- Foi um prazer conhecer o senhor. Até amanhã, Alex!
- Até.
Nossa! Que fim estranho para um dia maravilhoso...
Eu fui andando para casa e pensando nos problemas que o Alex teria para se assumir para o pai.
Felizmente minha mãe era compreensiva!
Ah! Minha mãe... Ela sempre foi minha companheira; abriu mão de tanta coisa; era justo que contasse para ela sobre o Alex.
Cheguei em casa e ela estava na cozinha preparando o jantar.
- Mãe, lembra quando eu te disse que gostava de meninos?
- Ela apagou o fogo da panela, desamarrou o avental, o enrolou e botou em cima da mesa, bem em frente à cadeira onde ela se sentou e disse:
- Parece que vamos ter uma conversa daquelas!
- Parece que sim.
- Fale meu filho, mesmo eu tendo quase certeza do que é.
- Eu estou namorando mãe!
- Com o Alex, né? - ela disse meio sorrindo.
- Como a senhora sabe?
- Oh meu filho, pelo amor de Deus... É só olhar para vocês dois pra saber que está acontecendo alguma coisa. E como você tinha me dito que gostava dele, eu já imaginava... Na verdade eu estava esperando você me contar.
- Mãe, você não tem nenhum problema com isso, né?
- Não bebê, não tenho... Mas eu tenho receio. O mundo fora dessas paredes é muito preconceituoso e eu não vou te dizer que não preferiria que você gostasse de meninas... Sua vida seria muito mais fácil.
- Mas as coisas não são assim...
- Isso mesmo, as coisas não são assim. Mas você é meu filho e eu vou te amar incondicionalmente, independente das suas escolhas e nesse caso não foi uma escolha. Você simplesmente é um menino que gosta de meninos. Mas meu filho; você e esse garoto vão sofrer muito preconceito... Em todos os lugares e eu me preocupo com isso, pois eu não quero te ver triste!
- Eu sei mãe e eu tenho medo demais disso. Eu amo o Alex e não quero ter vergonha disso, mas é tão difícil... Hoje por exemplo, eu passei uma situação estranha perto do pai dele.
- O pai dele sabe de vocês?
- Ele não sabe nem que o filho é gay!
- Ah meu Deus... isso vai me dar dor de cabeça.
- Eu espero que não... O pai dele é meio desconfiado, mas parece ser cabeça aberta.
- Hum... Ainda estou por ver um pai feliz por ter um filho gay...
- Ai mãe; quando a senhora fala assim, eu me sinto mal.
- Me desculpa bebê; não foi minha intenção!
- Tá bom!
- Olha meu filho, agora sobre esse namoro, eu vou te falar o que os pais sempre falam aos filhos sobre namoro: “vá com calma, você só tem quatorze”. Ainda tem muito o que ver e aprender.
- Mãe, eu amo o Alex.
- Renato, eu já tive quatorze e nessa idade tudo é muito intenso. Eu sei disso. Na adolescência todos os amores parecem eternos e a gente é capaz de fazer muita bobagem.
- Detesto quando você banca a mãe tradicional.
- Isso não é brincadeira, Renato; é sério e é para o seu bem... Eu sei que nessa idade os meninos só querem sexo... As meninas que dão uma segurada... E dois meninos namorando, com tanta testosterona... Eu sei no que isso vai dar...
- Oh mãe, a gente é bem consciente...
- Conscientes, mas imprudentes no calor do momento. Você tem camisinha na carteira?
- Bom... Não.
- É disso que eu estou falando.
- Mas a gente não está transando nem nada...
- Eu sei como essas coisas acontecem meu filho! Vocês não “tem que estar transando”, vocês podem “começar a transar em um momento de empolgação”. Vocês são homens e homens adoram sexo... Mesmo os Romeus mais românticos e apaixonados traçam as Julietas se elas abrirem brecha.
Bom... Eu não podia exatamente discordar desse argumento dela... O melhor era concordar.
- Tá bom mãe, eu vou me prevenir... Posso pegar uma camisinha no seu guarda-roupas?
- Pode... Mas só uma, que as minhas estão acabando.
Fala sério!
E daí se eu sou homem e gay... Eu podia ir dormir sem saber que as camisinhas da minha mãe estão acabando... Nojo!
Depois de ter pegado uma camisinha no quarto da minha mãe, fui procurar minha carteira na mochila para guarda-la.
De repente minha mãe está certa e rola algo mais que punheta em uma dessas supostas aulas de violão...
Também eu queria que a minha primeira vez fosse o mais especial possível e para isso não ia entregar a minha virgindade com um pedaço de borracha entre mim e o pau do meu amor. E vice-versa também não.
