Quando terminou a aula meu telefone começou a chamar, era o Juliano.
- Oi!
- Oi, quer almoçar comigo?
- Agora? Onde você está?
- Aqui na frente do colégio.
- Que surpresa boa, eu aceito.
Desliguei o telefone e fui ao encontro dele que estava no carro estacionado na calçada em frente ao colégio.
- O que deu em você pra vir me pegar aqui?
- Fiquei com vontade, algum problema?
- Nenhum.
- Queria te dar um beijo agora, mas aqui não dá.
- Pensei que você ia me pegar só no final da tarde.
- A professora avisou que hoje a tarde não haveria aula, aí pensei, porque não curtir o meu amor.
- Gostei da surpresa e onde vamos almoçar?
- Vamos para o BH Shopping.
Chegamos lá e fomos para a praça de alimentação, fizemos os pedidos e depois sentamos numa mesa.
Naquele horário o movimento era intenso e por isso nosso almoço demorou um pouco.
- Depois que sairmos daqui você vai lá pra casa?
- Vou sim, amanhã à tarde tenho que ir à casa do Christian fazer um trabalho.
- Amanhã?
- Eu sei que é sábado, mas achamos melhor nos reunir amanhã que temos mais tempo pra não precisar nos reunir outro dia.
- Depois do trabalho você volta lá pra casa.
- E a minha casa?
- Você não vai me deixar sozinho pra ficar com um monte te marmanjos?
- Por falar nisso, combinamos de sair amanhã à noite para um rodízio de pizza, você é meu convidado.
- Este convite veio na hora certa, estou precisando conhecer esse outro cara que está morando com vocês.
Ciúmes novamente?
- Não é ciúme, apenas estou cuidando de você.
- Sei, eu te conheço. – ele sorriu e mudou de assunto.
- E como está no colégio?
- Não quero falar sobre isso, vamos falar de outra coisa?
- Não senhor, o que aconteceu que você não quer me contar?
- Nada demais.
- Você prometeu me falar as coisas, o que aconteceu Sandro?
- Um aluno me tirou pra bobo, mas hoje eu o enfrentei e com certeza ele vai me deixar em paz.
- Ele te ameaçou?
- Disse que ia acabar comigo, coisas de idiota revoltado com a vida.
- Ele é novo na escola?
- Disse que foi expulso de outra e aí veio pra essa.
- Isso pode ser perigoso.
- Não tem perigo nenhum, viu porque não queria falar sobre isso, agora ficou preocupado e sem motivo.
- Fico preocupado porque não posso te acompanhar todo dia.
- E nem eu quero, não preciso de um guarda-costas pra cima e pra baixo.
- É perigoso amor, esse cara pode ser de uma gangue.
- Não acredito nisso.
- Fique de olho, observe todos os movimentos dele e se for preciso eu falo com o tio Carlos pra te acompanhar.
- Não precisa Juliano, isso já é exagero e eu também sei me defender.
Não quero que nada de mal te aconteça.
- Não vai me acontecer nada, fica tranquilo, já me arrependi porque eu te contei.
Ele ainda demorou a se acalmar, até que nosso almoço chegou. Iniciamos a comer e ele calado, estava preocupado e eu queria quebrar aquele clima e aproveitar a surpresa que ele me fez.
- A comida está gostosa.
- Eu sabia que você ia gostar.
- Está melhor?
- Estou sim graças a você.
- Depois do almoço nós poderíamos dar uma olhada nos notebooks.
- Está querendo comprar um?
- Faz falta para fazer os trabalhos escolares e toda vez que preciso tenho que pedir ao Rafael.
- Então após o almoço vamos dar uma olhada.
Seguimos almoçando e por um momento parei admirando o Juliano, como ele era diferente, se preocupava comigo. Eu até estranhava, ao lado dele me sentia protegido, não que precisasse de proteção, mas ele me transmitia uma paz muito grande.
- O que foi? Parou de comer, você disse que a comida estava boa.
- A comida está maravilhosa, estava admirando você.
- Por quê? – sorriu.
- Porque você me transmite algo muito bom.
- Bom saber, termina de comer e vamos olhar o computador
Depois da sobremesa fomos olhar o note. No final fiz a compra em 12 vezes, ia ficar apertado, era minha primeira compra que eu mesmo ia pagar com o dinheiro do meu salário e isso pra mim era uma realização.
Nem tinha iniciado a trabalhar e já estava gastando por conta, mas era necessário, o computador realmente me fazia falta.
