Eu só tive forças pra dizer:
- Essa foi a melhor transa da minha vida!
Ele se deitou do meu lado com o pau ainda duro... (não pude deixar de pensar “mas essa vara não abaixa...”) e disse com a voz alterada pela respiração acelerada:
- É isso que a gente sente quando pega um macho de verdade...
Eu poderia ficar jogado ali ao lado do Carlos até adormecer, mas a gente precisava de um banho. Estávamos cobertos por gala e suor.
Me levantei, peguei uma toalha no guarda-roupas e atirei ao Carlos.
Nós tomamos banho juntos e como a pica dele não abaixava, acabei chupando ele mais um pouco no banho até receber mais uma dose da sua “essência viril” na garganta.
Terminamos o banho, nos arrumamos de novo, ligamos o videogame e jogamos até a Marília chegar.
O engraçado foi que ela chegou meia hora mais cedo também e levou um susto quando viu o Carlos.
Fomos até um cinema em um shopping mais perto e confesso que senti um “certo incômodo” na região do meu cu, enquanto caminhava.
A Marília não reparou, mas o Carlos me lançou uns olhares cínicos de vez em quando.
O filme foi legalzinho e depois de assisti-lo, nós três resolvemos sentar para lanchar, em uma lanchonete bem diferente que ficava no terceiro andar do shopping.
Era um lugar todo decorado com temas musicais. A iluminação era um pouco psicodélica.
As garçonetes usavam uniformes que incluíam saia e patins. Tinha aquelas máquinas de música que a gente sempre vê em filmes americanos.
Na verdade o lugar todo parecia americano demais. Até o cardápio era em inglês.
Depois que nós sentamos e eu observei esses detalhes, virei para os meninos e disse:
- Sabe, acho não é uma boa a gente comer aqui.
- Eu gosto da comida daqui. - a Marília disse e o Carlos completou.
- Eu gosto das garçonetes daqui.
- Se vocês quiserem ficar, tudo bem, mas eu acho esse lugar americanizado demais.
- Mas toca umas músicas bem bacanas.
Isso era verdade.
Desde que nós chegamos lá, a trilha sonora estava muito boa.
- Renato, se prestar atenção vai reparar que ali naquele canto eles tem um pequeno palco. Todos os sábados eles convidam bandas novas para tocar. Já imaginou se um dia a gente toca em um lugar como esse?
- É; ia ser bem legal!
- Ia ser o início do sucesso de vocês, além dos limites do nosso bairro.
- kkk - é verdade. - eu concordei.
- Mas mudando de pau pra cacete... - disse o Carlos.
- Você é sutil como um rinoceronte! Por que não fala simplesmente “mudando de assunto”?
- Mudando de pau pra cacete... - ele repetiu encarando a Marília que o tinha repreendido e agora estava soltando um bufada de desaprovação. - O seu aniversário está chegando, Renato. E embora eu já tenha te dado o seu presente, - ele disse com a cara mais cínica do mundo. - como vai ser a festa?
A Marília olhou de mim para ele, depois de ouvir a história do presente. Depois balançou a cabeça em um movimento estranho como se quisesse espantar um pensamento ruim que tinha lhe ocorrido.
Eu respondi a pergunta do Carlos.
- Na verdade eu não estou planejando nada e se a Marília não me lembrasse ontem que o dia estava chegando, eu só ia lembrar no dia quando a primeira pessoa me desse parabéns.
- Você precisa dar uma festa, Renato!
- Eu também acho. - a Marília concordou.
- Uma festa? Eu tenho que falar com a mamãe, não sei como estão os fundos monetários dela.
- Ei relaxa! Eu posso falar com o Senhor Erasmo pra ele deixar a gente fazer a sua festa lá na Árvore das Luzes. Eu e você providenciamos o som, escolhemos boas músicas e quem quiser comer que pague por um dos lanches da sorveteria.
- A Tsubasa pode tocar também. - o Carlos completou o pensamento dela.
- E eu posso falar com a mamãe pra gente alugar uma boa caixa de som e se o dinheiro der, a gente também pode alugar uma pista de dança como aquela que o Senhor Erasmo usou da última vez.
- Ei, o meu primo trabalha com esses aparelhos de luz e fumaça que a gente vê em festas; eu posso conseguir alguma coisa com ele.
- Se você conseguir isso, então fica selada a festa, Carlos. - eu disse.
Nós fizemos o pedido e continuamos a imaginar minha festa.
Se o Senhor Erasmo liberasse a Árvore das Luzes, e eu tenho certeza que ele ia, seria perfeito porque qualquer um poderia aparecer e como o lugar era grande ia ser uma super festa.