De alguma forma eu sabia que não ia acontecer por enquanto. Não porque eu não quisesse, pois só de lembrar da vara dele roçando minha bunda naquele dia mais cedo, eu já ficava todo arrepiado, mas antes de fazer sexo eu queria conversar com o Alex sobre isso, sei lá, na época a ideia de ser penetrado me assustava um pouco e quando acontecesse eu ia querer penetrar também.
Não sei se o Alex ia querer ser penetrado... Enfim; tinham muitas coisas em jogo além de decidir se as minhas pregas ou as dele iriam levar o farelo.
Nessa hora meu celular apitou. Havia chegado uma mensagem do Alex com o seguinte texto: “Ele já sabe e não está feliz”.
Fiquei assustado, parecia que a nossa felicidade iria receber a primeira prova!
Tentei ligar para o Alex, mas ele não atendeu e eu só iria saber o que aconteceu, no dia seguinte.
Na manhã seguinte, quando saí do banheiro do meu quarto, quase caí para trás quando vi o Alex sentado na minha cama.
- O que você está fazendo aqui? - perguntei surpreso, enquanto segurava mais firme a toalha na minha cintura.
- Sua mãe estava saindo para o trabalho e me viu sentado na mureta do seu vizinho e me disse para te esperar aqui dentro. Quero dizer, não aqui no seu quarto, mas devo dizer que eu não resisti. - ele disse com um sorriso sacana.
- Eu gostei da surpresa, mas você vai ficar aí enquanto eu me troco?
- Quero assistir ao show todo de camarote.
Eu tirei a toalha e nu em pelo sentei no colo dele e o beijei.
Eu senti o seu pau endurecer debaixo de mim.
- Se você continuar a me atentar assim, a gente vai faltar aula pra passar o dia todo se amando...
E dizendo isso, ele deu uma apalpada no meu pau.
Nessa hora lembrei do discurso da minha mãe sobre o Romeu apaixonado só querendo uma chance pra comer a Julieta.
Me levantei rápido do colo dele e ele me olhou meio rindo e perguntou “o que foi?”
Eu respondi “nada não, só que eu não quero perder aula de física”.
Eu me arrumei na frente dele e fomos para a cozinha pra eu tomar café.
- Por que você chegou mais cedo hoje pra me esperar? Normalmente quando a mamãe sai você ainda não está aí fora...
- Porque o clima lá em casa não está legal.
- Eu já ia te perguntar a respeito disso. Como foi essa história do seu pai?
- Depois que você saiu, ele se virou pra mim e disse: “Eu sempre desconfiei que você escorregava, filho; mas trazer um viadinho pra comer dentro de casa é demais!”
- Eu não acredito que ele disse isso! Seu pai é um idiota! Baseado em que ele diz que eu sou um viadinho... E o que “escorregar”?
- Sabe, eu tenho que te dizer que ficar todo vermelho quando ele falou do cabelo pegou mal. E a sua desculpa foi péssima, amor!
- Ai, desculpa... Eu ferrei com tudo, né?
- Não se culpe tanto. Papai sempre me achou diferente. Dizia que na minha idade já passava o rodo nas minas e eu nunca apresentei nenhuma menina pra ele. Teve até uma vez que ele me fez levar a vizinha ao cinema. Lembra que eu te contei? Mal ele sabe que foi nesse dia que vi meu primeiro pau.
- Você não parece muito preocupado por seu pai ter descoberto que você é gay...
- Como eu disse, ele sempre desconfiou; na verdade ele sabia, mas sempre se fez de desentendido... Sabe como é... Teve uma vez que ele pegou um mangá de Yaoi (quadrinhos japoneses de romances gays) na minha estante e ficou todo estranho. Depois se recuperou.
- Tem pai que é cego. - eu falei baixinho.
- Sabe, não é por isso que eu estou chateado com ele. Ele te ofendeu te chamando de viadinho... Quero dizer, isso é muito ofensivo e além do mais você não é nem afeminado nem nada... Olha só pra você... Você é um macho com “M” maiúsculo, um macho que me ama, mas ainda assim é macho...
Às vezes, a forma como a mente do Alex trabalhava me assustava... Eu achei até meio engraçado na hora, mas o pior é que ele estava falando sério. E ele continuou:
- Sabe, meu pai é um hipócrita... Até prostituta ele já abateu lá em casa, mas eu não posso levar eu namorado só porque é Meu namoraDO...
- Você não me leva pra sua casa pra me “abater”, né? - eu perguntei me lembrando do Romeu apaixonado.
- Não, claro que não... O que existe entre a gente é muito mais do que isso... É algo mágico. Você sentiu ontem?
- É claro que eu senti. Mas olha, a gente precisa ir para o colégio. Termina de me contar no caminho.
Saímos de casa, e ele continuou.
- Pois é; eu respondi à grosseria dele desse jeito: “Escorrego sim; sempre que eu vejo um quiabo eu pulo nele. E o Renato não é um viadinho, ele é MEU MACHO”
- Você não disse isso!