Saí da loja me sentindo bobo com meu brinquedinho, não via a hora de poder usufruir do meu computador.
- Gostou da compra?
- Adorei! Ainda bem que você me ajudou a fazer a ficha no crediário.
- Não vai me trocar pelo computador, disse rindo.
- Será que você corre esse risco?
- Não sei você está muito empolgado.
- Estou feliz, como há muito tempo não me sentia.
- É assim que eu gosto de ver você.
- Eu sempre imaginei que longe de casa ficaria triste, mas ao contrário estou amando essa mudança.
- Vamos pra minha casa?
- Primeiro quero passar na minha, pegar minhas coisas e avisar que não vou dormir em casa.
- Então vamos.
Chegamos à república não tinha ninguém, peguei minhas coisas, escrevi um bilhete e deixei em cima da minha cama avisando que voltaria no dia seguinte para irmos à pizzaria.
Fui até ele e o abracei.
- Prontinho, agora podemos ir,
- É gostoso te ver assim, tão meu.
Ele me puxou para junto de si e me beijou, mas logo o afastei poderia chegar alguém.
- Aqui não, pode chegar alguém.
- Estou louco de saudade e vontade de te ter só pra mim.
- Vamos pra sua casa, lá nós podemos ficar a vontade, apertei seu pau de leve e ele suspirou.
- Não brinca comigo desse jeito, eu não resisto e te pego aqui mesmo.
- Vai ter que adiar porque o Marcelo pode chegar a qualquer momento, beijei seu lábio inferior, mordi de leve e depois me afastei.
- Você me atiça e depois sai fora, né?
- Vamos pra sua casa, lá temos toda liberdade do mundo.
- Pegou todas as coisas?
- Peguei, mas fiquei pensativo, estava sem jeito de falar pra ele que queria levar o note.
- O que foi? Porque ficou com essa carinha?
- Acho que vou levar meu note?
- Perdi para o computador.
- Não seu bobo, mas eu quero aprender a usar, estou curioso.
- Dessa vez vou abrir uma exceção, mas da próxima será sem note, disse ele rindo.
Ao chegarmos ao prédio dele, encontramos duas garotas esperando pelo elevador e puxaram assunto com ele. Eu não as conhecia, mas elas pareciam bem conhecidas dele. Ao se despedir teve uma delas que deu uma piscadinha pra ele e eu já fiquei com um pé atrás, não queria passar por tudo que passei com Roger novamente.
Fiquei apenas analisando a situação, não me pareceu que eles tinham alguma coisa, mas ela estava a fim.
- O que foi? – ele perguntou assim que abriu a porta do apartamento.
- Quem são aquelas garotas?
- Moram aqui no prédio, às vezes eu as vejo quando estou chegando ou saindo.
- Não gostei delas.
- Se você está pensando algo sobre envolvimento meu com uma ou outra está perdendo tempo, não tenho nada com ninguém, estou sozinho há muito tempo.
- A morena piscou pra você.
- E daí? Eu gosto de você, o que elas fazem ou deixam de fazer não me interessa.
- É tão difícil confiar após uma traição.
- Eu concordo com você, mas não me compare ao Roger.
Deixei minhas coisas em cima do sofá e de repente me veio a dúvida se estava fazendo a coisa certa ao me envolver com ele.
- Ei, vem cá.
Ele se aproximou e me deu um abraço seguido de um beijo, segurou meu rosto entre suas mãos, olhou nos meus olhos e então vi sinceridade em suas palavras.
- Confia em mim, você está me fazendo o cara mais feliz do mundo.
- Porque você gosta tanto assim de mim, se agora a pouco tinha uma mulher te dando maior bandeira?
- Porque eu me realizo é com homem, pode até me chamar de doido, de idiota, mas eu pedi a Deus pra você gostar de mim e pode acreditar jamais vou te trair com alguém.
- Não me faça promessas, por favor.
- Da minha parte nosso lance é pra valer.
- Vamos com calma, estou saindo de uma relação que me machucou demais.
- Eu sei que você está com medo de se decepcionar mais uma vez, mas as pessoas são diferentes umas das outras e pode acreditar estou sendo honesto com você.
Ele me abraçou novamente, depois voltou a me encarar, fez um carinho com os dedos em meu rosto e me beijou.
O telefone dele começou a chamar, o afastei para ele atender.
Ele falou no telefone por alguns minutos com tia Joana, pelo que entendi ela estava convidando para algo, mas ele logo a dispensou dizendo que tinha compromisso e desligou o telefone.
