Sara:
Porque nesse último mês o Henrique jogou sua última cartada para conseguir o que queria e infelizmente ela acreditou em uma mentira que ele contou e ficou cega de raiva e deu no que deu. Vou te explicar tudo.
Continuando:
Sara:
Raquel me disse que acabou falando com Henrique que estava meio desconfiada de você, que tinha quase certeza que você estava mentindo para ela. Henrique falou que se ela quisesse poderia tirar essa história a limpo para ela. Ela já sem saber o que fazer, resolveu aceitar a ajuda dele.
Depois de uns dias ele novamente foi falar com ela no estoque. Disse que infelizmente era verdade. Que você estava realmente a traindo com uma mulher casada. Ele falou que conversou com um amigo dele que trabalhava na fazenda e esse confirmou que era verdade. Que tinha visto você com a mulher. Mas Henrique disse que preferiu ter certeza antes de falar com ela. Ele disse que com a ajuda desse amigo dele ficou vigiando a casa da mulher. Logo depois que o marido dela saiu para trabalhar a noite na máquina você chegou e entrou na casa da mulher. Ele disse que fez questão de ir conferir, que não viu vocês trasando mas que do lado de fora da casa dava para escutar os gemidos.
Raquel me disse que ficou com muita raiva e queria saber quem era a mulher mas Henrique disse que não podia contar porque isso daria problemas para ele. Se Raquel arrumasse uma confusão ia sobrar para ele e ele não podia se envolver em problemas. Ele disse a ela que se ela te contasse você iria atrás dele e com certeza isso iria dar me briga ou talvez até em morte.
Raquel me falou que ficou sem saber o que fazer. Henrique disse que no lugar dela daria o troco e depois pediria o divórcio. Ela disse que não iria sair para procurar homem para dar o troco em você. Aí Henrique disse que poderia ajudar. Que achava ela linda e como estava muito tempo sem sexo um poderia ajudar o outro. Só uma noite, ela se vingaria de você e ele teria uma noite de sexo já que Duda estava negando isso a ele.
Raquel disse que estava com tanta raiva de você que não pensou direito na hora, mas pensou na Duda. Disse que não ia rolar porque Duda que era sua amiga. Henrique disse que ela nunca iria ficar sabendo e seria até bom para ela porque aí ele não ficaria enchendo ela por causa de sexo. Ele iria se aliviar por um tempo e tentar nesse tempo achar um jeito de salvar o casamento dele. Ele falou para ela pensar no assunto e depois eles falariam sobre isso.
Ela disse que foi difícil não brigar com você nesses dias. Que ver você em casa agindo normalmente como se nada tivesse acontecendo foi fazendo a raiva dela crescer mais até que ela resolveu te dar o troco para você sentir na pele o que ela estava sentindo.
~Como ela pode ser tão cega Sara? Poxa porque ela não brigou comigo? Como ela pode acreditar em alguém que ela nem conhece direito e duvidar de mim? Como?
Sara:
Henrique envenenou ela direitinho e você contribuiu, mesmo que sem querer. Sei que suas intenções eram boas mas você escondeu algo dela e ela não sabia o que era. Isso a deixou insegura, aí foi onde Henrique aproveitou e fez ela ficar cega de raiva a ponto de trair você.
~Tudo bem, nem vou discutir isso. Pode prosseguir por favor.
Sara:
Desculpe se eu pareço estar defendendo ela, não estou eu juro. Só quero que você veja todos os ângulos da história. Raquel errou com certeza mas ela não errou sozinha.
Bom, ela disse que ela e Henrique combinaram tudo para eles terem a tal noite deles. Ela disse que pensou algumas vezes em desistir, mas a raiva que ela estava de você a fez ir em frente. Ela não me contou os detalhes mas disse que foi horrível. Que primeiro se sentiu uma puta quando começou o ato. Que o pior que o Henrique nem sabia transar. Que nem para te trair direito ele prestou porque o Henrique foi uma total negação na cama. Eu claro fingi que não sabia para não ter que contar nada do que você me contou.
