Cheguei a casa já era noite, encontrei tudo no escuro e o Tiago deitado no sofá da sala assistindo TV.
- Sozinho?
- Oi mano, como foi o final de semana?
- Foi bom, respondi desanimado.
- Que carinha é essa?
- Acho que fiz coisa errada.
- Quer conversar?
- Quero.
- Deita aqui do meu lado, disse ele se ajeitando no sofá para sobrar espaço.
Deitei de ladinho com ele, ficamos de frente um para o outro.
- Agora pode contar
- Eu fiz uma coisa e agora estou arrependido.
- O que você fez?
- Você vai brigar comigo.
- Prometo que não.
- Eu transei com um dos primos do Rafael.
Tiago ficou me olhando sério tentando processar aquela informação repentina.
- E porque está arrependido?
- Eu amo o Roger, tenho quase certeza que ele se afastou de mim por causa das fofocas que estão rolando na cidade.
- Independente das fofocas o Roger nunca quis nada com você.
- Eu gosto tanto dele, estou sofrendo.
- É assim mesmo, mas porque você transou com o primo do Rafael?
- Ele foi me envolvendo e quando eu vi já tinha aceitado transar.
- Não foi totalmente certo porque você quis se vingar do Roger através dele e não é certo usar as pessoas, mas por outro lado você é livre, desimpedido estava carente, surgiu à oportunidade e aproveitou.
- O Lucas é legal, mas eu não sinto nada por ele.
- Nem poderia num final de semana ninguém se apaixona.
- Ele disse que quer ser meu amigo.
- Hum será que você conquistou mais um admirador.
- Para, é sério.
- Estou brincando com você, mas eu acho que deve dar uma chance a essa amizade, quem sabe não evolui.
- Em que parte você não entendeu que eu amo o Roger e vou lutar por ele.
- Cuidado para não se humilhar e perder o próprio respeito.
- Você acha que o Roger pode estar com alguém?
- Mano, não se ilude, o Roger sempre esteve com alguém, não deixe de viver sua vida por causa dele, vá namorar, viver, aproveitar sua juventude, o que tiver que ser será, deixa que o tempo se encaminhe disso senão você vai pirar.
- Eu sei, mas eu gosto dele.
- É claro, você só pensa nele o tempo todo, para um pouco e pensa, bastou você se afastar dele já aconteceu algo diferente, pode não ter sido bom, mas uma hora vai rolar algo legal.
Você é sempre sábio nos seus conselhos.
- Preciso falar algo sério com você.
- O que é?
- O papai e a mamãe já sabem de tudo o que está acontecendo na cidade.
- Você acha melhor eu contar a eles?
- Eu acho que eles já sabem.
- Esses imbecis querem acabar com a minha vida, comecei a chorar.
- Calma, não te quero chorando e também você tem a mim que nunca vou te abandonar.
- O que eu devo fazer?
- Acho que eles vão querer conversar com você.
- Onde eles estão?
- Foram jantar fora.
- De amanhã não passa, contarei a eles.
- Me avisa, quero estar com você.
- Melhor não, acho que essa conversa é entre eles e eu.
- Tem certeza? Se quiser posso faltar à aula.
- Preciso enfrentar sozinho os meus problemas.
- Eu te admiro muito por ser tão corajoso.
- O que você faz sozinho em casa há essas horas?
- Briguei com a Paula.
- Ah não, o que houve?
- Eu queria sair com ela, mas preferiu ficar em casa para receber uma tia.
- Só por isso vocês brigaram?
- Ela acha que eu fico pensando em sexo o tempo todo.
- Vai ver ela não está bem.
- Talvez você tenha razão, mas poxa eu trabalho a semana inteira, faço faculdade, fim de semana eu quero ficar sozinho com ela.
- É justo, mas tenta entendê-la.
Nem bem eu falei e o telefone dele começou a tocar, era ela, eles falaram e depois que ele desligou o telefone ficou olhando pra mim com uma carinha de indeciso.
- O que foi?
- Ela quer sair comigo.
- Viu só como a minha cunhada pensa em você.
- Ela disse que pensou melhor, mas eu não quero te deixar sozinho.
- Nada disso, pega o telefone liga pra ela, eu me viro sozinho e não quero atrapalhar seu namoro.
- Então vem conosco, vamos jantar fora.
- Tiago, vocês precisam de privacidade, por favor, liga pra ela e vão se curtir.
- Não vai ficar chateado comigo?
- Vou ficar chateado se você deixar de sair com sua namorada para ficar aqui me paparicando.
Ele deu um sorriso e beijou meu rosto.
- Vou nessa então.
