Quando voltei para o salão do restaurante, vi que Vicente chegou e achou nossa mesa, logo cumprimentava João, que o abraçou meio sem jeito com as mãos cerradas num claro sinal de desconforto devido à timidez.
- Então você que é o novo velho boy do Paolo? – consegui ouvi-lo dizer conforme me aproximava – Fico feliz em conhecê-lo, ele falou muito bem de você. Espero que tenha feito o mesmo sobre mim.
- Fez sim. Passou ótimas referências suas. É muito bom saber que alguém realmente competente vai ajudar no meu caso.
- Tudo pelos amigos, mais ainda pelos pupilos. Falando nisso – virou-se para mim, percebendo minha aproximação – quanto tempo, hein, Puppy?
- Ai, meu Deus, lá vem você com esse apelido outra vez – dado a mim na calourada da faculdade, porque inventei de ir com uma bolsinha lateral estampada de cachorrinhos fofos, assim como fiquei vermelho na hora do interrogatório em que os veteranos me perguntaram se eu curtia um rolê furry. E eu curtia. – Vou te abraçar apenas porque gosto muito de você e estava com saudades, caso contrário, ia dar na tua cara.
- Ah, para. É engraçado chamar um cara gigante como você dessa forma. De qualquer maneira, também estava com saudades, vem cá – aconcheguei-me em seus braços e reparei que ele não parava com alguns hábitos de quando ainda não tinha muitas condições financeiras.
- Tá usando Malbec de novo? Com dinheiro pra comprar O Boticário inteiro, ainda tem coragem de usar isso.
- Nem vem que eu tenho certeza de que você tem um Humor da Natura guardadinho no teu guarda-roupa ainda.
- Tenho, mas ao menos ele é bom. Agora isso daí...
E assim conversamos amenidades e jogamos uns shades amistosos aqui e ali até concluirmos os pedidos. Fomos de menu degustação para facilitar e suco de uva para cada um. Vicente costumava beber um espumante ao menos, mas o assunto exigia sobriedade.
- Bom, já sei a história por cima, mas agora quero ouvir diretamente de você, João.
- Ok – respirou fundo e metralhou. – Quando completei 18 anos, no ano seguinte ao que nos formamos no ensino médio, um olheiro que já me acompanhava por uns tempos me fez uma proposta de seguir carreira numa espécie de série B do UFC. Aceitei mais que depressa e comecei a viajar com aquele cara mundo afora. Eu era, ou melhor, sou bom, e o dinheiro foi entrando sem parar.
“Junto com o dinheiro, mulheres. Eu sempre fui gay, mas por pressão do meu empresário, eu tinha que pegar umas minas para, segundo ele, manter a virilidade necessária para enfrentar outros homens. O que ele não contava é que uma dessas mulheres seria a filha mais velha dele. Quando Wanessa começou a viajar com a gente para servir de secretária ao seu pai, ela se aproximou de mim e tentou de todos os jeitos ficar comigo, mesmo eu me esquivando por imaginar ser uma enrascada”.
“O segredo para me manter ‘viril’ era pegar uma vez e, caso eu broxasse com as minas, como acontecia na maioria das vezes, meter o pé, não dando margem para entenderem que meu problema de ereção era recorrente e especularem o porquê. Com um caso fixo, isso poderia ser um pouco mais desafiador e meu patrão era extremamente protetor com a filha, dizia que a família era tudo. E isso foi durante um ano, até que, durante uma festa pós-luta qualquer, recebi uma mensagem do Cris através dela, que também controlava minha comunicação, dizendo que a Vó Odete estava internada e gostaria de me ver”.
Vó Odete era a minha avó, a primeira pessoa para quem contei na família ser gay. Levei João muitas vezes na casa dela durante os feriados que passávamos por lá. Ela sabia a relação que eu tinha com ele e não apenas encarava com naturalidade, como também o chamava de neto. Quando estava em estado terminal, pediu para comunicá-lo que gostaria de vê-lo uma última vez.
- Eu fiquei extremamente sentido e pedi que Wanessa me comprasse uma passagem de volta para o Brasil urgentemente, pois estávamos em Vancouver. Mas tinha uma luta para acontecer em três dias e eu precisava me preparar e fazer algumas sessões de fotos para publicidade, portanto Wanessa não me deixou sair dali, nem por um único dia. Eu estava preso numa gaiola de ouro e, graças à tristeza que me tomou ali, eu bebi enchi a cara pela primeira vez naquela trajetória.