Era minha tia me chamando pra jantar com ela.
- E você não vai?
- Hoje não, tenho um compromisso com você. Fique a vontade disse ele já tirando sua camisa e sua calça na minha frente, ficando apenas de cueca.
- Vou tomar um copo de água.
Já ia saindo quando ele me segurou pelo braço.
- Não tenha medo e nem receio de mim.
Não disse nada apenas saí pra cozinha. Na verdade estava nervoso, não por me relacionar com ele porque isso já havia acontecido, mas até então não tinha parado pra pensar que ele não estava de brincadeira e não sabia ainda se estava preparado para encarar um novo relacionamento.
Fui até a cozinha enchi um copo de água e fiquei bebendo pensando longe se era aquilo mesmo que eu queria pra mim, de repente ele veio, aproximou e começou a acariciar meus braços, beijou minha nuca e meu pescoço. Deixei o copo sobre a pia, virei para ele e o abracei forte.
Começamos a nos beijar ali mesmo na cozinha, ele beijava bem, era carinhoso, disso não tinha duvidas, enfiava sua língua na minha boca, me apertava com força entre seus braços e o clima foi esquentando. Logo ele ficou excitado, senti seu pau em contato com meu abdômen, estava carente e sensível e ele foi me prensando contra o móvel me deixando totalmente sem fôlego.
Novamente ele se afastou, segurou meu rosto entre as mãos e me beijou, em seguida pegou minha mão e me conduziu até o seu quarto.
Eu tinha que deixar meus dramas do passado de lado e começar algo novo, ele estava ali disposto a me dar amor, carinho e porque não? Eu era solteiro, desimpedido e nada me impedia de me entregar a ele.
Chegando lá, dessa vez foi eu que tomei a iniciativa e o beijei de forma intensa, depois beijei seu pescoço, seu peito, o deixei louco até que me jogou na cama, veio por cima de mim e me beijou novamente.
Retirou minha camiseta e continuou a me beijar. Fui descendo minhas mãos por suas costas até chegar em sua bunda e apertei suas nádegas. Ele seguia me beijando, meu pau já estava explodindo de tesão.
Num movimento rápido ele me deixou por cima dele, em seguida retirou minhas calças, ficamos apenas de cueca, voltamos a nos beijar e novamente ele foi beijando meu pescoço, meu mamilo. Ficou mordiscando e eu me sentia totalmente entregue a ele.
Meu corpo estava em êxtase, ele foi descendo com sua língua em toda extensão da minha barriga alternando entre beijos até que chegou ao meu pau, tirou minha cueca, segurou meu pênis na base e foi chupando até que me deixou louco de tesão.
A sensação era muito gostosa, ele lambia a cabeça do meu pau, passava a língua em volta e depois colocava tudo na boca e eu me revirava na cama parecia que ia explodir de desejo. Depois ele chupou minhas bolas, foi passando sua língua por toda extensão até a cabeça do meu pau, empurrou minha bunda pra cima, beijou e mordeu de um lado e do outro, abriu minhas nádegas e passou a língua por toda extensão, abriu mais expondo ao máximo meu orifício e enfiou sua língua me arrepiando e arrancando gemidos de mim, enfiou um, dois, três dedos e com a outra mão masturbava meu pau.
Estava gostoso, prazeroso, inacreditável. Retirou sua cueca e me chamou para um 69. Enquanto me deliciava com seu pau duro feito rocha, ele me fazia um cunete alternado com dedadas no cu. Depois de um tempo assim pediu para que eu o cavalgasse e foi o que fiz subi e desci em seu pau olhando seus gestos e seu sorriso de prazer
Subia e descia cada centímetro de seu membro, ele alisava minha cintura, até que levantou seu tronco e ficamos sentados nos abraçando entrelaçados com seu pau ainda me invadindo. Beijamo-nos e ele pediu para deitar na cama.
Deitei e ele me invadiu novamente, suávamos, gemíamos, era uma verdadeira loucura até que ele começou a me masturbar acelerando as estocadas e gozamos juntos.
Ficamos na cama abraçados, não tinha o que dizer naquele momento, me sentia realizado, pleno, satisfeito...
Deitei em seus braços e fiquei com meus pensamentos, será que eu estava me apaixonando por ele? Essa pergunta não saía da minha cabeça.
Ficamos abraçados por muito tempo em silêncio, vez ou outra ele acariciava minhas costas e meu cabelo até que finalmente falou.
