Alguns dias se passaram e já estávamos no Rio de Janeiro. Eu estava me sentindo melhor a cada dia e Regina parecia estar bem. Levei ela em casa e Armando já foi logo dando esporro em nós dois pela gravidez e nela por confiar demais em pessoas estranhas.
Imagina um homem da minha idade, tomando esporro de um cara que tinha quase a mesma idade que eu, mas eu entendo. Ele é pai e eu também tenho uma filha.
Depois do sermão, os ânimos melhoraram e aí começaram as cobranças. Armando me perguntava sobre o divórcio e quando que eu iria me casar com Regina. Nem sei se ela queria um casamento, mas Armando não admitia que Regina tivesse um bebê, sem antes se casar.
Nós explicamos que isso era coisa do século passado e eu garanti a ele que já estava procurando um imóvel e que Regina iria morar comigo.
Andréia e Regina estavam trocando figurinhas sobre enjôos, desejos e outros papos de gravidez, enquanto eu e Armando fazíamos planos sobre o futuro de Regina e sobre a festa de dezoito anos dela, que seria semana que vem.
Me despedi dela e voltei pra casa. Os dias foram passando muito rápido. Muita coisa pra resolver em pouco tempo. Ir no médico com Regina fazer vários exames e pré-natal, procurar um imóvel pra comprar, ver mobília e ainda arrumar um tempo pra namorar.
Regina estava insaciável e eu ainda não estava 100%, mas dei conta do recado. Nós não tínhamos um lugar pra transar e motel nós não podíamos por causa da idade dela. Chegamos até a pensar numa possibilidade dela ir escondida no carro, mas eu falei que após o seu aniversário, iríamos passar a noite num motel, porque ela estava doida pra conhecer um.
Fiz reserva no Vips, um motel bem conhecido que fica na zona sul e enquanto não dava pra ir no motel, eu alugava casas no Airbnb, mantendo um pouco da nossa rotina na França.
Regina conseguiu retomar algumas amizades que ela tinha e isso foi bom pra ela, porque se sentia muito sozinha. Sua irmã Sara, estava numa época complicada na faculdade e seu namoro com Abel parecia ter problemas, pelo menos foi o que Regina me disse.
Os dias passaram e a festa de aniversário da Regina chegou. Eu estava muito apreensivo, porque seria a primeira vez que a minha família, incluindo Nikke, que Regina fez questão de convidar, iria interagir com Regina. Eu temia que algo de ruim pudesse acontecer e a festa virasse uma baixaria.
Nikke me garantiu que iria ficar tranquila, mas Joana é meio impulsiva e Valentina adora uma zoeira, que nem o meu pai. Sara é outra que é meio barraqueira e iria defender a irmã a qualquer custo e ainda tinha a possibilidade da Graziele aparecer na festa, pois tinha prometido à Regina que iria comparecer e aí sim as coisas poderiam se complicar e ainda tinha o Pedrinho, mas Nikke me disse que ele não apareceria.
Era uma festa pra no máximo umas 50 pessoas, mas que provavelmente iriam menos gente, pois foi tudo organizado de forma meio corrida e então as pessoas começaram a chegar.
Regina estava linda com um shortinho dourado, bem elegante que era sensual sem ser vulgar e um cropped dourado, aliás a temática da festa era essa. Tudo na decoração era dourado.
Ela fazia questão de mostrar a barriga, embora não tivesse ainda visível que estava grávida. Ela estava sim, um pouco mais inchada, como se tivesse ganho algum peso extra, mas nada muito exagerado.
Eu estava conversando com Armando e Andréia, falando que já tinha comprado um imóvel no Méier, bairro que fica na zona norte do Rio de Janeiro, mas faltava fazer uma reforma e mobiliar.
Armando - Méier, Pedro? Porra, tu vai morar no Méier? Longe pra caralho!
Pedro - Que isso, Armando? Meia hora da sua casa, pegando a linha amarela.
Armando - Por quê não comprou aqui pela Barra ou Recreio? Sei que dinheiro não é problema pra você, a não ser que você esteja meio apertado.
