Beto:
Havia chegado o momento e mesmo que eu não estivesse preparado, sabia que não poderia voltar atrás. Laine já dava como certa aquela nova situação. Sinceramente, eu me sentia manipulado, forçado a aceitar um castigo que talvez eu até merecesse, mas que começava a parecer injusto. Talvez o meu maior medo fosse não conseguir sair inteiro daquela experiência. Inteiro, digo, como um casal.
Por outro lado, talvez fosse necessário, até imprescindível passar por tudo aquilo. Não se pode escolher pelos outros, forçar alguém a fazer o que queremos. Cada um é responsável por seus atos e estar juntos, ser exclusivo de alguém, deve ser uma escolha, não uma obrigação. Dizem que só conhecemos as pessoas em seus piores momentos e o histórico de crises entre Laine e eu me fazia temer ainda mais por nosso casamento. Quando nosso nível financeiro caiu, ela se mostrou egoísta e exigente. Quando descobriu o estilo de vida dos amigos, se mostrou curiosa. Agora, na iminência de provar a liberdade de estar com outro, parecia deslumbrada.
A festa ainda rolava e a primeira pessoa a perceber que algo não estava certo comigo, acho que pelos anos de amizade e o conhecimento que tinha sobre o meu jeito de ser, foi a Fernanda. Aproveitando um momento a sós, enquanto Laine e Carina foram ao banheiro, ela se aproximou:
– Você se lembra da festa a fantasia do terceiro ano? Acho que o tema era halloween, não é?
Como esquecer. Naquele dia, Fernanda cismou que queria dar pra mim e para um outro carinha da Faculdade. Foi ali minha primeira experiência liberal. Eu apenas a encarei, confuso. Ela, rindo, disse:
– Você está com a mesma cara fechada daquele dia. Prestes a explodir, mas se resignando e abrindo mão da sua vontade. Aconteceu alguma coisa?
É claro que ela sabia. Eu parei com os joguinhos:
– Desembucha logo, fala o que está pensando.
Fernanda me olhou de forma enigmática:
– Não estou pensando em nada. É que eu te conheço e até estranhei quando tomei conhecimento de como você conheceu a Silvana e o Júlio. Quando aconteceu com a gente, lá atrás, você até cedeu, mas passou meses sem falar comigo.
Eu a encarei, curioso:
– Só falta agora você me dizer que também é liberal. Se bem que, lembrando do passado, tem tudo a ver com você.
Fernanda me surpreendeu:
– Já fui, não sou mais. Mas os bons amigos permanecem na nossa vida.
Não entendi nada e fui sarcástico:
– E como alguém deixa de ser liberal? Só ouço falar maravilhas desse estilo de vida …
O sorriso dela sumiu:
– É uma longa história, talvez para uma outra hora. Digamos que, para mim, só sobrou mágoa e arrependimento.
Se eu já estava preocupado, fiquei ainda pior. As palavras da Fernanda ficaram gravadas na minha alma. Mas logo a Laine e a Carina voltaram, trazendo o Alex junto com elas. Fernanda aproveitou a deixa para sair, se despedindo de nós. Coube a Carina conduzir o que viria pela frente. Ela já chegou pegando no meu braço:
– Não tem muito segredo agora, e como estamos entre amigos, com todos praticamente cientes do que vai acontecer, acho melhor sairmos antes, para evitar as perguntas e o assédio.
Mesmo que já esperasse, me senti surpreso, sem saber como reagir. Nós quatro fomos até Júlio e Silvana e agradecemos o convite, elogiando o evento e nos despedindo com um abraço e um beijo carinhoso em cada um dos dois. Silvana ainda brincou com a gente:
– Juízo, crianças! Divirtam-se.
Ela ainda falou baixinho para o marido:
– Que inveja, amor! Como eu queria estar indo com eles …
Júlio a acalmou:
– Seu dia vai chegar, relaxa.
Não tive vontade de me despedir do Paulo e da Patrícia, que nos olhavam de forma estranha. Apenas me deixei ser conduzido por Carina. Laine e Alex iam à nossa frente, também de braços dados, conversando de forma bem descontraída, falando sobre algo do trabalho. Laine parecia à vontade demais com o que estava prestes a acontecer. Senti que estava sendo vigiado e ao olhar para trás, Patrícia nos encarava com um olhar vidrado, espumando de raiva.
Carina diminuiu o passo, me fazendo andar mais devagar junto com ela, colocando alguma distância entre nós, Laine e Alex:
– Eu sei que toda essa situação te deixa desconfortável e que está fazendo isso por se sentir em débito, uma forma de compensar a Laine. Eu não vou dizer que estamos aqui apenas para ajudar, subestimando a sua inteligência. Existe realmente uma grande tensão sexual entre a Laine e o Alex, mas também, sei que existe o mesmo entre nós dois. Só que, se você não relaxar, não se entregar ao processo, só vai restar dúvida e arrependimento. Antes de continuar, é importante que você se decida.