Saímos do sofá e uns 10 minutos depois ele já estava pronto para sair.
- Tem certeza que vai ficar bem?
- Tenho, vai de uma vez.
Depois que Tiago saiu, fui para o meu quarto e entrei no msn, o Diego estava off line, mas o Junior estava on, chamei por ele.
- E aí Canadense?
- haha, logo sai e você seu sumido?
- Muitas ocupações.
- Não trabalha demais, você precisa vir a BH.
- Por quê? Tem coisas interessantes por ai?
- Muitas gatas maravilhosas.
Se ele soubesse que eu me interessava por gatos.
- É mesmo?
- Só não faça que nem o Juliano que sai e não fica com ninguém.
- Vai ver ele é tímido.
- Tímido? haha
- E a Laura?
- Está mandando um beijão.
- Manda outro, nunca a vejo on.
- Ela anda muito ocupada com o Fabrício haha
- Bem que ela faz, tem que aproveitar.
- Por falar nisso, marquei com uma gata, tenho que sair agora, se cuida primão.
- Aproveita.
Ele saiu, Diego continuava off, Juliano também, deixei o computador de lado e peguei meu celular.
Iniciei um joguinho, mas a minha cabeça estava voltada para o Roger, queria ligar para ele e ao mesmo tempo algo me impedia de fazer a ligação.
A voz do coração falou mais algo, digitei o numero dele e quando vi já estava chamando, chamando, chamando e ele não atendia, já estava quase desistindo quando ouvi sua voz.
- Oi meu.. Oi Sandro.
- Oi, achei que não fosse me atender?
- Somos amigos, como não ia te atender?
- Tudo bem com você?
- Tudo bem e você?
- Triste, com saudades e sem entender suas atitudes.
- Eu não queria te magoar.
- Você não sente saudades de mim?
- Sinto, mas você viu o que as pessoas andam comentando sobre nós dois pela cidade?
- Eu vi e tenho certeza que isso é coisa da Larissa.
- Também acho.
- E mesmo assim prefere ficar com ela?
Eu não estou com Larissa, apenas fico com ela.
- É a mesma coisa e pelo visto você não mudou nada.
- Sou assim e isso não é novidade.
- Não quero falar sobre ela, estou sozinho em casa, vem pra cá?
- Não, seus pais podem chegar.
- E o que têm eles?
- Sandro, deixa de ser iludido. Eles devem estar me odiando.
- Vem me buscar então, quero muito conversar com você.
- Melhor não, preciso desligar agora.
- Por quê? Está fugindo?
- Não, esqueceu que terminamos.
- Estou tentando esquecer até passei o final de semana fora.
- Eu soube.
- Soube?
- Todo mundo comenta da nossa vida nessa cidade, a notícia corre.
- Estou pouco me importando para o que eles falam.
- Pois eu me importo, mas logo eles vão se acalmar.
- Por que você diz isso?
- Nada demais.
- O que você fez ontem?
- Deixa as coisas como estão senão você vai se machucar e eu não quero isso.
- Aposto que você estava com a Larissa, disse quase chorando.
- Para com isso Sandro, pra que sofrer desse jeito?
- Eu gosto de você e sinto que também gosta de mim.
- Preciso desligar agora, marquei de sair com alguns amigos.
- Vamos nos encontrar amanhã, eu vou à sua casa.
- Não faça isso, vai aumentar ainda mais as fofocas.
- Dane-se eu já contei para o Tiago e vou contar aos meus pais.
- Não faça isso, Sandro, disse ele alterado.
- Porque não?
- Como vou enfrentar sua família, já não basta o seu irmão me virar à cara todo dia.
- Meu irmão está chateado com você, mas é por se afastar de mim.
- Sinto muito pra ele, mas eu faço da minha vida o que bem entender.
- Quando podemos nos ver?
- Eu não quero me encontrar com você, acabou.
- Você está com alguém?
- Para com isso Sandro, aceita que acabou.
- É alguém que eu conheço?
- Porque essa cisma que estou com alguém?
- Porque eu tenho certeza disso, disse gritando.
- Quer saber, chega de te poupar, estou sim.
- Quem é? A Larissa?
- Não te devo satisfações da minha vida e desligou o telefone.
Tentei retornar a ligação, mas ele desligou o celular, comecei a chorar lembrando a nossa conversa, fui para o banheiro e tomei um banho para me acalmar. Quando voltei observei uma janelinha do msn piscando, achei que fosse o Diego mas não, era o Juliano, com a mensagem “saudades”.