Pedro - Realmente morar no Méier, foi também uma questão de dinheiro, porque na verdade, a intenção é nós mudarmos pra Paris.
Armando - Já te falei que eu sou veementemente contra isso. Morar no Méier já é longe, mas ir pra outro país? Se depender de mim, você não vai levar minha filha pra tão longe de mim.
Pedro - Sua filha, mas minha esposa, que aliás vou pedir em casamento hoje. Olha o anel que eu comprei!
Andréia - Que anel lindo, Pedro. Você tem um excelente gosto.
Armando - Você vai fazer uma cagada daquelas! Deixa pra fazer isso outro dia, só com vocês dois. Sua família vai chegar daqui a pouco e o divórcio ainda nem saiu.
Pedro - Isso é só um detalhe técnico.
Vi que Regina se aproximava e escondi o anel rapidamente. Ela estava acompanhada de Sara e outras duas amigas de Regina.
Sara - Pai, o Abel alugou uma casa em Petrópolis para o próximo fim de semana. Iremos nós quatro pra lá, ok?
Armando - O Abel e vocês? Ou mais alguém vai?
Regina - Tem mais gente.
Pedro - Quem?
Sara - Uns amigos do Abel e talvez mais alguns garotos…
Sara e Regina começaram a rir e as duas amigas da Regina ficaram envergonhadas com o rosto que nem um pimentão vermelho.
Pedro - Regina, a gente tem um monte de coisa pra resolver. Vai ficar puxado pra gente ir pra lá.
Sara - E quem disse que você foi convidado a ir?
Olhei pra Sara, indignado com essa atitude dela e por pouco não falei uma besteira. A verdade é que a minha relação com Sara era até boa, mas depois do anúncio da gravidez, a coisa azedou. Ela vivia me jogando indiretas e pra não magoar a Regina, eu preferia engolir os sapos.
Regina - É só um fim de semana, meu amor, e é por um bom motivo. Desencalhar essas duas aqui.
Aí então que elas ficaram totalmente sem graça e quase saíram dali, enquanto Sara e Regina riam da cara delas.
Sara - Pai, o negócio é o seguinte. A Regina, por causa da gravidez, está meio que uma “persona não grata” e alguns pais estão enchendo o saco falando que a Regina não é uma boa companhia e tal…
Armando - Isso é um absurdo!
Sara - Também acho e elas aqui só tiveram permissão dos pais pra vir na festa, porque conhecem a Regina desde novinha.
Regina - A gente queria que você falasse com os pais delas pra eles liberarem o passeio e garantir que não vai ter problemas.
Andréia - Quantas pessoas irão pra essa casa?
Sara - Acho que doze, talvez quinze.
Pedro - E quem vai ser o responsável?
Sara - Eu e o Abel.
Pedro - Sem chance. Regina, você não vai!
Regina - Pedro, não tem nada demais…
Pedro - Regina, você já se esqueceu do que aconteceu?
Sara - Falei que não ia rolar, irmã! Você arrumou um segundo pai, que é mais careta que o nosso, porque o nosso pai deixou você ir pra Europa sozinha e por vários meses, mas o “SEU” pai não deixa você ir um fim de semana aqui do lado.
Armando - Sara, pode ir parando…
Sara - O que foi? Estou falando a verdade! O Pedro quer controlar tudo!
Andréia - Sara, os dois acabaram de passar por uma situação delicada e é normal esse sentimento de proteção dele.
Armando - Além do que, você pensa que já é uma mulher independente e dona do seu nariz, mas não é. Você não mora no meu teto, mas eu ainda continuo a te sustentar, mandando mesada e pagando a sua faculdade.
Sara - Se você quiser parar de pagar, o Abel paga pra mim.
Armando - O ponto não é esse. Regina agira vai ter uma nova vida e tem que decidir as coisas entre eles.
Nisso escutamos um barulho de buzina, que a princípio achamos que fosse alguma coisa aleatória, mas o barulho não cessava e foi quando Regina recebeu uma mensagem no celular. Eu espichei a cara pra ver a mensagem, que era de um número desconhecido e dizia pra ela ir lá fora.