~Mas tem algo errado nessa história Sara. Se ela acreditou que eu estava traindo ela porque ela não me confrontou quando ela me viu saindo de casa e eu falei que sabia da traição dela?
Sara:
Porque ela já sabia que tudo que Henrique falou poderia ser uma grande mentira. Que ele provavelmente só tinha usado ela. Ela disse que quando saíram do rancho Henrique mudou completamente durante o caminho de volta. Que nem olhava na cara dela. E quando estavam chegando de volta à cidade ela perguntou a ele o que ele iria fazer para salvar o casamento dele. E ele foi super grosso com ela e disse que era problema dele e pediu para ela não se meter.
Quando ele parou a caminhonete para ela sair ele praticamente obrigou ela a devolver o colar que ele tinha dado para ela. Aí ela começou a desconfiar que tinha algo errado para ele ter mudado de uma hora para outra com ela. Só aí ela começou a perceber que provavelmente ela tinha sido enganada. Ela disse que foi para casa rezando para você não estar lá. Porque ela estava muito mal e você iria perceber.
Ela disse que se sentiu suja. Que só sabia chorar por ter percebido que tinha feito algo muito ruim. So que quando saiu do banheiro te viu com a mochila e viu a porta do guarda roupa aberto a raiva voltou. Ela achou que você realmente tinha outra e estava saindo de casa para ficar com outra de vez. Porém quando você falou o que falou ela viu a merda que tinha feito.
~Entendi, só me fala o que ela falou mais do colar? E o que você contou para ela do que eu te contei?
Sara:
Do que você me contou eu não disse nada. Só disse que você chegou aqui e disse que foi traído. Só contei o que você falou que tinha falado com ela. O resto eu acho que você que tem que contar. Só estou te contando o que ela me falou porque ele disse que podia.
Sobre o colar ela não disse muito. Só disse que Henrique deu a ela no mesmo dia e pediu para ela usar ele à noite. Que viu ele em uma joalheria, achou ele muito bonito e queria que ela usasse.
~Agora tenho mais certeza ainda que é o maldito colar da história. Aquele filho da puta vai pagar caro pelo que fez. Ele nunca mais na vida vai mexer com mulher dos outros. Raquel foi a última que ele enganou e seduziu com suas mentiras.
Sara naquela hora se assustou com o que eu disse.
~Por favor cunhado não faz besteira, Não vai sujar suas mãos brigando com aquele idiota.
Mas eu tinha outro plano em mente.
~Não vou sujar minhas mãos não. Eu tenho quem faça isso por mim. Vou matar dois coelhos com uma cajadada só. Mas vou precisar da sua ajuda.
Minha cunhada perguntou o que eu queria.
~Preciso mandar um vídeo para uma pessoa mas sem ela saber que fui eu que mandei.
Sara entendia muito de celular, aplicativos e redes sociais já que ela era uma criadora de conteúdo até poucos anos atrás.
~Se você tiver o número da pessoa e ela tiver whats dá para mandar com um número fake. Se for para o Ademar marido da Claudia faço questão de ajudar.
Eu acho que ela entendeu o que eu queria.
Sara não gosta de nenhum deles, quando meu irmão voltou para nossa cidade ela veio junto, eram noivos na época. Sara tem oito tatuagens, seis delas bem visíveis. Tem piercing no nariz. Na época tinha duas mechas azuis no cabelo. Ela chamou a atenção de muita gente. Cidade pequena com algumas pessoas com a cabeça mais pequena ainda, já viu, muitos olhavam torto para ela.
