Conheci o João muito cedo. Entramos naquele colégio no mesmo ano. O Nível era particular e entramos como bolsistas. Não era um colégio de elite, mas era o máximo que nossas condições permitiam na época. Nos reconhecemos do dia da realização do vestibulinho e nos aproximamos naquele pátio imenso, com mais de mil alunos.
- Oi! Beleza? – iniciei o diálogo.
- Beleza, e você? – completou, falando quase que para dentro. Ainda que tivesse toda a pose de moleque, JV era bem tímido.
- Também. Sou o Paolo. Vim do Beatriz e você?
- João Victor. Vim da Becker. Loucura isso aqui, né? Tá tudo limpinho.
- O Beatriz era bem limpo, minha surpresa aqui de cara é ver que tem uma cantina grande. Se bem que os preços devem ser salgados também.
Começamos a comparar nossas antigas escolas com aquele pátio e, sendo direcionados para as salas, o mesmo assunto ainda tinha muito a render.
- Será que vai ser difícil passar de ano? – vi ele genuinamente preocupado na hora que viu o tamanho das apostilas que recebemos.
- Talvez, mas a gente precisa passar. Caso contrário, perderemos as bolsas. Mas relaxa, a gente se ajuda.
A primeira aula foi mais uma apresentação do professor de Língua Portuguesa, que tinha um cabelo azul e não fazia questão de esconder sua feminilidade. Desenvolto, jovial e aparentemente acolhedor, caiu na graça da turma, que era uma mescla de novos alunos e veteranos da escola, mas ninguém o conhecia, pois ele era novo na cidade. Primeiro ano do ensino médio tinha um ar de novidade e expectativa que, aparentemente, aquele cara estava empenhado em cumprir. Em contrapartida, o motivo de eu pedir para meus pais para tentar vaga naquele era justamente a ameaça que aquele professor me causava, pois comecei a ter alguns desejos por colegas e professores que estavam me tirando do eixo e achei que isso acabaria com aquela mudança de ares. Enganado estava.
Naquele momento, ver toda a performance do professor não me fez ficar caído por ele, mas querer ser ele. Seu jeito livre e estilo marcante demonstravam uma segurança que não dava brechas para um comentário maldoso sequer.
- E você? Qual o seu nome? – disse se dirigindo a mim, me tirando um pouco de dentro dos meus pensamentos que começavam a entrar em combustão.
- Sou Paolo. E o seu? – não lembrava de tê-lo ouvido dizer.
- Finalmente! Turma, vocês perceberam que eu estou me apresentando há um bom tempo, perguntando o nome de cada um de vocês e vocês não perguntaram o meu? Tive que esperar vinte pessoas até isso. A primeira aula já começou e está sendo comunicação e domínio da norma culta. Linguagem é poder e eu quero ver vocês saindo daqui poderosos, babadeiros! – ele se levantou da mesa em que estava escorado, veio até onde eu estava sentado, perto do meio da sala, estendeu sua mão e continuou. – Prazer, meu nome é Julio e você acabou de ganhar um ponto na média!
A turma chiou em uma mistura de choque e protesto. Mas o mais fora da curva foi quando um cara com braços muito maiores do que o natural para nossa idade deu um risinho debochado e fez um comentário sussurrado para dois colegas adjacentes, no fundo da sala.
Julio soltou minha mão, desviou os olhos dos meus e encarou o rapaz com uma fúria que nunca vi nos olhos de ninguém, mas logo entendi o porquê:
- “Já começou dando ponto, logo vai dar outra coisa. Um viadinho sabe reconhecer o outro mesmo”, ouvi errado, senhor Evandro? – antes do menino conseguir terminar de balbuciar algo do tipo “como você escutou?", Julio continuou. – Eu tenho ouvido absoluto e vou dar outra coisa é para você agora, uma advertência. Vou chamar seus pais aqui na escola e você vai começar o ano rebaixado de nível, para aprender que viado não é bagunça. E não quero boca torta, saia da minha sala AGORA! - não gritou, mas sua voz se fez ser ouvida com muita força - E aos colegas que riram com ele, vocês tem duas opções: acompanhar seu colega nas punições ou parar de rir de “piada” que não presta.
