No próximo capítulo, aqueles que se acham inatingíveis vão começar a se ferrar.
Perspectiva do Hugo.
Acordei abruptamente, incomodado por uma sensação estranha. Levantei-me e fui até a janela, de onde observei, sem querer, uma cena desconcertante: meu irmão, Bernardo, saindo da minha casa. Logo em seguida, Bianca aparece correndo atrás dele. Primeiro, os dois se abraçaram, nada demais. Porém, em seguida, ele apertou a bunda dela e a beijou na boca. Mesmo estando de noite, minha casa é bem iluminada, portanto, pude ver bem aquela cena que me abalou demais. Os dois se afastam, e Bianca fala algo para ele que sorri, e depois ela entra, enquanto Bernardo segue a caminho da residência que eu dei para ele e fica perto daqui. Que desgraçado.
A perplexidade e a dor se misturavam dentro de mim enquanto eu tentava processar o que acabara de testemunhar. Meu próprio irmão, traindo a confiança que eu havia depositado nele desde sempre. Sentia-me traído e indignado, meu coração pulsava com uma mistura de raiva e tristeza.
Com o passar dos minutos, as imagens da cena repetiam-se incessantemente em minha mente, como se quisessem martelar a traição de Bernardo. Questionamentos surgiam, e eu me perguntava se deveria confrontá-lo. A raiva crescia a cada segundo, mas uma parte de mim hesitava em arruinar o relacionamento fraternal confrontando-o.
Decidi não tomar nenhuma decisão precipitada naquele momento. Fechei as cortinas, afastando-me da janela, e voltei para a cama, mas o sono parecia estar longe de mim. A sensação de traição permeava meus pensamentos, transformando a noite em um turbilhão de emoções conflitantes.
E a Bianca, bom, a Bianca sempre foi muito desinibida. Eu a conheci como acompanhante de luxo, eu não sou idiota. Sei que ela chama atenção por onde passa, mas eu pensava que ela gostava de mim, porra! Então, esses anos todos sempre foram por interesse? Como eu sou idiota. Eu, mais do que ninguém, não poderia ter me iludido. Antigamente, vivia em prostíbulos, esse tipo de mulher só se preocupa com grana. Depois que fiquei milionário, passei a sair com acompanhantes de luxo, acompanhantes de luxo que buscam ainda mais grana e presentes. Porra, eu preciso descobrir exatamente o que está acontecendo e há quanto tempo. Como eu poderia suspeitar do meu próprio irmão? Ele sempre esteve comigo. Nossos pais morreram, minha relação com o resto da família nunca foi boa, então na minha vida só ele e a Bianca mesmo. Puta que pariu, não acredito nisso.
Percebo que Bianca aproxima-se do quarto, eu finjo estar dormindo profundamente. Ela adentra no recinto, depois pelo que parece, ela foi ao banheiro. Abro um pouquinho os olhos e vejo que ela realmente está lá; a luz está acesa. Ela permanece no banheiro por uns minutos e depois sai e deita-se na cama. Eu permaneço na minha encenação de sono profundo e me pergunto se eles estavam... não, não pode ser, será? Será que a ousadia dela e do meu irmão chega a esse ponto?
O dia amanhece e eu não consegui pregar o olho devido ao que acabei descobrindo. Estou pensativo, olhando para o teto, quando tomo um puta susto com a mão de Bianca sobre mim e ela dizendo bom dia, amor, dormiu bem? Eu penso: "Caralho, quem é essa mulher com quem estou a tantos anos? Se ela de fato transou com meu irmão ontem, como pode ser tão dissimulada?" Ela chega mais perto e tenta me beijar, mas acabo virando o rosto. Ela parece não entender minha reação e pergunta: "O que foi, amor?" Eu me limito a dizer que não era nada, levanto-me da cama e caminho em direção ao banheiro.
Depois de tomarmos café da manhã, Bianca informou que sairia para fazer compras com uma amiga. Eu falei que tudo bem, mas pensei: será mesmo que ela vai fazer compras com uma amiga? Antes de descobrir que era corno, eu nunca me importei com as saídas da Bianca. Sempre gostei da minha liberdade, então, obviamente, eu não iria privá-la de fazer o que quisesse. Apenas respondi: "Vai fazer compras, amor, eu te amo", e ela foi para o quarto tomar banho.
Ninguém gosta de ser feito de idiota, e eu vou descobrir o que está rolando nessa porra. Agora, ficarei de olho nela e no meu irmão. A traição dele é a que mais me dói, afinal, ele é sangue do meu sangue, caralho. Bom, tenho que manter a calma, não posso dar bandeira. Decido ir para a sala, chegando lá, liguei a TV para acompanhar as notícias. Quero saber mais informações sobre o estado de saúde de Rebeca, esposa de William Andrade Filho.