Meus pais adoraram ela de cara, Raquel nem se fala. Ela era realmente muito gente boa. Também era muito bonita e o Ademar um belo dia ficou babando ao ver ela no mercado. O problema que Cláudia estava junto é não gostou. Cláudia em vez de ficar brava com o marido, ficou foi com raiva da Sara e começou a inventar coisas sobre ela na cidade. Falou que ela traia meu irmão. Que ela usava drogas. Que era uma vagabunda que dava em cima de homem casado. Essas coisas.
Isso chegou até Raquel que claro contou para a amiga. Sara nem deu ideia. Disse que estava acostumada com isso porque trabalhava com redes sociais e o que inventava dela lá era muito pior. Ela aprendeu a ignorar essas coisas. Meu irmão também não ligava. Ele conhecia muito bem a noiva que tinha e sabia que aquilo era fofoca. Mas isso um dia deu muito errado porque Sara entrou em um salão de beleza e Claudia estava falando mal dela.
Sara perdeu a paciência. Foi para cima de Claudia e fincou a mão na fuça dela. Foi o maior barraco. Deu até polícia. Mas o pior foi que o idiota do Ademar veio ameaçar Sara na porta da casa dos meus pais. Falou que ela iria se arrepender de ter colocado a mão na esposa dele. Que ela não sabia onde ela tinha se metido e que iria acabar com ela.
Sara saiu sozinha da casa e apontou o dedo na cara dele. Falou que não tinha um pingo de medo dele porque seu pai era juiz federal. Se Ademar encostasse um dedo nela ia chover polícia na fazenda dele até pegar ele. Que depois disso ele teria sorte se visse a luz do sol novamente. Que ele podia ser rico e dar uma de valente mas que o pai dela acabaria com ele só com um telefonema. Ademar saiu cantando pneus e nunca mais voltou. Ele sabia que mexer com uma filha de um juiz federal era fria. O detalhe é que o pai da Sara trabalhava de balconista em uma agência dos correios da capital. Ela blefou e o idiota acreditou.
Ademar é um dos fazendeiros mais ricos da região, também é um homem arrogante, machista e que acha que dinheiro compra tudo. É também o melhor amigo de Henrique. Eu tinha certeza que quando Ademar visse o vídeo ele iria quebrar o Henrique na porrada. Ademar não ia deixar isso barato não.
Sara baixou um aplicativo no meu celular, arrumou o tal de número fake, excluiu o whats e baixou outro, usou o número para registrar o novo whats. Eu enviei o vídeo para o Ademar. Eu tinha o número dele há muito tempo. Eu não gostava dele e provavelmente nem ele de mim por causa da Sara, mas ele era um dos meus melhores fregueses. Assim que o vídeo foi entregue Sara excluiu o whats. Fez o processo de novo e registrou o novo whats no meu número. Agora era só sentar e esperar o circo pegar fogo.
~Estou com pena da Duda cunhado. Pelo que vocês falam é pelo que já conversei com ela, da para notar que ela é uma pessoa incrível. Quando essa bomba explodir ela vai ficar muito mal. Traída pelo marido e pela amiga.
Eu não tinha pensado muito bem nisso.
~Sabe o que é pior Sara? Apesar de Cláudia dizer aos quatro cantos que é a melhor amiga da Duda, na verdade Duda considera Raquel sua melhor amiga. Provavelmente além de mim é a pessoa que ela mais confia. Acho que não vou ter coragem de contar a ela o que Raquel fez. Vai ser muita decepção junta para ela. Duda já sofreu demais nessa vida.
Sara me olhou com uma cara que me deixou preocupado
~Cunhado a Raquel disse que a primeira coisa que ela iria fazer assim que conseguisse sair da cama era contar tudo a Duda. Ela disse que mesmo que perca a amizade dela como perdeu você ela iria contar porque nunca mais quer esconder nada de vocês dois.
Aquilo me preocupou.
~Sara liga para ela, fala que eu pedi para ela não fazer isso por enquanto. Que eu pedi pelo amor de Deus para ela esperar eu conversar com ela antes.
