IDAS E VOLTAS [28] ~ E o jogo virou!

Um conto erótico de Sandro
Categoria: Gay
Contém 5932 palavras
Data: 03/01/2024 12:40:55

Depois da conversa com Aline fiquei totalmente desestruturado, tinha que recomeçar e era isso que eu ia fazer. Na segunda-feira acordei com dor de cabeça, tive uma noite péssima, mesmo assim levantei cedo e fui para o mercado. Naquele mesmo dia providenciei as aulas de autoescola a Fernanda criou coragem e foi comigo, nos inscrevemos para iniciar no dia seguinte.

Papai foi liberado de seu tratamento, tivemos uma surpresa quando meus tios o trouxeram para casa. Ficamos felizes e com ajuda de Paula preparamos um jantar especial para ele, era sinal que nossa vida começaria a mudar e logo retomaria seus negócios.

Acordei pela manhã com meu celular chamando, era Aline, pensei em não atender, mas não adiantava fugir, não poderia fingir que ela não existia.

- Oi, o que você quer?

- Em primeiro lugar pedir perdão.

- Sinto muito, era isso?

- Não! Estou ligando pra avisar sobre o batizado da Sabrina.

- E quando é?

- No domingo, você vem né?

- Não vou negar batismo a minha sobrinha.

- Sandro, eu não queria que você ficasse de mal comigo.

- Engraçado que antes você não pensou nisso e não força a barra.

Desliguei o telefone e fui para minha aula de habilitação. Quando estava no meio da aula meu telefone vibrava no meu bolso, olhei para ver quem estava me ligando, dessa vez era o Roger, não atendi. Desliguei o telefone e segui prestando atenção no conteúdo.

À noite papai e eu estávamos preparando o jantar quando novamente ele me liga, pensei em não atender, mas provavelmente queria falar sobre o batizado da Sabrina.

- O que você quer Roger?

- Em primeiro lugar, boa noite.

- Boa noite, é só isso?

- Não, quero te fazer um convite.

- Eu sei, é o batizado da Sabrina e Aline já me falou.

- Isso é certo e eu sei que você vem, é outra coisa.

- Não me venha com suas propostas que não vou aceitar.

- Vou abrir uma academia e quero te convidar para inauguração.

- Eu não vou, estou cansado de ser manipulado.

- Se você não vier vou ficar muito triste.

- Engraçado que em mim ninguém pensa.

- Você é meu convidado especial e não poderá faltar.

- Não insista que não vou.

- Venha como meu amigo.

- Não estou entendendo, é você mesmo que está falando?

- Se você quiser pode trazer seus amigos, mas faço questão da sua presença.

- Posso levar o Juliano?

Um silêncio longo se formou no telefone até que ele falou.

- Se ele aceitar pode trazer.

- Não estou te reconhecendo, esse não é o Roger que conheço.

- Não sou uma máquina como você diz, tenho sentimentos também.

- Sua mudança brusca me assusta.

- Por quê?

- Ainda não sei qual vantagem você quer tirar disso tudo.

- Nenhuma! Você não imagina o quanto é especial pra mim.

- Difícil acreditar depois de tudo que você me fez.

- Vamos esquecer o passado e viver o presente.

- Que presente? Que você tem uma filha e é casado com minha irmã?

- As coisas mudam.

- De você eu não espero nada.

- Vem na minha inauguração, estou te convidando numa boa.

- Vou pensar e quando é?

- No dia 04 de janeiro, tem bastante tempo pra pensar e me dar uma resposta positiva.

- Agora preciso desligar boa noite!

- Espero você no domingo para o batizado da Sabrina.

Desliguei o telefone e nem dei conversa pra ele, parecia bipolar, uma hora era grosso e arrogante outra hora vinha todo educado e cheio de chamego.

- Filho, você e Roger continuam saindo? Perguntou meu pai o qual nem tinha percebido que estava atento a minha conversa.

- Não pai, ele ligou pra me convidar para inauguração de uma academia que vai abrir.

- E sua irmã, como está?

- Falei com ela hoje pela manhã, me ligou para avisar do batizado da Sabrina.

- Sua irmã nem parece mais a mesma.

- Porque pai?

- Ah meu filho, depois que sua mãe nos deixou ela quase não me procura.

- Aline não ia lhe ver na casa da tia Joana?

- Raramente, eu mal conheço minha neta.

Fiquei sem saber o que dizer a ele, como Aline tinha coragem de abandonar nosso pai que tanto trabalhou pra nos educar, o que estava acontecendo com ela? Verdadeiramente eu não a reconhecia mais.

- Pensei que ela ia lhe visitar quase todo dia.

