Alexandre poderia testemunhar sobre uma Bíblia que jamais sentiu-se tão rebaixado enquanto homem. Não conseguia conter o escape das lágrimas, sentado no banco do carona enquanto Rafael guiava pelas ruas e pelo trânsito da cidade, levando-o de volta para o Hotel.
Um corno dotado de um chofer de luxo, o próprio comedor da sua mulher em carne e rola. Teria estômago para encará-la logo mais? Rafael já havia avisado Priscila onde podia encontrar o seu marido.
Apesar do calor que fazia, a sua respiração e a mistura com os vapores que emanavam do seu pranto que em vão tentou conter, manchavam a janela lateral do pequeno jipe. Rafael devia ter notado tudo aquilo, apesar de que em aparência se preservava e somente mirava para o trânsito adiante.
Olhos vermelhos, everywhere.
Alexandre ouvia bips de notificações se seguindo, chegando um atrás do outro, vindos do smartphone do seu ‘amigo’: ‘Seria ela, seria aquela vaca?’, pensou.
Vaca, esposa, puta, companheira...tratante, como deveria chamá-la, então? Priscila, Pri, a gostosa de uma vadia...qual seria o nome de guerra pelo qual ela e Rafael se tratavam quando a sós na alcova?
‘Alcova!’ Alexandre riu perturbado, que palavra gozada e estúpida para aquela situação de merda! Alcova parecia coisa do ‘Primo Basílio’, aliás, uma obra que versa sobre putas e cornos, vejam só.
“Cara...você vai conversar na boa com a Priscila, então?” questionou Rafael, após enfrentar uma jornada de silêncios no carro.
“Por que essa pergunta, ou procura alguma forma de confirmação? Quais os recadinhos que estão chegando aí no seu celular? São dela?”
Ele meneou a cabeça, negativamente: “Eu estou aqui só dirigindo e refletindo, como você. Ainda nem vi de quem são...”
“Ah, certo. E se eu te pedisse para pegar a porra do seu celular agora e que me mostrasse as mensagens, você faria?”
Rafael retrucou de bate pronto e com certa ferocidade: “Não, nem a pau! Quem você pensa que é para me cobrar esse tipo de coisa? Não sou moleque, me respeite,”
Alexandre marejou ainda mais os olhos, mas mordeu os lábios: “Mas eu sou a porra do corno! Um corno e seu amigo, ou vice-versa! Me respeita, é?”
O carro foi freando, havia uma blitz no acesso para a Avenida 23 de Maio.
“Que saco. Típico desse prefeitozinho...” Rafael tentou mudar o assunto, ou ao menos dissipar a tensão que se recriava dentro do carro.
“Polícia Militar é alçada do Estado, seu burro!” Alexandre resmungou.
Rafael riu, e como se demonstrasse ter perdido um tanto da paciência – ou então, exibindo um pouco mais do seu lado niilista – aproveitou a pausa derivada da fila de carros que se avolumou para sacar o smartphone, e ler as tais notificações.
Obviamente que a atitude enervou e deixou Alexandre ainda mais ansioso. Já não bastassem os inúmeros sentimentos e emoções negativas percorrendo a sua mente, fluindo para todo seu corpo o retesando em estresse e dor, ainda ter de imaginar que ali se armazenavam recados da sua esposa a chegarem fresquinhos novamente às mãos do seu comedor-motorista, o punham em estado pleno de ciúmes, irremediavelmente.
“É notícia da puta?”
“Notícia da sua esposa, você quis dizer?”
Alexandre se revirou no banco do passageiro, encarando o ‘amigo’: “Afinal, de que lado você está hein seu tratante? Hein ô, super-homem do Nietzsche!”
“Calma com isso, Alê. Eu não estou de lado nenhum, eu sou seu amigo e apenas abri a real pra você, falei o meu lado...vamos retomar toda essa confusão do zero? Palhaçada!”
Alexandre bateu com as mãos no console do carro, forte. O porta-luvas até se abriu.
“Que você mandou a real ô cacete! Me diz aí, tu vai continuar comendo a minha mulher, seu filho da puta?”
Rafael puxou o freio de mão do carro e inclinou o rosto na direção dele: “Primeiro, não destrua o meu carro e, segundo, ninguém põe cabresto no meu pau e nas minhas decisões, nem mesmo os amigos!”
“Ora, seu...” Alexandre rosnou, literalmente, e deu outro violento soco no console. Já se arrependia de ter aceitado lavar a roupa suja.
Rafael levantou-lhe o dedo em riste e mandou que parasse com aquela cena imediatamente, alertando para a polícia que já estava de olho neles e no carro, na medida que se aproximavam da blitz:
“Sossega o facho, caralho! Vai criar um problemão pra gente!”
Com isso, ele tratou de guardar o smartphone e desceu o freio, fazendo o carro avançar lentamente em direção ao funil montado pelos carros da força policial. Ambos não puderam deixar de notar uma jovem e muito bonita soldado, que segurava um rádio de comunicação logo ao início do funil de checagem formado pela blitz.
O que chamou demais a atenção, foi o fato de que a jovem policial esgarçou um belo de um sorriso com os seus lábios bem delineados e rosados na direção do Rafael, quando este abaixou o vidro e a cumprimentou com um ‘Boa noite, Senhorita’.
O flagrante da cena embrulhou os bofes do homem chifrado que ocupava o assento do carona. Que maldito destino era esse, que teimava em esfregar cena após cena, ato após ato, o quão abençoado o seu livre e desimpedido ‘amigo’ parecia ser com todo e qualquer tipo de mulheres – inclusive, a sua esposa – enquanto ele amargurava o fel dos homens passados para trás, a sina dos trouxas e traídos.
E por causa de tal sensação, passou-lhe pela cabeça como um flash renitente e desagradável, o risco ou a ideia em forma de visualização mental, do Rafael tendo a sua disposição, ambas e nuas, a sua esposa Priscila e a tal policial, balançando os rabos e as pepecas no ar, se tocando enquanto pediam clamorosamente que ele as usasse como só um macho de verdade sabe fazer. Ressentimento de Corno nunca deixa de trabalhar no subconsciente!