Coloquei uma roupa e sentei na frente do micro, precisava fazer alguma coisa para passar o tempo senão ia pirar sozinho em casa e principalmente depois da grosseria do Roger ao telefone.
- Oi futuro médico.
- Oi lindão, quer ser meu paciente?
- Não, obrigado tenho pavor de médico. rs
- Que maldade, mas de você eu cuido direitinho.
- Como você é atirado hein? Tudo bem contigo?
- Melhor agora, estava com saudades.
- Pois eu nem me lembrava de você.
- Que maldoso, pra que tanto rancor? rs
- As pessoas são muito falsas.
- Concordo com você, mas nem todas.
- A minha experiência diz que elas só se aproximam com segundas intenções.
- Às vezes pode ser algo bom.
- Então não é comigo, porque eu não tenho essa sorte.
- O que fizeram com você lindão?
- Nada, estou com raiva do mundo, das pessoas, da minha vida, de tudo.
- Foi o namorado?
- Eu não tenho namorado.
- Tem sim e eu sei que tem.
Esqueci que você estava me espionando aquele dia.
- Você sabe que não foi intencional e já me desculpei.
- Desculpa se estou sendo grosso com você.
- Comigo você pode falar tudo que quiser, eu sei seu segredo e não te julgo.
- O que você quer comigo?
- Ser seu amigo.
- Eu não tenho amigos, as pessoas sempre querem tirar proveito quando se aproximam de mim.
- Se você tivesse perto de mim eu ia te cuidar.
- Ia nada, aposto que é só mais um querendo se dar bem.
- Que juízo você faz de mim?
- Desculpa hoje eu não estou bem, você não tem nada a ver com isso, não queria te ofender.
- Tudo bem, eu te entendo, já passei por isso.
- É mesmo?
- Sim, mas não gosto de falar sobre isso, machuca ainda.
- É, pelo visto estamos na mesma situação.
- Faz tempo que essa mulher te deu uma rasteira.
- Alguns meses e o seu namoradinho?
- Terminou comigo essa semana.
- Ele não te merece.
- Pelo visto ninguém me merece.
- Você é lindo merece tudo de bom e se esse cara não sabe te valorizar, parte pra outra.
- Como se fosse fácil.
Fácil não é, mas não pode desistir de tentar.
- E você conseguiu? rsrs
- Consegui nada, só estou tentando te animar. rsrs
- Bela tentativa.
- Dois rejeitados, um tentando animar o outro.
- É pra isso que servem os amigos.
- Obrigado Juliano, você consegui me animar.
- Que bom, pelo menos pra isso eu sirvo.
- Quanta carência.
- Estou precisando de alguém pra me animar novamente.
- Na faculdade deve ter muitas.
- Lá não tem nada, só gente fria.
- Nossa, e eu que pensei que lá chovia de gatinhas.
- Tem muitas, mas nenhuma me interessa.
- Só a ex?
- Também não sei se vale a pena.
- Seu caso é pior que o meu, estamos mal.
- Muito. rsrsrs
- Tenho que dormir agora, está tarde.
- Melhoras ai com seu ex.
- Você também. rsrs
- Beijo na boca.
- Para com isso. rsrsrs
- Não vai retribuir?
- Beijo.
- Agora melhorou rsrs
- rsrsrsrs
Desliguei o computador e fui dormir estava triste por tudo que Roger me falou, e ao mesmo tempo me sentia feliz por conversar com Juliano, ele me acalmava me fazia bem e até me deixava mais relaxado.
Acordei desanimado para o dia seguinte, só de lembrar que enfrentaria as risadinhas pelos corredores e saber que meus pais provavelmente estariam decepcionados comigo já me entristecia profundamente.
Ao meio dia quando cheguei da aula encontrei meus pais aguardando por mim para almoçar, eu sabia que os dois estavam ali por causa de tudo que estava ocorrendo na cidade, não deu tempo nem de pensar e ficar nervoso, assim que coloquei os pés em casa eles me chamaram.
- Filho, deixe seu material no quarto e desça para conversarmos, disse meu pai calmamente, minha mãe apenas me olhou parecia triste, mas não disse nada.
- Está bem pai, eu já volto.
Enquanto subia as escadas ia me dando conta que talvez minha vida nunca mais fosse à mesma daquele dia em diante, mas aquele era o momento e eu tinha que enfrentar.
- Estou aqui pai, falei assim que cheguei perto deles na cozinha.
- Senta aqui meu filho, meu pai pediu que sentasse numa cadeira a frente deles, ficamos os três um de frente para o outro.
- Pai, sobre o que as pessoas andam falando...
- Me deixa falar e depois você fala, disse ele me interrompendo.