- Ela só teve uma vez na casa da Joana e quase nem me deixou chegar perto da minha neta.

- Pois agora é questão de honra, você vai comigo no batizado e vai brincar com sua neta.

- Sua irmã pode não gostar meu filho.

- Pai, a Aline tem que crescer, se ela não tem respeito pelo senhor eu vou ensiná-la a ter.

- Não quero brigas, sua mãe não gostava disso.

- Eu lhe garanto que não terá brigas e desculpa lhe dizer, vocês mimaram demais a Aline, por isso que ela é assim.

- O sonho de sua mãe era ter uma menina, ela era sempre à princesinha da casa e talvez tenhamos errado na educação dela.

- Pra tudo tem conserto nessa vida e Aline ainda tem muito que aprender.

- Estou orgulhoso de você meu filho, está se impondo, tomando iniciativa, quero que volte logo a estudar.

- Vou sim, eu só não fui antes pra não deixar o Tiago sozinho.

- Agora eu estou aqui e quero que você vá estudar.

- Ainda quero dar muito orgulho para o senhor.

- Como está sua amizade com Juliano?

- Distantes, ele se afastou.

- Ele é um bom menino, estudioso, inteligente e me pareceu gostar muito de você.

- Eu sei, sinto falta dele.

- E pra que existe telefone?

- O senhor tem razão.

- Filho, precisamos preparar um jantarzinho para o seu irmão, ele vai se formar em janeiro.

- Antes disso tem natal e ano novo, com certeza, vamos preparar algo.

- Não quero comemorar essas datas.

- Pai, nós temos que continuar nossas vidas, com certeza a mamãe não gostaria de nos ver tristes.

- Você tem razão, agora preciso cuidar de vocês, deixo isso por sua conta então.

Fiz companhia ao papai até o Tiago chegar da faculdade e depois fui para o meu quarto, estava cansado, deitei na cama e comecei a pensar no Juliano, o que ele estaria fazendo? Nunca mais havia me ligado, simplesmente sumiu da minha vida.

Papai tinha razão, se eu tinha o número dele o que me impedia de ligar, peguei o telefone e liguei, chamou e não atendeu, liguei novamente e nada.

Tomei um banho e liguei o computador, conversei com Rafael e Lucas e nem sinal do Juliano. Liguei novamente e caiu na caixa postal, resolvi então ligar para Laura, ela com certeza sabia dele.

- Oi Sandro, lembrou que existo?

- Ah que maldosa, eu sempre me lembro de você.

- Só se for num sonho.

- O importante é que às vezes eu ligo.

- Sei, no mínimo quer alguma coisa.

- Adivinhou, quero te fazer uma pergunta.

- Já imagino, mas manda lá.

- Como está o Juliano?

- Eu sabia.

- Sabia o que sua doida, disse rindo.

- Que você ia me ligar pra saber dele.

- Você venceu! Como ele está? Já estou com saudades dele.

- Liga pra ele.

- Já liguei e ele não atende.

- Ele está tentando te esquecer, deve ser isso.

- Você sabe dele, seja sincera comigo e diga como ele está.

Vou dizer por que eu tenho certeza que você gosta dele, mas ele não acredita em mim.

- Diga logo, estou ansioso.

- Nós vamos fazer uma viagem.

- Você e ele?

- Sim, vamos para o Canadá ver o Junior e ao mesmo tempo passear um pouco, ele está precisando.

- Ele vai sozinho?

- E eu não sou nada?

- Laura, você me entendeu. Quero saber se ele convidou outra pessoa.

- Eu não sei, mas acho que não.

- Ele ainda está triste comigo?

- Não entendo vocês, se querem ficar juntos porque não ficam?

- Ele não quer.

- É ele ou você que não quer?

- Foi ele que terminou comigo.

- Ele teve seus motivos, mas não quero me meter nesse rolo de vocês.

- Quando vocês viajam?

- Assim que entrarmos de férias na faculdade.

- Quanto tempo vocês vão viajar?

- O tempo que ele achar necessário para se desligar de tudo.

- E você vai deixar o Fabrício sozinho?

- Nós terminamos.

- Terminaram? Mas por quê?

- Ele é um nojento homofóbico e eu não gosto disso, pulei fora antes de fazer uma burrada.

- Quase três anos de namoro, está doida?

- Quem sabe não arrumo um Canadense e fico por lá.

- E você teria coragem de mudar? Falei brincando com ela.

- Já falei ao Ju para arranjarmos um par e ficarmos por lá mesmo.

- Não brinca com coisa séria.

- É sério, não estou brincando.

- Diz ao Juliano que liguei pra ele e não precisa fugir de mim.