Pedro - Eu vou contigo!
Regina - Calma, Pedro! Deve ser a minha mãe. Ela prometeu que viria, se esqueceu?
Andreia - O que aquela lá fala, não se escreve…
Armando - Andréia, se controla…
Fui acompanhando Regina e Sara veio junto e quando chegamos lá, vimos Graziele, mãe de Regina, em pé na frente de um carro. Ela estava acompanhada de Nina, Erick e o pequeno Érico.
Regina ficou muito alegre em ver a mãe e saiu correndo em sua direção As duas se abraçaram muito e Grazi beijou a barriga da filha, pra logo em seguida dar um puxão de orelha nela e um tapa em cima da cabeça.
Foi aquela festa, principalmente com Érico, que estava no colo de Nina, mas Regina o pegou logo e encheu ele de beijinhos.
Grazi começou a ficar emocionada vendo a filha segurando o garoto no colo e deve ter se tocado que daqui alguns meses estará fazendo isso 24 horas por dia.
Grazi - Aí, filha… Olhar assim pra você…Desculpa, mas você é mais maluca do que eu…
Nina ficou consolando Grazi e Erick pegou o filho no colo, pra Regina poder consolar a mãe também.
Regina - Mãe, não fica assim. Vai dar tudo certo! Eu tenho um cara incrível ao meu lado e esse bebê vai nascer cercado de amor e carinho.
Grazi - Eu não vou poder ficar muito tempo aqui. Eu queria, mas não vai dar…
Nina - Eu ajudo a Regina. Relaxa, Grazi… E tem a Andréia também… Tudo vai se ajeitar.
Na mesma hora que Nina falou em Andréia, Grazi mudou de fisionomia e ficou séria.
Grazi - Hoje é um dia de alegria e festa. Vamos nos alegrar! Eu te prometi um presentão e ele está aqui.
Regina - Presente? Cadê?
Grazi - Na minha mão…
Todos olharam pra mão da Grazi e a única coisa que ela tinha nas mãos, além dos anéis era a chave do carro. Ela balançou a chave na frente dela e deu pra Regina.
Regina - CARALHO!!!! UM CARRO! Não acredito… Desculpa Dinda! desculpa Dindo! Esquece o que eu disse, tá Eriquinho?
Ele apenas balbuciou algumas coisas e todos riram. Regina agradeceu muito e entrou no carro e virou a chave pra ligar.
Pedro - Grazi, você enlouqueceu? Um carro?
Grazi - É um presente meu e da Kelly. Era o mínimo que a gente poderia fazer, já que nós demos um carro de presente pra Sara e Abel também.
Pedro - Eu também quero te agradecer pelo que aconteceu lá em Nice. O jeito que vocês deram um jeito no Thier…
Grazi - Não sei do que você está falando. Quem é Thierry?
Ela piscou pra mim e deu um sorriso.
Voltamos pra festa e fomos pra mesa onde estava o Armando e Andréia. Todos eles começaram a se cumprimentaram e então os problemas foram se agravando.
Grazi - Nossa, Andréia!!! Como você engordou!!!
Andréia - Eu não estou gorda, Grazi! Isso é gravidez!
Grazi - Kkkkkkk, Estou brincando, mas é que parece que você comeu um melão.
Andréia - Eu tive certeza que era você quando eu ouvi aquela barulheira. Eu senti um desequilíbrio na força e meu bebê até chutou, kkkkkkk
Grazi - O baby Yoda já está chutando? Isso é tão bom né? Ele está fazendo o que eu queria fazer contigo.
Armando - Grazi, você chegou a um minuto e já quer causar? Dá um tempo…
Andréia - Relaxa aí, Vovó Grazi!
Os olhos de Grazi arregalaram, enquanto todos riam das farpas que as duas soltavam uma na outra.