Eu não sabia o que responder. As palavras dela foram tão certeiras, que chegaram a me abalar. Ela percebeu e continuou:
– Por experiência própria, eu gostaria de te dar um conselho ... – Eu apenas assenti com um movimento de cabeça. – ... Como eu tenho a certeza de que você vai manter sua palavra, já que acha que está em dívida, não assista. Deixe acontecer, sem participar. Podemos ficar em um quarto separado e então ver o que acontece.
Até que não era uma má ideia. Era meio que uma falsa ilusão, uma gambiarra para remediar a situação, mas não era de todo ruim. Acabei concordando e brincando para aliviar a minha tensão:
– Vou concordar e deixar a sua sabedoria me guiar por essa nova experiência, ok?
Como deixou claro, Carina também aproveitou para me testar:
– Mas se eu tiver a chance, saiba que eu não vou perder a oportunidade de ficar com você. – E também brincou. – Prometo que serei carinhosa.
Carina até conseguiu aliviar um pouco da minha tensão, me envolvendo com assuntos triviais, algumas piadas e acabamos tendo bons cinco minutos de prosa até chegar ao carro. Não sei se por costume, Laine acabou entrando no banco da frente comigo e acho que ao me ver feliz por isso, sorrindo para ela, perdeu a coragem de trocar de lugar com a Carina.
Eu não tinha palavras para agradecer a Carina, pois ela tomou para si as minhas aflições e ali mesmo, enquanto eu dirigia rumo a casa deles, alertou a Laine:
– Vocês precisam entender uma coisa. Na primeira vez com um novo casal, Alex e eu nunca gostamos de ficar juntos. É uma coisa nossa e esperamos que vocês respeitem. – Ela piscou para mim pelo retrovisor, enquanto cutucava o noivo.
Eu aproveitei a deixa e já me adiantei:
– Eu entendo. Confesso que também estava pensando nisso. Ainda bem que já é uma coisa estabelecida por vocês.
Laine foi no embalo:
– Se é assim, assim será. Sendo sincera, eu estava com muito medo disso. Medo de travar, de perder o respeito do meu marido, de fazer alguma coisa que o magoasse. Ainda bem que vocês já têm suas próprias regras e costumes.
Me senti orgulhoso dela, suas palavras eram sinal de respeito, de que ela se importava comigo. Carina deu na canela:
– Você só vai perder o respeito do seu marido se faltar com a verdade, se fizer pelas costas, sem cumplicidade. Mas também, é bom não exagerar.
Laine não deixou barato:
– A experiente aqui é você, pega leve com o meu Beto. Já me disseram que você é insaciável, não nega fogo.
As duas começaram um verdadeiro embate, mas rindo, mostrando que estavam brincando, se provocando mutuamente. Carina respondeu, aproveitando para tirar uma casquinha, apertando a coxa da Laine:
– Não vem com esse papo de mocinha inexperiente pra cima de mim, não. Esse bundão e essa coxona deixam qualquer homem perturbado.
Laine, com seu último argumento, acabou vencendo aquele embate:
– Até parece, né? E você, com esse corpinho lindo, pequeno, mas perfeito, praticamente uma cosplay de Waifu Hentai. Deixa qualquer homem doido. O próprio Beto já me confirmou.
As duas sorriram uma para outra, cada uma feliz a seu modo. Laine por conseguir seus objetivos com a minha concordância, e Carina por conseguir fazer com que as coisas funcionassem para todos os lados, sem brigas ou mentiras, me animando antes e agora vendo parceria e cumplicidade entre todos nós.
Naquele momento, presenciando a descontração e o clima agradável entre todos nós, eu não tinha nenhum motivo para me sentir mal ou deslocado, tudo parecia seguir o rumo correto, como se as coisas evoluíssem naturalmente, da forma que deve ser. Não era uma viagem demorada e Carina conseguia manter todos em sintonia.
Chegamos na casa deles e em um primeiro momento, Alex pegou cerveja para nós e vinho para as meninas. Preferi me manter sóbrio:
– Obrigado, mas não. Ainda vou dirigir, não quero arriscar.
Carina novamente agiu:
– Ah, para! Vocês podem dormir aqui, não tem nada de mais. Eu até prefiro, pois podemos ir devagar, com calma.
Laine sorriu para mim, dando a entender que gostou da ideia. Alex também esperava uma resposta. Me rendi:
– Ok, vocês venceram.
Tentando aliviar o clima, Carina sugeriu um jogo. Ela sumiu corredor adentro, mas logo voltou, trazendo dois dados grandes de pelúcia:
– Fiquem tranquilos, esses aqui são os comportados. Com o tempo a gente pode brincar com o outro.
Examinei os dois e eles eram um conjunto, um complementando o outro. Em um deles, em cada face, estava o nome de partes do corpo: pés, mãos, ombro, pescoço, coxas e costas. No outro, algum tipo de carícia ou agrado: beijo, massagem, mordida, carinho, sarrada e pegada. Até que era uma brincadeira mais leve, diferente de verdade ou consciência, ou jogos em que se aposta peças de roupa.
Antes de qualquer coisa, conversamos por mais algum tempo, bebendo, ou no meu caso, criando coragem para prosseguir. Laine não estava mais tão à vontade. Parecia ansiosa, avaliando suas escolhas. Ela até veio se sentar ao meu lado, buscando contato físico, carinho, descansando a cabeça em meu ombro, me beijando sempre que tinha a oportunidade.