Minha cunhada pegou seu celular e ligou. Tentou duas vezes mas caia direto na caixa postal. Ou Raquel estava com o celular desligado ou estava sem rede. Aquilo me deixou bem aflito. Sara disse que iria tentar ligar de novo depois de uns minutos. Pelo que Sara falou Raquel provavelmente ainda estaria dormindo. Isso me deixou mais calmo um pouco. Eu sabia que Duda merecia saber de toda a verdade, mas acho que seria demais para ela saber de tudo naquele momento. Ainda mais conhecendo o histórico da sua família.
Duda e eu nos conhecemos desde crianças. Minha mãe trabalhou muitos anos para a mãe dela como doméstica e meu pai sempre fazia os concertos dos maquinários na fazenda do pai dela. Mas a relação dos nossos pais não era de patrões e empregados. Eram amigos de um ir na casa do outro. Sempre nos demos bem. A gente parecia mais irmãos que amigos. Essa amizade nunca mudou. Éramos inseparáveis. Na adolescência algumas pessoas achavam que éramos namorados mas nunca tivemos nada além de amizade. Inclusive ríamos muito dessa história de acharem que éramos namorados.
Quando Duda foi embora para fazer faculdade na capital eu senti muito a falta dela. Mesmo com Raquel do meu lado eu sentia falta da minha melhor amiga. Eu estava doido para que chegasse as épocas das férias para ela vir para casa dos pais e a gente se ver e matar a saudade. Mas infelizmente ela não veio para as férias e sim antes para o velório de sua mãe. Sua mãe foi encontrada morta no Rancho por uma das empregadas. Ela se enforcou e até hoje ninguém sabe o motivo. Ela não deixou nenhum bilhete. Não aconteceu nada na vida dela que poderia levar ela a fazer aquilo ou coisa do tipo.
Duda sofreu muito porque era muito apegada a sua mãe. Foram dias tristes na cidade porque a mãe dela era muito conhecida e querida ali. O pai da Duda sentiu muito a perda da esposa e não quis ficar na sua casa. Ele esolveu ir morar na capital para ficar junto da filha e não deixar ela abandonar os estudos. Porém sua presença lá não durou muito. Ele deixou a tristeza tomar conta dele e isso o levou à morte três anos depois. Ele não comia direito, não dormia direito, ficava a maioria do tempo triste e lamentando a morte da sua esposa. Ele foi ficando cada vez pior até que o corpo não aguentou e ele foi parar no hospital, mas infelizmente não saiu de lá com vida.
As fofocas das pessoas na nossa cidade era que ele adoeceu por culpa. Que para a sua esposa ter se suicidado alguma coisa ele tinha aprontado. Posteriormente Duda me disse que viu a tristeza do seu pai o consumir. Que tentou de tudo para ajudá-lo mas foi em vão. Que nos últimos dias de vida seu pai delirava e às vezes conversava sozinho como se tivesse conversando com sua mãe.
Que viu seu pai se culpar várias vezes por não ter percebido o que estava acontecendo com sua mãe mas que nunca viu seu pai se culpar por ter feito algo de errado. Que provavelmente a morte da sua mãe foi por causa de depressão, que depois da morte do seu pai começou a ir em um psicólogo e ele disse que pelo que ela contou a ele a mãe provavelmente se matou por isso.
O tempo passou e mesmo com tudo que Duda passou ela se formou em administração, começou um namoro e se casou. Voltou para nossa cidade para tocar a loja que era da sua mãe! Seu marido Henrique foi cuidar da fazenda que era do seu pai e algumas outras propriedades que agora era dela. Uma delas era o maldito rancho onde Henrique levou Raquel e outras mulheres. Ele sabia que Duda nunca iria lá porque ela não teve mais coragem de pôr o pé ali depois da morte da mãe. Além disso o lugar era de fácil acesso. Perto da cidade e quase ninguém ia ali depois do que aconteceu. Me admira muito Raquel ter ido, ainda mais para fazer o que fez.