E foi ali e assim, naquele instante, que Alexandre perdeu a última ponta de equilíbrio que fiava as suas tantas emoções. Não pôde aceitar como aquele pulha, como aquele atrevido conseguia ao mesmo tempo viver enrabando a sua esposa, passar batido na cara de pau, ir atrás dele para contar tudo com a missão de convencê-lo de que deveria voltar a conversar com a adultera da sua mulher e, para finalizar, ainda iniciar um flerte com a policial gatinha no meio da porra de uma blitz? ‘Como e por quê, Deus?’
“Caralhoooo! Você é um baita de um canalha deslavado, vai morrer!!”
Alexandre explodindo de raiva, literalmente pulou sobre o banco do motorista e sobre Rafael, mordendo o que conseguiu alcançar do seu rosto e, insanamente, alcançou a direção do veículo a esterçando violentamente para a direita. Rafael berrou e com o susto, fincou profundamente o pé no acelerador.
O Jimny rugiu e avançou seco na direção de uma viatura Trailblazer, chocando a sua frente contra a quina do carro policial. Dois soldados rolaram no chão para escapar do atropelamento, como em um filme de ação. O gradil de parachoque do jipe civil amorteceu o que seria um impacto gravíssimo às integridades físicas de Alexandre e Rafael, apesar do airbag ter sido acionado e levado Rafael ao nocaute.
A gritaria ecoou pela avenida, Alexandre teve o corpo ricocheteado entre os dois bancos e sentiu dor lancinante no braço direito, dor de quem rompeu ou havia partido um osso. Zonzo e sentindo o whiplash do cinto de segurança que se rasgou sobre a sua pele, teve seus dois segundos para ‘cair na real’ e se dar conta do ‘que foi que eu fiz?’. Mas foram literalmente e apenas dois segundos, pois pelo para-brisa trincado, Alexandre viu quando um time de quatro PMs da Força Tática paulista empunharam as suas metralhadoras B&T e começaram a correr em direção ao acidente.
Grogue, porém turbinado pela adrenalina e pelo súbito pavor, ele abriu a porta do veículo sentindo imensa dor no braço e, por puro golpe de sorte, a porta abriu no exato momento que um dos policiais que rolou no chão para evitar ser atropelado, se recuperava e sacava a sua arma, o acertando novamente e retirando-o da ação.
Alexandre aproveitou e saiu correndo na direção oposta, cambaleando pela linha dos carros enfileirados no trânsito. Ele podia ouvir gritos de pavor e xingamentos, e parecia que em uníssono o povo nos carros gritava “Pega o PCC! Ele é do PCC! PCC!” Oras, quem provavelmente acertaria em cheio uma viatura da Força Tática, um CORNO ou um fugitivo do PCC? Pois é, as probabilidades nos surpreendem muitas vezes.
Alexandre ouviu um tiro, o primeiro. E pode constatar quase que cientificamente, e na pior das situações, que era fácil ouvir um tiro, mas difícil mesmo seria enxergá-lo. Virando o seu pescoço para trás, mas sem deixar de correr, avistou que o grupo de PMs o perseguia em flancos, restando apenas a parede de carros parados como alternativa para uma fuga. Os policiais o mantinham em mira e, muito certamente, também deveriam suspeitar que ele fosse um integrante do criminoso Comando da Capital.
“Não! Nããoo! Porraa! Eu sou Professor! Eu sou um Professoooor! Não atira!”
Ele gritou em vão buscando a sua defesa, sacudindo os braços para o alto, apesar da dor que lhe retorcia, mas não parou de correr, pois sendo completamente despreparado para tais circunstâncias, não lhe ocorreu a ideia de se entregar ajoelhando no chão com as mãos para o alto. Alexandre não era bandido, sequer brincava no time dos ladrões durante os pega-pega na infância, e acima de tudo se sentia assustado e culpado pelo que fez.
“Eu sou Professor! A culpa é dele...do Rafael....é deleeee!”
Ninguém lhe entendia, as pessoas dentro de seus carros subiam os vidros em desespero, algumas até se muniam do que tinham em mãos ou no chão do carro – chinelos, sacolas de compras, ferramentas – e tacavam em sua direção. Mais dois tirambanços saíram de uma B&T, e Alexandre podia jurar que sentiu os tiros triscando o seu tornozelo.
Uma SantaFé engatou o Drive e avançou para a direita, no que quase o atropelou, ação de um motorista tão ou mais assustado do que ele próprio e que permitiu por instinto de sobrevivência, que Alexandre enxergasse no grande e volumoso veículo uma barreira de aço para escapar dos tiros e sair correndo para mais adiante, fugindo, pelo meio da 23 de Maio. Alguém em nome de Deus haveria de ajudá-lo se ele caísse na via expressa, pensou em questão de valorosos milissegundos.
E assim prosseguiu, porém, o que não podia imaginar e muito menos desdobrar qualquer reação, pois também decorreu em questão de nacos de segundos, foi o tiro que o acertou em cheio na clavícula. Seguido imediatamente por outro que o atingiu no peito e, com toda a licença poética, por que não, diretamente em seu coração.
A SantaFé o ajudou a escapar das submetralhadoras dos PMs da Força Tática, é verdade, mas acompanhando a perseguição do outro lado da alça viária com a sua Glock .40, estava não uma bela Soldado como haviam pensado ele e Rafael inicialmente, mas a Cabo Carolina. Formada na Academia do Barro Branco, estudante de Direito e, acima de tudo, desejosa por demonstrar coragem e honra em serviço. Bela, e tenaz.
Carolina passado o choque da batida que testemunhou entre os carros, e após verificar que seus colegas foram cuidar do motorista da Jimny – o Rafael – e dos colegas de corporação caídos, percebeu que só ela permanecia em pé no seu respectivo flanco e, portanto, decidiu sair em disparada para dar cobertura e cercar se fosse o caso, o ‘enlouquecido’ suspeito que ela testemunhou agir com os próprios olhos, e que foi o causador da batida.