- Ele está ao meu lado ouvindo toda a ligação, ela caiu na risada e eu não sabia onde enfiar minha cara, ainda bem que era no telefone.

- Não brinca Laura.

- É sério.

- Me passa ele então?

- Ele não quer falar.

- Deve estar chateado comigo.

De repente um silêncio e ela desligou o telefone na minha cara, bem coisa de Laura mesmo.

Fiquei chateado com a atitude dela, resolvi dormir. Já estava quase pegando no sono quando meu telefone chamou novamente, só podia ser ela, atendi no escuro mesmo e falei direto.

- Que bela amiga você é, desligou o telefone na minha cara.

Ninguém falou nada, será que não era Laura, chamei novamente por ela e nada.

- É você Juliano?

- Queria falar comigo? Ele perguntou, mas parecia receoso ao falar.

- Estou com saudades de você, não deu mais notícias.

- Talvez seja melhor assim.

- Não é não, quero muito falar com você.

- Vou viajar com Laura na semana que vem.

- Aproveita bastante à viagem e na volta eu quero falar com você.

- A Laura falou a verdade, não sei se volto, de repente fico por lá.

- Está falando sério?

- Estou pensando em estudar fora e lá é bom porque posso ficar no mesmo lugar que o Junior está hospedado.

- E nós?

- Nós? Nunca existiu.

- Você que sabe, faça o que quiser, mas depois não me acusa de não ter dado oportunidade.

Desliguei o telefone louco de raiva por ele ser tão intransigente. Tentei dormir, mas não consegui, só pensava que se ele fosse embora a culpa seria minha.

Na semana seguinte seria o batizado da Sabrina, liguei pra minha tia e combinei do meu pai ficar hospedado na casa dela, embora meio contrariado na sexta-feira ele foi comigo.

Ao chegarmos a Belo Horizonte o deixei ele na casa da tia e fui ao encontro de meus amigos.

Cheguei a republica e encontrei o Rafael, era o único que estava em casa, os demais tinham saído para aproveitar a noite, era mês de dezembro e estava um clima gostoso de verão.

- Não me diga que deixou de sair com seus amigos pra me esperar, disse ao Rafael enquanto lhe abraçava.

- Não poderia te deixar na rua e também não perdi nada demais, por falar nisso você bem que pode ter uma chave daqui já que paga o aluguel igual aos demais.

- Eu não me importo, gosto de respeitar as regras.

- Isso não faz parte das regras e amanhã vou providenciar uma chave pra você.

- Você que sabe comandante, disse rindo e ele sorriu também.

- Fiquei sabendo que você e a Fernanda estão fazendo aulas de primeira habilitação.

- Ela criou coragem e foi comigo.

- Tenho uma novidade pra te contar.

- E qual é?

- Estou arranjando um jeito de ela vir pra cá.

- Nossa que legal, mas como?

- Estou procurando algumas republicas feminina e acho que de repente vai rolar, vai depender dos pais dela.

- Ela vem estudar?

- Vem e também, eu não pretendo voltar, quero viver aqui.

- Não me diga que está pensando em casamento?

Por enquanto não, sou muito novo ainda, mas é complicado ter que viajar todo final de semana e com ela aqui fica mais fácil.

- Eu te entendo e tenho certeza que os pais dela darão todo apoio a vocês.

- Assim eu espero, disse ele rindo.

- Tenho uma coisa pra te falar, mas estou meio sem jeito e achar que estou louco.

- O que você andou aprontando?

- Foi algo muito louco, não tive coragem de contar nem para o Tiago.

- É o Roger novamente? Eu vi vocês conversando na festa do Diego.

- Tem a ver, mas não foi só isso.

Contei tudo a ele, sobre Aline, Roger, a minha ida à igreja e por fim ao centro espírita.

- Nossa, fiquei arrepiado Sandro, será que isso pode acontecer?

- Não sei, mas tudo aconteceu tão rápido que na hora eu fiquei totalmente sem ação.

- Você vai voltar lá?

- Eu gostaria, mas não queria ir sozinho, você vai comigo?

- Tenho medo dessas coisas, mas se for pra te ajudar eu vou.

- Eu queria tanto me comunicar com minha mãe, sinto saudades dela.

- Acho tudo meio doido, mas se você quer voltar lá, nós podemos ir amanhã.

- Você vai comigo?

- Vou sim, não posso te deixar sozinho.

No dia seguinte fui com Rafael ao centro espírita, assisti a uma palestra sobre drogas e depois falei com a mesma senhora que da outra vez me conduziu à outra pessoa, expliquei a situação a ela que me levou para uma sala separada das demais.

- Sandro, as coisas não funcionam assim como você está imaginando.