- É claro que eu disse. Mas você não vai acreditar no que aconteceu depois... Ele me olhou com uma cara de espanto, sentou no sofá, botou as mãos no rosto, ficou assim por uns dois minutos... E eu lá bufando de raiva... Aí ele levantou o rosto e falou: “Me diz pelo menos que você é o ativo...”
- kkk... Eu não consigo acreditar nisso!
- É sério, ele disse isso.
- Mentira, Alex...
- Sério, estou te jurando...
- E o que você fez?
- Disse que a gente fazia troca-troca. kkk
- Você é louco!
- Louco é o meu pai.
- Vocês dois são loucos! kkk... E depois disso?
- Bom, depois disso eu faço o que eu sempre faço quando brigo com ele: evito falar com ele por algum tempo. Depois a gente sempre se entende. Por isso saí cedo e vim aqui te esperar antes da hora. Aproveitei e falei com a sogrinha...
- Sogrinha é forte demais, Alex.
- Tá bom... Sem sogrinha.
Ao longo das primeiras aulas do dia fiquei pensando no pai do Alex.
O cara era maluco e era psicólogo.... Bom, o Alex não era exatamente normal... Responder daquele jeito para o pai.
Mas essa era a relação pai e filho deles e embora fosse bem diferente da relação que eu tinha com a minha mãe, era uma relação equivalente porque o pai do Alex praticamente o criou sozinho desde que a esposa dele morreu e do jeito maluco dele, criou a pessoa maravilhosa que era o Alex.
Meus devaneios foram interrompidos pela tampa do pincel Pilot do professor que bateu na minha cabeça para chamar a minha atenção.
- Renato! Acorda rapaz; estou te chamando há um tempão pra resolver essa questão aqui na lousa...
- Desculpe professor...
Todo mundo riu da cena.
Ninguém merece...
Há algumas semanas ninguém nem me enxergava, agora as pessoas até riam de mim.
Olhei para a questão e não sabia como resolver.
- Professor Sergio, não sei como começar isso aqui...
Kkk - mais risadas da turma...
Eu tinha aprendido a levar na boa. Me virei pra galera e perguntei:
- Alguém aí quer me ajudar?
Na mesma hora o Alex, o Carlos do time de futebol e uma garota bonitinha e Nerd chamada Larissa levantaram a mão.
- Pode escolher um deles, disse o professor.
Em qualquer outra situação eu teria escolhido o Alex.
O problema é que o meu amor era bom em quase tudo, mas em física o bichinho era uma negação.
Eu não podia escolher ele senão seríamos duas pessoas em pé sem saber resolver a questão, ao invés de só uma.
Eu também não podia escolher a Larissa; ela era uma das meninas que urubuzava eu e o Alex...
Minha única opção era o Carlos.
- Eu escolho o Carlos, Professor.
O Carlos levantou e veio me ajudar
Ele era muito bom, rapidinho descobriu o caminho para resolver a questão e eu fazia os cálculos, porque eu sempre fui muito bom nisso.
Em cinco minutos a questão estava resolvida.
- Correto, disse o Professor, podem se sentar.
- É, parece que a gente faz uma boa dupla, o Carlos disse pra mim
- É, parece que sim.
Voltei para o meu lugar e vi, para meu espanto, que o Alex estava de cara amarrada.
Pensei, será que ele está com ciúmes? Que fofo! Logo logo eu ia descobrir que os ciúmes do Alex não eram fofos...
No intervalo todo mundo saiu da sala e ficamos só eu e o Alex; e eu perguntei “o que foi amor”.
- Que que foi amor? Eu escolho o Carlos, professor... foi isso que foi “amor”.
- Ai, fala sério, ninguém merece.... Nada a ver, cara!
- Você tinha que ter me escolhido porque eu sou o seu namorado.
- Mas você não sabe física, a gente ia passar vergonha lá na frente.
- Que se dane! A gente passava vergonha juntos.
Comecei a perder a paciência com aquela bobagem porque ele estava sendo bobo e ignorante.
- Alex! Você está sendo irracional!
- Eu irracional? Tá bom, eu não sabia física, mas a Carla sabia. Você deveria ter escolido ela.
- Eu achei que você não fosse gostar porque ela vive urubuzando a gente.
- Eu não me preocupo com a Lari, ela é uma garota e você não gosta disso, ele disse debochado.
- Você também não, seu hipócrita! Meu Deus você é igualzinho ao seu pai.
Eu fiquei fulo da vida com ele!
Ele ficou branco, abaixou a cabeça e disse “me desculpa! Você está certo”.
- Desculpo, mas não faz mais isso, uma tempestade em um copo d’água.
- Tá bom, perdão!
- Perdoado.