- Está tudo bem com você?
- Estou.
- Está tão caladinho.
- O que fizemos foi tão intenso que tenho receio de estar me apaixonando.
Ele sorriu, ficou me encarando e em seguida falou:
- Isso é bom, você não acha?
- Já sofri muito, não quero passar por tudo novamente.
- Isso não vai acontecer, eu te amo Sandro.
- Vamos tomar banho e ver algo para comer, estou com fome.
Levantei e fui para o chuveiro e ele mais que depressa me acompanhou. No banheiro nos abraçamos, ele aproximou seu rosto do meu e ficou acariciando.
- Está arrependido? – perguntou com uma carinha triste.
- Não, mas está acontecendo algo aqui na minha cabeça que não sei explicar o que é.
- Então não pense, deixe as coisas acontecerem naturalmente.
- É... Você tem razão, segurei seu rosto e beijei seus lábios.
Ele ligou o chuveiro, pegou o sabonete e passou pelo meu corpo e eu no dele. Resolvi esquecer meus fantasmas, beijei seu pescoço e ele o meu, virei-me um pouquinho, ficando de costas para ele, que passou a mordiscar-me a nuca, em seguida, agarrou-me por trás, encostando seu membro duro em minha bunda.
Passou seus braços por baixo das minhas axilas, prendendo-me pelos ombros, enquanto se esfregava lá atrás.
Nossa, amor, essa bundinha é muito gostosa.
- Guloso, disse sorrindo.
Coloquei a mão para trás e segurei seu pau, ele virou meu corpo, deixando-me de frente. Tornei a segurar seu membro e fiquei massageando.
- Me faz gozar de novo?
- Quer mais?
- Neste momento, eu só quero uma coisa.
Ele foi guiando meus ombros para baixo com suas mãos. Ajoelhei-me e, sem rodeios, coloquei em minha boca e comecei a chupá-lo, ele acariciava meus cabelos por sobre a água do chuveiro, enquanto seguia lhe dando prazer, chupei a cabecinha e fui descendo até as bolas. Ele foi abrindo as pernas, então me ajoelhei por baixo de seu corpo e passei a lamber-lhe abaixo das bolas e fui descendo lentamente a língua. Senti-o quieto, suspirando forte. Fui descendo mais lentamente a boca, até abaixo do seu saco, dando-lhe seguidos beijinhos, até que finalmente, toquei com a ponta da minha língua em seu ânus e ele soltou um gemido alto, o deixei doido.
Comecei a me masturbar e voltei a me concentrar em seu pau que já estava inchado. Ele gemia e forçava minha cabeça até que gozou em minha boca. Segui me masturbando e logo em seguida gozei também.
Trocamos mais alguns beijos e finalizamos o banho. Enquanto colocava minha roupa lembrei o meu note queria aprender a usar.
Olhei para o Juliano que ainda se secava, fui até ele e o abracei por trás.
- Você me ajuda a ligar o note?
- Você está ansioso né?
- Um pouquinho, na verdade estou curioso.
- Ajudo sim, mas só depois de fazermos um lanche, lembra que estava com fome.
- Claro que sim, não esqueci.
Ele colocou a roupa e fomos para cozinha.
Enquanto ele preparava o lanche, fui até o note que ainda estava na caixa e coloquei em cima da mesa e aos poucos fui abrindo.
Quando o ele retornou com o lanche eu já tinha tirado o note da caixa.
Deixa pra depois amor, vem lanchar, disse ele me abraçando mais uma vez.
- Só assim pra você me tirar do meu brinquedo.
- Você precisa estar bem alimentado pra dar conta do papai aqui.
- Até parece que sou um fracote.
- Não é fracote, mas está muito magrinho, precisa se alimentar direito.
- Parece o meu pai falando.
- Agora sou eu que cuido de você, então coma e não discuta comigo.
Ele tinha razão, eu estava muito magro por isso comi e nem discuti. Depois do lanche fomos montar o computador, ele me ajudou até que conseguimos ligar, só então me dei conta que não tinha acesso à internet, então ele configurou para pegar da internet dele e funcionou que foi uma beleza.
- Nossa... Não acredito que estou conectado.
- Você parece uma criança quando ganha um doce.
- E você é responsável por tudo isso.
Dei um beijo nele e depois ficamos na internet. Lembrei-me do trabalho do dia seguinte e fiz uma pesquisa deixando tudo adiantado e ele ao meu lado me ajudando.