A Marília teve a ideia de fazer uma lista de convidados oficial. Na prática qualquer um poderia ir, mas segundo ela, mandar convite às pessoas, ao invés de dar um simples aviso de que vai ter uma festa, garantia mais presentes.
O Carlos se divertiu dando sugestões de convidados e os comentários dele e da Marília sobre as pessoas que eu sugeria eram impagáveis.
A comida chegou e nós continuamos a debater os detalhes. Por fim decidimos preparar um modelo de convite e preparar também um panfleto para distribuir pelo bairro e pela escola.
Se dependesse da gente aquela praça ia bombar.
Mais tarde naquele dia, quando voltamos para casa, me despedi primeiro da Marília e depois o Carlos continuou andando comigo até em casa.
Eu virei para ele e disse uma coisa na qual pensei várias vezes aquela tarde.
- Carlos, não mudou nada né!
- Mudou o quê?
- Entre a gente; quero dizer, depois do que aconteceu...
- Ah tá, isso! E por que mudaria? A gente é amigo, né?
- Sim, meu melhor amigo... Mas olha, eu não quero te enganar... Eu ainda amo o Alex.
- Agora me conta uma novidade.
- Você não se importa?
Ele me olhou por uns segundos com um olhar intrigante.
- Renato, eu me importo com você e com a sua felicidade.
Ele disse sério, com a mesma expressão no rosto que ele usou tempos atrás quando me alertou para não usar a Marília e quando disse que ia me ajudar no meu plano maluco. Ele continuou.
- Foi horrível pra mim e pra Marília te ver sofrendo nas últimas semanas. Deus sabe o quanto eu preferiria que essa dor fosse em mim. Eu sempre te observei de fora do seu mundo e foi graças ao Alex que eu pude fazer parte dele também, por isso eu não posso ter raiva dele pelos soquinhos que a gente trocou, e nem posso pedir pra você arrancar esse amor que está aí dentro. - ele disse apontando para o meu peito. - Por isso eu não me importo que você ame o Alex. Quanto a mim, ter me tornado seu melhor amigo e fazer parte da sua vida... Nossa! Foi a melhor coisa que me aconteceu nos últimos tempos e Deus sabe que a Marília sente a mesma coisa.
Eu fiquei emocionado de ouvir essas palavras. Ele continuou:
- Quanto a hoje à tarde, bom, eu já te disse que adoro me divertir com outros caras e hoje foi diversão também. E deixe-me dizer que foi uma das melhores transas da minha vida. Mas foi desse jeito porque você quis, eu não pude deixar de reparar que você não tentou me beijar sequer uma vez. Pra mim tudo bem, mesmo “só” diversão, com você tem um gosto diferente. Mas quando você estiver preparado, eu quero te mostrar que também sou capaz de amar como o Alex te amava. Talvez até mais, mas você ainda não está pronto, Renato! - ele disse com o olhar mais triste que eu vi no rosto dele. - Mas um dia vai estar! E eu estarei bem aqui quando isso acontecer.
Ele fez um carinho na minha cabeça, assanhando meu cabelo e deu um sorriso.
Me despedi do Carlos com um tradicional aperto de mão, na porta de casa.
Quando fechei a porta atrás de mim, respirei fundo e comecei a processar tudo que tinha acabado de ouvir.
Carlos, sem dúvida nenhuma, o melhor amigo que eu poderia querer.
Mas será que algum dia seria mais do que amizade?
O Carlos sempre me tratou bem, mesmo quando eu não falava com ninguém eu nunca ouvi nenhum comentário ou reprovação vinda da parte dele e quando o Alex perguntou se eu podia entrar no time de futsal, ele aceitou na hora.
Também foi ele que me apresentou para o resto do pessoal e me levou à Árvore das Luzes pela primeira vez.
E mesmo sendo todo palhaço e meio tarado, não contou para ninguém sobre mim e o Alex, pelo contrário, ainda me ajudou a guardar o segredo além de me ensinar física nas horas vagas.
Não havia dúvidas de que ele seria um excelente namorado.
Eu me senti meio nojento quando me ocorreu que eu consegui dar como uma puta pra ele, mas “um único beijo” foi demais para mim. Eu fui incapaz...
Porque o coração da gente é tão burro? Quero dizer... Ali estava eu, sozinho e ali estava o Carlos sozinho e aparentemente apaixonado por mim.
Mas eu não conseguia amar ele... Eu amava um cara chamado Alexander que estava em outro país a milhares de quilômetros de mim, e a julgar pelo total silêncio depois da sua partida, ele não queria nunca mais olhar na minha cara!
Amar o Carlos seria tão simples... E certamente me faria muito feliz.
Feliz como eu não era desde o dia em que eu soube que o Alex ia viajar.