Grazi - Temos muito que conversar, né marido? Ops… quer dizer, ex-marido…
Grazi então deu um beijinho na bochecha do Armando, que quase virou um selinho, porque ela malandramente virou o rosto e dessa vez foi Andréia que arregalou os olhos e Grazi então continuou…
Grazi - Temos que conversar sobre o futuro da Regin…
Regina - Pai, mamãe me deu um carro de presente!
Andréia - É o que os pais fazem, Regina. Eles dão presentes caros pros filhos, pra suprir a falta de carinho e tempo que não dão, não é Grazi?
Eu estava vendo a hora que um copo ou prato iria voar na cara de alguém.
Armando - Parou, vocês duas! Hoje é um dia de festa e a Regina não merece isso.
Andréia - Ela que começou, como sempre…
Armando - Não me interessa quem começou ou quem vai terminar, mas isso não pode continuar. A Regina não merece isso.
Pedro - Hoje é um dia de alegria! Vamos dar uma trégua e deixar a Regina se divertir!
Sara - Ela pode muito bem se divertir depois também, lá em Petrópolis.
Eu respirei fundo e disse que iria ao banheiro. Regina foi atrás de mim e tivemos uma pequena DR, mas resolvemos rapidamente, com ela me dizendo que um casal tem que ter confiança e cumplicidade.
Pedro - Eu sei disso, mas é que eu logo me lembro daqueles seus outros “amigos” lá da França.
Regina - É diferente, Pedro. Eu conheço meus amigos desde a época do maternal quase e estou indo lá pra ajudar minhas amigas que são muito tímidas pra esse negócio de namoro.
Pedro - Sua irmã disse que os amigos do Abel também vão e são uns caras mais velhos, que você nem conhece.
Regina - Isso não importa. O Abel vai estar lá e a minha irmã também! Eles irão me proteger se alguma coisa acontecer e eu pedi pra minha mãe me trazer um spray de pimenta. Estarei preparada, caso algum idiota tente fazer algo. Confia em mim.
Pedro - O problema é que eu não confio neles. Parece que sua irmã está fazendo isso de propósito pra me afrontar.
Regina - Ela está com raiva de você, por causa da gravidez, mas isso vai passar. Tenha um pouco de paciência.
Pedro - Vou aproveitar que a gente está sozinho aqui, pra lhe dar isso.
Regina - Outro presente?
Pedro - Não é bem um presente, mas um pequeno círculo que simboliza o amor e a confiança que eu tenho em você.
Quando eu mostrei o anel a ela, seus olhos se encheram de lágrimas e ela me abraçou. Depois ficou dando pulos de alegria e queria mostrar o anel pra todos, mas seguindo o conselho do seu pai, eu lhe propus que não usasse no dedo ainda, porque o divórcio ainda tinha sido oficializado e que poderia acabar provocando algumas pessoas da minha família.
Regina usava um cordão de ouro que eu havia dado de presente e eu tive a ideia de colocar o anel ali no cordão, como se fosse um pingentem. Ela ficou um pouco chateada por não poder usar no dedo, mas concordou com a minha idéia.
Voltamos pra junto dos outros de mãos dadas e aos beijos e os ânimos pareciam estar mais calmos, mas isso não durou nem dez minutos, porque a minha família chegou.
Meu pai, Valentina, Nikke e Joana chegaram meio quietos, sem fazer alarde, e quando eu os vi, fiz questão de ir lá com Regina, para recepcioná-los.
Eu estava muito apreensivo por esse encontro, mas Regina estava muito segura de si e foi logo cumprimentando todos eles.
Nikke - Parabéns, Regina! Tudo de bom pra você. Trouxe uma lembrancinha e espero que goste.
Regina - Não precisava. Só queria mesmo que você viesse, porque você é uma parte importante na vida do Pedro e agora seremos uma família também.
Nikke - Vamos com calma… Uma coisa é a gente se respeitar em algumas ocasiões específicas, mas uma convivência que nem família, talvez seja um pouco de exagero.
Joana - Pra você é fácil falar, Regina! Minha mãe tem sofr…
Nikke - Filha, o que nós combinamos?
Joana - Eu vou encher a cara junto com a Valentina. Vem titia!
