mulher!?
- Eu nunca esqueci disso, ao contrário de uma certa pes…
- Para! Por favor… - Pediu, me interrompendo, para depois concluir: - Eu acho o seguinte, pior do que está não vai ficar. Já pensei muito nisso e acho que o risco acaba sendo maior para mim, porque você pode fazer a terapia e, no final, concluir que o nosso casamento acabou.
- E você estaria de acordo com isso, mesmo que signifique o final do nosso casamento?
- Amor, eu já acabei com o nosso casamento, mas eu ainda quero tentar consertá-lo. Se for possível, maravilha, vou me esmerar e vou fazer acontecer, mas se não for possível, então… - Calou-se, piscando rapidamente os olhos para não chorar, ao mesmo tempo em que respirava profundamente, concluindo: - E se o melhor, se a única forma de você ser feliz for sem mim, que seja.
Pensei um pouco, refletindo e analisando suas reações que me pareceram bastante verdadeiras, e concluí que não havia mal algum em tentar. Quem sabe não poderia ser um caminho adequado para a gente se resolver de vez:
- Tá bom! Você pode procurar um ou uma terapeuta, sei lá. Aceito fazer uma sessão. Daí se for algo que me convença, a gente continua, senão paramos, tudo bem?
- Tudo, tudo! - Gritou, saltitante de alegria e se jogou sobre o meu colo, dando-me um selinho espontâneo e depois me encarando: - Desculpa! Eu… Eu… Foi só no embalo.
Ela agendou uma consulta para nós em um terapeuta indicado pela amiga de uma amiga, já para a segunda da próxima semana. Expliquei superficialmente para o meu supervisor uma necessidade inesperada e me deram dois dias de folga para cuidar dos meus assuntos pessoais. Aliás, depois que fechei as aplicações do Roger e do Ricardo, virei uma celebridade instantânea na corretora. Eu era considerado o “bam-bam-bam”, ainda mais quando, na semana seguinte, fechei mais quatro contratos de investimentos com outras pessoas que também participaram daquele evento. Apesar de menores, a soma desses quatro quase chegava ao valor dos dois primeiros. Então, eu já gozava de algumas “regalias”, como vaga privativa no estacionamento, sala com banheiro exclusivo, secretária particular e alguns outros agrados.
Aliás, a minha secretária era um caso que preciso explicar melhor. Lívia era o nome de uma ruiva estupendamente linda. Com grandes olhos azuis e algumas sardas no seu rosto, certamente também no corpo, porque dava para vê-las também no pescoço e ombros, mas que em nada diminuíam sua beleza, ela era cobiçada por treze a cada dez homens, isso porque até algumas mulheres da corretora certamente a pegariam se tivessem chance. Alta, provavelmente com mais de um metro e setenta, e dona de seios poderosos, grandes e empinados, sustentados por uma cintura fina e uma bunda média, mas que também vivia empinada no salto alto, enfim, ela se destacava facilmente por onde passava. Seu único defeito era ser séria demais, mas tão séria, tão séria, que só consegui tirar um sorriso dela, ainda que tímido, no final da sua segunda semana de trabalho. “Taí! Se eu for mesmo transar com alguém, ela é a candidata perfeita!”, pensei comigo e concluí: “Difícil vai ser fazê-la topar, mas eu toparia fácil.”
Lucinha ficava mais caseira e ousada a cada dia, levando ao pé da letra o ditado que diz que homem feliz é aquele de bucho cheio e saco vazio. Seus jantares estavam cada vez mais fartos e suas roupas cada vez mais escassas. Sua intenção era bem clara para mim e o tonto aqui estava se deixando levar. Tudo piorou, ou melhorou, dependendo o ponto de vista, quando chegaram os resultados negativos de novos exames e de eu ter aceitado experimentar a tal terapia de casais com ela.
No sábado, quando retornei de uma “pelada” com meus amigos, entro em casa e a encontro vestida só com uma camisolinha preta, bem “inha” mesmo, e ainda rendada e transparente que mal cobria as polpinhas da sua bunda. Aliás, o pobre tecido lutava contra uma “Golias”, pois era somente ele e nada mais: a desalmada da minha esposa sequer havia colocado uma calcinha. Por mais que eu não estivesse bem com ela, aquela imagem me hipnotizou e transtornou. Ela, claro, notou o impacto que me causara de imediato. Fui quase correndo para o meu quarto e dali para o banheiro, onde me tranquei. Liguei o chuveiro no modo verão para colher a água mais fria, mas não foi suficiente e desliguei a chave. Entretanto, a água fria que caía não parecia suficiente para me acalmar os ânimos. Conclui que o meu chuveiro, naquele momento, precisaria de um modo Saara, para literalmente gelar a água, mas infelizmente, ainda não haviam inventado tal modo. Fiquei ali por quase meia hora, tempo em que tentava abaixar uma potente ereção do meu pau que parecia querer me desafiar naquele momento.