Calei-me e deixei que ele iniciasse a conversa.
- O que essas pessoas andam falando, pouco me importa desde que não te ofenda fisicamente porque moralmente nossa família toda já está na lama e isso é outro problema que compete a mim e a sua mãe. A única coisa que eu não gostei nisso tudo foi que você não nos confiou pra falar sobre seus problemas.
- Pai...
- Por favor, filho me deixe terminar, desde quando você era garotinho com 8, 9, sua mãe e eu notamos que era diferente do Tiago, sempre foi mais delicado, mais sensível, toda vez que via um garoto ou um ator na televisão era visível seu interesse. Uma vez conversando com sua mãe chamei a atenção dela para isso, eu não entendia muito, achei que se tirasse seu acesso a internet e reduzisse seus horários na tv isso tudo mudaria com o tempo, mas depois eu me dei conta que era seu jeito de ser. Você cresceu e nunca apareceu com uma amiguinha, com exceção da Fernanda que cresceram juntos, sempre teve poucos amigos era muito fechado, diferente do seu irmão que com 12, já andava beijando as meninas no colégio e eu sendo chamado na escola, por isso, o que essas pessoas andam comentando já não foi tanta novidade pra nós, de certa forma já estávamos preparados para este momento, embora nossa vontade fosse o contrário.
Enquanto meu pai falava de uma forma até surpreendente pra mim, comecei a chorar.
- Sua mãe e eu nos sentimos mais culpados ainda por deixar você enfrentar tudo isso sozinho, fomos egoístas do nosso medo, da nossa vontade que as coisas fossem diferentes, no fundo sabíamos que nosso desejo jamais seria alcançado e não demos o apoio necessário a você, por isso agora meu filho eu quero saber de tudo que está acontecendo pra podermos te ajudar.
- O Tiago está me ajudando, mas só de contar com a compreensão de vocês já me basta.
- Porque você nunca nos falou sobre sua sexualidade?
- Vergonha de ser assim, medo de ser rejeitado, um pouco de tudo.
- Agora você não está sozinho. É claro que o desejo meu e da sua mãe era que você fosse como o Tiago, mas é nosso filho igual a ele e Aline, foi gerado com muito amor e será aceito como eles, nós só precisamos de um tempo até nos acostumar com essa nova realidade.
- Eu tinha tanto medo de vocês me expulsarem de casa como acontece com tantos meninos.
- Filho meu não anda perdido pelo mundo sem que eu saiba o que anda fazendo, nós somos uma família e você é tão membro como qualquer um de nós, disse meu pai e minha mãe sempre calada.
- Desculpa mãe se não sou o filho que a senhora sonhava.
- Eu é que te peço desculpas por ter te deixado a própria sorte, mas isso não vai mais acontecer.
- Porque a senhora está chorando então?
- Porque eu fui muito ausente na vida de vocês, sempre trabalhando, os deixei por conta de empregados, principalmente você que era o menor.
- Isso não faria diferença.
- Faria sim meu filho, você não sabe o quanto é triste pra eu ver essas pessoas te ofendendo, você é um menino estudioso, trabalhador, uma pessoa de bem que nunca fez mal a ninguém.
- Uma hora eles se cansam e me deixam em paz.
- Eu não aceito isso, não admito que minha família seja atirada na lama por causa de meia dúzia de pessoas que não tem nada o que fazer.
- Filho, aprenda uma coisa para a vida, nunca acredite demais nas pessoas, disse meu pai.
- A maioria dessas pessoas que hoje falam de você pelas costas nos devem favores, disse minha mãe, muitos deles têm dívidas no mercado e nunca cobramos, tentávamos compreender e muitas vezes até perdoamos e o pagamento que ganhamos foi a difamação, mas isso é bom para aprendermos, a partir de hoje, quem não tiver dinheiro vai ter que deixar as compras encima do balcão.
- Quanto a isso eu não quero que você se preocupe e nós vamos resolver, tenho certeza que logo essas pessoas vão se arrepender do que andam fazendo, agora eu quero saber de mais uma coisa.
- O que é pai?
- Você está envolvido com Roger?
- Agora não, porque a gente terminou.
- Se afaste dele meu filho.
- Por quê?
- Porque sua mãe e eu queremos.
- Eu gosto dele, porque tenho que me afastar?
- Porque não queremos.
- Muito engraçado, vocês foram compreensíveis quanto a minha sexualidade, até me surpreendi e quando se trata do cara que eu gosto, são contra, qual é?
- Filho, não discuta com seu pai, ele sabe o que está fazendo.
- Pois eu não vou desistir do Roger, não vou fazer a vontade de vocês.