Os três estavam parados em seus lugares, dois de cabeça baixa e Evandro estufando o peito para encarar seu algoz. Com a voz adolescente oscilando entre um grave e um agudo desafinado, ele mandou:
- Você não sabe quem eu sou pra falar assim comigo, você não sabe quem é meu pai! E eu pago o seu salário, não admito que gente como você fale assim comigo!
A sala ficou muda, dava para ouvir uma pena caindo no chão, ninguém nem mesmo respirava para não perder detalhe algum do que estava acontecendo. Julio se aproximou, apoiou uma das mãos na mesa de Evandro e ficou encurvado de forma intimidadora. Ele era raquítico perto de seu aluno, mas isso não parecia influenciar sua postura dominadora.
- Na verdade eu sei muito bem quem é você. Você é filho do Fornazzaro, vereador. Se esse é o critério, eu sou filho do Matoso, atual presidente da Câmara, o principal rival do seu pai e quem dá as ordens por lá – Evandro engoliu seco mas manteve o contato visual, até que Julio soltou – e eu sei muito bem os escândalos em que ele se meteu, afinal é de conhecimento geral o barraco que a coitada da sua mãe fez no gabinete ao flagrar seu pai fodendo com a assessora – e foi aí que Evandro se levantou e ficou posturado na frente do professor, com um olhar de ódio e um pouco mais alto, mas não mais intimidador.
- Não. Fale. Da minha. Mãe – disse alto e pausadamente.
- Eu posso perder meu emprego por isso que estou falando aqui, mas soube que você quebrou o braço de um aluno ano passado, porque descobriu que ele era gay, e afundou a cabeça de outro na privada porque supôs que ele olhou para seu corpo no vestiário. O ruim de particular é que o dinheiro fala mais alto, mas comigo isso não vai adiantar. Você vai sair dessa sala agora, vai me esperar na sala da coordenação para assinar a advertência que já já eu vou fazer e você só sai desse portão depois que seu pai vir aqui falar comigo. LGBT não é bagunça e eu vou te provar.
- Eu vou quebrar sua cara, foda-se que você é meu professor.
- Eu luto Kung Fu desde criança, boa sorte.
Então Evandro deu um empurrão em Julio e partiu para cima dele, mas o professor só precisou de um pouco de agilidade para se esquivar dos socos brutos, mas desengonçados, que vieram depois. Enquanto se desviava, ele adentrou o corredor em que eu estava e, quando achei que deixaria sua presa encurralada, João colocou um pé levemente para o lado, causando um tropeço no gigante que foi inventar de correr bem naquela hora. Indo de cara no chão, batendo o nariz e gritando enquanto saía sangue, a sala inteira explodiu em risos e ovação.
- A única chacota aqui é um homofóbico como você, Vandinho – disse uma menina loira de olhar amadeirado num dos cantos da sala, causando ainda mais risos.
Julio ergueu os braços, pediu silêncio a todos novamente. Tirou um lenço do bolso, entregou para Evandro e o pediu para se erguer novamente.
- Estanca esse sangue, Evandro. Vamos, temos muito o que conversar. Turma, até amanhã, teremos dobradinha e a matéria vai começar com tudo, mas prometo fazer as aulas o mais leve possível e sem brigas peso pesado. Se eu não voltar, ao menos saí fazendo justiça. Foi ótimo conhecer vocês - e deu uma discreta piscadinha para o João Victor.
O furacão que sucedeu a saída do professor foi impressionante. Uma gritaria que chamou a atenção até das outras turmas, que correram para saber o que tinha acontecido. Enquanto cada um contava a sua versão e eu contemplava o caos, João Victor tocou meu ombro e disse.
- Ei, será que o cara viu que eu coloquei o pé de propósito para fazê-lo cair?
- Acho que não, nem mesmo eu percebi estando do seu lado. Por que você fez isso?
- Não é justo bater em professor, nem em ninguém. Tudo bem que eu já amassei a cara de muita gente na outra escola, mas só para me defender e o Julio só estava desviando, o Evandro precisava parar.
- Por isso o Julio piscou pra você então - constatei.
Minha intuição dizia que tinha alguma intenção a mais do que apenas ajudar o professor naquele caso, mas deixei pra lá.