Eu disse sorrindo. Ainda estava meio mordido, mas como ficar com raiva de alguém tão lindo quanto o Alex?
Eu dei um selinho nele e saí pra lanchar. Ele disse que ia ficar na sala tentando entender a tal questão, que mesmo resolvida, continuava um mistério pra ele.
Quando cheguei na lanchonete, comprei um hot e um refri e sentei em uma das mesas redondas da cantina.
Logo em seguida o Matheus, outro cara do time de futebol, chegou acompanhado do Carlos. Pediram pra sentarem.
O Matheus falou primeiro:
- Ei Renato, ultimamente eu não tenho te visto lendo nos intervalos...
- Eu resolvi ler só em casa.
- Isso é bom, cara. - disse o Matheus - Quero dizer, nada contra livros, eu adoro ler por exemplo, mas quando você ficava lendo no intervalo a gente ficava sem jeito de chegar perto e atrapalhar.
- Sério?
- Sério, cara. - dessa vez quem falou foi o Carlos. - Por exemplo, acho que a gente estuda junto desde o sétimo ano e eu sempre te via ocupado nos intervalos com um livro ou um mangá. Com o tempo a gente foi se acostumando a não falar com você. Sei lá, você parecia sempre tão ocupado. Muita gente achava que você era esnobe. Eu era um... Me desculpe por isso, ele disse meio sem graça.
- Que isso cara, eu era muito fechado mesmo, acho que acabei me isolando sem querer.
- Mas o importante é que agora todo mundo fala com você. - disse o Matheus - E você está no nosso time e o melhor de tudo: você tem talento pra coisa.
- É verdade, nosso time nunca teve uma chance tão boa nos jogos como esse ano.
E o papo enveredou para o futebol até a hora em que a campainha bateu e a gente voltou pra sala.
Eu tive o cuidado de enrolar no corredor para entrar sozinho; não queria outra tempestade no copo d’água.
Depois de uma semana o Alex e o Pai dele se entenderam e eu pude voltar a ter “aulas de violão”.
O cara se conformou com a história toda do filho ser gay e na primeira vez que eu fui lá e o encontrei, ele disse na minha frente:
- Bom, se vocês gostam de queimar, melhor queimar em casa.
Fiquei bestificado. Sempre achei que o Alex aumentava as histórias sobre o pai dele, mas pelo visto o cara é pirado mesmo e pior foi a resposta do Alex a essa frase:
- Não se preocupe pai, nos queimaremos com moderação.
A minha vontade era de dizer que ninguém estava queimando nada, mas só consegui rir da coisa toda.
Fiz uma pequena pesquisa na internet e descobri que o pai do Alexander era um psicólogo bem famoso na minha cidade. Claro que não vou dizer o nome porque, enfim...
Minha mãe continuava mudando de namorado e o estoque de camisinha diminuindo.
Meu tio João me deu alguns conselhos sobre namoro homossexual.
Minhas notas na escola caíram um pouco em física, nas outras disciplinas ela continuavam boas... Já as notas do Alex estavam caindo, não por minha causa, mas porque ele estava estudando para uma prova de inglês muito importante para ele... Só que eu não sabia disso.
O fato é que a nota de física dele era muito baixa e ele precisava de ajuda.
Assim, o professor pediu que o Calos nos ajudasse com física.
Eu gostei da ideia, porque tinha me tornado um bom amigo dele nas últimas semanas e descobri que a casa dele era na rua atrás da minha e sua casa fazia fundo com a minha.
É incrível a quantidade de coisas que você não percebe quando se torna invisível.
A verdade é que você fica invisível e para de enxergar os outros e eles retribuem não reparando em você.
Eu estava aprendendo a me relacionar melhor e estava ficando mais popular a cada piada que contava ou gol que marcava.
O número de periguetes ao meu redor aumentou também.
Todo mundo já tinha se acostumado com a minha amizade com o Alex e uma vez o Matheus até disse que nós éramos como irmãos.
Nosso namoro ainda era segredo e a gente tentava ser bem discreto, mas sempre que dava, trocávamos carinhos e beijos em salas vazias e corredores desertos.
E à tarde a gente estudada e sempre que rolava um clima a gente batia uma punheta juntos.
Era sempre muito bom. O Alex era muito carinhoso, mas cada vez mais eu percebia que ele estava afim de ir além.
E a história do Romeu voltava na minha mente.
Fato é que eu tinha pavor de fazer sexo anal como passivo.
E eu também queria penetrar ele, mas não sabia se ele queria.
Assim, sempre que ele começava a me roçar muito por trás eu tentava retribuir na mesma moeda, sempre que possível.
Nossa! Como era bom roçar minha vara naquela bundinha durinha... E como eu queria a pica dele só pra mim...
Eu sentia que ele queria dar um passo além, mas não sabia o que fazer.