A brincadeira começou e parece que a sorte estava do meu lado. Primeiro, eu dei um beijo na mão da Laine. Depois, Carina deu uma mordidinha no pescoço de Alex. Em seguida, Alex fez carinho no ombro da Laine. Eu fiz massagem no pescoço da Carina. Laine sarrou a Carina. Eu beijei o pé da Laine, Alex sarrou a noiva. Eu dei uma mordidinha carinhosa na coxa de Carina e por fim, Carina se estressou, dizendo que os dados estavam preguiçosos e muito comportados.
Carina colhia informações, sendo direta e até nos deixando sem resposta de vez em quando. A primeira pergunta foi para a Laine:
– Você já teve alguma experiência com mulheres? Não precisa falar se não quiser, é apenas uma curiosidade minha.
Eu já conhecia o passado da Laine, ela sempre foi muito aberta comigo. Acho até que foi isso que a motivou a expor sua curiosidade sobre a vida liberal para mim. Sua resposta pegou a todos de surpresa:
– Por que pergunta? Está interessada em mim também? Olha que eu gosto, hein!
Carina não conseguiu disfarçar o desejo que a possuía, mas Laine logo confessou a verdade:
– Já sim, na faculdade. Tive minha fase lésbica. – E avaliando minhas reações, concluiu. – E olha que não foi ruim, não. Tenho boas recordações dessa época.
Percebi que Alex falava pouco. Dizem que esses são os perigosos, os que mais escutam, sempre avaliando e aprendendo.
Carina se virou pra mim:
– E você? Já teve alguma experiência mais ousada? Com duas mulheres, um ménage, ou algo do gênero?
Achei melhor omitir, pois não sabia como a Laine receberia a notícia. Ela sabia que eu não era nenhum santo, que me diverti na época da dificuldade, mas revelar que foi com a Fernanda, talvez não soasse bem aos seus ouvidos:
– Lógico, mas nada tão significativo que deva ser mencionado. Já fiquei com duas mulheres, já dividi mulheres com outros homens, coisa normal da juventude, da época da faculdade. Quem nunca?
Laine se pronunciou:
– Eu nunca. Sério mesmo, nunca fiquei com duas pessoas.
Carina aproveitou:
– Sempre tem uma primeira vez. É pra isso que servem os amigos.
Sem que nós esperássemos, pegando todos de surpresa, ela deu um selinho na Laine, que a encarou de olhos arregalados, paralisada, olhando para mim em seguida. Vendo que obteve a reação esperada, Carina abusou, dando um beijo mais demorado, bem intenso e safado. Confesso que o meu pau endureceu em segundos, ficando apertado dentro da cueca. Sem perceber, num movimento automático, precisei ajeitá-lo. Carina não perdoou:
– Olha só, amiga. Alguém ficou animado.
Laine não sabia se corava ou se reagia, me encarando com aqueles olhinhos brilhando, e como eu a conheço bem, tive a certeza de que já estava muito excitada pelas provocações da Carina, que não perdia uma oportunidade. Ela me perguntou:
– Você sabe fazer caipirinha? Estou com muita vontade, mas a do Alex é péssima.
Inocente, fui presa fácil no seu jogo:
– Sei, sim. Bom, pelo menos, a Laine adora a que eu faço.
Carina se levantou e me puxou junto com ela:
– Então vem, faz uma pra mim.
Sem me preocupar, deixei que ela me levasse. Ela me entregou os ingredientes e ficou ao meu lado. Enquanto eu começava o processo, ela foi direta, fazendo meu coração gelar:
– Não dá mais para enrolar. Ou você quer, ou não quer. O que vai ser? Laine está tensa, Alex está tenso, todos preocupados com a sua reação. E você, como está?
Eu não sabia o que dizer, mas Carina sim:
– Vou buscar a Laine e vocês se resolvem de uma vez. Só um minuto.
Antes dela sair, levando consigo a caipirinha, a puxei de volta:
– Você acha que eu estou sendo babaca? Eu nunca fui um cara indeciso, chove não molha, é que …
Carina completou minha fala:
– É que você é louco por aquela morena, né?
Ela me olhava com empatia, acariciando o meu rosto:
– Eu entendo o seu conflito. Mas vou ser honesta, mesmo que você ache que estou manipulando ou tentando lhe convencer, vou arriscar.
Ela respirou fundo e foi direta:
– A Laine quer, isso é um fato. Pode ser que ela experimente e depois se arrependa, pode ser que não experimente e também se arrependa. Pode ser que vocês envelheçam juntos e apaixonados, ou pode ser que se separem num futuro próximo. Pode ser um monte de coisas boas ou ruins, mas tudo começa com um primeiro passo.
Carina saiu e minutos depois, Laine entrou na cozinha, sozinha:
– Amor? Carina disse que você quer falar comigo. Está tudo bem? Está arrependido, eu fiz algo de errado?
Carina tinha razão, não havia mais espaço para enrolação ou conversa fiada. Era hora de ser direto. Mas sem acusações ou cobranças exageradas. Encarei minha esposa e tentando ser o mais cordial possível, sorrindo, perguntei:
– É isso mesmo que você quer? Quer ir em frente?