“Aproveitando-se disso, Wanessa me arrastou para um dos quartos da casa onde a festa acontecia e, vendo que eu estava pra lá de bêbado, fez o que vocês já podem imaginar. Quando acordei, revoltado com o ocorrido, do qual me lembrava apenas de flashes, decidi largar aquela vida inteira para trás, já não fazia mais sentido. Porém o contrato me amarrou e não apenas não podia largar a carreira, como também acabei engravidando aquela mulher aquele dia”.
“Com a cabeça perdida, além do contrato de trabalho, eu ganhei um contrato de casamento. Parei de lutar contra aquilo tudo e encarei que minha vida seria aquela a partir de então. Eu por tanto tempo achei errado ser gay, então talvez fosse a hora de ser 'hétero de verdade', apesar das dores que aquilo me causava. Também cresci renegando à fama, por conta da doutrina da igreja em que fui criado que pregava a modéstia, mas eu já estava ali, então era hora de decolar um pouco mais”.
- Meu Deus, que novela das nove é essa?! – Vicente acrescentou, enquanto já estávamos no segundo prato do menu.
- Pra você ver – retomou João, após um gole de suco para umedecer a boca que tanto já falava. – A partir daí, eu comecei a galgar mais espaços na luta e cheguei até o UFC, minha ex-esposa comprou uma casa em Los Angeles para fixarmos nosso endereço e, quando meu filho nasceu, meu mundo ganhou ao menos um feixe de luz. Ele era tudo para mim e comecei a viver apenas por ele.
“Quando Leone tinha apenas nove anos, Wanessa foi viajar sozinha pela primeira vez desde o parto e sofreu um acidente de carro, que a matou. Isso abalou muito as estruturas da criança, apesar de eu me sentir, de uma forma egoísta, livre daquele pesadelo. Wanessa era ciumenta e colocou uma prima dela para ser secretária enquanto se dedicava exclusivamente à criação do nosso filho. A mulher me marcava dia e noite, ao menos era uma excelente mãe, isso não posso negar.”
“Quando se foi, a avó do Leone disse que eu poderia ficar tranquilo. Ela assumiria a responsabilidade pelo meu filho enquanto eu estivesse ausente. Por já estar mais estabilizado nas lutas, tinha intervalos maiores entre elas e podia treinar em casa. Então ele ficava comigo em Los Angeles nesse período e com a avó em São Paulo nos demais".
- Ela chegou a te pedir para assinar alguma coisa relacionada à guarda? - perguntei imaginando que ela não daria ponto sem nó, assim como percebendo a tendência de João não ler bem seus contratos.
- Assinei alguns papéis que ela disse se tratar de procurações, que facilitariam os cuidados do meu filho quando eu estivesse ausente. Mas tudo mudou quando, meses após o ocorrido. Tive que dividir o mesmo vestiário com um adversário e, após a luta, enquanto o ajudava a por seu nariz no lugar depois de tê-lo arrebentado, me roubou um beijo e transamos como animais dentro daquele lugar. Acabamos demorando mais que o normal, havia anos que não sentia aquilo e queria aproveitar cada segundo. Daí a secretária foi me buscar, mesmo sendo proibida de acessar esse tipo de local e me flagrou exatamente quando eu estava gozando dentro do cara.
“Eu não a vi ali, ela não disse nada, mas acabou filmando o exato trecho e mandou para a cobra. Qual foi minha surpresa quando, dias depois, chega uma carta de rescisão de contrato, um cheque meia-boca, que não fazia sentido perto do que me deviam daquelas lutas, e um CD com uma cópia do vídeo. Para fechar, uma carta que declarava que, a partir daquele momento, eu não teria mais acesso ao meu filho, que alegariam comportamento agressivo e até... Um abuso”.
A história era dolorida de se ouvir. Os anos passam e os pactos da heteronormatividade seguem firmes e fortes e eu estava decidido a ajudá-lo romper com essa crueldade. Enquanto ele seguia com alguns detalhes extras, finalmente recebi a mensagem esperada.
- A cobra loira chegou.
Eu conhecia o Victor, o primeiro dos dois únicos amores da minha vida, sabia que o que eu faria ali deixaria-o um tanto encabulado, mas depois daria altas risadas com o espetáculo que eu protagonizaria. Eu vivi no armário por anos suficientes para conseguir interpretar complexos papéis e ser advogado aprimorou o talento para Artes Cênicas.