A cabo ouviu seus colegas disparando os tiros de aviso, depois outros tiros se seguiram, os quais podiam muito bem terem sido disparados pelo suspeito – Alexandre. Oras, o que mais ela deveria fazer enquanto oficial e policial?
Seguindo os melhores fundamentos de tiro, Carolina se colocou em posição para um disparo ajoelhado, respirou fundo pois esse seria o seu primeiro confronto que exigia o uso da arma de fogo, e aguardou o ‘suspeito’ cortar caminho em meio ao espaço deixado pela SantaFé.
Assim que teve linha de visada, não hesitou. Dois tiros, o primeiro mirando o ombro e a continuidade visando o braço do seu alvo. O primeiro acertou em cheio o alvo técnico, já o segundo, não foi preciso o bastante.
A Avenida toda gritou assustada, horrorizada. Os carros que ainda não haviam parado pela via expressa, o fizeram. Pais e mães cobriam os olhos das crianças que se encontravam nos veículos mais próximos. Os PMs da Força Tática cercaram o corpo estendido no chão, outros colegas da corporação correram em amparo da Cabo, também.
Lá estava Alexandre no chão, estirado sob sangue no típico asfalto em constante recapeamento das avenidas paulistanas. O Tenente prontamente o revistara, não encontrando armas ou ‘artefatos’, também não encontrou tatuagens ou referências ao Comando da Capital, e pelo seu instinto e experiência, tudo indicava que teriam de dar uma péssima notícia para alguma ‘família de bem’:
“E---e...eu sou....”
“Calma, cidadão. Já solicitei uma Águia para pousar e te levar para o Hospital das Clínicas. Calma, agora.”
“Pô---pô---profê...”
“O Sr. é professor, cidadão, é isso? Calma, o helicóptero já está a caminho.”
Carolina se aproximou, com uma mão sobre o coldre onde repousava a Glock ainda quente após os disparos, e outra sobre o próprio peito, o olhar petrificado: “Ele...ele estava armado, Tenente? Estava?”
“Você seguiu o protocolo exemplarmente, Cabo!” O líder fez sinal para que os colegas a retirassem dali, e a confortassem. A oficial havia cumprido o seu dever, mas é um ser humano como todos os outros e haveria muito pesar na consciência. Algum motorista próximo e curioso abaixou o vidro, e a raiva coletiva foi se transformando em dó, pena: “Oh...óh...meu pai do céu...pobre coitado!”
“C---co---co....” Alexandre suspirava, sua voz parecia mais um arfado cada vez mais rarefeito, um soprado ao invés da voz.
“Diga, cidadão. Diga, e então descanse...quer falar algo, um recado?” Perguntou com um olhar já condescendente o Tenente. Experiente, sabia que o ‘suspeito’ iria partir antes da Águia pousar, infelizmente.
“So-u...fui...c—co...”
“O quê, cidadão?”
“C-corno.”
Alexandre cerrou os olhos uma última e derradeira vez, e do seu peito escorreu praticamente todo o sangue que um dia nutriu suas veias de professor laureado, e marido dedicado.
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******* APÓS 3 ANOS *******
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“Vai sua cachorrona, senta pra valer nesse cacete, vai!”
“Ain...awww...ele tá bem grossooo!”
“Grosso de tesão por você, cadeluda! Cadela! Vai, espirra em mim esse leite que você carrega nessas tetas de vaca, vai!”
“Ain...você quer é, safado?”
“Quero, já disse caralho!” * o homem desfere um tapa na cara da mulher que monta em seu pau e fode a buceta tal qual uma amazona *
“Safadooo!”
“Vai, putona! Esguicha essas tetas que não param de produzir leite, baita vaca tetuda que dá pra alimentar uma família!”
Priscila nunca imaginou que pudesse produzir tanto leite assim, e por tanto tempo. O seu filho já se aproximava de completar 2 anos e meio, e ela própria já havia alcançado a barreira dos 35 anos – uma idade que em teoria, as mulheres perdem vigor sobre os assuntos de maternidade.
Mas lá estavam os ditos cujos, seus famosos seios. Que sempre foram grandes, e após a maternidade se mostravam ainda maiores, mais bojudos, impávidos com os mamilos grossos e ainda mais pronunciados. Rafael se mostrava um fã ainda mais fervoroso das suas mamas – ‘O que pensaria, Alexandre? Ficaria doidinho por eles, também!’ já isso, ela é quem pensava vez ou outra.
“Abre a boquinha, meu bebezão da boca suja e pauzudo!” Priscila facilmente conseguia extrair dos seios, sem deixar de sentar o quadril em direção à rola dura do homem que lhe fodia, o leite materno que entre os adultos tão tarados, era uma espécie de filé mignon dos fetiches sexuais.
“Nossaaa....caralho....como você fica linda e putona balançando essas tetas e jorrando leite em mim, sua putaaa!” O homem que não era Rafael, tampouco Alexandre, perdia a linha com a gostosa mulher, que lhe servia de namorada. Tão quente na cama, tão ‘adoradora de pau’ como costumava lhe dizer em forma de deslavado elogio, e que tanto pedia para sentir a sua porra no fundo da buceta. Edvaldo o nome dele, sentia-se privilegiado nesse quesito e posição.
“Goza forte em mim, amorrr! Preciso do seu leite quente bem no fundo para continuar dando o meu! Aííí!”
Edvaldo jogou ela de costas sobre a cama, e sem deixar de beijar e sugar suas tetas, meteu cada vez mais forte, imprimindo ritmo, até gozar muito dentro da sua gruta. Os corpos suados, o quase contraste da sua pele com a pele dela cor de café pingado, jambo ou canela, uma mistura que edulcora tão bem o seu portentoso par de seios.
Priscila gostava disso, amava isso. Sentir aquela porra toda ganhando-lhe a vulva, é como se o líquido íntimo e masculino acalentasse a fêmea que de fato ela era. Àquela altura não se recordava mais das repetidas reclamações do seu marido – como denominar um homem que morreu e lhe deixou viúva? Ex-marido não parecia apropriado – que ficava muito sentido pelas exigências em tempos mais recentes que ela própria lhe havia imprimido, obrigando-o a transar com ela somente se usasse a camisinha.