Não sei se encorajada pelo meu sorriso, se sentindo que minha forma calma e carinhosa era um fator de incentivo, Laine foi absolutamente honesta:
– Eu quero sim, amor, mas quero que você também queira. Quero dar esse passo junto com você, ao mesmo tempo.
Eu precisava ser honesto também:
– Eu sei que estou em dívida com você, que o que fiz foi …
Laine me interrompeu:
– Vamos esquecer o que aconteceu? Eu já te perdoei, de coração. Eu até peço desculpas por ter forçado a barra, ter exigido, mas no fundo, não tem nada a ver com o que aconteceu. Já falávamos sobre isso antes, sobre essa curiosidade que já existia em mim e que acabou virando desejo.
Pela primeira vez eu sentia total convicção nas palavras da Laine. Sentia que não era uma curiosidade gratuita, uma forma de farrear sem consequências. Ela estava decidida e queria seguir em frente.
Eu precisava ser mais assertivo e menos emocional:
– Tudo bem. Talvez eu esteja sendo um pouco anticlímax com o que vou dizer agora, mas, se tem que acontecer, acho melhor que seja de uma vez.
Laine me olhou assustada:
– De uma vez, como?
Me resignei de vez:
– Vamos nos separar e ver o que acontece. Já que é uma regra deles, melhor assim, pois não tenho certeza se conseguiria assistir.
Laine me olhava sem entender minha objetividade:
– Mas as coisas não são assim: vai lá e abre as pernas. É preciso criar intimidade, aproximação …
Tentei me explicar:
– Não me entenda mal, acho que não estou conseguindo expressar o que quero dizer. – Eu não conseguia encará-la diretamente. – Vamos deixar rolar, você com o Alex, eu com a Carina … se tem que acontecer, não temos por que ficar esperando, cozinhando o galo demais. É isso, eu acho.
Laine levou as mãos ao meu rosto e me fez encará-la:
– Eu sempre serei a sua Laine, nunca se esqueça disso. É você que eu amo. Assim como você tem atração pela Carina, eu também tenho pelo Alex. Nada vai mudar o que a gente tem.
Nos abraçamos por alguns segundos e voltamos para junto do casal amigo. Carina e Laine fizeram um sinal velado, acho que já combinado, uma para a outra e Carina se levantou me puxando com ela, enquanto dizia:
– Me desculpa, amiga. Não vou perder a chance de dar uns amassos nesse gostoso do seu marido. Fiquei à vontade para fazer o mesmo com meu noivo. – Laine sorriu, deixando claro que não tinha mais volta.
Carina me levou para o quarto principal, mas eu, numa atitude puritana, me sentindo desrespeitando o casal, pedi para trocar. Ela não se importou, apenas seguiu pelo corredor, nos guiando para o quarto ao lado. Aquela proximidade entre os quartos me preocupou, pois dizem que ouvir cria mais neuras do que presenciar. A imaginação é um troço traiçoeiro.
Percebendo minha tensão, o quanto eu estava retraído, Carina não partiu direto para o ataque, muito pelo contrário, ela me fez sentar ao seu lado e me envolveu numa conversa interessante, descontraída, com toques sutis, leves insinuações e muita sedução, quase me fazendo esquecer da Laine e do Alex.
Num momento em que ela saiu do quarto, deixando a porta aberta, pude ouvir Alex e Laine conversando, ainda na sala. Assim como eu e Carina, eles também iam devagar, conversando amenidades, se entrosando ainda mais. Mas eu tive a certeza de que ouvi sons de beijo. Carina logo voltou com vinho e cerveja, me fazendo beber para me encorajar, me envolvendo novamente, mas de forma mais atirada, muito mais próxima de mim. Nos beijamos também. E que beijo gostoso, cheio de desejo, forte, determinado. Senti naquele beijo o quanto ela queria estar comigo e resolvi tentar bloquear a parte do cérebro que pensava constantemente no que Laine e Alex estavam fazendo.
O que faltava em tamanho, Carina compensava com habilidade. Ela tirou minha camisa sem parar de me beijar, descendo pelo meu pescoço, passando suavemente a língua pelo meu tórax. Minha atenção já era totalmente dela. Ela se levantou e tirou o vestido, me dando visão completa do seu corpo. A safada só vestia aquilo e os saltos. Era impossível não admirar tamanha formosura. Tudo era pequeno e simplesmente perfeito. Descobri que, na verdade, ela era loira, não ruiva, pois os pelinhos ralos, em triângulo, bem aparados no monte de vênus, eram translúcidos de tão claros.
Pedi que não tirasse os saltos, pois aquela visão, a bundinha linda empinada, era poderosa e excitante demais. Comecei a entender o fascínio que aquele mundo liberal causava, pois naquele momento, Laine havia sumido completamente do meu pensamento. Carina me mantinha concentrado nela, se fazendo dona da ação, achando que sua experiência no mundo liberal era o suficiente para me subjugar, me tornar submisso aos seus carinhos.