- Você vai obedecer ao seu pai sim, e não discuta conosco.
- Porque eu devo fazer isso?
- Porque somos seus pais e sabemos o que é melhor pra sua vida, esquece o Roger, ele não te merece, gritou minha mãe.
- Mãe, por favor, me entenda eu amo ele.
- Pare de se humilhar e rastejar desse jeito meu filho.
- O que a senhora sabe de mim? Hein mãe?
- Sandro, peça desculpas a sua mãe agora, disse meu pai vermelho de raiva.
- Tudo bem, vocês querem que eu me afaste dele, não posso ir contra, não vou mais discutir sobre isso, mas jamais conseguirão mudar o que eu sinto por ele.
- Você ainda vai nos dar razão, o Roger só vai te trazer sofrimento.
- Eu prefiro sofrer.
- Não diga isso meu filho, nós só queremos o seu bem.
- Então me deixem fazer minhas escolhas.
- Nós só estávamos tentando te proteger.
- Eu agradeço, mas gostaria de andar com minhas próprias pernas.
- Meu conselho de pai está dado, faça o que achar melhor.
- Meu filho, ouça o seu pai para o seu bem.
- Mãe, eu não vou me afastar do Roger.
- Vamos almoçar, disse meu pai.
Minha mãe foi colocar a mesa, o clima estava tenso, não conseguia entender o porquê da rejeição deles pelo Roger, gostava muito de meus pais, mas não ia abrir mão do cara que eu amava por capricho deles.
Começamos a almoçar no mais absoluto silêncio, até que meu pai começou a falar.
- Filho, você é grandinho e já sabe definir o certo do errado, pense bem sobre o Roger.
- Tudo bem pai, eu já entendi que o senhor não gosta dele.
- Então, o assunto está encerrado vamos almoçar em paz, disse ele.
À tarde fui para o mercado com eles, o clima continuava pesado, mas já senti as primeiras mudanças acontecendo a partir daquela tarde, muitas pessoas que jogaram piadinha pra mim tiveram que deixar suas compras para trás, meus pais eram muito calmos, mas quando compravam uma briga era melhor ninguém se meter no caminho deles.
Uma coisa eu não conseguia entender, o que eles tinham contra o Roger, será que era algo relacionado ao Paulo? Mas o quê? Se os dois estavam tentando chegar num acordo? Meus pais não tinham nada a ver com o problema deles, então não teria fundamento desejarem meu afastamento dele.
Estava tão perdido em meus pensamentos que nem vi o Tiago se aproximar e começar a falar comigo.
- Como foi? Teve problemas?
- Até foi tranquilo quanto a mim, mas eles não aceitam o Roger, você sabe por quê?
- O Papai não me comentou nada.
- Tem certeza Tiago, você não está sabendo de nada?
- É claro que eu tenho e se soubesse de alguma coisa seria o primeiro a te contar.
- Não estou entendendo o porquê dessa implicância com Roger?
- Se o papai disse isso, pode acreditar mano, ele não faria apenas por birra ou implicância.
- Você acha que ele tem um motivo?
- O papai não é injusto com ninguém.
- Eles foram tão compreensivos e quando falei no Roger simplesmente mandaram me afastar.
- Você não está bem, né?
- Estou péssimo.
- Quem sabe você vai pra casa descansar.
- Você quebra o meu galho?
- Vai nessa, você está precisando.
- Te devo essa.
- Você não me deve nada, é visível seu abatimento.
- Obrigado mano!
Fui pra casa para descansar, mal sabia eu que a partir daquele dia minha vida mudaria radicalmente.
Cheguei a casa e fui direto tomar um banho para esfriar a cabeça, eram muitos problemas, não esperava aquela reação do papai contra o Roger, não conseguia entender o porquê daquela atitude.
Depois do banho já vestindo uma roupa confortável deitei na cama e fiquei pensando nos acontecimentos daquele dia até que fui surpreendido por alguém batendo na porta.
- Oi maninho, posso entrar?
- Oi Aline, o que você está fazendo em casa há essas horas?
- Não estava me sentindo bem e pedi para uma colega me substituir no horário da tarde.
- O que você tem?
- Estou mal mano, disse ela e começou a chorar.
Mesmo sem entender a abracei tentando confortá-la.
- O que aconteceu?
- Não sei nem por onde começar, eu te juro que não sabia de nada.
- Não sabia o quê? Tenta se acalmar.
Ela chorava descontrolada estava me deixando aflito.
- Desde sábado quando fiquei sabendo eu não tive mais paz no meu coração.
- O que você ficou sabendo?
