Parte 10.
Estávamos ali comendo nossa refeição, num clima bem menos relaxado, e de certa forma, até meio tenso.
A Suzy, acabara de me dizer:
— Ela quer você de volta. Isso é certo.
Eu olhei para ela, atento ao que ela sentia. Suzy continuou:
— É bom para você. E ela não está para joguinhos, vai pegar pesado.
Nisso eu sabia, pois conhecia o gênio forte da Maraísa quando estava decidia.
Suzy prosseguiu:
— Ainda bem que ela não veio aqui. Seria desagradável encarar a fera.
Eu achava o mesmo. Mas, outra coisa me deixava intrigado. Primeiro, o fato de ela ter me espionado. Mandado me seguir. Muito provavelmente, isso foi trabalho do Geni, meu primo, ou alguém arranjado por ele. Isso me incomodou. A primeira coisa que me veio à mente, foi que ela estava mais preocupada em me pressionar do que em resolver nosso impasse em harmonia. Aquilo me incomodou a ponto de me deixar tenso. E falei com a Suzy:
— Olha, eu realmente, estou muito bem com você aqui, aprendi muito, e de fato, gostei muito do seu jeito e da sua sinceridade. É verdade que eu gostei muito de você. Então, vou lhe dizer o que estou sentindo.
Suzy no início não ligou muito para o que eu disse, mas quando viu que eu estava calado, esperando que ela me desse mais atenção, parou de comer e me observava. Eu disse:
— A maneira da Maraísa falar comigo, e me pressionar não me agradou. Eu estava disposto a ir conversar com ela, entrar num entendimento, zerar tudo, e tentar retomar a relação, dentro de um acordo de sinceridade e confiança. Mas, eu confesso que mesmo gostando muito dela, entendo que se eu deixar que ela tome as decisões, aí que eu não terei mesmo nenhum peso e nem respeito. Não acha?
Suzy ficou me observando, por um período longo, talvez meio minuto ou pouco mais. Percebi que ela estava pensando seriamente no que deveria dizer. Eu me controlei e esperei que ela tivesse o que dizer.
— Corninho, vou ser bem sincera. Se depender do que eu prefiro, digo para você deixar essa mulher no vazio, não dar trela. Eu estou aproveitando bem aqui, podemos aproveitar bem mais, e depois, ver no que dá. Eu não tenho nada a perder. Só perco se eu disser para você correr agora atrás dela. Mas, de verdade, sem interesse, acho que você tem razão. Mesmo gostando dela, e querendo reatar, perdoar, e prosseguir com ela, nessa base, acho que você está certo. Se ela quer jogar pesado, você tem que ter colhões para encarar. Se ela gosta mesmo de você, vai ficar muito puta da cara, mas depois entrega os pontos.
Fiquei calado, ponderando. A Suzy poderia estar jogando brasa para o seu lado da assadeira, mas, senti que ela era sincera. E de certa forma, tinha razão. Eu não deveria ceder à pressão da Maraísa, só porque ela estava com raiva de eu estar com a Suzy. Afinal, era a hora de eu me impor.
Terminei a refeição, remoendo na cabeça o que deveria fazer. Aos poucos, consegui me desligar do problema e me concentrei na Suzy. Aproveitei para lhe dar mais atenção:
— Sabe, você é mesmo uma pessoa muito especial, digna e honesta. Eu sou um sortudo de ter conhecido você, num momento em que eu estava tão mal. Por favor, me desculpe, eu vou me desligar de tudo, e aproveitar que tenho você, pois na sua companhia e com você eu amadureci e aprendi muito. Só tenho a agradecer.
Suzy me olhava meio ressabiada, e percebi que parecia meio triste. Ela sorriu, mas havia um traço triste em seu semblante. Eu fiquei observando e ela finalmente sorriu dizendo:
— Corninho. Não vamos complicar. A quenga está aqui para isso mesmo. Fazer a sua folga muito mais prazerosa. Confesso que eu vou aproveitar também. Mas, não precisamos misturar as bolas.