Na hora do intervalo, ao sair da sala, um rapaz abordou nós dois e se identificou como Cristiano e que estudava naquela escola desde o berçário. Ele tinha uma altura num meio termo entre eu e JV, por volta dos 1,73m. Era bem branco, esguio, cabelo cacheado bem volumoso, mas curto, e o que me chamou mais a atenção era a tala no braço. Eu e JV nos olhamos de canto de olho tentando inutilmente sermos discretos, pois, reparando nisso, Cristiano soltou:
- Já fiquei sabendo da briga e, sim, foi meu braço que o Vandinho quebrou. Estou na última semana do gesso e não vejo a hora de me livrar dessa porcaria. Eu vou ser o guia de vocês nos primeiros dias. Tive consulta no ortopedista, por isso não compareci logo cedo para ajudá-los, mas agora bora lá.
Então começou um tour e, apesar do jeito direto e prático de Cristiano, dava para ver que ele era bem amoroso e conhecia todo mundo ali. Sabe aquela pessoa magnética, impossível de desgrudar os olhos e com uma voz tão doce que você poderia passar horas ouvindo? Enquanto eu fazia a linha intenso e barulhento, João fazia a linha palhaço e marrento e, pelo jeito, Cris era o moderado e direto. Nossa afinidade foi instantânea e eu percebi, ao final daquele dia, que sair da outra escola para não sentir mais os desejos que eu sentia foi um erro gritante, pois aqueles dois me fizeram sentir o que nunca senti por nenhum outro garoto, assim como o professor Julio me mostrou uma postura que vi em nenhum outro gay dos poucos com quem tive contato.
Voltando para o momento do banho pós-sexo, exatamente vinte anos após aquele nosso primeiro encontro na escola, eu via o quanto aquele moleque à minha frente havia se transformado num homem rebaixado gostoso, bem gostoso.
Enquanto ensaboava suas costas, ele passou a ensaboar a minha bunda e, dando leves dedadas no meu cu, com a justificativa de estar apenas limpando, fez meu caralho crescer e, sem cerimônias, passou a chupá-lo enquanto metia já dois dedos em mim de uma vez.
Aquele sem-vergonha sabia como dar prazer a outro macho. Virou-me, enxaguou meu corpo e caiu de boca no meu cu, que já estava pronto para receber um terceiro dedo nessas alturas. Falando em altura, eu precisava que ele me comesse, mas não sabia ainda qual posição seria, pois ali em pé poderia ser um pouco desconfortável.
- Fica de quatro! Sei que você gosta em pé, mas de quatro vai funcionar melhor aqui. Fica de quatro e empina essa bundona pro teu putão, vai!
Obedeci sem medo de ser feliz e fui! Ele despejou um pouco do lubrificante que tinha deixado estrategicamente dentro do box junto aos xampus, agachou e socou devagarinho, centímetro por centímetro, me causando tudo, menos dor. Quando a gente dá pra quem a gente ama, parece que a carne dá uma amaciada, a tensão se esvai e tudo entra mais facilmente.
- Isso, gatinho, entrou tudo. Pá, agora eu vou socar sem dó, tá? Você geme pra mim, meu bem? Geme gostoso?
Ele realmente tinha um prazer imenso em fazer um sexo mais barulhento. Gemer com ele era parte do pacote e era TÃO bom. Mesmo começando tímido, de repente eu já comecei a gemer fino, alto, sendo fodido por aquele homem que, se pudesse, já seria pai de uns dez filhos meus. A única coisa que podia me fazer feliz aquela hora era aquele pau enterrado no meu cu.
Depois de uma sequência de estocadas, ele começou a por em prática o que há pouco o havia ensinado, rebolando com seu pau enterrado até quase as bolas dentro de mim. Rebolando e me dando tapas na bunda, comecei a receber o troco do que fiz com ele. E que troco!
- É assim? Tô fazendo direito, vagabunda?
- Tá sim, tá foda. Rebola mais, roda mais esse pau no meu cu, vai!
E assim foi por pelo menos quinze minutos. Não dava para demorar mais, precisávamos sair logo logo e, sabendo disso, João só repetia o quanto me amava e que queria ver meu cu sedento por sua rola.
- Você sabe que você sempre teve a chave do meu cu. Agora deixa eu guardar tua porra nele, goza em mim, caralho!
Como se fosse a senha que precisava para desbloquear o restante da fera que faltava sair, ele me segurou pela cintura e começou a me macetar aos urros, enquanto eu recebia aos gritos. Era sublime, era incrível. Grudando-me em seu peito e puxando minha boca para um beijo afoito, disse que gozaria e, ao sentir seu pau pulsando dentro de mim, sem mesmo me tocar, gozava mais uma vez naquele dia, sujando todo o box do banheiro.
