Amanheci no dia 19 com o por do sol lindo, Alisson está do meu lado, temos que lidar com o fato de que ele vai ser pai, em outra situação o ideal será terminarmos e ele tentar as coisas com ela, mas não consigo, não consigo olhar nos seus olhos e dizer que não posso lutar, eu vou lutar por ele nem que seja a última coisa que eu faça, porque o Alisson vale a pena e sei que ele também quer lutar por mim, por isso vamos fazer isso dar certo de alguma forma.
Quero muito voltar com Alisson de carro, mas achamos melhor se que eu vá com a van e os meninos, Ande está tão louco que tive medo dele surtar por não me ver na van, vou pro ponto marcado e aos poucos todos vão chegando, John chega com Ande, não consigo olhar pra eles sem lembrar do que rolou, nem sei explicar o que rolou, se foi planejado ou sequer consentido, Ande estão tão chapado que não faço ideia de como ele ainda está de pé, tenho quase certeza que ele experimentou tudo que levaram e não colocará a mão no fogo pra dizer que ele não pegou coisas com estranhos, pelo menos ele está “bem” na viagem de volta pra casa Ande senta ao meu lado e dormi no meu ombro.
Não vou falar sobre o que eu vi, vou deixar que ele mesmo me conte, quando e se ele quiser, não iria querer ser precisando no lugar dele, então vou respeitar a privacidade dos dois e só observar, também vai ser bom pra mim pensar sobre o que aconteceu e até pensar se devo ou não contar isso ai Alisson, afinal sei o quanto ele se preocupa com o irmão, se minha teoria estiver certa John e ele já tinha acertado isso, porque john estava muito animado com essa viagem, então tem grandes chances deles terem combinado isso, pelo menos é o que quero acreditar agora, não quero pensar na outra hipótese que seria uma forma de abuso.
Quando chegamos em casa Alisson já estava, inclusive ele foi quem colocou Ande na cama, contei sobre as drogas, mas não sobre o fica com John, Alisson queria levar o Ande para o hospital, mas depois de um tempo observando o sono do irmão Ande pareceu bem, só cansado mesmo.
— O que ele tem já cabeça. — Falei lamentando.
— Essa não foi a primeira vez dele usando essas porcarias. — Alisson fala.
— Como assim, você já viu algo?
— Não, mas misturar o que você falou que ele misturou, se a pessoa não for acostumada não tem como não dá nenhuma complicação de saúde, ele está dormindo tranquilo e Deus sabe o que ele usou. — Alisson está uma pilha de nervos, deve está sendo difícil pra ele saber que sua ex está grávida dele e ainda ter que se preocupar com o irmão nessa circunstância.
Estou tão ligado que não consigo dormir, Alisson em dá um beijo e vai pro quarto dele, quero ir com ele, mas é melhor ficar aqui de olho pro caso do Ande precisar e ele precisa pensar sobre tudo que está acontecendo, antes dele sair eu o abraço, uma abraço bem forte, espero que ele entenda que não vou soltá-lo a menos que ele peça.
Depois de tomar banho vou para um sono merecido, tive um pesadelo em que Alisson ia embora com o filho e com a Carolina, foi um sonho tão ruim que acordei com lágrimas nos olhos e com uma angústia no peito e se ele mudar de ideia, não faço ideia do que fazer, nem sei se consigo esquecer ele, aliás não quero esquecer ele, vejo a hora e já passa das dez da manhã, Ande ainda dormi, verifiquei só se ele ainda está respirando e está, menos mau.
Alisson me mandou meu bom dia isso é um bom sinal, ele disse por mensagem que vai almoçar na casa da Carolina porque eles precisam conversar sobre o bebê, ele disse que vai falar pra ela que mesmo assim não vai haver casamento e que ele vai assumir e cumprir o papel de pai nosso ela pode ficar tranquila, a parte boa é que acho que ele vai amar ser pai, consigo imaginar ele sendo um pai amoroso e sério ao mesmo tempo, só que por um momento imaginei que os filhos dele seriam meus também.