Valentina - Hahahaha, titia é o teu…
Ela fez um sinal que simbolizava o cu e saiu junto com ela até o open bar.
Marcelo - Liga não, Regina! Você está linda! A gravidez lhe caiu muito bem. Dá uma voltinha!
Regina - Assim o Senhor me deixa com vergonha…
Pedro - Nikke, você sabe do Pedrinho?
Marcelo - Ele está trabalhando. O garoto agora resolveu meter a cara no trabalho. Está se dedicando 120% na minha empresa. Estou até impressionado com a determinação dele.
Regina - Por favor, fiquem a vontade. Eu vou dançar um pouco e vou aproveitar hoje. Você vem, Pedro?
Pedro - Já vou, meu amor.
Enquanto ela ia, Nikke olhava pra mim um pouco triste, mas não se deixou abater por muito tempo e logo puxou outros assuntos relacionados a trabalho, inclusive me perguntando se eu conhecia algum hacker. Aproveitei pra saber dela, como o Edu, meu personal trainer, estava lidando com a situação e ela disse mais ou menos.
Pedro - Estou precisando fazer fisioterapia de novo. Fiquei todo quebrado…
Nikke - Eu sei, meu amor… perdão, força do hábito… Fiquei muito preocupada e quase larguei tudo pra ir até a França, mas você insistiu pra eu não ir. Mesmo assim eu quase fui…
Pedro - Obrigado! Olha, eu sei que o que a gente teve, não some assim de uma hora pra outra, então relaxa. Eu queria te dizer que eu já pedi a Regina em casamento e até lhe dei um anel, mas ainda não oficializamos pra ninguém, em respeito a você e aí divórcio que ainda não saiu.
Nikke - Ohhh, bem…eu não esperava por isso, mas eu entendo. Ela está grávida e o Armando deve estar te pressionando pra se casarem logo.
Pedro - Mais ou menos, kkkkk mas é o certo a se fazer.
Vi que ela começou a chorar e eu fiquei meio perdido sem saber o que fazer. Estávamos ali próximos e eu queria abraçá-la e confortá-la, mas fiquei com medo do julgamento dos outros. Olhei em volta e achei que não teria problemas. Dei um abraço forte e beijos em sua bochecha.
Nikke - Eu ainda te amo muito, Pedro! Sei que nossos caminhos ainda vão se cruzar e eu vou te esperar.
Ela disse isso e se afastou de mim, pra ficar junto ao meu pai, que já estava atacando alguns salgadinhos e também uma das garçonetes, que parecia interessada na conversa dele.
Depois disso, tudo pareceu ficar em ordem e tirando as pequenas alfinetadas que Grazi e Andréia trocavam, todo mundo pareceu se divertir. Abel chegou mais tarde e veio conversar comigo sobre o fim de semana em Petrópolis e me garantiu que cuidaria de Regina e que ela era como se fosse uma irmã pra ele.
Eu disse que ele falava isso pra Sara e ele riu, mas me garantiu que com a Regina era diferente e que ela não merecia mais sofrer, depois de tudo que ela já passou. Acabei concordando com ele e continuamos a conversar sobre outros assuntos, até que eu comecei a ouvir um burburinho.
Eu vi as pessoas comentando e olhando na direção da entrada e quando eu olhei naquela direção, vi meu filho entrando na festa acompanhado de duas mulheres lindíssimas. Uma delas era morena com seios bem grandes, usando um vestido bem apertado, que marcava todo o corpo. A outra era loira e usava uma saia bem curta, mas tão curta, que se ela se abaixasse, iria pagar calcinha. Ela tinha um quadril largo e a bunda bem arrebitada. Usava um cropped muito parecido com o da Regina, na cor preta. Pedrinho estava usando uma calça jeans escura muito apertada com uma blusa branca com gola rolê e um blaser preto. Seus sapatos eram pretos e brilhavam, fazendo com que todos na festa olhassem pra ele.
Olhei pra Nikke e ela olhou pra mim. Parecia que nossas mentes estavam ligadas e ela foi até o Pedrinho falar com ele. Dei graças a Deus, que ela fez isso, porque se eu fosse lá, talvez houvesse algum problema.