A segurei com força, não de forma bruta, apenas para mostrar quem estava no controle, arrancando um suspiro de surpresa, um olhar de admiração. Carina parecia acreditar que eu estava assumindo minha vontade de ser participante ativo nessa tal de vida liberal, não apenas um marido tentando apoiar e pagar uma dívida com a esposa.
Caímos juntos na cama, abraçados, nos beijando. Carina, como uma gatinha domesticada, roçou carinhosamente o pescoço na minha barba e mordeu o lóbulo da minha orelha:
– É bom mesmo, me arrepiou inteirinha. – Senti ela esfregando sua xoxota em mim, sentindo minha ereção.
Carina voltou a descer beijando meu peito, brincando com a língua no meu mamilo e começando a desafivelar o meu cinto. Ela puxou minha calça e sorrindo com cara de safada, deu uma mordidinha carinhosa no pau, ainda protegido pela cueca. Tirando minha cueca bem devagar, ela ia dando beijinhos em cada parte que ia sendo exposta, até não resistir mais e segurar firme no pau, sentindo seu calor e potência, passando a língua nos lábios e dando um beijo carinhoso na cabeça:
– Nossa! Dei sorte. Além de ser um homem muito bonito, tudo é proporcional.
Carina não se segurou mais, abocanhando o pau com uma vontade imensa, dando chupadas estaladas na cabeça, sugando, passando a língua pela base e voltando a enfiar na boca.
Infelizmente, como Carina veio com calma, e como já estávamos há algum tempo naquele quarto, a ação também já havia começado do outro lado, e ao ouvir os gemidos que eu conhecia tão bem, e que antes eram só meus, meu prazer foi substituído por uma sensação de derrota, um sentimento de perda que eu não sabia explicar. Mesmo com uma mulher tão linda como Carina me chupando, o pau rapidamente amoleceu.
– Assim … que delícia … nossa … desse jeito você acaba comigo …
Os sons não eram altos, e mais do que qualquer outro, eu sei como a Laine não consegue disfarçar quando está sentindo muito prazer. Ela é uma escandalosa.
– Assim mesmo … como isso é bom … não para … que delícia …
Eu deveria me sentir lisonjeado, pois até estando com outro, Laine lembrava de mim:
– Meu Beto é muito bom nisso, mas você também não deixa a desejar … ai, meu Deus, como isso é bom …
Mas eu só conseguia sentir o peito apertando, a pressão caindo e se Carina não tivesse sido rápida, entendendo a situação, colocando uma música em volume suficiente para abafar o som que vinha do outro quarto, eu não sei o que teria feito.
– Me desculpe … tudo isso é muito novo para mim. Achei que estava preparado, mas pelo jeito …
Carina, paciente e carinhosa, vendo que o clima tinha ido pro espaço, se vestiu e me fez fazer o mesmo. A música abafava grande parte dos gemidos da Laine, mas se eu prestasse atenção, ainda era possível distinguir o quanto ela estava entregue e aproveitando o momento. Tentei me desculpar novamente:
– Estraguei sua noite, né? Desculpa! Eu fraquejei, acabei broxando. Eu não sou …
Carina me fez me deitar em seu colo enquanto acariciava a minha cabeça:
– Isso é comum. Ainda mais em uma situação como essa. Você não tem motivos para se envergonhar. Todo mundo broxa em algum momento. – E brincou. – Menos os mentirosos.
Os gemidos da Laine estavam um pouco mais altos:
– Assim … não para … eu vou gozar … que tesão …
Carina tentou me distrair, mudar meu foco:
– Sabe por que existem tantas mulheres que acabam adotando a bissexualidade no mundo liberal?
Eu a encarei curioso, tentando me apegar a qualquer coisa que substituísse aqueles gemidos que começavam a me deprimir. Carina respondeu:
– E porque para os homens, sexo é uma coisa mecânica, carnal, que independe de motivo. E diferente de nós, mulheres, existe um limite para o que um homem pode fazer, até onde pode ir.
Carina tentava me animar:
– A analogia perfeita seria: vocês são velocistas, corredores de cem metros. É intenso, é explosivo, sim, mas também, é feito para ser rápido. Já nós somos maratonistas, estamos sempre prontas para jornadas longas. Por isso, o envolvimento entre mulheres acaba sendo uma coisa normal. Podemos gozar quatro, cinco, seis vezes em uma noite. Vocês, por mais que queiram, acabam sendo impedidos.
Eu até entendi a explicação, mas não o contexto:
– E o que isso tem a ver?
Carina me atingiu em cheio:
– Por outro lado, quando um homem ama, ele ama de verdade, entra de cabeça, se expõe completamente. E como você acabou se enganando, se forçando a aceitar uma situação para a qual não estava preparado, o resultado não poderia ser outro. Não é sua culpa.
Eu não tinha argumentos para rebater, Carina estava mais do que correta em sua avaliação. Ela se levantou e disse:
– Acho melhor eu avisá-los. Só é bom quando todos se divertem e estão em sintonia. Quem sabe na próxima?
Eu a segurei:
– Não! Por mais que isso me doa, não é justo. Laine não está fazendo pelas costas, mentindo ou manipulando. Eu concordei e não tenho o direito de atrapalhar.