Eu a abracei e beijei. Procurei ser muito carinhoso, porque estava mesmo com um sentimento de carinho e gratidão, sem falar que ela estava deliciosa. Nós nos levantamos e fomos de volta ao quarto. Nos atiramos sobre a cama abraçados. Pouco a pouco fomos nos envolvendo em carícias, fomos nos entregando ao momento e tivemos uma transa deliciosa, muito calma, com sexo oral por muitos minutos, 69 babado e sugado, preliminares que demoraram mais de meia hora, e eu muito satisfeito por conseguir controlar meu orgasmo e demorar muito tempo naquele sexo que nos consumiu inteiramente. Depois a possuí por mais de vinta minutos em três posições diferentes. Suzy gozou deliciosamente, gemendo muito. E eu finalmente também gozei. Mais um êxtase incrível.
Não vi quando adormecemos. Acordei no meio da madrugada, e vi que a Suzy dormia nua, serena e tranquila ao meu lado. Me levantei procurando fazer o mínimo de movimentos para não a acordar. Saí do quarto, peguei meu telefone e fui me sentar na sala.
Ali, no silêncio da madrugada, ouvindo lá fora o barulho das ondas do mar, fiquei refletindo muito sobre tudo o que estava acontecendo. Eu repassava todos os momentos e situações dos últimos dias e tive a certeza de minhas convicções:
“Sabia que eu amava muito a minha esposa, e que ela também me amava. Sabia que era verdade que tudo que aconteceu com o Geni, tinha sido como eles já tinham falado, e até a Suzy percebeu. Eu era o principal responsável por tudo que aconteceu, pois deixara acontecer, queria ver como seria, e depois fiquei dividido e inseguro, com ciúme do meu primo, quando na verdade, ele tinha feito tudo sem me esconder nada. E foi honesto ao me procurar e me falar sua verdade. A minha mulher deu para ele porque estava com vontade, e ela não escondeu, apenas fez jogo para me provocar. E depois de tudo, mesmo quando eu fiquei revoltado, magoado e inseguro, eles sempre foram verdadeiros e falaram a verdade. Eu não havia sido enganado. Então, o errado era eu, e não eles.”
Quando consegui resumir aquilo, eu entendi que a Maraísa tinha toda razão em ficar brava, pois em vez de eu ir falar com ela e nos entendermos, eu saí com outra, e estava envolvido, de certa forma, traindo, pois não era com o consentimento dela. Mas, quando lembrava da Suzy e tudo que eu havia aprendido com ela naquele curto espaço de tempo, e percebia o quanto era gostoso transar com ela, aprender o que ela me ensinava, e descobrir que eu poderia ser um amante muito bom, muito melhor do que eu era, e isso seria um ponto favorável na minha relação com a Maraísa. Não me sentiria mais inferior ao Geni, tinha sido um amante viril, poderoso, capaz de levar aquela deusa loira ao orgasmo várias vezes num mesmo dia. Tudo aquilo tinha sido importante e eu não queria ser uma pessoa ingrata e nem apenas me utilizar da Suzy. Mesmo cobrando, ela tinha ido muito mais longe do que um serviço de programa, ela tinha sido uma amante que se entregou, que se envolveu, e eu percebia que o fato dela se sentir envolvida, carente de amor, carinho, respeito e atenção, a fragilizava, e a deixava triste, pois sabia que eu voltaria para a minha esposa. Sabia e era experiente para entender tudo. Só que eu não me sentia bem em deixá-la antes do tempo combinado com ela. Eu achei que deveria ser muito grato a ela, e impor uma condição para a Maraísa. Eu voltaria quando eu estivesse pronto, e não na hora que ela havia determinado.
Naquele momento, tomei aquela decisão, e resolvi que ficaria os dois dias com a Suzy, ali naquele chalé, naquela praia, vivendo um momento nosso, que estava sendo maravilhoso e me devolvia todo o orgulho e a autoestima.
Desliguei o telefone celular, e resolvi nem dar satisfação para a Maraísa. Mas, depois, pensei que não custava dizer o que eu havia decidido. Liguei novamente o aparelho e enviei a ela a seguinte mensagem: “Querida, não faça chantagem comigo. Eu vou voltar e teremos a oportunidade de uma conversa. Uma conversa definitiva. Mas não será hoje. Ainda não estou preparado para esse encontro. Me aguarde. Volto em dois dias. Não faça loucuras e nem besteira. Não piore as coisas. Um beijo.”