Quando conseguimos ficar em pé novamente, ainda um pouco fracos, rimos, nos beijamos lentamente e terminamos aquele banho, que mais tinha feito suar do que lavar.
No quarto, separei minhas peças de roupa e supus que algumas peças do Cris serviriam nele. Medindo-o de cima abaixo, apenas com uma toalha pendurada nos ombros após se secar, entendi certinho qual seria o look certeiro para aquele homem, que precisava de algo condizente com aquele porte todo. Rapidamente fui no guarda-roupas e nas gavetas espalhadas pelos móveis, fechando a proposta com uma cueca slip preta, calça de sarja cinza escuro, camiseta lisa bem agarrada um tom mais claro que a calça, sapatos oxford pretos, um colar com um padrão geométrico como pingente e um Swatch pra ninguém botar defeito. Se vendo no espelho, ele não se conteve:
- “A mulher está um luxo!” – disse ele soltando um meme clássico duma atriz que esqueci o nome – E o cara tá como? Na estica total! – aquela mistura de gírias aviadadas e héteras fez meu pau querer pulsar de novo, mas não podia. Terminei de me vestir de forma semelhante, com tons de bege para não contrastar muito com os cinzas dele.
- Você está bonito demais, só dá mais vontade ainda de eu arrancar cada uma dessas peças agora e te foder de novo, mas precisamos ir logo.
Seu semblante ficou sério e senti uma pontada de pena por vê-lo daquele jeito. Esse assunto tirava um pouco do seu brilho e provavelmente foi o responsável por alguns poucos fios de cabelo branco que vinham brotanto em sua cabeça, ainda que com só 35 anos.
Despedimo-nos dos meus cachorros, que ficaram tranquilamente no quintal durante aquele período, para que não inventassem de pular na gente enquanto transávamos, e entramos no meu carro. Era a primeira vez que eu dirigia na frente dele e queria fazer bonito.
- Nem acredito que você tem um Fastback Abarth! Cara, esse carro é monstruoso!
- Finalmente alguém que me entende! Para o Cris, o importante era o carro andar, o resto era frescura hahaha. E olha que nem extrapolei muito na minha escolha, esse aqui saiu bem em conta.
- Carro nunca foi a praia dele. Mas lembra quando a gente foi no salão do automóvel uma vez? Ele ficou todo nervoso porque queria ir embora e a gente mal tinha andado nos estandes. Tudo bem que a gente extrapolava um pouco na empolgação e o coitado sofreu na nossa mão, mas até hoje tenho as fotos em um pendrive. Espero que ele venha no meio das minhas coisas.
- Se não vierem, tudo bem, eu tenho tudo guardadinho num drive já. E falando sobre guardar, vamos falar de coisa séria: você realmente quer a guarda integral do seu filho? Você quer mesmo o Davi morando com você?
Um certo terror tomou conta dos olhos dele, uma angústia que me fez sentir João Victor frágil como poucas vezes o vi.
- Não só quero, como eu preciso disso. Eu preciso do meu filho comigo. A vó dele não pode ficar com ele, mas como? Como eu vou conseguir isso? Pá, eu tô desesperado.
- Eu só precisava sentir essa sua certeza para seguir com o plano. Fique em paz, João. Eu estou com você e vai dar tudo certo. Não nos reencontramos atoa, pode te garanto. Se Deus quiser, e Ele vai querer, a gente vai conseguir tirar o Davi das mãos daquela fodida da sua ex-sogra.
- Eu já a chamava de “sobra” ou de “cobra”. Agora eu nem sei mais como me referir a ela. Por que eu fui inventar de brincar de hétero, ainda mais com a filha do meu empresário? Se eu tivesse sido mais sensato, batido de frente com meus pais, corrido atrás de você quando era hora, se eu...
- Shhh! – pedi silêncio e segurei firme em suas mãos, tentando passar toda a segurança que podia – você ganhou um filho nessa brincadeira, meu bem - beijei sua testa e ergui seu queixo. – Agora levanta a cabeça, princesa, se não a coroa cai.