Pedi licença ao Vini e ao Victor, disse que precisava fazer uma ligação. Levantei-me e fui flutuante até a entrada. A hostesses já conduzia a dama e seu cavalo, digo, cavalheiro até a mesa. O seu chofer tinha cara de não mais que vinte anos, mas o corpo era extremamente forte e bem definido, realmente muito bonito e com um sorriso safado no rosto, claramente cortejando sua chefe. Não sei se por gostar de mulheres com o triplo da sua idade para mais, por dinheiro ou pelos dois, aquele cara parecia saber exatamente o que queria e o que queria fazer.
Tirei uma foto dos dois, capturando o exato momento em que trocavam um olhar comprometedor e ela tocava seu braço, apertando os músculos. Antes de sentarem-se à mesa, abordei o casal de forma efusiva, falando em alto e bom som:
- Dona Franciscana! Que prazer te ver aqui, realmente uma coincidência!
- Como ousa me chamar assim? Quem é você? – a reação dela queimando de ódio foi instantânea. Aparentemente o segurança também não conhecia o nome dela, pois mal segurou o riso.
- Ousada foi a senhora conseguindo até no JusBrasil dificultar achar teu nome. Fran é pouco para alguém com tanta imponência. Francisca comum demais. Franciscana combina mais com teu interior – um interior horroroso, mas deixei essa parte de fora.
Essa frase pareceu desarmá-la um pouco. Péssimo para ela.
- Certo, aceitarei essa explicação, desde que não repita este erro. Agora diga: quem é você e o que quer comigo? – ajeitou a coluna e deixou sua breguíssima Louis Vouiton em cima da mesa – Lucas, sente-se e peça nossas bebidas enquanto recepciono este rapaz – disse dirigindo-se ao chofer, que a obedeceu sem perder o que estava acontecendo ali com certa malícia. Aparentemente, nem ele gostava dela.
- Você não me conhece de fato, mas está prestes a conhecer e se arrepender logo em seguida.
- Ainda não entendi o que quer dizer – o botox a impedia de franzir a testa, apesar de parecer que é o que ela se esforçava para fazer, cômico.
- Eu fiquei sabendo que a senhora tem um talento para exercer a homofobia como ninguém e está prestes a receber um processo do tamanho do braço do teu amante aí atrás. Inclusive a foto de vocês dois já foi parar no celular do teu marido e tenho certeza que ele vai ficar impactado ao saber que você faz com teu chofer o mesmo que ele faz com a sobrinha secretária.
A mulher estava atônita e com ares de quem passaria mal. Algumas mesas ao redor já pescaram que dali sairia uma grande fofoca e o salão foi ficando em silêncio aos poucos. Sobre a secretária, eu não tinha muita certeza, mas joguei no ar para tacar mais fogo naquele parquinho do mal.
- Você está me ameaçando!? E como assim meu marido fica com minha sobrinha? O QUE ESTÁ ACONTECENDO AQUI E QUEM É VOCÊ?
- Ele é meu namorado, Dona Fran. O amor da minha vida – não vi que JV se aproximando, mas fiquei feliz que o fez ainda mais com essa frase na ponta da língua e um timbre grave, sério.
- Ei! Você é o Victor Madeira! Victor Madeira! - disse o chofer com a empolgação de uma criança encontrando a Xuxa.
- João Victor?! O que você está fazendo aqui? Teu lugar é na sarjeta, achei que a incompetente da minha sobrinha tinha dado um jeito de acabar com teus documentos, era para você estar preso na Europa! E ainda dizendo que ama um HOMEM? SUA BICHA!
Ah, é verdade! Eu sempre fui bom em decorar números, como de documentos e telefones, e ele não sabia nem mesmo os próprios. Quando se viu sem documentos no meio da Europa Oriental, ávido por voltar para a casa e resolver essa situação, a única pessoa que pensou que saberia o número de um documento seu seria eu. O consulado brasileiro exigiu ao menos os números para ver o que podia fazer. Fui achado pelo Instagram e qual foi minha surpresa quando um perfil verificado com mais de um milhão de seguidores me mandou uma mensagem.