Carina não concordou:
– Não é assim que funciona. Por mais que a gente, digo, eu e o Alex queiramos, não adianta só a Laine querer também. Para a gente, vocês são uma unidade e nossa intenção é proporcionar prazer, diversão, não dor e mágoa, ser o motivo da briga de outro casal.
Eu estava decidido a não ser um babaca, um estraga prazeres:
– Não! Por favor. Se eu não consegui ir em frente, é um problema só meu. Laine tem esse direito, devo isso a ela.
Carina se resignou e tentou me manter entretido, falando bobagens, contando piadas, aumentando o som, mas a cada gemido da Laine, meu coração batia mais forte, e minha amargura me denunciava. Carina foi direta:
– Se está decidido a não interromper, por que está se martirizando? Não fique ouvindo, pensando bobagens, está te fazendo mal.
Ela tinha razão, mas o que mais eu poderia fazer? Carina deu a solução:
– Quer sair? Sei lá, dar uma volta, espairecer?
Eu devia estar tão mal que a própria Carina sentia pena de mim. Se ela em algum momento se sentiu atraída, com certeza, o tesão não existia mais. Vendo que eu não reagia, ela me aconselhou:
– Vá pra casa, então. Faça outra coisa, ocupe a cabeça … ou me deixe entrar naquele quarto e ser honesta com os dois.
Alguma coisa eu precisava fazer e por confiar em Carina e Alex, acho que tomei a pior decisão possível, pois eu não sabia que um terceiro elemento se revelaria mais tarde. Me levantei decidido. Nem tanto, mas, tão decidido quanto eu poderia estar naquele momento de sentimentos tão conflitantes:
– Cuida dela, explica o que aconteceu. Diz que ela não fez nada de errado, que eu achei que conseguiria, mas …
Minha hesitação, a longa pausa, fez Carina completar minha frase:
– Mas que você, mesmo não estando pronto, achou que ela merecia, que tinha o direito.
Acho que naquele momento, vendo minha fraqueza, Carina perdeu a paciência comigo:
– Eu ainda acho que você deveria se impor, dizer que não está pronto e que quer parar por enquanto, reavaliar a decisão de vocês. É assim que um casal deve agir na minha opinião. Da forma que está sendo, não vai acabar bem, mas se essa é a sua decisão, eu respeito.
Terminei de me vestir, dei um beijo carinhoso na Carina, peguei minha carteira, as chaves do carro e voltei para casa. Diferente da minha traição e mesmo que a tenha usado como forma de pressionar, Laine foi honesta a cada passo do caminho até aquele momento. Se eu não estava bem com a situação, era eu que precisava encontrar uma forma de lidar com os meus sentimentos. Não seria frustrando o momento dela que eu exorcizaria os meus fantasmas. Ela não fez nada de errado, e se estava um pouco empolgada demais, curtindo de uma forma que me causava palpitações e arritmias, esse era um problema apenas meu. Pelo menos, foi a mentira que eu encontrei para acalentar o meu sofrimento.
Desgostoso, aborrecido, me sentindo miserável, tendo uma maldita garrafa de whisky como companheira, comecei a pensar naquela maldita traição. Se eu tivesse me controlado, não perdido a linha ao beber, transformando um momento de ressurgimento em drama, talvez nada daquilo estivesse acontecendo. Se não tivesse pisado na bola, talvez eu tivesse a moral necessária para frear as fantasias da Laine e não ser o responsável pelo começo da destruição do meu casamento. Essa era uma culpa minha, só minha e eu precisava lidar com as consequências.
Traumatizado, após apenas um gole, arremessei a garrafa contra a parede, a amaldiçoando, colocando no álcool a culpa pela perda dos sentidos que me transformaram em um homem infiel, incapaz de impedir que a minha esposa se entregasse a outro homem. Eu era o vilão, não a vítima, minhas ações me levaram até aquele momento. Era com o meu consentimento que minha esposa estava, naquele mesmo instante, dando a outro o que por direito deveria ser apenas meu.
É claro que não consegui dormir, vagando pela casa, pelas memórias que ela continha, lembrando de cada vez que amei a Laine em cada ambiente que passava. Eu me enganava, esquecendo das crises, do quanto foi difícil quando ela começou a trabalhar, suas escapadas nas noites de sexta, sua curiosidade ao descobrir o mundo liberal, suas exigências e seu egoísmo quando o barco estava para afundar … sinceramente, Laine nunca foi perfeita, mas e eu? Alguma vez fui? Ninguém nunca foi.
As horas passaram em câmera lenta, parecendo séculos e quando eu menos esperava, Laine entrou em casa furiosa:
– Seu babaca! Você me abandonou. Que raiva eu estou de você.
Tentei me aproximar, mas ela não deixou:
– Saí de perto de mim, não encosta.
Eu não estava entendendo seu comportamento. Ela estava irada, se segurando para não avançar em mim:
– Eu sei o que você pretendia. Me largou lá para dizer que agora estamos quites, que você traiu, mas eu dei o troco, pagando na mesma moeda.
Eu estava tão surpreso, tão abismado com a quantidade de bobagem que saia da sua boca, que não conseguia reagir. Ela não parava:
– Quem cala consente. Eu sabia, tinha certeza disso. Você é um babaca, um hipócrita. Ainda tentou usar a Carina para me manipular. Você não vale nada, como pude ter demorado tanto para perceber. Foi preciso alguém de fora para me alertar.