- Amor, vamos testar a webcam?
- Boa ideia!
- Vou pegar o meu note.
- Vamos testar só entre nós?
- E tem coisa melhor?
- Depois podemos fazer uma pegadinha com o Tiago ou o Rafael.
- Vamos pegar o Tiago, ele vai gostar.
Ele me deu um beijo rápido e saiu para pegar o note.
Alguns minutos depois retornou com o note, ligou a webcam testamos e nada, no meu note não chegava o sinal, e lá fomos nós procurar como configurava.
- Acho que conseguimos?
- É claro que conseguimos estou vendo essa cara de urso panda que você está fazendo.
- Vamos testar para ver se funciona direito?
- Está funcionando você não está vendo, disse rindo das caretas que ele fazia, até que ficou sério.
- O que foi? Viu algum problema?
- Uma coisa que faz muito tempo que eu queria fazer e não sabia se um dia teria oportunidade.
- Do que você está falando?
- Da gente, presta bastante atenção no que vou falar.
- Eeeeee, que papo confuso.
De repente ele ficou apreensivo pensando se deveria ou não falar, até que falou algo que me deixou totalmente sem ação.
- Quer namorar comigo?
- Que maluquice é essa?
- Estou esperando uma resposta.
- Você está brincando, é pegadinha pra testar a web?
- Estou falando sério.
Ele levantou e se aproximou de onde eu estava, segurou meu rosto entre suas mãos e ficou acariciando.
- Nunca falei tão sério, sei que posso estar sendo precipitado, mas eu quero muito ser seu namorado.
- Você me pegou de surpresa, não sei o que dizer.
- Você sabe, mas tem medo de encarar.
- Tem razão, mas se você me ajudar a perder o medo, eu aceito!
Ele abriu um sorriso enorme, aproximou e nos beijamos. Dessa vez foi um beijo mais demorado, estava muito nervoso. Na verdade era um pânico que não sabia explicar, tinha receio de magoá-lo para o resto da vida e isso eu não queria, ele não merecia.
- A partir de hoje você é meu namorado?
- Isso é assustador, mas estou disposto a encarar.
- Você não vai se arrepender.
- Quero que as coisas aconteçam naturalmente, como à gente tinha combinado.
- Como assim?
- Estou aceitando, mas isso não quer dizer que logo estaremos morando juntos, essas coisas.
- Porque não?
Nós ainda somos muito imaturos, principalmente eu que estou recomeçando a vida, nem faculdade estou fazendo e as coisas precisam seguir no seu rumo como deve ser.
- Eu entendo e não tenho pressa, podemos namorar cada um vivendo na sua casa e quando sentirmos vontade de estarmos juntos você vem pra cá.
- Assim eu aceito e também você pode ir à minha casa, por enquanto como meu amigo, apesar de que não pretendo me esconder por muito tempo, logo contarei aos meninos sobre a minha sexualidade.
- Você vai ter coragem de encarar essa de frente?
- Contei para a minha família que era mais difícil, porque não contar aos meus amigos. Não quero bancar o que não sou para satisfazer os outros.
- Esse é o Sandro que eu tenho orgulho. Sem medos e batalhador.
- Por enquanto, não posso contar aos meninos porque eles não me conhecem ainda e não quero que tirem conclusões precipitadas a meu respeito ou me julguem sem me conhecer.
- Não me importo de aparecer na frente deles como seu primo ou seu amigo, o que existe entre nós é nosso e não pertence a ninguém.
- Eu concordo e por enquanto gostaria de manter segredo, inclusive com os amigos que sabem da gente.
- Mas eles já sabem, neste caso não vejo por que.
- Para nos acostumarmos com a ideia e depois aos poucos vamos contando para as pessoas que julgarmos necessário.
- Eu não tenho segredos com a Laura e nem ela comigo.
- Eu também não tenho com o Tiago.
- E como ficamos nesse caso?
- É por pouco tempo, vamos manter esse segredo que é só nosso.
- Não concordo muito com a ideia, mas se isso vai te fazer bem, eu aceito.
- É que eu não esperava por isso, primeiro preciso me acostumar que agora tenho um namorado, para depois comunicar aos outros.
- Você tem mudado muito nos últimos dias e não imagina o quanto estou feliz.
Ele me abraçou forte em seguida me beijou. Estava assustado e ao mesmo tempo feliz, queria que tudo desse certo entre nós.