Oras, como ela poderia na época ter lhe confessado que o pedido ‘barra-exigência’, nada tinha a ver com alergias ou a falta de prazer no coito, mas pelo simples e secretíssimo fato de que Priscila intencionava engravidar. Sim, Priscila queria ser mãe já há muitos anos, porém, queria germinando em seu ventre a semente de um homem em particular, um homem que não era Alexandre, o seu marido. Mas o de um grande amigo, sem dúvida. Rafael.
Disso decorria a necessidade de se blindar...do próprio esposo.
Priscila era e ainda é apaixonada por Rafael. Amor de pica, que fosse. Mas não era ‘só isso’. Ela queria acima de tudo pertencer a ele. Tratava-se de um sentimento distinto ao que tinha com o marido, pois Alexandre aos seus olhos foi se mostrando um homem domado, um homem que simplesmente lhe pertencia. O inverso! Gozado, não?
A certa altura da vida de casada, Priscila sentiu que não queria viver sem a presença masculina, sexual, e as emoções que a relação errática, secreta e quase absurda com Rafael, um amigo próximo seu e de seu marido, lhe traziam.
Nunca quis se desfazer ou se separar do cônjuge, por outro lado. Alexandre que desde os primeiros anos de casamento já lhe bastou enquanto um homem pacato e satisfeito, tão contente e tão centrado. Tão pronto e disposto a remover montanhas para lhe fazer feliz independente do contexto que viveriam. Alexandre era seu e restaria assim, ‘the end’.
Porto seguro, alma gêmea, canções do Fábio Junior ou do Roberto Carlos – ‘boring’. Imagem e retrato perfeitos para unir ambas as famílias e encher de carinhos um lar. Mas Priscila no fundo nunca foi uma mulher com olhos estritos para a família, ou somente ‘para o lar’. Com Rafael – e, depois com outros – ela descobriu que podia viver os encantos e gozos do seu lado sombra. ‘A sua Lilith está empoderada na Casa 1 do Mapa Astral, Pri!’, uma amiga e sua confidente chegada à wicca lhe profetizou, certa feita.
E justamente logo após a profecia, aconteceu de Priscila ter o seu encontro de almas – e genitálias – com o até então inteligente, porém um tanto misterioso e quieto, desapegado, amigo de desafios acadêmicos. Rafael metia sem dó bem no fundo da sua buceta do jeito que ela sonhava, falava em seu ouvido do jeito que ela mais queria, a subjugava e depois erguia do que jeito que só pensou ser possível em sonhos, e nos livros soft-porn que devorava em segredo no Kindle. Priscila se masturbava muito depois que casou, e só sossegou com a batuta do Rafael.
Estava tudo certo para viverem assim, pelo tempo que durasse – e que fosse eterno. Priscila engravidaria do Rafael, que continuaria por perto sendo uma espécie de ‘Tio Honorário’, e influenciaria a criança com a sua inteligência e jeito de ser. Alexandre, o seu bom e querido marido, lhe ajudaria com o suporte material e o apoio do dia a dia, papéis que ele por se tratar de um homem excepcionalmente prático e bondoso, desempenharia lindamente.
E ela? Seria feliz com uma criança, um marido e famílias unidas, e o ‘seu homem-macho’ a preenchendo de tantas as maneiras que se fizessem possíveis.
Mas esse era um plano dela. ‘Somente’ dela. Não, Priscila não combinou com os russos, nem com os chineses ou aiatolás. Rafael sabia sim do risco de engravidá-la, e intuía que esse fosse o desejo da sua amante, mas não imaginava a extensão ou desdobramentos que ela por sua vez nutria.
Na mente dele, caso Priscila engravidasse tudo indicava que Alexandre iria assumir a prole e jamais duvidaria de coisa alguma, e a criança poderia vir até bem a calhar, pois acalmaria um tanto dos ímpetos românticos e sexuais que ela demonstrava. Rafael gostava muito de transar com a sua amiga, e o fato de ser casada com Alexandre lhe conferia um prazer hedonista, mas ele jamais intencionou em manter aquele tipo de ligação por muito tempo. Fugir com a Priscila? ‘Rá, jamais!’
Os planos e expectativas – de todos, até mesmo os do finado – não se sucederam conforme imaginado. Um morreu, o outro parecia se fazer de sumido, e a outra ainda vivia entremeada com as suas dores e negações.
Edvaldo, voltou do banheiro e sacou o smartphone. Aproveitou para tirar algumas fotos da sua porra que escorria de dentro da buceta inchada da sua namorada. Eram namorados? ‘No duro’? Priscila não se deu conta pois estava com os olhos vazios, perdidos em lembranças. Assim evoluía o namoro, ‘en passant’.
Lembrou da tragédia. Impossível apagar da memória.
O velório foi horrível. Um dos mais honestos e dignos homens que muitos conheceram, Alexandre, precisou ser velado de caixão fechado. Priscila jamais esqueceria daquela cena, ela de joelhos e caída no chão da Sala de Funeral, choros e soluços se contrapondo e se atropelando incessantemente, a dor de uma verdadeira facada em seu coração.
Mais adiante, debruçadas sobre o caixão, podia ver a sua sogra e a sua própria mãe – mãe e sogra do finado, pelo lado dele – chorando em lamúria e tristezas ainda mais profundas do que as dela. Alexandre foi sim um homem pacato, tranquilo, e que não lhe transmitia o prazer da carne que Rafael e outros eram capazes, mas para todos os efeitos legou ser um homem único no quesito dignidade e um companheiro carinhoso, como jamais encontraria outro. Sabia disso.
Todos seus parentes o admiravam. Todos os parentes dele o adoravam. No canto da Sala, Rafael pairava sobre uma cadeira atônito, em choque. Cabelos desgrenhados e um colar cervical, parecia um cão sem eira nem beira. Ela sentiu desejo de abraçá-lo e beijá-lo naquele momento, o que lhe trouxe vergonha. Imensa vergonha.