- Não tem como eu me comunicar com minha mãe?

- Até tem, mas não é bem assim, existem requisitos para que isso aconteça e vejo apenas um desejo seu. Isso é egoísmo filho.

- Alguns dias atrás eu recebi uma mensagem dela e pensei que fosse fácil.

- Você sente saudades dela?

- Muita.

- Então filho, reze por ela, tenho certeza que sua mãe estará sempre presente na sua vida.

Comecei a chorar, Rafael sentou numa cadeira ao meu lado e me amparou, ela me deu muitos conselhos, falou coisas que me acalmaram e eu me senti outra pessoa depois dessa conversa.

- Como você está se sentindo agora? Perguntou ela de forma calma e serena.

- Não sei o que acontece, mas vir aqui me faz bem.

- Então volte sempre que sentir necessidade, o receberemos com muito carinho.

- Obrigado, a senhora me ajudou muito.

Rafael e eu saímos caminhando pela rua, não tocamos no assunto, ele respeitou meu momento e soube compreender.

Sentamos num bar para comer alguma coisa e só então ele se achou com coragem para falar.

- Posso dizer o que estou pensando?

- Fique a vontade.

- Segue sua vida e pare de se preocupar com Aline, Roger, Juliano e foca em seus estudos a partir de agora.

- Eu não posso abandonar Aline, devo isso a minha mãe.

- Enquanto você estiver ligado à Aline estará vinculado ao Roger

- Eu sei disso, mas Aline precisa de mim.

- Sandro, ela te traiu sem a menor piedade.

- Minha mãe me pediu para nunca abandoná-la, não posso fazer isso.

- Então faça, mas não se esqueça de você.

- Você não entende a minha situação.

- Eu entendo que sua mãe lhe pediu algo que só está te trazendo sofrimento, tanto é que mandou a mensagem para você seguir seu coração.

- Pois é amigo, o meu coração está dizendo para não desistir da minha irmã.

E porque o Tiago não faz isso? Ele é o mais velho?

- Eu não sei Rafael, apenas sinto que preciso ajudar Aline.

- Nem que isso te prejudique?

- Com tudo isso e quero ajudá-la.

- Eu até te entendo, mas seja sincero comigo, isso não é apenas uma desculpa para se manter próximo ao Roger?

- Eu já não sei mais o que sinto por ele.

- Não sabe ou está se enganando?

- Vamos embora? Essa conversa já me deu dor de cabeça.

- Está fugindo?

- Não, eu realmente não sei o que sinto pelo Roger, não consigo imaginar algo com ele estando com minha irmã.

- E se de repente rolar algo entre vocês?

- Não vai rolar.

- Você sabe como é o Roger, já provou várias vezes quando ele quer algo geralmente consegue.

- Comigo isso não acontecerá mais.

- E o Juliano? Não deu mais notícias?

- Ele foi viajar para o Canadá.

- Você está ciente que essa aproximação com Roger pode ter provocado o afastamento dele?

- Eu sei e não quero pensar nisso.

- Eu queria muito te ajudar, mas não sei como.

- Só em me ouvir e ter me acompanhado até aqui, já me ajudou.

- Pode contar sempre comigo.

- Eu sei e acabei de tomar uma decisão.

- Que decisão?

- Não vou voltar com você, tenho uma coisa para fazer agora.

- Que coisa?

- Vou com meu pai visitar Aline.

- O batizado não é amanhã?

- É sim, mas eu preciso levar o meu pai para brincar com a Sabrina.

- E porque não leva amanhã?

- Amanhã é o batizado e antes eu preciso ter uma conversa séria com Aline.

- Então eu já vou.

Ele saiu para um lado e eu para outro, peguei um ônibus e fui até o apartamento da minha tia, peguei meu pai e fomos para o aparamento da Aline.

- Sandro, o que você faz aqui? O batizado é amanhã.

- Eu sei, não vai dar um abraço no papai?

- Claro, desculpa pai, disse ela o abraçando.

- Onde está a Sabrina?

- No quarto dormindo.

- Vou até lá para vê-la e dar um beijo.

- Sandro, ela está dormindo.

- Fica tranquila! Eu cuido bem dela, enquanto isso mata a saudade do papai.

Não dei muita conversa, entrei e fui direto ao quarto, abri a porta e dei de cara com Roger brincando com ela.

- Desculpa, não sabia que você estava aqui.

- Tudo bem com você?

- Tudo bem!

- Veio ver sua afilhada? Olha filha o seu dindo, disse ele brincando com a bebê que não entendia nada.

- Eu trouxe o papai pra vê-la.

- Achei que estava sozinho.

- Posso pegar ela um pouquinho?