- Sobre você mano.
- As fofocas já chegaram aos seus ouvidos?
- Não são fofocas, eu não sabia.
- Do que você está falando Aline? Não estou entendendo nada.
- É sobre você e o Roger.
- Você já ficou sabendo também?
- Fiquei sabendo no sábado.
- É verdade, eu sou gay e o Roger foi meu namorado.
- Eu sei, ele me contou.
- Como?
- Quando eu fiquei sabendo das fofocas fui atrás dele e ele me confirmou, na verdade não teve como negar.
- Já é um bom começo ele ter admitido, falei feliz.
- Mano, por favor, ouça o que eu tenho a dizer, o Roger não é como você está pensando.
- Ele é meio confuso, mas no fundo sinto que me ama.
- Não ama, ele não ama ninguém.
- Porque você diz isso?
- Talvez depois dessa conversa, você nunca mais seja o mesmo comigo, mas eu não tive culpa.
- Fala logo Aline, está me deixando nervoso.
- Lembra-se daquele dia em que nos encontramos na piscina, estava você, eu, Roger, Rafael, Fernanda e depois chegou o Eduardo?
- Lembro.
- Naquele dia no final da tarde eu fui num barzinho com minhas amigas e logo depois ele chegou e sentou a nossa mesa, ficamos lá no bar e quando saímos, ele me ofereceu uma carona...
Enquanto Aline falava meu coração ia apertando era a resposta ao que eu mais temia e me recusava a acreditar, em meus olhos as lágrimas nasciam assim como nos dela que não paravam.
- Eu nunca tinha me envolvido com alguém, nunca namorei ninguém, juro que eu não sabia.
- O que aconteceu?
- Ele me falou palavras tão bonitas e eu acreditei, no início levei na brincadeira e me deixei envolver, quando ele foi embora me beijou.
- Como ele teve coragem?
- Eu não sabia que vocês estavam juntos, não imaginava que ele se relacionava com homens senão jamais teria permitido.
- Ele estava comigo nesse período.
- Fiquei sabendo no sábado quando o forcei a me contar.
- E o resto?
- Depois disso ele passou a me procurar na escola onde trabalho.
- Você trabalha fora da cidade, como ele fez isso?
- Ele viajava para fazer consertos de máquinas e dava um jeito de me procurar e isso aconteceu várias vezes.
Porque você nunca me contou Aline?
- Ele me pediu para não falar nada a ninguém e eu boba caí na dele.
- Vocês transaram?
- Sim, ela me respondeu chorando e eu já não sabia mais o que fazer era muita dor e decepção ao mesmo tempo.
- Quando?
- Isso só vai te machucar ainda mais.
- Fala Aline, eu quero saber de tudo, seja sincera comigo, disse chorando.
- Numa dessas viagens aconteceu a nossa primeira vez, ele me levou na cidade vizinha e nós fomos num motel.
- Quando foi isso?
- Algumas semanas antes do seu aniversário.
- No meu aniversário vocês já estavam juntos?
- Estávamos, mas brigamos naquele dia porque a Larissa apareceu lá no clube e acabou descobrindo tudo.
- Por isso que ele ficou com ela quando terminou a festa.
- Ele estava elevado na bebida, nós tínhamos brigado e você estava com Diego.
- E ele disse que ficou com Larissa por fraqueza.
- Foi.
Mentiroso, idiota, ele me disse que fazia tempo que não ficava com mulheres e sentia falta por isso ficou com ela.
- Depois desse dia da festa eu terminei com ele e pedi pra se afastar da minha vida.
- E logo depois ele terminou comigo.
- Ele me disse que foi pra te proteger porque a Larissa descobriu uma mensagem sua no celular dele e começou a falar pra todo mundo que vocês eram amantes.
- E assim ela também atingiria você, agora eu entendo o papai e a mamãe.
- Tive que contar a eles, mas estou péssima, não queria fazer isso com você, nós sempre fomos tão amigos.
- Porque ele fez isso com a gente? Esse mau caráter maldito.
- Eu o pressionei no sábado, ele me disse que não tinha intenção de nos magoar, mas que não tinha coragem de se afastar de você porque o ajudou a encontrar o pai.
- Ele estava comigo por gratidão?
- Eu não sei só somente ele poderá dizer.
Não sabia nem o que pensar daquilo tudo, como ter raiva da Aline, se foi tão vitima quanto eu e o Roger o que pensar da atitude dele, eu tinha que falar com ele para tentar entender o tamanho da canalhice, mas estava sem condições, era muito desgaste para um dia só e o pior ainda estava por acontecer.