Ficamos namorando e mexendo no computador até tarde, ele me mostrou as fotos dos pais que tinha no note. O Juliano era muito organizado, tinha várias fotografias no computador e todas organizadas em pastas. Achei inclusive fotos minhas de quando eu era criança e nem lembrava mais.
- Como você conseguiu essas fotos?
- Na sua casa, vi o álbum naquela estante que sua família tem na sala.
- Você pegou o álbum?
- Peguei emprestado, copiei e depois devolvi no mesmo lugar.
- Vou cobrar direitos autorais, falei e ele caiu na risada.
- Vai dizer que não ficou lindo, se quiser eu te passo uma cópia.
- Eu aceito e quero as desse garotinho lindo, eram fotos dele desde a infância que estavam numa pasta separada.
- Também vou cobrar cachê.
- Não senhor, direitos iguais, quero suas fotos também.
Ele copiou as fotos num pendrive e depois passamos para o meu micro.
Fiquei olhando as fotos dos pais dele, Juliano tinha os traços da mãe, diferente dos irmãos que eram parecidos com o pai.
- Você lembra alguma coisa dos seus pais?
- Eu era muito novo quando eles faleceram e o pouco que sei foi o que a tia Joana me contou.
- Deve ter sido bem complicado conviver sem seus irmãos biológicos, eu nem me imaginaria numa situação dessas.
- Eu sei que o meu tio por parte de pai quis ficar com meu irmão mais velho, ele trabalhava para o exercito assim como meu pai e queria que o Eduardo também seguisse a carreira militar e acabou seguindo.
- E ele não quis ficar com você e sua irmã?
- Ele já tinha duas filhas mulheres e ficou com o Eduardo para seguir os passos dele.
- Desculpe dizer, mas seu tio foi muito idiota.
- Talvez tenha sido melhor assim, ele jamais me aceitaria.
- E sua irmã?
- A irmã mais velha do meu pai, era solteirona e ela se interessou pela Rosane e ficou com ela pra lhe fazer companhia.
- E porque ela não ficou com você?
- Eu era muito novo e ela não queria ter trabalho cuidando de uma criança.
- Aí a tia Joana te acolheu.
- Ela já tinha dois filhos e quis ficar comigo.
E você não ficou revoltado de separarem vocês desse jeito?
- Eu não entendia nada e quando passei a entender sempre questionava tia Joana sobre meus irmãos, às vezes ela me levava pra ver o Eduardo, mas o meu tio não gostava de mim, achava o meu comportamento estranho, até que ele pediu para os meus tios não me levarem mais na casa deles e por muitos anos perdi o contato com meu irmão, fomos nos encontrar há uns três ou quatro anos.
- O Eduardo sabe de você?
- Sabe e deve ser por isso que quase não me procura.
- E seu tio que cuidou dele?
- Nunca mais eu vi e nem me interessei em saber dele.
- E como aconteceu essa aproximação com o Eduardo?
- Um dia ele foi me procurar na casa da minha tia pra tratar da papelada dos nossos pais, divisão de bens. Depois disso ficamos assim como você viu, ele me procura quando o convido para alguma coisa e ele raramente me procura principalmente depois que casou. Acho que a mulher dele deve imaginar que posso contagiá-lo ou torná-lo gay, disse rindo.
- Como se isso fosse possível.
- Pois é não tem explicação pra uma atitude assim e eu também não me sinto bem perto dela.
- E a Rosane?
- Ela foi diferente, logo que minha tia assumiu sua guarda, foi morar na Espanha. Ela foi casada e separou por lá mesmo, depois veio morar no Brasil. Algum tempo após sua chegada ela me procurou e passamos e conviver mais de perto.
- E a tia que cuidou dela?
- Faleceu na Espanha, nunca tive contato com ela.
- Por isso que você diz que eles não te dão à mínima?
- Não temos uma relação assim como você e o Tiago e até mesmo Aline.
- Aline me traiu sem pensar duas vezes.
Ele mudou de jeito quando falei da Aline, ficou sério, pensativo e só então me dei conta do que tinha falado.
- Você ainda se ressente pelo que aconteceu?
- Ela não levou em conta nossa relação familiar.
- E será que o Roger não a iludiu também? Você nunca parou pra pensar que ela pode ser vítima dele?
- Posso ser honesto com você?
- É o que eu mais quero.
No dia do aniversário do Diego, no ano passado, o Roger conversou comigo e me contou algumas coisas e uma delas foi que o casamento deles era aberto.
- E você acreditou?