- Claro.

Peguei a Sabrina em meus braços, ela era muito esperta, comecei a brincar e nem me dei conta que o Roger já foi se aproveitando e me abraçou por trás.

Para Roger, respeita sua filha.

- Como é bom estar com as duas pessoas mais importantes da minha vida.

- Respeite sua mulher que está na sala e sua filha que está presente, me solta!

Ele me soltou e saiu do quarto me deixando sozinho com Sabrina.

- Esse papai é doido, né meu bebê, falei com ela e abriu um sorriso lindo. Aproveitei que ela estava calma e levei até meu pai.

- Pai, olha quem está aqui? Ele estava acompanhado de Aline e os dois conversavam, já era um avanço.

- Sandro, ela estava dormindo, disse Aline com cara amarrada.

- Ela estava bem acordada e brincando com Roger.

Entreguei a Sabrina para o papai e ela abriu um sorriso banguela quando ele começou a conversar e brincar chamando sua atenção, Aline ficou calada, não disse nada, mas eu percebi que ela não gostou.

- Aline, vamos dar uma voltinha?

- Agora não dá, a Sabrina pode precisar de mim.

- Ela está muito bem cuidada e o Roger está em casa, vamos?

Fomos até uma pracinha que tinha perto do condomínio e sentamos num banco.

- Porque você afasta a Sabrina do papai?

- É que ele está doente e pode fazer mal a ela.

- Isso é egoísmo da sua parte, papai esteve depressivo, mas nunca foi violento com ninguém.

- Eu sei, mas tenho medo.

- Você não vai fazer essa maldade com papai, principalmente quando estiver na minha frente.

- Ele toma remédios fortíssimos, eu tenho medo.

- Por isso você não o procurou? Achou que ele fosse te fazer mal enquanto estava na casa da tia Joana?

- Não vamos começar a brigar, aqui é um lugar publico e está cheio de gente.

- Eu não me importo, não vou tolerar que você ignore o nosso pai, porque isso Aline?

- Porque ele não queria meu casamento com Roger, preferia que eu cuidasse minha filha sozinha.

- E adiantou você casar com Roger? Será que o papai não estava tentando te alertar?

- Ele agourou a minha felicidade.

- E a mamãe era a favor do seu casamento?

- Porque você está falando dela? Ela está morta.

- Eu preciso saber.

- Os dois tentaram até a última hora me convencer a desistir, fiquei com raiva deles porque ao invés de me apoiarem estavam me pondo pra baixo.

- E você ficou com raiva deles?

- A mamãe me pediu desculpas e disse que independente do que acontecesse ela estaria comigo.

- E o papai?

- Até hoje ele nunca mais tocou no assunto, por isso eu não quero ele perto da minha filha.

- Sinto muito em te decepcionar, mas o papai vai brincar com Sabrina sempre que eu quiser.

- Da minha filha sei eu.

- E da minha afilhada sei eu, você me deve isso, não esqueça que me apunhalou pelas costas.

- Você não vai me obrigar a deixar minha filha com quem não quero.

- Ele é nosso pai, se você não sabe foi à pessoa que trabalhou a vida inteira pra você ser o que é hoje.

- Você não vai me convencer.

- Deixe de ser egoísta, danosa, ignorante, você não era assim? O que aconteceu contigo?

Ela começou a chorar e eu não sabia o que fazer, não conseguia abraçá-la talvez sobre o efeito da mágoa e o rancor que ainda não me permitiam demonstrar-lhe carinho.

- Não precisa chorar, apenas pense em seus atos.

- Tudo que o papai falou antes do meu casamento aconteceu, o Roger não dá importância pra mim.

- O papai não tem culpa se ele não te ama.

- Ele gosta de mim, mas não é presente.

- Você sabia que seria assim quando se casou com ele e o casamento de vocês foi um acordo entre ambos.

- Eu sei, mas pensei que ele fosse mudar.

- Você se iludiu e agora não adianta colocar a culpa de seus fracassos no papai e na mamãe.

- Você não me entende.

- Entendo que você sempre foi mimada e eles faziam de tudo pra ter aquilo que quisesse, mas amor não se compra e nem se negocia, amor se conquista.

- Tudo isso por culpa sua.

- Minha? Eu nunca atrapalhei sua vida com o Roger, portanto não me acuse de nada.

Aline chorou muito sentada naquele banco, teve momentos que pensei em dar-lhe um abraço, mas eu não conseguia e toda vez que pensava em tudo que aconteceu algo me bloqueava.

Deixei-a na praça com seu choro e seus pensamentos e voltei para o apartamento, encontrei papai brincando com Sabrina, não vi mais o Roger e fazia questão que ele nem aparecesse na minha frente.