Independentemente do tempo passado e dos motivos que o fez se afastar de mim, eu sabia, lá no fundo, que JV um dia voltaria para mim. Cris, antes de partir, disse-me ainda para tentar encontrá-lo novamente, pois se alguém poderia me fazer feliz tanto quanto Cris me fez, seria JV. Por esse peso emocional todo, respondi imediatamente e corri para ajudá-lo com a documentação. Dez dias depois, com muito custo e conhecimentos jurídicos bem aplicados, ele chegava no Aeroporto de Guarulhos e eu o recebia com uma placa escrita bem caligrafada: “Finalmente!”. Estive certo quando pensei que trazê-lo de volta para o Brasil seria mais fácil do que tentar os EUA direto.
A recepção foi menos calorosa do que imaginei que seria. Tenho uma mente um tanto fantasiosa e imaginei a gente já se beijando ali mesmo, porém ele estava tímido e bastante desconfortável por ter me pedido ajuda, sabendo que tinha me abandonado anos antes. Tentei fazer de tudo para o clima amenizar naqueles primeiros momentos, mas parece que havia uma barreira entre nós dois, aparentemente intransponível.
Confesso que me abalei um pouco e já estava pensando o quão arrependido estava de ter levado aquilo adiante. O caminho do aeroporto até minha casa deve ter durado uma hora e trocamos poucas palavras, completamente direcionadas para os trâmites da viagem, ainda nem sabia exatamente o que o tinha deixado naquelas condições.
Quando chegamos, desci sua pouca bagagem do porta-malas, levei até a sala e fui buscar um pouco d’água para nós na cozinha, deixando aquele mala com suas malas. Mas, quando retornei, me deparei com uma cena que partiu meu coração. Ele chorava dolorosamente, um choro mais para dentro do que para fora, quase silencioso, porém se contorcia. Corri para abraçá-lo e ali, daquele jeito, ele começou a contar a história que reproduzia para nós no jantar à mesa novamente. Porém a história foi mais além e fez um retrospecto, durante o choro, da saída dele da minha vida e as coisas que passou sem mim. Mas, antes de falar isso, voltemos ao barraco no restaurante.
Quando a mocreia gritou “sua bicha!” o restaurante inteiro se virou para nós e ouvimos alguns “oh!” ecoando pelo salão. Aproveitei a deixa e dei um beijo intenso, porém rápido, na boca do meu homem, puxando-o pela camisa. Aquela senhora que era pálida de tão branca, ruborizou de uma forma impressionante e estava a ponto de cometer um crime ali mesmo pelo jeito. Mais um, na verdade, já que homofobia por si só é crime.
- O que você faz aqui, João Victor? Eu não estou entendendo! Você é louco de vir atrapalhar meu jantar e me afrontar desse jeito?
- Atrapalhar? Você é quem atrapalhou a minha vida. Se não fosse uma velha frágil, eu já teria....
- Te processado antes - interveio Vini, antes que uma ameaça de agressão física atrapalhasse tudo. - E nos veremos todos no tribunal assim que o oficial bater à sua porta, Senhora Franciscana. Sou o advogado do João Victor e, a partir de agora, dirija-se somente a mim. Sei que a senhora também é advogada e sabe as implicações da conversa de hoje nos autos do processo que montarei contra você e seu marido. Sugiro, desde já, que libere ao meu cliente a visita assistida ao seu filho, para amenizar o lado de vossa senhoria. Você pode combinar tudo através deste e-mail aqui – disse, estendendo um cartão-visita para ela – e, preferencialmente, nada de ligações. A voz da senhora é insuportavelmente estridente e não pretendo ouvi-la mais que o necessário, assim como pretendo poupar meus assistentes do mesmo. Agora, voltemos para a nossa mesa que já é chegada a hora da sobremesa.
Vini se virou e seguiu pleno até o nosso lugar novamente. João pegou uma das minhas mãos, ergueu, olhou em direção à Franciscana, e beijou-me a mão com ternura, antes de me puxar em direção à mesa novamente. Perifericamente eu vi a mulher pegar sua bolsa, xingar seu chofer de incompetente por não ter intervido e sair puxando marcha. O salão, que estava silencioso para perder nem um detalhe, explodiu numa chuva de conversas e numa bateção de copos e talheres, enquanto nos acomodávamos novamente.
Vini começou a rir primeiro, contagiando a mim e, por último, João.
- Agora eu entendi o porquê da tua escolha de ter vindo neste restaurante, nunca foi tua vibe fazer reuniões aqui – disse Vini.