Priscila não se envergonhava de ter ‘dado a bunda’ para outro cara, chifrando o marido, mas se envergonhou de ter sentido o genuíno desejo de confortar e beijar o amante, diante do caixão de Alexandre. A sua respiração acelerava, ficava ofegante toda vez que relembrava disso mesmo após três anos passados – Edvaldo percebia e perguntava-lhe o que era.
“Nada, amore...vou buscar uma água pra gente, e dar uma olhada no Lucas!”
Edvaldo era o quarto namorado que arrumava desde a...tragédia. Após ter sido semeada pelo homem que tanto queria, e perdido subitamente o homem que melhor lhe cuidava, Priscila se sentiu desesperada. E depois, pressionada, com medo de viver sem companhia. Descobriu na prática que mundo não é farto de homens bons, dignos, atraentes, que transam gostoso e, acima de tudo, que aceitam e respeitam o namoro com uma mulher viúva e seu bebê a tiracolo.
Alguns só quiseram lhe usar e abusar, o primeiro a largou assim que o bebê nasceu. Obviamente, tratou-se de um pervertido que ficou tarado em tê-la grávida, apenas. O segundo, praticamente a mesma coisa, e ainda exibiu um desprezo assustador pela criança. O terceiro mostrou-se no conjunto da obra um ser humano mais agradável, mas no final das contas era puro gogó e prosa, um mentiroso que pedia dinheiro e não tinha onde cair morto.
Edvaldo ao menos tinha condições de vida boas e similares as dela, um filho tranquilo de 16 anos que vivia com a mãe, e que lhe bastou para aprender e apresentar alguma experiência com crianças. É verdade que exigia algumas brincadeiras e fetiches sexuais ‘meio perigosos’, como a prática de fotografar ou filmar seu corpo e especialmente os seus seios, quando os jorrava leite sobre seu corpo e durante as transas.
Priscila até o momento preferiu fechar os olhos e se fazer de sonsa para o fato provável, já que Edvaldo certamente compartilhava as mídias com outros pervertidos por aí afora. Ela preferia se concentrar no fato de que transar com ele era bem gostoso, e o namoro prosseguia bem. E ela precisava disso, sexo e sacanagem, e um namorido.
Após pegar água, Priscila aproveitou para checar o menino. Graças a Deus ele nunca apresentou problemas para adormecer. ‘A quem puxara?’. Sua sogra – ou ex-sogra – dizia que Lucas puxou o avô, que costumava pegar no sono fácil e em qualquer lugar. Priscila sorria e mentia, concordando com o fato impossível.
Alexandre não era o pai dele, Rafael sim. O menino crescia e já apresentava a tez puxando para um tom mais claro, assim como o verdadeiro pai. O nariz fino e retinho, ‘tão coisa do Rafael’, derretia-se a mãe com a comparação secreta.
Mas Lucas para todos os efeitos era visto, dito e conhecido como uma espécie de último presente ou lembrança, um legado do Alexandre. E como poderia ser diferente, já que ela própria isso alardeou?
O único escape e fio de esperança que lhe restou no auge daquele momento trágico para toda a família e amigos, foi disparar a notícia, a bendita notícia. Priscila estava grávida! Alexandre teria deixado um último presente de despedida antes de partir. Uma luz no fim do túnel para todos que penavam com o desfortúnio.
E quem deles duvidaria? O casal jamais deu indícios de infidelidades, ao menos em aparência. Logo, mão foi difícil para que todos aceitassem a ‘versão oficial’ e lamentável da morte de Alexandre.
Oras, para todos os efeitos e publicamente, Alexandre havia morrido após um surto emocional de burnout durante a viagem, onde teria explodido em neuras e preocupações com o trabalho, deixando a esposa sozinha no litoral. Rafael, ‘seu bom e melhor amigo’ ainda reagiu e foi caçá-lo na cidade, e ‘quase’ logrou sucesso o resgatando são e salvo, se não fosse um novo e fatídico surto no carro, diante da blitz.
A verdade é que Priscila já estava grávida de algumas semanas naquela ocasião, quando os três se reuniram pela última vez no litoral. Ela pretendia criar a melhor oportunidade para revelar ao Rafael primeiro, o ‘pai maiúsculo’ da criança, e então prepararia um encontro de revelação para toda a família, o qual contemplaria Alexandre, também.
Olhar para o pequeno lhe trazia saudades dele...Rafael. Já estivera em seus braços em inúmeras vezes, encontros e ocasiões após a passagem do marido. Não se orgulha, mas também não se incomoda, de reconhecer que poucas semanas depois do enterro, armaram uma viagem para um hotel-fazenda no interior, e lá passaram dias entre juras de amor e ‘sexo de cura’.
Chegaram a ensaiar e elaborar como seriam suas vidas após ‘o triste fato’. O bebê nasceria, dariam um tempo, então começariam a namorar ‘oficialmente’. Oras, poderiam casar e quem seria melhor ou mais digno que o próprio Rafael para assumir a paternidade do menino?
Até a própria mãe da Priscila, Dona Vitorina, um dia chegou a sugerir que a filha talvez pudesse se ‘arranjar com aquele moço mais novo’, pois sentia que ambos pareciam gostar muito um do outro. Mesmo a sua sogra – ou, novamente, ex-sogra? – não se oporia e ficaria contente de ter o ‘seu neto’ aos cuidados do Rafael, um moço inteligente e gente boa. ‘Amigo’ do seu finado filho.
Não que Rafael se fizesse ausente. Não mesmo, pois ele em carne e jeba foi o responsável por aplacar todo os picos de libido e carência que Priscila acusou durante o processo de gravidez, e continuou usufruindo e contemplando de seu corpo e intimidade de fêmea, também enquanto Priscila namorou outros homens.
Mas havia um problema, uma questão. E não, não tinha a ver com Rafael preferindo viver a pregressa vida de playboy. O problema surgiu e foi aumentando com o tempo. O problema ‘andava armada’, era linda e dez anos mais jovem que Priscila. O problema se chamava Cabo Carolina. Ou ‘Carolzinha’ quando proferido pela boca de Rafael.