- Fiquei em duvida e no dia seguinte procurei Aline para esclarecermos a situação.
- E o que ela disse?
- Quem sabe a gente muda de assunto? Não quero te magoar com essas coisas do passado.
- Já que começamos esse assunto vamos até o fim.
- Sinto que esse assunto te faz mal.
- Me trás lembranças que desejo esquecer, mas quero ouvir o que você tem a dizer.
- Ela me confirmou que gostava dele desde que o conheceu, mas como o Roger continuava comigo, decidiu engravidar e exigiu que ele se afastasse de mim.
- E você acha que o Roger se afastou por causa disso? – falou ríspido mudando o tom de voz.
- Ele se afastou porque teve medo de se assumir, teve receio de perder o apoio do pai e principalmente da mãe que não aceitava nossa relação.
Juliano estava inseguro e aquele assunto o deixava triste, fui até ele e o abracei forte.
- Isso faz parte do meu passado, não quero que você se sinta inseguro.
- Eu sinto que pra você isso tudo está muito presente.
- Está, mas hoje eu tenho as coisas bem claras na minha cabeça e ninguém mais me faz de bobo.
- O Roger quer você apenas como um brinquedinho que possa manipular, assim como faz com sua irmã.
- Você acha que Aline não tem culpa por ter me traído?
- Ela tem porque deixou se influenciar, mas também é vitima dele, você tem que parar de achar que o Roger é santinho, porque não é. Ele não teve compaixão em jogar um irmão contra o outro.
Ele falou e lembrei o pedido de minha mãe.
- O que foi? Não gostou que eu falasse verdades sobre ele?
- Não é isso, lembrei-me de um pedido que minha mãe fez antes de ir para o hospital e faz sentido com o que você falou.
Ele parou por longos segundos pensando de cabeça baixa, até que criou coragem e seguiu.
- Quer me contar sobre isso?
- Ela me pediu para nunca abandonar a Aline.
- Preocupação lógica de uma mãe preocupada ao ver os filhos envolvidos por alguém que não valia nada.
- Entendi outra coisa.
- O que você entendeu?
- Que era pra me afastar e deixá-los em paz pra viver a vida deles.
- Você pode achar que estou dizendo isso porque não gosto do Roger, não tenho nada contra ele, mas eu acho que sua mãe fez esse pedido para você amparar sua irmã do sofrimento que estaria por vir e com certeza veio, porque Aline não é feliz.
- Foi ela que escolheu ficar com ele.
- Estava iludida assim como você ficou por muito tempo.
- Talvez você tenha razão, eu não tinha pensado dessa forma.
E isso muda alguma coisa entre nós?
- Não, pelo contrario cada vez mais me convenço das minhas conclusões.
- E o que você concluiu?
- Demorei muito tempo a entender que o Roger independente da Aline, jamais se assumiria. Hoje eu sei que se não for minha irmã será outra, sempre vai ter uma mulher na vida dele, assim como sempre teve enquanto estive com ele.
- Ainda bem que você conseguiu ver como é a vida do Roger, demorou a entender.
- Você acredita em espiritismo?
- Não sei, por quê?
- Uma vez eu fui num centro espírita e recebi uma mensagem da minha mãe, sobre essa promessa, depois que ela faleceu fiquei mal com isso.
- Será que isso não é coisa de charlatão querendo pegar dinheiro?
- Não, nunca me cobraram nada, foi meio louco porque eu fui numa igreja rezar, encontrei uma senhora e ela me viu desesperado, chorando. Contei minha história e ela me convidou para ir nesse centro.
- E você não ficou com medo?
- Ela me tratou muito bem, me falou que tinha perdido um filho da minha idade e queria me ajudar, é claro que fiquei nervoso e com receio, nunca tinha ido naquele lugar, mas confiei nela e nesse dia minha mãe mandou uma mensagem para eu seguir meu coração.
- Que historia mais maluca.
- Foi assim mesmo que aconteceu então a mensagem da minha mãe faz sentido com o que você falou. A Aline me traiu, mas pode ter sido levada a isso.
Como era sua relação com Aline antes de conhecer o Roger?
- Nunca foi como eu e o Tiago, mas sempre nos tratamos bem.
- Você nunca conversou com Tiago sobre isso?
- Conversamos e ele sempre prezou por nossa união e nunca quis se meter entre nós.
- Você estava tão envolvido que não percebeu que ele usou vocês dois e é claro que o Tiago não se meteu porque se falasse qualquer coisa contra o Roger você ficaria chateado com ele.