Ao ligar a TV, as notícias continuavam a abordar a tragédia envolvendo Rebeca. Infelizmente, ela não resistiu ao tiro infligido por seu ex-namorado, Rafael, e acabou falecendo. Fiquei impactado com a notícia, imaginando a intensa dor que William, sua filha e o restante da família estavam enfrentando.
Essa situação só aumentava a tristeza e a gravidade do acontecimento, tornando ainda mais difícil compreender a dimensão da tragédia.
O julgamento de Rafael, ex-namorado da Rebeca, está previsto para ocorrer em breve no tribunal de justiça. Caramba, este será um momento crucial para esclarecer os eventos que levaram a essa tragédia.
Apresentador: "Rafael enfrenta acusações graves, incluindo invasão e o ato que resultou na morte de Rebeca Andrade. A comunidade está ansiosa por respostas, e o julgamento promete ser um passo importante na busca por justiça."
Apresentador: "A promotoria está se preparando para apresentar um caso robusto, enquanto os advogados de defesa de Rafael planejam uma estratégia para o julgamento. As emoções estão à flor da pele, e todos aguardam para ver como esse trágico capítulo se desdobrará perante a lei."
Apresentador: "A família Andrade, ainda enfrentando o luto pela perda de Rebeca, aguarda ansiosamente o desfecho desse julgamento. A comunidade, solidária com a dor da família, espera que a justiça seja feita diante das acusações que pairam sobre Rafael."
Apresentador: "Fiquem conosco para mais atualizações sobre esse caso sensível. Acompanharemos de perto os desdobramentos do julgamento e trazendo informações à medida que se tornarem disponíveis."
Perspectiva da Bianca.
Depois de me arrumar, desço as escadas e me deparo com Hugo assistindo ao noticiário na TV. Pelo visto, Rebeca não resistiu e acabou falecendo. Bom, sinceramente, não consigo sentir nada por ela. Agora, William Andrade Filho está solteiro, esse homem poderoso está livre na praça. Falo com Hugo sobre o ocorrido, mas ele fica irritado com a maneira como eu comento. Ele até grita comigo, e isso me assusta. Nunca o vi daquele jeito, e ele nunca levantou a voz para falar comigo.
Tento beijá-lo, mas ele vira o rosto. Pergunto o que ele tem, e ele desconversa. No café da manhã, ele estava frio, respondendo às minhas perguntas com respostas curtas. O Hugo sorridente de sempre parece outra pessoa. Não entendo o que está acontecendo. Irritado, ele apenas me diz para ir embora e fazer o que eu disse que ia fazer. Sua atitude comigo não é normal.
Ainda tento novamente dar-lhe um beijo, mas ele recusa e diz: "Bianca, simplesmente vá fazer suas malditas compras." Não digo mais nada depois disso. Me encaminho até a garagem, entro na minha Ferrari e vou embora. Essa atitude dele comigo foi muito esquisita.
Eu menti para Hugo. Não estou indo fazer compras com minha amiga; estou indo falar com um advogado, não o advogado do Hugo, é claro, mas outro profissional para entender toda a minha situação com meu marido. O trajeto é demorado, mas finalmente chego ao meu destino. Estaciono meu carro e vou em direção ao luxuoso prédio comercial onde o advogado Hernandez Bastos possui seu escritório.
Ao chegar ao andar correspondente, sou atendida por sua secretária, que me leva imediatamente à sala dele. Ao chegarmos, nos cumprimentamos, e ele diz: "Bom dia, senhora Bianca." Eu o corto e digo, me chamando de senhora, "Pareço velha. Pode me chamar de você mesmo." O Dr. Hernandez diz, "Desculpe-me. Se prefere que eu a chame de você, não tem problema. Por favor, sente-se. Aceita um copo de água?" Ele diz, "Sim, por favor." Eu o respondo.
O ambiente do escritório é elegante, e o Dr. Hernandez parece ser um homem experiente. Aproveito para observar o lugar. Bom estou aqui para obter informações valiosas sobre meus direitos e como lidar com a situação com meu marido.
Eu explico ao Dr. Hernandez que me casei com meu marido com separação total de bens, e que nós não temos filhos. Quero saber sobre minha situação caso nos separemos ou mesmo se algo acontecer com ele, mencionando o trágico acidente que ele sofreu.
O Dr. Hernandez ouve atentamente e, após minha explicação, ele diz: "Compreendo, Bianca. A separação total de bens é uma escolha que oferece certa proteção em termos patrimoniais. Em caso de divórcio, cada cônjuge mantém o que é seu, sem divisões complexas de bens adquiridos durante o casamento."
Ele continua, "No que diz respeito ao falecimento do seu marido, o processo pode envolver questões de herança, caso não haja um testamento definindo claramente a distribuição dos bens. Como vocês não têm filhos, a situação pode ser mais direta, mas é essencial revisar os documentos legais existentes e, se necessário, atualizá-los para garantir que seus interesses sejam protegidos."