- Eu não sei o que fazer agora? Disse Aline voltando a chorar copiosamente.
- Você quer voltar pra ele?
- Nunca, ela gritou e até me assustou.
- Não vai me dizer que você está grávida?
- Acho que estou.
- Mais ele sempre se protegia, era cuidadoso.
- Teve um dia que transamos no carro e ele não tinha preservativo, estou com medo da reação da mamãe e do papai.
-Eles não sabem ainda.
- Não, ninguém sabe, nem o Roger, só você está sabendo agora.
- Não acredito que isso está acontecendo comigo?
Desculpa mano, eu não queria te magoar, juro que não sabia de vocês, jamais imaginei que você era gay, nunca te vi com ninguém, pra mim você era o meu irmãozinho inocente que ainda não sabia nada da vida.
- Pelo visto nós dois caímos na mesma cilada.
- Eu caí uma vez, mas em mim ele não toca nunca mais.
- E se você estiver grávida?
- Eu não sei, ela chorava apoiada nos braços dava para se perceber seu desespero, não sabia o que fazer se ajudava minha irmã, se colocava minha raiva pra fora ou se sumia dali e ficava sozinho onde pudesse colocar meus pensamentos em ordem.
- Você já fez um teste de gravidez?
- Não, porque eu acho que está muito recente, faz pouco mais de um mês.
- Eu acho que você tem que fazer esse exame.
- Estou com medo, minha menstruação está atrasada.
- Não entendo nada disso, acho que o Tiago pode nos ajudar.
- Não mano, não conte a ele por enquanto eu não sei nem como encará-lo.
- Assim como teve coragem de me encarar.
- Você, eu praticamente fui forçada a fazer isso, não ficaria em paz com minha consciência e seria melhor saber por mim do que pelos outros.
- Eu nunca imaginei que passaria por isso, não merecia essa apunhalada, disse voltando a chorar.
- Me perdoa? Não vou conseguir viver em paz sabendo que você está magoado comigo, disse ela chorando também.
- Eu não sei se estou preparado para isso agora, estou magoado na alma.
- Por favor, mano.
- Eu preciso pensar em tudo que aconteceu, ainda estou sobre efeito de tudo, não esperava por isso.
- Eu não tive culpa.
- E se você estiver grávida, já pensou como vai ser nossa vida?
- Não quero pensar nisso, mas se tiver não vou abortar.
- E se o papai te obrigar a casar com ele?
- Não quero chegar perto desse cara nunca mais, o papai que não tente fazer isso comigo.
Preciso ficar sozinho agora, se você não se importa de deixar meu quarto.
- Eu vou, mas não vou descansar enquanto você não me perdoar.
Ela saiu tão arrasada quanto eu, depois que fechei a porta do quarto, me atirei na cama e comecei a chorar e reviver tudo o que tinha acontecido até aquele momento, às pistas que Roger me deixava sobre seu envolvimento com minha irmã e eu burro nunca percebi nada, estava cego, não queria ver o que era óbvio.
Onde iria buscar forças para superar aquela traição, porque ele fez isso comigo e com minha irmã? Era tudo o que eu mais queria saber. Eu ia atrás dele para por tudo as claras, Roger teria que ser sincero comigo pelo menos uma vez na vida.
Eu estava com tanta raiva que nem me importei se a mãe dele estava em casa ou não, esperei o horário que ele saia do trabalho e fui até a casa dele de bicicleta.
- Sandro? Ele disse assim que abriu a porta.
- Preciso falar com você.
- Entra ai, eu sabia que você viria.
Entrei e notei que ele estava sozinho em casa.
- Pelo visto Aline já te contou.
- Por quê? É tudo o que eu quero saber, porque você fez isso com a gente?
- Eu não queria me envolver contigo, porque foste muito legal comigo me ajudando a encontrar meu pai, mas ai você veio com esse jeitinho tímido, carente e não resisti.
- Canalha, é isso que você é.
- Você sabe que não sou um cara de me envolver em sentimentos, pelo menos nunca fui até o dia em que encontrei com sua irmã, ela mexeu comigo de uma forma diferente, me apaixonei como nunca tinha me apaixonado por alguém, eu amo Aline e vou lutar por ela.
- Se você sabia de tudo isso porque continuou me enganando?
- Porque sou um covarde, tenho desejo por homens, mas não quero isso pra mim, eu gosto mais de mulher, amo sua irmã e quero construir algo legal com ela.
- Você acha que minha irmã é louca em se envolver novamente?
- Aline também é louca por mim, eu sei que agora está revoltada, mas ela ainda vai me perdoar.