Esperamos Aline chegar e voltamos para casa da tia Joana, deixei meu pai lá e saí para pegar um ônibus, já estava anoitecendo.

Quando saí na rua que deixei o condomínio encostou um carro ao meu lado, morri de medo, logo imaginei um assalto, mas em seguida meu receio se desfez, quando o motorista abaixou o vidro do carona e me chamou.

- Quer uma carona?

- O que você faz aqui?

- Achou que desistiria tão fácil, entra aí.

- Não dá Roger.

- Deixa de ser bobo Sandro, vem te dou uma carona, você não é acostumado com a cidade.

Pensei em Aline, mas ela não pensou em mim, ele era meu namorado antes dela chegar e o casamento deles era aberto que mal tinha eu aproveitar estava sozinho mesmo, foi assim que pensei até entrar no carro.

- Tenho tanta coisa pra te dizer, disse ele com o carro ainda parado na calçada.

- Então não diga, não quero escutar a mesma conversa de sempre e vamos sair daqui que é estacionamento proibido.

- Está certo, você está tirando a carteira de motorista?

- Estou e logo estou motorizado.

- Nem parece aquele garoto de 15 que virou minha cabeça.

- Não começa, por favor, estamos muito bem assim e eu quero ser seu amigo.

- Não tem como, você é especial pra mim e sempre vai ser.

- Já sei e ouvi isso milhares de vezes, mas na prática é bem diferente.

- Eu não sei dizer palavras bonitas como acho que já ouviu por ai, mas pra mim és único, posso estar com outras pessoas, porém ninguém se compara a você.

- Sempre bom com as palavras, acho que isso já é um charme seu.

- Deixa eu te provar que com atitudes também posso ser bom.

- Disso eu não tenho dúvida.

- Vamos conhecer a academia que estou montando?

- É aqui perto?

- Na próxima quadra.

- Então vamos lá quero ver como é.

Ao aproximarmos de longe já se notava a fachada, era um lugar bonito e bem localizado, ele tinha tática para negócios, além do apoio do pai. Nas condições que o conheci jamais poderia ter um ponto daqueles.

Em frente do prédio tinha um estacionamento onde poderia se deixar os carros.

É grande, não deve ter sido barato.

- Aqui era uma casa velha que meu pai alugava e quando ele soube do meu sonho de ter uma academia, demoliu e fez esse prédio.

- Fico feliz que vocês se acertaram, o Paulo é uma pessoa legal.

- Devo isso a você que me ajudou a encontrá-lo.

- Não quero pensar no passado.

- Vem comigo, vou te mostrar por dentro, disse ele indo em direção à porta que dava acesso aos aparelhos.

Estávamos calados ele sentiu que algumas coisas do passado ainda me machucavam, era visível em suas feições, até estranhei porque se fosse o Roger insensível o qual estava acostumado não estaria nem ai para o que estava sentindo e pela primeira vez o senti preocupado.

Entramos, passamos por uma catraca em seguida um balcão que deveria ser a recepção e no restante do salão tinham muitos aparelhos prontos para serem usados. Outros ainda sem montar, estavam em caixas espalhados pelo chão.

- É linda!

- Vem que eu vou te mostrar a outra parte, disse segurando minha mão e eu puxei de volta, mas ele segurou firme e não me soltou.

- Não precisa ter medo de mim, não te forçar a nada.

Segui com ele até uma sala que seria de avaliações, depois subimos para outro andar que seria utilizado para lutas.

Meus parabéns, você merece.

- Agora só falta contratar os professores, quero profissionais formados e competentes.

- E você continua firme com a faculdade?

- Agora mais do que nunca, isso e outros planos que tenho na cabeça, disse ele aproximando de mim e me abraçando.

- Acho que já está na hora de irmos.

- Eu nem te mostrei o meu cantinho.

- Cantinho?

Vem aqui, segurou minha mão mais uma vez, passamos uma porta que dava acesso a uma escada, subimos e ao entrar era uma casa não muito grande, sala, cozinha e quarto com banheiro.

- Este é o meu canto.

- Porque tudo isso se você tem casa?

- Posso resolver morar aqui.

- Você pretende se separar de Aline?

- Quero falar sobre você.

- Não tenho nada pra falar, acho que agora podemos voltar.

Não foge, disse ele aproximando e me abraçando.

Afastei-me dele, baixei a cabeça e fiquei em silêncio enquanto falava.

- Não vou fazer como da última vez que forcei a situação, você é livre para decidir o que quer.

- Porque você está fingindo ser uma pessoa que não é?

- Eu posso ter mudado e você nem percebeu.