Me aproximei deles, mas achei melhor manter uma certa distância. Não deu pra ouvir o que falavam, mas vi que Pedrinho consentia com a cabeça, provavelmente respondendo à mãe que iria se comportar. Pelo menos era o que eu desejava.
Ele apresentou as duas garotas e levou-as até uma mesa mais distante. Olhei pra Regina, que estava só observando tudo e veio até a mim, dizendo que não tinha convidado ele, mas já que ele veio, não iria criar problemas.
Regina - Você acha que devemos ir lá falar com ele?
Pedro - O certo seria ele vir cumprimentar a aniversariante, mas de qualquer forma, acho que nas duas opções pode haver algum problema.
Regina - Acho melhor deixar ele quieto e esperar que ele se sinta confortável em falar comigo ou contigo. Pedro, você conhece aquelas duas que estão com ele?
Pedro - Nunca vi na minha vida.
As coisas foram esquentando rapidamente, quando meu filho começou a ser beijado por uma delas e no instante seguinte foi beijado pela outra. Será que ele contratou duas garotas de programa?
Começou a rolar um funk na festa, e as garotas começaram a dançar, tirando os olhares que pairavam sobre o meu filho. Regina dançava e ficava rebolando pra mim com movimentos muito sensuais e eu meio sem graça tentava acompanhar. Olhei pro Armando, que estava puto vendo aquilo e Andréia tentava distrai-lo.
Será que Regina estava fazendo isso só pra provocar o meu filho? As amigas dela também estavam dançando, mas nenhuma dançava igual Regina, que dava um show a parte, até que mais burburinhos aconteceram e eu vi pra onde olhavam e era pra mesa onde meu filho estava.
A cena era chocante. Pedrinho estava sentado, enquanto uma das garotas estava sentando e quicando em seu colo, como se estivesse simulando uma transa. A outra garota beijava o meu filho na boca e no pescoço e às vezes até lambia a sua orelha.
Regina - Por que ele está fazendo isso? Por quê?
Pedro - Ele acha que vai atingir você de alguma forma. Ele ainda deve estar muito magoado. Tudo bem contigo?
Regina - Não! Não está nada bem…
Ela saiu da pista de dança, pegou Sara pelo braço e foram para o banheiro. Armando veio falar comigo, indignado pi espetáculo que o Pedrinho estava fazendo.
Armando - Pedro, vai lá dar um jeito no seu filho, ou eu mesmo irei…
Pedro - Calma, Armando… Você sabe que eu e meu filho estamos numa situação bem complicada…
Armando - Lógico! Tu roubou a namorada dele, Pedro! Tanta mulher no mundo e você faz isso…
Pedro - Sua filha é única e nenhuma outra no mundo se compara a ela…
Deixei Armando e fui até Nikke.
Pedro - Nikke, eu vou lá falar com ele.
Nikke - Deixa que eu falo com ele.
Marcelo - Deixa o garoto aproveitar a vida. Ele não está fazendo mal a ninguém…
Pedro - Ele está quase comendo aquelas duas lá. Aposto que são duas garotas de programa que ele contratou pra fazer essa palhaçada aqui.
Marcelo - Está errado filho! A morena peituda que está beijando ele é uma secretária lá da empresa e a loira bunduda é irmã dela.
Nikke - Que horror!
Marcelo - O garoto é foda! Vários tentaram pegar aquela morena lá na empresa, mas ninguém conseguiu e o meu neto tá pegando não só ela, mas a irmã também.
Pedro - Eu vou lá…
Fui até o Pedrinho e ele nem se importou quando eu cheguei perto dele e o chamei. Tentei mais uma vez e aí ele resolveu falar comigo.
Pedrinho - Não enche o meu saco, que eu estou só me divertindo e nem fica olhando muito pra elas, porque eu vou achar que você vai querer tomar elas de mim.
Pedro - Você está fazendo um papelão aqui! Se quer aproveitar com as duas, porque não as leva num motel?