Eu estava tão perplexo com suas acusações, assustado até, sem entender como uma atitude altruísta da minha parte poderia ter se transformado em todo aquele drama, que nem percebi suas últimas palavras, reagindo da pior forma possível, rebatendo suas acusações:
– Que porra você está falando? Tá ficando maluca? Eu saí de lá porque não estava me fazendo bem, pensei em você antes de tudo, te dei a liberdade que você tanto queria, ou estou enganado?
Laine parecia outra pessoa:
– Seu idiota! Eu não queria liberdade, eu queria você comigo, junto, parceiro, cúmplice. Se você não estava feliz, se estava lhe fazendo mal, por que não me disse? Por que não me fez parar? Por que usou a Carina para tentar me manipular?
Eu cada vez entendia menos:
– Do que você está falando, criatura? Se eu tivesse ouvido a Carina, não estaríamos tendo essa discussão. Você está repetindo tudo o que ela me disse para fazer. Palavra por palavra.
Laine não acreditava em mim:
– Até parece. Quer saber? Estou saindo, preciso de distância de você. O que aconteceu com você, Beto? Primeiro a traição, agora manipulação e mentiras. Quem é você? Cadê o meu marido?
Laine tomou um banho rápido e se arrumou. Sempre que eu tentava chegar perto, esclarecer as coisas, ela era agressiva. Achei melhor dar espaço, deixar que ela se acalmasse. Enquanto eu pegava o celular para ligar para Carina, ela passou por mim e tomou o celular da minha mão:
– Se é assim que você quer que seja, com falsidade, sem companheirismo, então que seja. Já que você concordou, nosso casamento está definitivamente aberto.
Ele nem me deixou responder, jogando meu celular no sofá e saiu batendo a porta. Um carro a esperava do lado de fora, e como ela entrou no banco de trás, deveria ser um desses carros de aplicativo, com uma senhora de meia idade ao volante. Eu estava tão pasmo, surpreso e revoltado com tudo o que ela disse, que levei quase vinte minutos para absorver e acreditar no que tinha acabado de acontecer. Só então peguei o celular e liguei para a Carina. Ela atendeu de imediato:
– Beto? Laine já chegou aí? Ela saiu daqui transformada, não sei …
Já começando a duvidar das boas intenções daquele casal que se dizia amigo, explodi:
– Que porra aconteceu aí, Carina? Laine chegou aqui cheia de acusações. Dizendo que eu e você a manipulamos, que eu sou um hipócrita. Eu confiei em você, como pôde fazer …
Carina também se revoltou:
– Ei, ei, calma aí. Laine acordou procurando por você e quando eu contei o que havia acontecido e que você tinha ido embora de madrugada, ela se revoltou. Ela se trancou no quarto e chorou por um tempo, achando que você não a queria mais, que não foi honesto com ela em concordar com o que aconteceu.
Até tentei interromper, mas Carina se impôs:
– Eu tentei conversar com ela, explicar o que tinha acontecido, as coisas que você me disse, mas depois que ela falou com alguém no telefone, ela saiu do quarto irada, me acusando de te ajudar a manipulá-la, de que tudo era uma cilada para ela. Aí eu perdi a paciência também, falei o que não devia e não vou me desculpar por isso.
Abaixei um pouco o tom, e lembrando das palavras da Laine: “Foi preciso alguém de fora para me alertar”, perguntei:
– Mas com quem ela falou ao telefone?
– E eu lá sei. Vou ser honesta com você: essa vida não é para vocês. Para a Laine, talvez, mas para você, jamais. Tenha um bom dia, Beto. – Ela desligou sem me deixar falar mais nada.
Como as coisas puderam tomar esse rumo? Quem era a pessoa que falou ao telefone com a Laine? O que estava acontecendo na minha vida? Como tudo pode desandar tão de repente?
Imaginando que Laine tivesse ido para a casa da mãe, achei melhor lhe dar espaço. Talvez ela refletisse melhor e se tocasse das barbaridades que falou. Mais tarde, quando fosse buscar o pequeno, ela estaria mais disposta a conversar e me deixar explicar e contar o que realmente aconteceu, como eu me senti, o que me levou a sair da casa de Alex e a Carina.
Tomei um banho demorado, deixando que a água morna tentasse relaxar os músculos retesados do meu corpo. Tentei dormir um pouco, mas meu cérebro não desligava. A mistura de sentimentos ruins, como tristeza, pesar, indecisão, tensão, tomavam conta de mim. Também não consegui comer nada. Laine não ligou ou mandou mensagens. Eu queria ligar, mas perdia a coragem no último segundo.
Por volta das duas da tarde, meu celular tocou e eu atendi:
– Porra Beto, que merda você fez dessa vez?
Paulo falava com uma certeza inabalável. O que ele tinha a ver com a minha vida pessoal? Como ele já sabia que Laine e eu não estávamos bem? Não querendo dividir meus problemas com ele, fui um pouco grosseiro:
– Tá falando do quê? Como você sabe que Laine e eu brigamos?