- Você mudado? Conta outra Roger.

Ele não disse nada apenas aproximou e nossos lábios ficaram muito próximos, mas não me beijou.

- Nunca duvide dos meus sentimentos por você, ele falou e se afastou.

Senti que dessa vez era diferente, ele poderia estar mudado, me aproximei e nos beijamos, ele sempre muito carinhoso, não forçou a barra em nenhum momento, apenas me abraçou e correspondeu ao beijo.

A partir dali não pensei em mais nada e em ninguém que não fosse apenas o momento que estava vivendo, o beijo era delicioso, mas logo ele se afastou, fez um carinho no meu rosto como se não tivesse acreditando, me abraçou novamente e voltamos a nos beijar, sua língua brincava com a minha, mordia meus lábios de forma tranquila e calma.

De todos os beijos que ele havia me dado àquele era sem duvida o melhor de todos, tinha entrega total da parte dele. Esqueci meus fantasmas e me entreguei aos seus carinhos.

Ele colocou suas mãos em minha cintura apertando nossos sexos um contra o outro, ficamos sarrando e nos beijando por muito tempo.

Ele me levou até uma pilha de colchonetes e deitamos no chão trocando beijos, tirou minha roupa e em seguida tirou a sua.

Trocamos mais alguns beijos, ele sempre muito carinhoso foi beijando meu corpo em poucos instantes já estava excitado. Ele começou a chupar meu pau com carinho, numa meiguice que eu estranhava e ao mesmo tempo me deixava louco.

Ele deitou no colchonete e fiquei por cima, continuávamos nos beijando até que suas mãos guiavam minha cabeça por seu corpo enquanto beijava e mordia de leve. Ele gemia baixinho se contorcendo enquanto chupava seu membro.

Voltamos a nos beijar, ele soltou um sorriso e me girou na cama improvisada.

Segurou minhas pernas e foi passando sua língua em meu ânus, estava tão entregue que facilitei as coisas para ele que sarrava seu membro em minha entrada querendo me penetrar, só então minha razão falou mais alto.

- Sem camisinha não rola.

- Ele sorriu, levantou e foi onde estavam suas coisas e trouxe algumas.

Colocou e veio me abraçando, me beijando, me imprensando e dominando meu corpo, era bom estar com ele mesmo não me passando segurança como o Juliano me passava, era algo de pele, de toque, algo que me dominava por completo e por mais racional que tentava ser eu não conseguia diante dele.

Não resisti mais uma vez a vontade de tê-lo completamente entregue a mim, ao ter seus lábios em contato com os meus, seus beijos que tantas vezes me fizeram sentir sensações inimagináveis, me faziam vibrar e agora estávamos novamente com nossos desejos à flor da pele. Por mais que lutasse contra, algo fugia ao meu controle e a vontade de tê-lo pelo menos mais uma vez foi mais forte que eu.

Virei de bruços e ele me abraçou por trás mordendo minha orelha e beijando minhas costas, não pensei em nada apenas queria senti-lo novamente. Ali naquele momento ele era meu, poderia ser nossa última vez, mas eu o desejava demais, Roger passava a língua em minha bunda, comecei a gemer baixinho de tesão, ele estava me enlouquecendo ainda mais, até que me colocou de lado e foi penetrando devagar iniciando movimentos de vai e vem frenéticos, aumentando cada vez mais, deixando minha respiração ofegante, nossos corpos suados, já estava prestes a gozar, então ele me deu um tapão, levantou e tirou a camisinha, não entendi nada.

Sem dizer nada ele sorriu e me levou pro banheiro, estávamos entregues ao tesão, ligou o chuveiro, me colocou encostado com o rosto pra parede, se ajoelhou no chão do boxe e começou um cunete, a sensação da água molhando meu corpo, meu pau duro roçando no azulejo do banheiro e ele passando sua língua em minha bunda foi algo surreal, depois de um tempo virei e ele começou a me chupar novamente, me levou pra cama improvisada de colchonetes, pegou outra camisinha e colocou no meu pau. Deitei na cama e ele subiu em cima de mim e foi sentando no meu pau. Rapidamente estávamos conectados e ele começou a se movimentar me deixando doido. Queria mudar de posição, então o empurrei fazendo deitar no colchonete e comecei a penetrá-lo de frango assado, bombando forte até ele gozar em sua barriga e logo seguida foi minha vez de gozar também.

Sem forças deitei por cima do dele e ficamos abraçados. Na verdade o ele me abraçava todo suado, não tinha mais forças, parecia que as horas tinham parado naquele momento, o único som que ouvíamos era o da nossa respiração e das batidas de nossos corações.