Pedrinho - Mais tarde eu irei, agora quero curtir a festa. Aliás, essas duas são muito safadas e eu acho que não vou dar conta. Se quiser largar a Regina e me acompanhar? Estou sentindo falta de um programa de pai e filho. Topa?
Pedro - Eu não vou trair a Regina, igual você fez…
Pedrinho - Quando você teve uma recaída com a mamãe foi o que? Para de hipocrisia…
Nisso, Regina e Nikke se aproximam e Pedrinho fica meio desconfortável.
Pedrinho - Só um instante meninas, que a minha mãe está aqui e vocês me deixaram de pau duro. Vou apresentar minha ex pra vocês. Contei pra vocês que a minha ex, será a minha madrasta?
Regina - Pedrinho, eu não te convidei, mas já que você veio, fico feliz que a gente possa conversar sem rolar brigas. Só peço que você pegue leve com a bebida e com essas vadias.
Pedrinho - Se tem uma vadia aqui, é você!
Pedro - Olha como você fala!
Pedrinho - Eu falo do jeito que eu quiser!
Regina - Se eu sou vadia, você é um filho da puta de um traidor! Eu não devia te falar isso, mas eu ia te dar naquele dia! Eu me arrumei toda pra você, me perguntei e comprei até lingerie nova, mas você me traiu.
Pedrinho ficou meio surpreso com aquilo, mas logo voltou a debochar…
Pedrinho - Se você ainda quiser, junte-se a elas. Se eu tomar um viagra, eu com certeza dou conta das três.
Eu peguei meu filho pelo colarinho e disse pra ele ter mais respeito com a minha namorada, mas ele rapidamente se livrou de mim e me empurrou quase me jogando no chão. Ele parecia estar bem mais forte. Regina começou a chorar.
Pedro - Eu não quero brigar contigo!
Regina - Parem, por favor!
Pedrinho - Vocês nunca serão felizes! Daqui a alguns anos, quando ele tiver velho, você vai ter que cuidar dele e trocar as fraldas.
Regina - Seu escroto! Como eu pude me apaixonar por você um dia?
Pedrinho - Quanto a você, papai… vai ficar sempre desconfiado das amizades dela. Mamãe me disse o que aconteceu lá na França.
Nikke - Pedrinho, meu filho, você está bêbado! Pare com essa confusão!
Pedrinho - Já que vocês insistem… Eu vou indo. Tchau pai, tchau mãe, tchau madrasta… desejo tudo de bom pra você, mas se você quiser algo melhor, é só vir comigo e com as minhas amiguinhas. Partiu garotas?
Os três então fora saindo e Regina estava puta, sem acreditar no que tinha acontecido. Nem preciso dizer que depois disso, a diversão da festa meio que acabou e ela nem quis ir pro motel comigo, dizendo que estava sem clima e preferiu dormir com a mãe no hotel onde ela estava hospedada.
Fui pra casa do meu pai e de madrugada Regina me ligou, perguntando se eu estava bem e disse que não quis ir pro motel, porque queria que a primeira vez nesse local fosse num clima especial e que sua mãe ficaria só mais dois dias no Rio de Janeiro e ela iria aproveitar esse tempo com ela.
Eu concordei e disse pra ela aproveitar a mãe, mas logo em seguida ela me perguntou sobre a viagem de Petrópolis. Se eu estava de acordo e se eu ficaria chateado caso ela fosse.
Pedro - Eu já disse que confio em você, mas não confio nos outros. Se você quer ir, tudo bem.
Regina - Jura? Você não vai ficar emburrado depois?
Pedro - Se tudo correr bem lá, não tem problema, mas um monte de jovens com um monte de bebida…isso vai dar merda!
Regina - Eu sei que eu não posso beber, então estarei consciente de tudo. Confia em mim, tá? Eu te amo, Pedro e eu juro que você não vai se arrepender. Vou te fazer uma surpresa depois.
Pedro - Hummmmmm, só quero ver…
Nós despedimos e eu fui dormir um pouco mais tranquilo.