Como se fosse o senhor da verdade, me acusando do que eu não fiz, ele disse:
– Laine chegou aqui arrasada, chorando. Patrícia está tentando acalmá-la. Porra, cara, depois de trair, ainda abandona a mulher no meio de uma troca de casais?
Eu não podia acreditar naquilo. Laine, além de estar fora de si, tirando conclusões precipitadas, ainda foi se lamentar na casa do meu patrão? Paulo pode achar que somos amigos, que ele me conhece, mas eu nunca dei a ele essa liberdade. Ele sempre tentou se aproximar, mas eu sempre evitei suas tentativas e nunca o considerei próximo a mim. Fui direto:
– Laine surtou, não sabe o que está dizendo. Avisa que eu estou indo buscá-la …
Paulo me cortou:
– Acho melhor não. Patrícia e ela são amigas, deixa que ela cuide da Laine. Ela está furiosa com você. Estou ligando por consideração, porque antes de tudo, somos amigos.
Era só o que me faltava. Paulo concluiu:
– Abre o olho com aquele casal, Carina principalmente. Eles se fazem de amigos, mas a intenção é puramente sexual, seduzir novos casais como vocês. Tenho certeza de que se fizeram de bonzinhos, aconselharam, mas na hora do vamos ver, colocaram suas intenções em primeiro lugar, não foi?
Eu jamais desconfiaria das intenções de Paulo. Ele cuidou de mim no resort e até tentou me parar. Me trouxe de volta para o meu habitat, para a liderança e o gerenciamento de grandes equipes, me dando carta branca e poder para atuar. Se existiam suspeitos nessa história, eles eram aquele casal simpático e paciente. Tudo isso começou com Alex, do interesse da Laine por ele e como ela, “acidentalmente”, descobriu, estando com Carina, que eles eram liberais. Eu já começava a acreditar que confiei nas pessoas erradas, que tudo não passava de um jogo erótico para aquele casal. Quando a esmola é demais, até o santo desconfia.
Sem ter o que fazer, resolvi dar a Laine um voto de confiança. Eu sabia que mesmo sendo impulsiva, tendo a mania de agir sem pensar, ela acabava sempre caindo em si, se arrependendo e voltando para onde pertencia.
{…}
Paulo e Samanta:
Naquele mesmo dia, antes da chegada da Laine na casa de Paulo e Patrícia, enquanto os dois discutiam, já que o plano deles havia falhado e que coube a Alex e Carina a honra da primeira vez de Laine e Beto no mundo liberal, o celular de Paulo tocou. O número desconhecido era de um celular dos Estados Unidos. Ele atendeu já sabendo quem era. Só uma pessoa daquele país tinha seu número pessoal. Ele se afastou de Patrícia para atender, pois também tinha seus próprios interesses e planos:
– Bom dia, putinha gostosa e safada. A que devo honra desta chamada?
Samanta o pegou desprevenido, indo direto ao ponto:
– Acabei de mandar um vídeo para você. Dá uma olhada.
Paulo buscou o tal vídeo e imediatamente entendeu. Era ele e Samanta transando em cima de um Beto completamente apagado, sem reação. Ela não enrolou:
– Estou cansada de ser sua escrava, hora de mudar o acordo entre nós. Enquanto vocês se dão bem, eu estou aqui sozinha, infeliz, longe de tudo e de todos.
Paulo sorriu maliciosamente:
– E resolveu me chantagear?
Sem perder tempo, Samanta exigiu:
– Eu quero três milhões de dólares para sumir no mundo. Vou trazer minha mãe e meu irmão pra cá e você nunca mais vai ouvir falar de mim. Você me conhece, sabe que cumpro a minha palavra.
Paulo sabia que precisava ser esperto:
– Se eu pagar, o que me garante que você não vai voltar exigindo mais no futuro?
Samanta tentou barganhar:
– E alguma vez eu decepcionei você? Faltei com a minha palavra ou te deixei na mão?
Paulo estava com vontade de rir, mas se controlou:
– Você está fazendo isso neste exato momento.
Sem opções, ela apelou para a bondade que não existia nele:
– Por favor, Paulo. Eu fiz tudo o que você me pediu até hoje. Destruí famílias, seduzi pessoas para que você pudesse se dar bem e ganhar contratos, manipulei menti, perdi meus amigos … me desculpe, mas chega. Eu não quero mais essa vida.
Paulo era mais esperto do que ela e precisava ganhar tempo:
– Ok, Samanta. Vou te dar esse dinheiro como um prêmio por tudo o que você fez por mim, mesmo que eu sempre tenha cuidado de você. Vou esquecer sua ingratidão e lhe dar sua carta de alforria.
Samanta não percebeu as reais intenções de Paulo. Ele pediu:
– Me dê alguns dias, transferências internacionais, ainda mais nesse valor, tem muita burocracia. Assim que estiver tudo pronto, eu aviso.
Paulo, em momento nenhum, considerou dar a ela o dinheiro. Assim que desligou, ele buscou um contato na agenda e fez a chamada. Ao ser atendido, foi direto:
– Tenho um serviço para você. Mandarei a foto e os dados de contato por mensagem. Preciso que seja rápido e perfeito.
Continua ...