- Tudo isso que você está me falando faz sentido, fui cego, burro, mudo e surdo.
- Não foi nada disso, você era um cara apaixonado e a paixão às vezes cega às pessoas.
- Vamos mudar de assunto? Quero esquecer tudo isso.
Ele me puxou para um abraço e nos beijamos. Estávamos vivendo um momento tão bom que eu não queria meus fantasmas do passado me atormentando novamente.
- Vamos ligar para o Tiago e fazer uma pegadinha?
- Ele não deve estar em casa ainda.
- Você já olhou para o relógio e viu que horas são?
- Era mais vinte e uma, ficou noite e eu nem percebi.
- Essa hora ele já está em casa, vamos aprontar pra cima dele?
- Vamos.
Liguei para o Tiago e logo ele atendeu.
- Oi maninho, estou com saudade.
- Não fala assim senão eu choro e você me conhece.
- Como você está?
- Estou bem e tenho uma coisa pra te mostrar.
- Eeee, o que você está aprontando moleque?
- Vai ao computador e liga a Webcam.
- Você está brincando comigo, né?
- É sério, vai lá.
- Olha bem o que você vai me aprontar?
- Vou desligar e nos falamos por lá.
Estabeleci conexão com o Tiago e logo ele começou a falar comigo.
- De quem é esse computador?
- É meu.
- Não menti pra mim.
- Está duvidando, fala com o Juliano.
- Ele está aí com você? Ah entendi, esse computador é dele.
Chamei o Juliano pra perto e mostrou o note dele.
Oi Tiago, o computador é dele comprou hoje, parece uma criança que acabou de ganhar um presente.
- O que esse moleque está aprontando aí?
- Ele não está fazendo nada de errado.
- Em você eu confio.
- Quer dizer que em mim você não confia?
- Confio sim, mas eu queria ver sua reação. – Tiago caiu na risada
- Fiquei com ciúmes, você confia mais no Juliano do que em mim.
- Não se faça de vitima. Quer dizer que já está gastando por conta do salário? Olha lá hein? Não vai faltar dinheiro no final do mês, disse ele rindo.
- Eu sei fazer minhas compras e vou te provar que consigo me sustentar sozinho.
- Estou brincando com você, é claro que se precisar eu vou te ajudar.
- Disso eu não tenho duvida e cadê a Paula?
- Foi pra casa, amanhã ela vem pra cá.
- E o papai?
- Estava comigo assistindo tv, ai você pediu pra eu vir pra cá e ele ficou lá embaixo.
- Diz pra ele que mandei um beijo.
- Quando você vem?
- Não sei ainda, já estou fazendo falta?
- Muita... Isso aqui não é igual sem você, estou órfão maninho.
- Eu também sinto muito a sua falta.
- Esse local que você está é o apartamento do Juliano?
Sim e ele tem me ajudado muito.
- Fico feliz que você não está sozinho, e a escola como está?
- Está bem, estou gostando bastante, inclusive amanhã vou fazer um trabalho com dois colegas.
- Que bom mano. Fico feliz que o pessoal te aceitou bem.
- Não precisa se preocupar, está tudo bem comigo e agora nós vamos jantar porque já é tarde e nem sei há quantas horas nós estamos aqui.
- Gostei da surpresa, consegui ver sua carinha de felicidade e da próxima vez, fala com o papai, ele anda com muita saudade de você.
- Eu também, da próxima vez vou falar com todos, inclusive a Paula.
- Beijo mano, se cuida e Deus te proteja.
- Beijos e não se esquece de mandar um beijo pra Paula e outro para o papai.
Depois que falei com Tiago, desliguei a câmera e o note. Fiquei feliz por ver que ele estava bem, era a primeira vez que ficávamos muito tempo longe um do outro, tinha horas que a saudade apertava.
- Ele vai matar a charada.
- Que charada?
- Que estamos juntos, Tiago não é bobo.
- Com certeza vai e a Laura vai ser a mesma coisa. Eles que tirem suas próprias conclusões.
- Vamos preparar algo para comer?
- Está com fome?
- Até que não, aquele lanche da tarde atrapalhou um pouco, mas se quiser posso fazer aquele macarrão que você gosta.
- Eu quero.
Fomos pra cozinha e preparamos o macarrão, até foi rápido, depois jantamos, limpamos toda a bagunça e deitamos no sofá da sala e assistimos a um filme na tv.