Vou para o meu banho e depois para cozinha comer algo, a mãe deles está irada fazendo a comida, ela começou a desabafar comigo, sobre o Ande era o de mesmo com o agravante dele chegar em casa de forma deplorável, Alisson tentou esconder, mas ela deve ter ouvido quando chegamos, agora a surpresa foi ela falar que também está puta da vida com Alisson, porque ele engravidou a Carolina e não quer se casar com ela.
— No meu tempo você tinha até casar, hoje em dia não tem mais valor, mas já falei com o pai dela que por mim esse casamento vai sair de um jeito ou de outro, neto meu não vai crescer sem pai como um filho de chocadeira.
— Mas ele disse que vai ser presente pra criança. — Falei defendendo ele.
— Meu filho tem que arcar com as consequências dos atos dele, não vou deixar o Alisson levar nome de irresponsável por aí não, se ele fez um menino nela ele vai assumir os dois. — Meu coração acelera.
Estou surtando com isso, Alisson falou que não quer ficar com ela, mas ele vai ser pai e vai ter de ser presente na vida dessa criança, tenho que pensar em algo, porque vou está longe e ela vai usar o filho para se aproximar dele, tenho certeza, meu medo não é dele me trair, mas estou com medo dele perceber que o melhor para o filho dele é dar uma segunda chance a relação deles, então preciso encontrar uma maneira de manter ele comigo.
Depois de comer volto para o quarto, quero muito falar com ele, mas agora Alisson está trabalhando não posso ficar trocando mensagens com ele sobre o que está se passando, a mãe dele vai pressionar para que ele fique com ela, para que eles se casem e tenham esse beber, uma grande família feliz.
Preciso pensar em uma forma de conversar com Alisson de uma forma livre, na casa dele temos que está sempre atentos, sempre ligados ao que pode acontecer, alguém que pode entrar no quarto de uma vez, logo quando pensei que tudo tinha ficado resolvido quando o pai dele descobriu, pelo menos não saiu espalhando ainda.
Acabei dormindo de novo pensando no que fazer, Ande acordou fazendo um pouco de barulho então acabei acordando junto, ele vai está com uma cara horrível, deve está com a pior ressaca da vida, olheiras fundas, olhos baixos e uma cara de dor, levanto pra pegar um remédio pra ele e água, Ande agradece e se deita de novo, só depois de um tempo é que ele levanta, vai direto para o banheiro para vomitar, o sigo pro caso dele precisar de ajuda, fico na porta do banheiro enquanto ele vomita no vaso.
— Cara, acho que estou doente. — Ele fala.
— Ressaca amigo, Ande você usou tudo que encontrou ontem, literalmente.
— Acho que abusei um pouco. — Normalmente não sou de levar em conta o que ele anda falando, mas estou tão puto com tudo que estou sem paciência pro cinismo do Ande agora.
—- É sério, você por acaso lembro o que você fez? Anderson você fez um inferno aqui por causa da Júlia, você chegou a falar para mim na minha cara que gostava dela aí na primeira oportunidade que você teve você traiu ela. —- Ele fica calado olhando pra mim.
— Você tem que assumir seus B.O.s
— Renan, você não entendi. — Ele tenta se defender.
— Então me explica caralho, você me chamou aqui para me trocar por mulher, para que eu veja você arrumando confusão o tempo todo, você me falou que iriamos curtir, que ei ter passei, jogos e taus, até agora só fiz o que você faz na sua rotina normal. — Desabafei.
— Minha cabeça está doente demais para aturar seus dramas agora Renan. — Ele fala virando a cara para mim.
— Quer saber, vai se foder, cansei de passar pano para você, Ande você vai contar para Júlia que você a traiu.
— Quem é você para dar pitaco na minha vida. — Ele responde de forma agressiva.
— Eu achava que era seu melhor amigo, mas você não quer um amigo, você quer alguém que concorde com seu comportamento infantil e muito imaturo, o mundo não gira em torno do seu umbigo Anderson. — Estou mesmo puto.