O Dr. Hernandez parece experiente e seguro em suas explicações. Estou grata por buscar esclarecimentos sobre meu futuro financeiro e legal, e percebo que tomar essa iniciativa é crucial para minha autonomia e segurança.
Eu falo ao Dr. Hernandez que, mesmo antes do casamento, já vivíamos juntos e pergunto se isso já não se caracteriza como uma união estável. Comento: "Olha, doutor, na verdade, eu nunca havia pensado sobre isso até que o acidente aconteceu, e me dei conta de que eu tinha que saber minha real situação caso algo acontecesse. Fiz questão de falar: 'Olha, eu amo o meu marido. Ele sempre me tratou e continua me tratando como uma rainha. Espero que ele viva muitos e muitos anos ainda, mas creio que eu devo me precaver, não é mesmo?'"
O Dr. Hernandez escuta atentamente e responde: "Compreendo a sua preocupação, senhora Bianca. Quando há uma convivência antes do casamento, existe a possibilidade de caracterizar a relação como uma união estável. Nesse caso, os direitos e deveres podem ser diferentes em comparação com um casamento formal."
Ele continua, "É louvável que esteja pensando no seu futuro e buscando informações. A prevenção é sempre uma abordagem sábia. Vamos revisar os detalhes da convivência prévia e avaliar como isso pode afetar a sua situação legal. Dessa forma, poderemos garantir que você esteja devidamente amparada, seja qual for o desfecho."
O Dr. Hernandez parece ser um profissional comprometido em esclarecer minhas dúvidas e tomar as medidas necessárias para garantir a segurança dos meus interesses.
Diante das informações fornecidas pelo Dr. Hernandez, eu decido que quero contratar os seus serviços. Expresso minha decisão dizendo: "Então, doutor, eu quero contratar os seus serviços. Acho que é importante cuidarmos desses detalhes agora para evitar problemas futuros."
O Dr. Hernandez assente, demonstrando profissionalismo. Ele responde: "Compreendo a importância desse assunto, Bianca. Fiquei tranquila, farei o que for necessário para ajudá-la nessa questão. Vamos começar reunindo todas as informações relevantes e discutindo os próximos passos. Estou aqui para guiá-la e garantir que seus interesses sejam devidamente protegidos."
Assim, a partir desse momento, eu e o advogado Hernandez começamos a traçar uma estratégia para lidar com as questões legais envolvendo meu casamento e a situação patrimonial.
Perspectiva do Bernardo:
Estou malhando quando vejo no visor do meu celular que Regina está me ligando. Porra, ela está me enchendo o saco. Decido atender, e ela diz brava:
"Ei, te liguei ontem e nada de você me atender. Preciso te ver, Armando."
Eu respondo, tentando manter a calma:
"Olha só, eu estou muito ocupado com o trabalho. Na verdade, nem estou em São Paulo. Quando voltar, te aviso, tá bom?"
Ela pergunta meio aflita:
"Quando você volta, meu amor? Estou morrendo de saudade."
Eu respondo:
"Daqui uns dias eu volto. Olha, Regina, eu preciso desligar. Entrarei em uma reunião agora, tá bom?"
Antes de desligar, ela diz:
"Eu te amo, seu gostoso."
Eu respondo, sem muita convicção:
"Eu também."
Mas, na verdade, penso "porra nenhuma".
A verdade é que esse celular é reservado apenas para os contatinhos. O nome Armando e a história de ser um empresário são parte da fachada que construí para manter esse caso sem complicações.
Tenho que acabar o meu caso com a Regina. Ela está muito apaixonada por mim, e isso é um problema. Quando era só sexo, estava tudo bem, mas ela está começando a falar em se separar do marido, e isso não é um bom sinal. Apenas a vejo como um objeto de prazer e nada mais. Quando a seduzi, foi para simplesmente conseguir o que queria, e agora ela parece estar meia obcecada por mim. Ela pode se tornar um problema sério. Preciso pensar em uma forma de dar um jeito nela.
Bernardo, sendo cruel para alcançar seus objetivos, começa a maquinar um plano para se livrar de Regina de forma fria e impiedosa. Ele pondera sobre manipulações emocionais, mentiras e jogos psicológicos que possam enfraquecer a ligação emocional que Regina desenvolveu por ele. A perspectiva dele revela a falta de empatia e a disposição para usar qualquer meio necessário para preservar sua própria conveniência, mesmo que isso signifique destruir sentimentos alheios. Essa narrativa destaca a natureza egoísta e manipuladora de Bernardo, tornando-o um personagem cruel em busca de seus próprios interesses.
O tempo passa.
Perspectiva de William Andrade Filho.