Quando consegui me acalmar e a aquele traidor suficientemente, saí, pé ante pé e me tranquei em meu quarto, onde vesti uma bermuda e uma camiseta. De lá fui até a sala e não encontrei a Lucinha, mas ouvi barulho vindo da cozinha, concluindo que ela estaria lá. Sentei-me no sofá e comecei a navegar pelos canais de televisão, procurando algo que nem eu mesmo sabia o que era. Em poucos minutos, ouvi uma voz manhosa vindo da cozinha, chamando-me para jantarmos juntos. Levantei-me e fui, mas o prato não era nada do que eu esperava: ao invés de comida, encontrei apenas a Lucinha, deitada nua sobre a mesa e me olhando com uma cara de safada, como nos bons velhos tempos:
- O jantar está servido, amor! - Falou, sussurrando.
- Lucinha, eu…
- Melhor comer logo antes que esfrie. - Ela me interrompeu e riu de si mesma.
Eu não queria ceder, afinal, ainda estava muito magoado pelo que havia acontecido, sem contar que não tinha certeza se haveria chances de consertar nosso relacionamento, pelo menos não sem eu antes dar um merecido troco. Respirei fundo duas vezes, com os olhos fechados e quando os abri, olhei bem no fundo dos olhos dela. Ela notou minha tensão e indecisão, calando-se e se retraindo levemente. O resultado, infelizmente, já era esperado: falhei! Falhei vergonhosamente… Em segundos, eu já estava no meio das suas pernas, lambendo e chupando com vontade aquela bucetinha de pelinhos negros bem aparados no formato de um retângulo. Lucinha, surpresa, vibrou e gozou em questão de minutos, talvez segundos, não sei bem... Eu não estava me aguentando mais e tirei minha roupa, penetrando-a sem qualquer cerimônia, sem uma chupada sequer no meu pau. Estoquei vigorosamente nela até explodir num gozo rápido, urrando transtornado pelo tesão acumulado.
Logo após, desabei no chão da cozinha e ela começou a rir de felicidade, mas, carinhosa como nos melhores tempos, veio me acarinhar, sentando-se no meu colo, enquanto trocávamos beijos apaixonados. Em segundos, já estávamos acesos novamente e decidimos continuar o que tínhamos começado na cama. Foi uma noite insana! Não entrarei nos detalhes, mas posso dizer que fizemos barba, cabelo e bigode, e gozamos mais duas vezes cada um. Bem, eu duas vezes na cama, fora a da cozinha; ela, sinceramente eu acredito que tenha gozado muito mais. Dormimos nus e exaustos, sem jantar, banhar, nada mais.
Na manhã do dia seguinte eu estava um trapo, física e emocionalmente. Estava confuso e decidi sair antes mesmo dela acordar. Sai dirigindo sem rumo pela cidade de São Paulo. A única certeza que eu tinha é que não queria retornar para a minha casa naquele momento, tudo o que eu não precisava era confrontar uma mulher esperançosa, mas que não me passava mais confiança. Eu estava perdido e não queria cometer o erro de reatar sem saber se era isso mesmo o que eu queria. Andei muito, muito mesmo, até chegar num Shopping Center. Ali, passei em lojas, livrarias, restaurantes, assisti um filme no cinema sem nem me atentar qual era e bem no final da tarde, decidi tomar alguns chopes. Quando eu já estava terminando o meu primeiro, fui surpreendido por uma antiga colega de faculdade:
- Gê!? É você mesmo?
- Fernanda Mariana!? Não acredito…
- Vá tomá bem no meio do teu cu, Gervásio! Você sabe como eu odeio que me chamem pelo meu nome composto, ou será que você prefere que eu te chame por aquele seu apelidinho simpático… Qual era mesmo? Ah, sim: Vásio Sanitário!?
OS NOMES UTILIZADOS NESTE CONTO E OS FATOS MENCIONADOS SÃO FICTÍCIOS E EVENTUAIS SEMELHANÇAS COM A VIDA REAL É MERA COINCIDÊNCIA.
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