Depois que eu enviei, voltei a desligar o aparelho para não ter o risco de receber nenhuma resposta ou ligação.
De repente, me senti aliviado, por ter tomado aquela decisão, e também muito cansado. Voltei para o quarto, me deitei ao lado da Suzy e adormeci até o começo da manhã, quando acordei com o cheiro de café e ovos mexidos que a Suzy preparava.
Eu mergulhei de cabeça naquela aventura. Foram dois dias deliciosos na companhia daquela garota tão nova, tão vivida, tão carinhosa, e tão sábia, e tão deliciosa. Nem no início do meu casamento eu tive tantas relações sexuais como naqueles dias. A gente tomava sol, nadava, cozinhava, comia, e transava com um tesão que nunca mais acabava. Eu adorava aqueles momentos, e imaginei que se a Maraísa estivesse com o meu primo, ela poderia estar transando com ele, aprendendo, tendo tanto prazer como eu estava tendo com a Suzy. Foi quando pude entender que existe uma enorme diferença entre você gostar de fazer sexo, com uma pessoa que você se sente bem em estar junto, e a falta que faz você estar sem a pessoa que você realmente gosta acima de tudo. Naqueles dois dias, a Suzy foi maravilhosa, uma companheira incrível, me ensinou coisas deliciosas, e deu para entender que se eu não gostasse tanto da Maraísa, poderia ter uma relação de grande envolvimento amoroso com aquela garota. Mas era a Maraísa de quem eu gostava mesmo. E sentia falta. Talvez, acontecesse o mesmo com a minha esposa. Poderia ter sexo maravilhoso, um envolvimento muito bom com um amante, ou mesmo com o meu primo, mas poderia ser que ela gostasse mesmo era do marido. E isso eu saberia quando voltasse.
Foi com esse amadurecimento e compreensão de todo o quadro, que eu me preparei para a volta.
No último dia, eu e a Suzy aproveitamos ao máximo, pois sabíamos, sem dizer nada, que estava chegando ao final aquelas “férias” deliciosas. Nos entregamos completamente.
Apenas três dias pareciam ter sido uma semana. Eu ainda tinha dias de folga no emprego, mas estava na hora de regressar e conversar com a Maraísa.
Deixei a Suzy no prédio dela, já era quase noite. Nos beijamos com carinho. Ela disse:
— Agora, juízo corninho. Sua cabeça tem que funcionar em sintonia com o seu coração. Vai lá e toma de volta o que é seu.
Sorri do jeito dela falar. E fui sincero:
— Uma parte de mim vai ficar aqui com você, para sempre. Você já mora no meu coração. Nunca vou esquecer de você.
Suzy deu risada e debochando, para não chorar, falou:
— Então, se não der certo, você volta. Aqui você sabe que tem sempre o que precisar. Você é um prêmio corninho, e a babaca da sua esposa, não vai deixar você escapar. Mas se acontecer, estarei aqui.
Ela saiu do carro sem olhar para trás e eu percebi que ela estava com lágrimas nos olhos. Esperei a Suzy entrar no prédio, liguei a picape e fui saindo. Para ocupar o vazio de silêncio que ficou eu liguei o rádio. E a música que tocava novamente parecia fazer todo o sentido:
“Se você não me queria”
“Não devia me procurar”
“Não devia me iludir”
“Nem deixar eu me apaixonar...”
A voz inconfundível de Milton Nascimento em dueto com Alaíde Costa, numa composição de Airton Amorim e Monsueto.
“Se você não me queria”
“Não devia me procurar”
“Não devia me iludir”
“Nem deixar eu me apaixonar”
“Evitar a dor”
“É impossível”
“Evitar esse amor”
“É muito mais”
“Você arruinou a minha vida”
“Me deixa em paz...”
Confesso que senti meu coração apertado, e como cantava o Paulinho da Viola, no samba "Foi um Rio que Passou em Minha Vida”...“todo o meu corpo tomado”...
Dirigia pensativo, com calma, mas, um pouco tenso, me preparando para chegar em casa e encontrar a Maraísa...
Continua ...
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