A morte de Rebeca foi um duro golpe. Ela errou, me traiu, mas com toda a certeza, não merecia esse triste fim. Meu Deus, como eu poderia imaginar que o ex-namorado dela, o Rafael, fosse um homem tão perverso? Sim, porque só sendo assim para cometer um ato tão horrível.
Isabella, minha princesa, não para de chorar. Não é fácil. A dor da perda é algo muito forte.
Nesses momentos sombrios, é inevitável refletir sobre a fragilidade da vida e a imprevisibilidade dos acontecimentos. A dor da perda é como uma ferida aberta, e a traição, apesar de ter causado sofrimento, não justifica o desfecho trágico que Rebeca encontrou.
A crueldade humana, representada pelo ex-namorado Rafael, nos faz questionar a natureza do mal e como as pessoas podem ser capazes de atos tão terríveis. A tragédia evidencia a importância de reconhecer os sinais de perigo e de buscar ajuda diante de situações de violência.
No meio da tristeza e da confusão de emoções, é crucial encontrar apoio emocional e buscar formas saudáveis de lidar com a dor. A jornada do luto é única para cada pessoa, mas a compreensão e o apoio mútuo podem ajudar a amenizar o peso dessa perda avassaladora.
A cena do caixão sendo baixado com o corpo de Rebeca é uma imagem poderosa, carregada de simbolismo e emoções profundas. Ao testemunhar esse momento doloroso, somos confrontados com a inevitabilidade da morte e a fragilidade da existência humana.
A descida lenta do caixão é como um último adeus, marcando o encerramento de uma vida, repleta de sonhos, alegrias e desafios. É uma visão que nos lembra da efemeridade de tudo o que conhecemos e valorizamos. A morte, muitas vezes, nos força a confrontar nossas próprias vulnerabilidades e a questionar o significado da vida.
Naquele instante solene, somos levados a refletir sobre a preciosidade do tempo e a importância de aproveitar cada momento com aqueles que amamos. A morte nos recorda que a vida é frágil e que devemos cultivar relações significativas, expressar nossos sentimentos e viver de maneira autêntica.
Além disso, a tragédia envolvendo Rebeca nos alerta para a realidade da violência e do mal que podem existir no mundo. A sociedade é desafiada a buscar maneiras de prevenir tais atrocidades, promover a empatia e apoiar aqueles que enfrentam situações de perigo.
Enquanto o caixão desce, somos confrontados com a inevitabilidade do luto e a necessidade de apoio mútuo para enfrentar a dor. É um lembrete poderoso de que, diante da perda, encontramos força na união, no apoio emocional e na compaixão, buscando conforto nos laços que compartilhamos uns com os outros.
Rafael teve o que mereceu. Foi julgado pelos crimes que cometeu, incluindo o assassinato de Rebeca, bem como pelos esquemas escusos em que estava envolvido. Agora, o momento é de recomeço. Minha filha Isabella precisa de mim mais do que nunca.
Estela, a babá, é uma presença fundamental nesse novo capítulo. Ela não é apenas a cuidadora da Isabella; tornou-se uma espécie de segunda mãe para ela. Eu não a vejo apenas como uma funcionária, mas sim como uma amiga.
Neste período de recomeço, a união e o apoio mútuo são cruciais. Juntos, nós três, Isabella, Estela e eu, formaremos um novo núcleo familiar. A confiança e a cumplicidade que desenvolvemos ao longo do tempo nos ajudarão a superar as adversidades e a construir um ambiente seguro e amoroso para Isabella.
É tempo de curar feridas, de oferecer conforto e de olhar para o futuro com esperança. A vida nos impôs desafios difíceis, mas estamos determinados a transformar esse recomeço em uma oportunidade para fortalecer nossos laços e construir um futuro melhor.
Decidi vender a cobertura; afinal, não havia como continuar morando lá. O assassinato ocorreu naquela sala, e cada canto daquela residência trazia memórias dolorosas e sombrias. A necessidade de um novo começo e um ambiente que não estivesse carregado de lembranças trágicas era imperativa.
Optei por comprar uma bela casa em um ótimo condomínio. A mudança para um novo lar representava não apenas uma troca de endereço, mas sim uma busca por renovação e paz. A escolha de um ambiente mais tranquilo, longe das sombras do passado, visava proporcionar um recomeço para mim e para minha filha Isabella.
O condomínio oferecia uma atmosfera segura e acolhedora, perfeita para reconstruir nossas vidas. A casa nova seria um refúgio, um lugar onde poderíamos criar novas memórias e deixar para trás o peso do passado. A mudança simbolizava a esperança de dias mais felizes e a oportunidade de construir um futuro positivo para minha família.
William Andrade Filho ainda não sabia, mas a vida dele e a de Hugo estavam destinadas a se cruzar.
Continua...