- Pois é. Quando João me contou essa história toda e fui procurar o rosto dos envolvidos, eu sabia que já tinha visto essa mulher em algum lugar. Quando puxei que era advogada, tive certeza de onde. E aí, meu bem, o que achou?
- Paolo, você não existe! Eu até quis ficar bravo contigo num primeiro momento, mas logo vi que era necessário deixar aquela vaca estarrecida. Obrigado por isso.
Prosseguimos o nosso jantar de forma descontraída, combinamos a ida ao escritório de Vini para a terça seguinte e rumamos para a nossa casa. Estava começando a chamar de nossa, ainda que estivesse com ele havia 5 dias. Não acho que por ser iludido, mas porque estávamos sendo o que nascemos para ser.
- Pa, vamos para a igreja amanhã?
Surpreendi-me um pouco com aquela pergunta, mas entendi de onde ela vinha. Eu também precisava disso e havia alguns bons meses que não a frequentava. Estava na hora de agradecer pela minha vida, depois de tantas turbulências nos últimos tempos.
Já em casa, tirei meus sapatos ainda na entrada e, antes de tirar as meias, João me agarrou e puxou-me até o sofá, onde caí meio sem jeito.
- Nada de tirar as meias e pisar no chão agora. Deixa que eu faço isso pra você e quero teus pés limpos.
Eu podia jurar que estava no céu. Fiquei deitado enquanto ele tirava minhas meias lentamente. Beijou o colo do pé direito com carinho e selinhos e sequenciou com uma chupada no dedão que me deixou mole. Quando ele começou a esfregar a sola na sua cara e bater em seu rosto com ela, eu comecei a ficar ofegante, num tesão que há eras não sentia. Gosto de transar com o corpo inteiro, então não encaro ter tesão com pés como fetiche, mas, se é um, eu sou viciado.
- Na última vez eu...
- Shiu! Só continua - interrompi. Na última vez que transamos antes dele sumir, fiquei traumatizado após o escândalo que ele fez quando inventei de lamber seus pés, me chamou de nojento e tudo mais, mas não era de traumas que eu precisava naquele momento. Eu só precisava dele.
Aproveitei que os pés dele estavam próximos a mim e já fiz o mesmo, mas de forma mais bruta. Arranquei as meias, peguei os dois pés de uma vez e os esfreguei na minha cara. Estavam cheirosos e com leve aroma de talco. Eu queria morar dentro daquela sensação. Os pés dele eram levemente ásperos, talvez por conta dos treinos, mas preservava regiões macias. Os meus eram um pouco ásperos também por andar muito descalço, mas, de qualquer forma, aquilo estava perfeito. Com o meu outro pé livre, comecei a massagear seu pau e suas bolas, numa esfregação maluca.
Estava com dó de desfazer aquele look, mas tirar sua calça era fundamental. Nos despimos, deixando apenas as cuecas. Nossos paus pulsavam como que lutando para se livrarem daqueles tecidos, mas eles eram necessários. Com um dos pés ele começou o mesmo movimento no meu pau, com o outro ele começava a bater em minha cara, e, quando parava de chupar meu pé em sua boca, me chamava de putão e que tentava expressar o quanto estava amando aquela sensação. Já não fazia mais sentido o silêncio, então comecei a gemer sem parar. Meu pau gritava para ser liberado, mas o tecido o protegia da fúria do pé que o esfregava.
Eu poderia morar naquele momento, mas o gozo se aproximou. Meus gemidos anunciaram, ele começou a enfiar tudo o que dava do seu pé na minha boca e, diferentemente das fodas anteriores, não coloquei JV para engolir ou para receber minha porra dentro do seu cu, simplesmente deixei aquela espécie de “penheta” me fazer chegar lá e comecei a gozar no tecido, me contorcendo no sofá. E ao sentir a porra umedecendo seu pé, João começou a ficar ensandecido. Eu ampliei os movimentos sobre a cueca dele e esfregava meu rosto e minha língua por aquela sola deliciosa. Não demorou nem um minuto e ele também chegou ao orgasmo.
Ficamos abraçados às pernas um do outro recuperando o fôlego e só não adormeci ali porque ele me puxou para a cama. Não precisava nem mais de remédio para dormir. Ele era o meu remédio.
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Parte quatro em produção, logo eu a posto para vocês.