A piada quebrou um pouco da tensão e arranquei com o carro assim que passei a entrada da garagem. Quando cheguei na portaria, tomei uma leve bronca do segurança do condomínio pela alta velocidade, mas bem leve mesmo, só por protocolo, pois o Cleber me passava uns panos por eu deixa-lo dar umas voltas com meu carro quando queria impressionar alguma mina, assim como deixava usar minha casa também. O engraçado de ter vindo debaixo é não pensar, nem por um único momento, que eu estava por cima de alguém ali, ainda que morando num dos condomínios mais caros do Estado.
- Aí, Cleber, esse aqui é o João Victor. Ele vai ficar um tempo comigo, depois agiliza o cadastro dele pra mim?
- Claro, mano, pra já!
- Já não, porque estamos com pressa mesmo, mas depois te mando no Whats os dados dele. Sobrou lasanha no freezer da churrasqueira. Passa lá antes de ir e leva pra você e pra tua mãe.
Os olhos dele brilharam. A lasanha da Dona Olinda era a melhor de todas, mas ela tinha caprichado demais daquela vez, não tinha condições de eu e João comermos aquilo tudo sozinhos, ainda mais quando ela disse que faria um outro prato no dia seguinte.
- Valeu demais, Paolo! Fez a boa demais. Agora tu aí, ô pequeno, vê se cuida do meu brother, se não eu te esculacho, falou?
Comecei a rir com a cara de assustado que o JV fez ouvindo aquele afronte e o Cleber caiu na gargalhada. Aliviado ao ver que estava tudo bem, JV só concordou com um “Pódeixá”, a cancela foi liberada e saímos.
- Vou te apresentar o Vicente Júnior hoje. O cara é o melhor advogado que eu conheço, também LGBT e formado na USP. Não tem um caso que ele tenha perdido nos anos em que advoga. A gente se conheceu na faculdade, sendo um dos meus veteranos e me inspirei muito nele, seguindo inclusive a mesma linha de pesquisa de seu TCC, que usei de referência. A sua origem é parecida com a nossa, o que só nos aproximou mais, além de ser um gato. Inclusive eu e o Cris pegamos ele algumas vezes, viu? Que sabor! Mas na hora de ser sério, ele é bem sério, você vai ver.
Escolhi o restaurante que todos os advogados pareciam gostar, ou seja, a comida era ótima, mas o clima era péssimo, pois onde tem advogado há paz? Acho que não. Ainda assim, ali era ótimo para fazer reuniões, contatos e descobrir fofocas. Mais do que isso, eu sabia muito bem quem frequentava aquele lugar e torcia para achá-la justamente aquele dia.
Estacionei o carro propositalmente num lugar que poderia bloquear a saída de outro. Descemos e estendi minhas mãos para João. Senti seus calos envolverem a minha pele também não tão macia e seguimos para a entrada. Ao chegarmos, pedi à hostesses que nos mostrasse a mesa reservada, mas que também precisava voltar no estacionamento para deixar a chave com o segurança, para caso precisassem tirar o carro para o outro sair. Aparentemente, JV não desconfiou de nada, o que era ótimo.
- Oi, Rafa! Tudo bem? Preciso de um favorzão – disse ao segurança logo que o avistei.
- Pô, achei que não ia nem me cumprimentar hoje. Que bicho te mordeu? Se foi aquele que passou com você, foi uma mordida e tanto, hein?
- Larga a mão de ser safado, homem! – ri junto com aquele comentário – É que ele não podia desconfiar do que vim fazer. Só pra confirmar, hoje é dia da loira do Mercedes brega vir, né?
- Sim. A hostesses pediu que eu deixasse a vaga dela preparada inclusive. Ela exige uma vaga perto da porta por ser já de idade e a caminhadinha lhe doer as pernas, mas pelo jeito não precisa das pernas pra dar conta do motorista novinho dela depois da janta. Duas taças de vinho e ela deixa bem claro o porquê de ter escolhido o moleque de chofer, assim como deixa claro o tom esnobe desagradável para nós, meros mortais.
- Pois é, então me manda uma mensagem quando ela chegar para eu deixar tudo preparado. Hoje é dia de fazer a pressão da velha subir.
Continua...
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Se possível, vote e deixe o seu comentário ao final, quero saber o que estão achando da história do Paolo e do João Victor. O próximo capítulo vai trazer um pouco mais de clareza do que esperar dessa história. Beijo na boca de cada um!