A Cabo era tenaz, mas tinha coração mole. Ficou sentida, procurou a família do Alexandre após orientação do hospital militar, como parte do processo de perdão e cura psicológica. Também procurou saber do estado físico e emocional do Rafael, o ‘amigo’ que por pouco não teve as pernas prensadas em seu jipe.
O infortúnio – de Alexandre – serviu como um elo de ligação entre aqueles dois, elo que prosseguiu para a paixão, e pouco mais adiante aflorou um amor entre Rafael e Carolina. Um rapaz de bom berço, inteligente, promissor, e uma moça de melhor estirpe ainda, oficial e ambicionando a carreira de juíza mais adiante. Ambos muito belos, cheirosos, vistosos um casal de revista. Parecia cinema antigo, se deixarmos de lado os históricos de bastardia e de homicídio em nome do dever, já na conta do casal.
Priscila dizia para si mesma que havia digerido e assimilado o destino de não se casar com Rafael. Oras, até porquê e caso Alexandre estivesse vivo, ela não teria mesmo essa oportunidade, certo? Porém, no fundo sentia crescer a sua necessidade de arrumar um companheiro, um ‘outro homem’ - compensação. E, mais do que isso, temia que Rafael se tornasse um marido fiel e exemplar diante da Cabo Carolina, e abdicasse por completo de lhe fazer ‘visitas especiais’.
A vida sem Rafael, sem um pingo do Rafael, lhe parecia triste demais para ser suportada.
Ainda perdida nos pensamentos que lhe cercavam a mente, de repente, Priscila sentiu como se fosse uma mão passeando pelas suas costas, o que a fez gemer e saltar de susto. Por vezes temia se deparar com algum fantasma – Alexandre em forma de alma penada – mas viu para seu alívio que era o Edvaldo:
“Aíí! Que susto, Ed! Podia ter me feito gritar bem aqui no quarto do bebê, hein!”
Edvaldo olhou o menino e falou baixinho: “Sorry, boy!” e riu, estava de bom humor, e com o pau revigorado.
“Estou vendo que seu ânimo é dos melhores hoje, hein amor?” Priscila lhe deu um beijo, falando mansinho.
“Sempre tenho ânimo por você, linda...” e tratou de beijá-la na boca, massageando-lhe as grandes peças mamárias e a bunda ainda bastante firme e formosa. A gravidez não havia maculado Priscila fisicamente em nenhum aspecto.
“Aí, tesudooo...ficou olhando as fotos dos meus seios lá no quarto e voltou à carga, é?”
“Rsrs, isso e outras coisas, gostosona!”
“Ah é? Que outras taras, me fala?”
“Primeiro fica de joelhos e mama com esmero essa rola, hã...aí eu vou te guiando.”
Priscila nada tinha contra receber ordens sexuais, como é sabido, até preferia e depreendia imenso prazer por meio das iniciativas e primazias masculinas. Mas, não enxergava o quarto do filho como o local mais afeito para prestar um boquete. Ainda assim, e por desejar agradar a Edvaldo, ela acatou e caprichou nas lambidas:
“Puxa...hmmm...suas bolas já estão pesadas de hmmmf...pesadas de novo...”
“Cacetada, adoro quando você fala de boca cheia! Cheia de rola!”
Priscila riu, mas bateu na perna do Edvaldo, alertando para que falasse mais baixo. Então, aproveitou para fincar o pau já bem duro e melado no meio das suas tetas poderosas.
“É, safado....acho que vou tirar o seu leite de jumentão assim, te tarando com as minhas tetas! Rs”
“Nossa...que delícia...não que seja difícil, mas eu tenho em mente outra coisa agora!”
“Hmm, me diz safadão, o que é?”
“Quero arreganhar as tuas pernas ali na poltrona, e meter bala na sua buceta e depois no meio do seu cu, enquanto você me tara tocando nesses melões carregados...”
Priscila franziu a testa: “Mas...por que ali, Ed? Ali é a poltrona de eu fazer ninar o Luquinha! Aí amor, é muito perto do bebê! Vamos pra sala ou pra cozinha vai...que tal?”
Edvaldo fechou o semblante, claramente demonstrando insatisfação.
“Que foi, amore? Aí não...não vem ficando bravinho comigo! Vamos pra outro cômodo, o lugar do Luquinha é sagrado!”
“Hmm...gozado né...” Edvaldo sorriu e foi ele sentar na tal poltrona.
Priscila não entendeu: “O quê...o que de absurdo eu disse? Hã?”
“Ah...mas a senhora disse um grande de um absurdo agora, ou não...acho que faz sentido, na realidade.”
O coração dela acelerou, nunca gostou de charadas e cismas vindas de marido ou namorados, apesar de ter um histórico positivo se desvencilhando das mesmas.
“Amor, Ed! Eu quero te dar prazer, mas vamos sair daqui e vamos pensar em outra coisa...não quero cair nessa pilha de charadinha, não!”
Ed retrucou sério, e com uma ponta de agressividade no olhar:
“Sem charada! Papo reto e direto aqui! Faz sentido você dar o cu pro pai do seu filho nesse quarto, mas não para mim...privilégios?”
“O quê...?” respondeu Priscila, embasbacada.
“É, isso aí mesmo. Há o quê, umas três semanas você deu o rabo bem gostoso para o pai do Luquinha. Não foi de madrugada, é verdade, foi a tarde...mas o simbolismo é o mesmo.”
Priscila corou, depois empalideceu-se. Ela sabia que sim, havia conseguido finalmente atrair Rafael para a sua casa durante uma tarde – não era coisa fácil, principalmente depois que ele se casou com a Cabo Carolina – e após uma conversa melosa, emotiva, ele acabou metendo firme em cada um de seus orifícios bem ali. A questão era, Edvaldo deveria ter concluído que Alexandre seria o pai do menino. Seria isso?
“Você está vendo espíritos, Edvaldo? É, eu confesso, você me pegou...eu me masturbo pensando no falecido, mas só às vezes.”
“Cale a boca, desqualificada...”
Priscila tremia, mas procurou manter a pose: “Vamos sair desse quarto, por favor?”