Depois de um tempo, me levantei e fui em direção ao banheiro tomar banho, logo em seguida ele entrou, tomamos banhos juntos trocamos mais alguns beijos e decidi me arrumar, até então não tínhamos trocado nenhuma palavra.

Já vestidos ele veio ao meu encontro e me abraçou forte, sabia que a partir dali o encanto passaria e logo voltaríamos a viver nossa dura realidade.

- Está arrependido?

- Não!

- Então porque o silêncio?

- Não tem muito que a gente dizer, né?

- Odeio quando você fala assim, não quero te perder de novo.

- Nós nunca vamos ter chances, olha pra isso aqui.

- O que tem?

- Tem, que se eu estivesse com você, seu pai jamais te ajudaria. Hoje eu entendo a sua decisão de casar com Aline e manter uma vida de aparências.

- Sandro, não se afasta de mim novamente.

- É necessário para o seu bem e eu também me sinto mal em fazer isso com Aline embora ela não mereça.

- Não vou permitir que saia da minha vida mais uma vez, já fui medroso demais e deixei você escapar, mas agora estou disposto a lutar.

- Nunca consegui entender suas atitudes, só hoje que deu para compreender que você tinha razão em se afastar.

- Demorei tanto a me decidir e agora é você quer sumir da minha vida?

- Vamos continuar sendo bons amigos.

- Amigos o caralho, entre nós não existe amizade, ele gritou.

- A partir de amanhã teremos mais um vínculo serei padrinho da sua filha, pense nela, você tem que ser exemplo pra ela.

Não me venha com desculpas pra se afastar de mim.

- A gente viveu muito bem até aqui, porque não podemos viver afastados, e também não vou me sujeitar a vida dupla que você leva.

- Isso aqui é pra nós, fiz pensando em você.

- Não dá, comecei a chorar e ele perdeu a cabeça e começou a socar a parede.

- Você faz isso porque cometi a burrada de me afastar.

- Não é por isso, olha bem a sua volta, agora você está bem, fazendo faculdade, montando o negócio que sempre sonhou, tem uma filha linda e precisa pensar nela.

- Isso é desculpa pra se afastar de mim.

- Que vida poderia te oferecer? Olha pra mim e diz, se eu estivesse com você, isso tudo estaria acontecendo?

- Eu não me importo se tiver que começar do zero.

- Nós sabemos que não é bem assim, eu acompanhei sua vida quando se matava trabalhando para os outros naquela oficina mecânica.

- Não me deixa Sandro, minha vida é tão sem graça sem você.

- Hoje você está melhor sem eu, está prosperando e isso é bom pra todos.

- Quero que todos se expludam, não estou nem ai pra eles.

- Me leva na republica?

- Tudo isso é porque um dia te abandonei, não é mesmo?

- Juro que não, embora não devesse eu gosto muito de você.

- Então esquece tudo e fica comigo.

- Não atropele as coisas, você está bem, hoje pude comprovar isso e entendi muitas coisas que nos aconteceu até aqui.

- Que droga entendeu?

- Entendi que você me ama e que me abandonou por medo de perder tudo que poderia conquistar.

- A minha intenção nunca foi te magoar.

- Hoje eu sei e você tinha razão, seu pai só te ajudou porque você tem uma mulher e uma filha que te amam.

- Às vezes eu tenho vontade de me separar da Aline.

- Nunca entendi o caso de vocês e nem quero, ela é minha irmã embora tenha sido desonesta comigo.

- Se você ficar comigo eu me separo dela.

- Não tenho nada a ver com a vida de vocês e também não quero ser motivo de discórdia na sua família.

- É o Juliano?

- O que tem ele?

- Você gosta dele?

- Hoje eu já não sei mais nada, fiz um juízo totalmente equivocado de você, pensava uma coisa e agora é outra.

- Nunca julgue sem conhecer as pessoas como elas são.

- Achei que você quis se divertir comigo e com minha irmã.

- No início posso ter pensado nisso, mas depois quando você se afastou de mim, percebi que tinha feito burrada.

- Pensando bem, você agiu certo senão não estaria aqui, sua vida deu um salto gigante com as escolhas que fez e com certeza não vai perder tudo isso pra ficar comigo.

- Vamos embora, ele ficou chateado, mas eu tinha que ser honesto, jogar limpo e fazê-lo ver a realidade das coisas.

Siga a Casa dos Contos no Instagram!

Este conto recebeu 6 estrelas.
Incentive Contosdolukas a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.
Foto de perfil de ContosdolukasContosdolukasContos: 464Seguidores: 102Seguindo: 41Mensagem Jovem escritor! Meu email para contato ou trocar alguma ideia (contosdelukas@gmail.com)

Comentários