— Você está ficando louco, te recebo na minha casa e você fica falando merda. — Ele se exalta levantando a voz para mim.
— Pois não seja por isso, estou indo.
— Só sabe falar. — Ele me provoca.
Vou para o quarto, jogo todas as minhas coisas dentro da mochila de qualquer jeito mesmo e saio do quarto, Ande está na cozinha com a mãe dele, ela olha com espanto para mim, porque estou com a mochila nas costas, me despeço dela e saio sem olhar para o babaca do Anderson.
— Anderson, você não pode deixar o Renan sair assim. — Ela fala.
— Não tô nem aí. — Ande fala.
Estou mesmo puto com ele depois dessa frase, saio da casa dele e vou até a academia para me despedir do John e aproveita pra falar com Alisson, lá posso ligar pra ele e falar mais tranquilo, tentei ficar e aguentar as coisas que estavam acontecendo, mas minha paciência chegou ao fim, tem hora que não dá mais.
— John, pode vir aqui? — Chamei ele na recepção.
— Que mochila é essa, o que aconteceu?
— Cara, pra mim não dá mais, o Anderson é um babaca velho, como pode alguém mudar tanto, não sou obrigado a ficar aturando isso.
— Não vai não Renan, pode ficar lá em casa cara. — John oferece.
— Não John, só iria incomodar, só vim mesmo me despedir, você é um cara legal. — Falei.
— Sério, se você precisar mesmo pode contar comigo, você sabe né?
— Sei sim e agradeço. — Lhe dou um abraço e saio.
Vou para a rodoviária a pé mesmo, na recepção falo o atendente para mudar minha passagens o problema é que só tem passagem para a noite, o ponto positivo é que vou poder me despedir do Alisson do jeito certo, pego meu celular e ligo pra ele.
— Oi Renan.
— Alisson me desculpe, mas não dá mais pra ficar na sua casa, Ande não é mais quem eu conhecia, me esforcei muito, muito mesmo, por você até.
— Onde você está, Renan? — Ele fala.
— Estou na rodoviária, meu ônibus só sai a noite então quando sair do trabalho você pode vir aqui?
— Fica aí, não sai daí. — Ele fala e desliga o telefone.
Sentei num banco com minhas coisas e fiquei pensando em tudo que vivi esses dias, foi tudo tão louco, mandei mensagem para a Mônica me despedindo dela também, não expliquei meus motivos porque não quis ouvir um “eu te avisei”.
Estou tão distraído que só percebo Alisson vindo na minha direção quando ele já está em cima de mim, Alisson pega minhas pega minhas coisas e vai voltando pra sua moto, ele está normal, não parece irritado comigo.
— O que você está fazendo, Alisson? — Pergunto.
— Vim buscar meu namorado, vamos. — Sua voz é firme mesmo assim não parece autoritária, me soou mais como uma súplica.
O acompanho até sua moto, ele sobe e me entrega um capacete, não vou brigar com ele, não posso mandar esse luxo, se eu for agora perco ele pra Carolina para sempre, Alisson me leva de volta para sua casa, assim que entramos mãe dele vem me receber agradecendo que mudei de ideia e que ela não entende o que deu no Anderson para se comportar daquela maneira, de qualquer forma Alisson leva minhas coisas para o quarto dele, como não estou falando com Ande mãe deles acredita ser por esse motivo, por um lado estou amando o Alisson ter feito isso, porém por outro lado ficar nessa casa está sendo meio ruim pra mim.
— Alisson, precisamos conversar. — Falei.
— Tá certo, vamos dormir hoje tudo bem, amanhã nós podemos ver o que faremos.
— Tudo bem. — Falei.
Alisson teve que voltar para o trabalho, ele estava calmo, mas sei que está sobrecarregado com tudo que está acontecendo e hoje deve ter acontecido algo ainda mais difícil de lidar, passei o resto do dia no quarto, achei melhor não focar desfilando até pra evitar encontrar com Anderson pela casa, fiquei no computador do Alisson vendo animes, filmes.