Meu irmão chegou para o almoço e contamos as novidades para ele. Deu para perceber na hora que ele não gostou nem um pouco. Disse que a gente devia ter pensado antes. Que esse vídeo poderia causar uma tragédia porque Ademar era do tipo de homem estúpido e ignorante. Que tinha medo da sua reação principalmente com Claudia que poderia estar sozinha com ele na hora que ele visse o vídeo.
Eu realmente não pensei direito. Pela primeira vez eu deixei a raiva me fazer agir sem pensar, mas agora era tarde. A merda já tinha sido jogada no ventilador.
Durante o almoço Raquel ligou para Sara e as duas conversaram um pouco. Sara tinha saído da mesa para falar com ela longe de mim. Achei normal já que as duas eram amigas. Eu não ia culpar Sara por tentar apoiar sua amiga em um momento complicado. Por mais que eu culpasse Raquel acho que Sara não a culpava tanto. Como ela me disse, ela tinha uma visão diferente da situação e até disse que eu também tive minha parcela de culpa.
Sara voltou para mesa com uma cara nada boa
~Cunhado não pude te ajudar, o celular dela estava desligado porque ela estava conversando com a Duda. Ela contou tudo o que houve e parece que teve uma briga feia por causa disso, mas ela não conseguiu explicar direito porque ela não conseguiu segurar o choro.
Minha esperança de poupar minha amiga pelo menos um pouco foi pro espaço.
~A eu não tenho nada a ver com sua vida Otávio mas eu no seu lugar iria falar com Raquel, iria conversar com seu filho e com Duda. Acho que todos estão precisamos de você. Mesmo que você não queira ajudar Raquel, que é compreensivo eu acho que seu filho e Duda você quer é deveria ajudar eles passar por tudo isso.
Ela tinha razão. Eu não queria, mas eu tinha que voltar para minha cidade. Minha melhor amiga provavelmente iria precisar de mim e eu tinha que tentar deixar meu filho fora disso o máximo que desse. E se for verdade tudo que Raquel falou para Sara, ela não está em condições de cuidar dele no momento.
~Você tem razão Sara, eu vou voltar para lá agora mesmo
Meu irmão estava realmente preocupado com tudo.
~Eu vou com você, vou ligar no consultório e pedir para minha secretária desmarcar tudo que eu tenho agendado para hoje.
Eu realmente achei uma boa ideia. Meu irmão com certeza seria alguém ideal para me apoiar naquele momento.
~Eu também vou com vocês, podem me julgar mas não vou abandonar a Raquel em uma situação dessa não.
Eu nem falei nada, até porque conhecendo Sara eu sabia que não iria adiantar e ela no fundo não estava errada em querer ficar com a amiga.
Não demorou muito e estávamos a caminho da minha cidade. Eu no meu carro, meu irmão e Sara no dele. Em menos de meia hora estávamos chegamos na entrada da cidade. Seguimos pela avenida principal e passamos de frente a loja da Duda que estranhamente estava fechada. O local é um prédio de três andares. Duda morava no terceiro e a loja era no primeiro. O segundo era onde ficavam alguns escritórios e o estoque da loja.
Seguimos em direção a minha casa. Assim que descemos do carro e entramos no portão vi minha sogra abrir a porta da sala. Ela me olhou com um semblante muito triste. Me aproximei meio receoso e ela me deu um abraço. Disse que sentia muito pelo que sua filha tinha feito. Pelo jeito Raquel contou a verdade para a mãe. Perguntei da Raquel. Ela disse que estava no quarto e pediu para eu ter juízo. Eu disse que só iria conversar com Raquel e que jamais faria algo de ruim para ela.