“Justo!” Edvaldo não disse mais nada, mas atendeu o pedido e se dirigiu para o quarto dela. Priscila ouviu os costumeiros barulhos de quem está se arrumando ou vestindo para partir, e foi atrás correndo.
“Ed! Amor! Não vamos cair nessa de briguinha besta, meu. Eu já te disse o quanto eu desejo que a gente dê certo e fique junto! Vamos dialogar...não vá embora...você ficou com desejo de comer o meu cuzinho? Tudo bem! Mas me prepara antes, tá...vamos tomar uma ducha, a gente se beija e chupa gostoso, e...”
“Priscila, presta atenção!” ele elevou a voz, assustando-a.
“Você notou que há quatro retratos nos seus criados-mudos?”
“Ah? Aí, Ed...tá me pondo maluca...”
Ele se moveu e pegou os retratos:
“Este aqui é da tua família inteira, vamos assim dizer, com você e sua mãe bem ao centro...”
“Tá, e daí?”
“Este aqui é você e o menino, uma foto linda.”
“Obrigada, Ed...e?”
“Sobraram esses dois...”
O coração dela voltou a bombar tenso, retesado. Priscila começou a entender onde Edvaldo estava chegando, ou já havia alcançado.
“Nesse estão você e o falecido...rostos colados. Uma bela foto também e, quer saber, eu não sinto ciúmes do Alexandre. Que descanse em paz.”
Priscila ficou quieta.
“Agora sobrou o quarto retrato. É você, também de rostinho colado com outro homem. Um outro cara. Um cara que não foi seu ex-marido, um cara que não é seu irmão, pai ou tio...”
Priscila começou a chorar.
Edvaldo sacou o smartphone, e abriu uma foto recente que havia tirado do menino Lucas.
“Pri, me diga, com qual desses homens o Luquinha se parece...com o finado Alexandre, ou com o ‘cara’...cara que eu bem conheço e você melhor ainda, o Rafael?”
Priscila desabou na cama, não conseguia encarar aquele homem e as tantas contestações.
“Olha isso, isso é um caso raro de fotocópia paterna! O menino já é a cara dele agora, imagine só daqui uns bons anos?”
Priscila reuniu o pouco de forças que restava em seu peito e tentou retrucar:
“Quem é você na fila do pão para futricar sobre meus amores e dores, hein seu pervertido? Vá tirar fotos das tetas da sua mãe!”
“Prostituta! Eu sou o seu namorado, um homem que você dia após dia tem dito, e ainda jurado de pernas juntas, o tanto que me quer bem, que me deseja, e que sonha em ser a minha esposa e putinha na cama...não tem jurado?”
“Eu...” Priscila titubeou, Edvaldo a pegou bruscamente pelo pescoço:
“Hein, me responda! Não sou o teu namorado, por acaso? Você não vem falando em querer ser a minha mulher? Hein, vadia?”
Priscila arregalou os olhos de susto, e sentiu-se inteiramente dominada pelas mãos fortes daquele homem, ela não tinha visto tamanha resolução nos olhos de Edvaldo, até então.
“Sim, Sim! Vo-você é, você éééé!”
“Sou o quê, vadia?”
“Meu namorado!!”
Edvaldo a puxou pelos cabelos e apertou-lhe os seios com gosto.
“Namorado? Namoradooo? Só isso, vaquinha?”
“Não! Nããõo! Você é meu macho...machooo!”
“Então por que foi dar a bunda praquele merda do Rafael? Esse vigarista está cuidado de você e do filho dele? Quem é que está do teu lado?”
Priscila deixava um rio de lágrimas rolar em fluxo contínuo pelo rosto. Edvaldo passou a enxugá-las.
“Eu não consigo me livrar dele, Ed...é mais forte que eu...” Ela tentou se explicar, mas o homem a chacoalhou cortando a ladainha pela raiz:
“Olha só, se eu te pegar mais uma vez com essas desculpinhas de puta dolorida, eu lhe parto e sumo da sua vista, entendeu caralho?”
“Si-siiim...Simmm!!” Priscila respondia com os olhos arregalados e banhados, mas sem deixar de notar a expressão de resolução e seriedade naquelas novas palavras vindas do Edvaldo. Ela já vinha gostando dele e de suas atitudes, mas nunca o viu tão decidido, e dono da situação. Sabia – intuía – que seria realmente cobrada dali em diante...e queria isso.
Edvaldo a abraçou com toda suas forças e engatou um beijo enfurecido, possessivo, melado e com todas as línguas possíveis. Priscila sentiu arrepios e um calor de fêmea ressurgindo das entranhas do seu corpo e hormônios. Alexandre jamais havia espremido um calorão desses por meio de um beijo, e Rafael...chegou perto.
Não, por mais incrível que fosse, era Edvaldo aquele que a domava e detinha-lhe posse com o maior dos ardores já desfrutados por ela, no auge de seus 35 anos de idade. Priscila ria e chorava simultaneamente quando o seu macho – e auto-declarado dono – beijava e rabiscava com o mesmo fervor e deleite por entre os seus seios e colo. Sua buceta melou mais uma vez, e mais do que prontamente ela alcançou a tora do seu homem para guia-la até as reentrâncias da vulva.
“Não, ainda não, porra!!”
Priscila ganiu de susto e de desespero! Queria aquele pau, queria a porra dele! Queria pela primeira vez após anos se sentir livre daquele dicotomia, daquela sombra de se distribuir entre o marido e o amante. Queria um macho que valesse por si só!
“Pega os retratos dos dois filhos da puta, vamos, anda! Pega essas merdas!”
Priscila atendeu, alcançou os retratos com suas fotos em companhia do finado, e do amante: “O que eu faço?...”
“Rasgue as fotos, agora.”
O pedido era violento, bruto, primitivo, invasivo, pouco razoável, e até mesmo de mau-gosto no que se referia a ter de rasgar a memória do falecido. Afinal, do que Alexandre tinha culpa?
Edvaldo parecia ter lido sua mente: “Olha aqui...que Deus tenha piedade do finado, mas ele foi um corno. E cornos não prestam...”