Meu irmão e minha cunhada me seguiram. Quando entrei no quarto a cena que eu vi foi de cortar o coração. Raquel estava sentada sobre a cama com as costas encostada na cabeceira e com as pernas meio encolhidas. Seus olhos estavam vermelhos, dava para ver as orelheiras de longe. Quando ela nos viu ela só disse um oie que mal saiu da boca de tão fraco.
Sara tomou minha frente e foi até ela dar um abraço. Nessa hora ela não conteve o choro. Eu sentei na beirada da cama e meu irmão ficou em pé na porta. Quando Raquel se acalmou ela olhou para mim e esboçou um pequeno sorriso e pediu desculpas pelo choro. Nessa hora notei algo no seu rosto. Tinha uma mancha vermelha do seu lado direito. Vi também algumas escoriações no seu pescoço, pareciam sinais de arranhões, como se alguém tivesse tentado enforcar ela.
~O que aconteceu com seu pescoço?
Eu já imaginava o que tinha acontecido,
~Duda me bateu quando contei para ela o que eu fiz.
Minhas suspeitas estavam certas.
~vocês brigaram?
Ela abaixou a cabeça como se tivesse ficado com medo de me olhar nos olhos.
~Não, só ela que me bateu. Eu não reagi, apanhei calada. Eu estava errada, não tinha o direito de levantar a mão para ela depois do que eu fiz
Aquela resposta me surpreendeu. E ela continuou a falar.
~Também contei tudo para minha mãe e meu pai. Liguei para sua mãe e contei tudo também. Pedi para ficar com o Junior por uns dias até eu ter condições de cuidar dele. Se caso você quiser pegar ele lá tudo bem. Eu sei que ele vai estar melhor com você do que comigo nesse momento. Só te peço para não contar a ele o que eu fiz. Pode dizer que eu fiz algo muito errado mas poupe ele de saber dos detalhes. Prometo que quando ele tiver idade o suficiente eu mesmo conto a verdade. Não estou querendo me proteger, só quero proteger meu filho.
Eu disse a ela que tudo bem, eu não iria contar e que depois a gente resolvia o que fazer. Ela respirou fundo e prosseguiu.
~Eu não sei se você já foi em um advogado mas se foi pode resolver da forma que você achar melhor. É só mandar os papéis que eu assino. Não queria isso, mas sei que agora é tarde. Eu destruí nossa família e vou arcar com meu erro. Outra coisa, não vende a casa. Lutamos muito para construir ela, se quiser eu saio e você fica,mas por favor não vende. Não quero parte de nada, nem de casa, nem de carro. Você resolve o que quer fazer que vou aceitar.
Eu mais uma vez disse que depois a gente resolvia isso. Mas que antes eu precisava contar a ela algumas coisas que ela não sabia. Falei que era sobre o Henrique. Sobre como descobri tudo. Que provavelmente ela não iria gostar de saber.
~Pode falar agora se quiser. Para mim não tem problema algum se seu irmão ou Sara ouvir. Independente de tudo que eu fiz e de não merecer, mas para mim eles sempre vão ser minha família.
Eu disse que não teria problema algum deles ouvirem, que na verdade eu até preferiria porque eu estava devendo uma explicação para eles sobre o colar.
~Até que enfim vou saber sobre esse bendito colar.
Sara falou e até se sentou direito para ouvir
Quando fui começar a contar meu irmão me chama e me mostra algo no seu celular. Um amigo nosso aqui da cidade mandou o vídeo de Claudia para ele e disse que Ademar tinha mandado esse vídeo no grupo do bar que eles frequentavam. O vídeo já estava se espalhando na cidade toda. Quando fui falar algo, meu pai me ligou.
Atendi a ligação é meu pai disse.
~Filho eu vim no mercado comprar algumas coisas para sua mãe e quando estava voltando eu vi uma confusão na porta da loja da Duda. Acho melhor você vir para cá se estiver na cidade. Se ainda estiver no seu irmão venha para cá vocês dois porque acabou de acontecer uma tragédia e Duda vai precisar muito de vocês.
Continua.