Priscila sorriu. Sim, a puta sorriu, a vadia sorriu o riso mais leve e gostoso, talvez de toda sua vida adulta. Sorriu, e passou a gargalhar:
“Hahaha! É isso...foda-se! Foda-se ele!”
Edvaldo lhe deu um tapa:
“Ele não...fodam-se eles, no plural. Os dois! Caralho!”
Priscila ria ainda mais, e saiu despedaçando pedaço por pedacinho de cada uma das fotos, e depois lançava os pedacinhos pelo ar, dançando pelo quarto em êxtase e frenesi.
“Ed....Ed!!!”
“Fala, sua puta!”
“Eu não gosto do Alexandre. Me perdoe, Deus!”
“É, eu sei.”
“Eu acho que nunca gostei...nunca gostei dele de verdade, é isso. É isso! Foda-se!”
Edvaldo mantinha o olhar de gavião, seu pau rijo ainda não havia se esquecido de atacar a presa desejada, aquela vulva. Quiçá, aquele cu.
“Ed...você está certo. Ele era um corno. Era e pra sempre será um corno! Hahaha!”
Ele foi até ela e tacou novamente um beijo exemplar, sendo plenamente correspondido.
“Mas saiba de uma coisa, eu não sou um corno! Você é minha!”
“Sim! Sim, Ed!”
“Você vai fazer o que eu quiser, como eu quiser, e se tiver ideias, vai pedir permissão pra mim?”
Sim! Sim, amor...”
“E o melhor de tudo, vai adorar cada minuto disso tudo...”
Edvaldo então meteu fundo, forte, com todo o vigor e a raiva que somente um amor puro entre macho e fêmea, mais puro que qualquer EDP de Dubai, pode propiciar – e desde que presentes certos níveis saudáveis de testosterona e progesterona.
Priscila encharcou o pau do namorado de creme, e esguichos de prazer. Rafael pode ter sido o primeiro a desbravar essa proeza genital, mas que importa? Ela estava com o Ed, agora.
Antes de gozar, ele a pôs de joelhos a mamar sua rola e fudeu sua boca de um jeito que até parecia castigo, retirando o pau apenas para soltar os jatos quente sobre os seios dela. E então, Priscila por vontade própria, teve a criatividade de espremer algumas gotinhas de leite, besuntando e misturando com a porra dele. Ambos riram e se beijaram, e filmaram a cena. E aquela peripécia havia de se tornar o ‘pacto de porra entre noivo e noiva’, que espontaneamente selaram, ali mesmo.
Não que tenha sido tão simples, assim. Edvaldo se mostrou um homem exigente e cobrou-lhe posturas firmes, demonstrações. Priscila precisou se adequar ao modo de ser e viver do seu novo homem. Ed não era um intelectual, mas um comerciante. Ed acreditava em telefonar e ser correspondido, não em desculpas ou ‘confiança’.
O fato é que aquela madrugada maluca e inesperada, acabou por determinar uma reviravolta na vida de muitos dos envolvidos, ou melhor, associados de alguma maneira à Priscila. Porém, ninguém se sentiu tão mudada e renovada, quanto ela própria.
Edvaldo bastou-lhe, e até mais do que isso. Casaram-se em questão de meses, mudaram para outra residência, sob ar novo e vida nova. A vida sexual era riquíssima, e Ed tratava o pequeno Lucas como se fosse realmente seu, aliás, tal qual o seu filho mais velho dele que também se fazia presente e em harmonia.
Priscila nunca mais viu Rafael, conversou com ele, respondendo-lhe secamente em cumprimentos e datas comemorativas, e se comprometeu a provar para o marido que não olharia em sua direção. Curiosamente, a Cabo Carolina cortou os laços de amizade e boa vizinhança que até então mantinha, o que fez Priscila imaginar que a policial chegou a duvidar de alguma coisa por conta própria, ou por ‘dica’ do Edvaldo. Mas, de todo modo, a mudança foi para melhor até porque, Carol engravidou – e Rafael se tornou um pai legítimo.
A família do finado Alexandre não tinha culpa de nada – nunca teve. Então, Priscila permaneceu de braços abertos para as visitas da ex-sogra, ex-cunhada, apesar de que o início e a presença constante de Edvaldo enquanto uma figura paterna, geraram pequenos ruídos e estranhamentos, mas que logo se dissiparam.
Uma certa noite, após terem transado bastante em meio a uma brincadeira recorrente e que muito excitava o casal – ligar a câmera e conectar no site sexologue, fazendo ela ganhar muita porra nos peitões (de máscaras nos rostos) – um dos seguidores de sua conta postou uma pergunta deveras curiosa no perfil:
“Casal, boa noite! Que belíssima gozada, fiquei de pau duraço! Uma dúvida me ocorreu, o casal se define como hotwife, cuckold & queen, stag & vixen ou só vanilla, mesmo? Beijosss”
Ed abriu a notificação, riu muito e bolinando as coxas da esposa, mostrou para Priscila:
“Olha isso! O cara é fissurado em termos pornográficos haha...vou dar uma zoada nele...”
Mas, Priscila o interrompeu: “Não, Ed! Não, amor! Não faça isso...deixa eu responder o rapaz.”
Edvaldo olhou ressabiado, mas consentiu. Priscila puxou o notebook, estralou os dedos das mãos, pensou um pouco mais e respondeu assim:
“Somos puta e puto. Só isso, e assim gostamos...
...Agora, quanto a essa coisa de ser corno, a não ser que você realmente APRECIE ver a pessoa que ama vir (literalmente) a pertencer a outro homem/mulher, não recomendo seguir esse caminho...
...Beijos (ela falando)!”
Não venceram sequer dois minutos, outra notificação surgiu. O mesmo cara:
“Entendi...obrigado. Mas, por quê?”
Edvaldo revirou os olhos: “Manda o rapaz bater umazinha e dormir, saco!”
Priscila acariciou o peito do marido e pediu calma. Replicou:
“Simples, meu anjo...ninguém gosta de corno! Ninguém, mesmo.
...Corno só se ferra.
...O meu ex-marido foi um corno e eu...
...Eu o matei.
Beijos (dela).”