- E eu? Fiz papel de palhaço?
- Quando me envolvi com ela, já estava pensando em terminar contigo, fui egoísta porque sinto algo especial por você, coisa que nunca senti por outro cara. Na verdade até te conhecer eu só tinha ficado com dois caras, um quando eu tinha 16 e outro quando tinha 18.
- Como você pode ser tão falso?
- Não fui falso, sempre deixei bem claro que não queria envolvimento.
- E mesmo assim continuava me enganando?
- Você que confundiu as coisas e insistia em continuar e ainda me cobrava lealdade.
- E você não me cobrava?
- Cobrava, porque eu gostava de você e sempre deixei isso bem claro.
- Você queria um brinquedinho a sua disposição para se divertir quando tivesse a fim?
- Sandro, cai na real.
- Que real?
- Você acha que alguém vai querer assumir um relacionamento homo com tanto preconceito que tem na sociedade?
- Se eu me envolver com canalhas da sua espécie, com certeza não chegaria a lugar nenhum.
- Cara, cai na real, relacionamento homo é bom na hora, mas depois enjoa.
- Você é tão homo quanto eu cara, como pode ter uma mentalidade tão pequena?
- Sou realista Sandro, não me iludo com certas coisas.
- E você acha que minha irmã aceitaria um cara que vai dividi-la com outros na cama e até mesmo com mulheres como foi o caso da Larissa?
- A Larissa foi diferente, ela se aproveitou que estava elevado na bebida.
- Engraçado que ela se aproveitou quando tinha bebido e depois? Os encontros na frente da escola? Você estava sóbrio.
- Nesse caso é diferente, ela foi me fazer chantagem.
- Chantagem de que?
- Ela viu uma mensagem sua no meu celular e se aproveitou disso para me chantagear.
- Então você terminou comigo por causa da chantagem e não por vontade própria?
Ele ficou calado e não respondeu.
- Fala, gritei.
- Foi.
- Isso é mais nojento ainda, até quando você pretendia continuar enganando a mim e a minha irmã?
- Não queria te magoar, você é um cara legal.
- Pois me magoou. Se fosse com outra pessoa eu até entenderia, mas com minha irmã?
Me perdoa Sandro.
- Você tem noção no que transformou nossas vidas? Como vou encarar minha irmã e fingir que nada aconteceu?
- Eu estava pensando num jeito de acertar as coisas, mas você dificultava, me procurava e eu acabava me entregando.
- A culpa foi minha então?
- Um pouco foi, tentei várias vezes me afastar, mas você insistia.
- Eu só vim aqui pra te dizer uma coisa, a partir de hoje você morreu pra mim.
- Não é assim que a gente resolve as coisas.
- Comigo é assim, me sacaneou, morreu!
- A gente não pode terminar assim? Você é muito importante pra mim, eu te considero um grande amigo.
- Amigo não trai pelas costas, comecei a chorar.
- Eu sei que errei com você e acho que merece algo bem melhor, como por exemplo, fazer uma faculdade, seu futuro não é aqui na cidade, você precisa buscar sua realização profissional longe daqui.
- Está querendo me ver pelas costas?
- Pode não parecer Sandro, mas eu tenho um sentimento muito especial por você.
- Cara, porque toda aquela cisma com o Diego? Não dá pra entender.
- Eu sou possessivo, você era tão dedicado a mim e só em pensar na ideia de dividir você com alguém me magoa.
- Enquanto isso, você ficava com o primeiro ou primeira que aparecesse pela frente.
- Também não é assim.
- O Diego me falou que em Belo Horizonte você ficou com uma amiga dele.
- O Diego é um grande fofoqueiro.
- Não foi o que me pareceu, de tudo que ele me falou, só comprovei verdades.
- Desculpa essa não foi minha intenção, na verdade eu queria que tudo acabasse numa boa e te peço que me ajude com sua irmã.
- Você não tem noção do que está me pedindo, respeite os meus sentimentos Roger.
- Eu sei que não agi corretamente com você, mas vamos tentar resolver isso civilizadamente.
- Civilizadamente? Como vou conseguir viver daqui pra frente cara? Você tem noção no que transformou minha vida?
- Você não merecia eu tenho ciência disso, me deixei levar pela atração e as coisas foram longe demais.
- E por acaso pretende continuar enganando minha irmã seu canalha?
- Não! Quero deixar de levar essa vida dupla para me dedicar somente a ela.
- Duvido que Aline queira ficar com você.
- Se você me ajudar, ela vai.
- Não acredito ainda que não fui nada pra você.
- Foi sim, você é muito importante pra mim, mas eu jamais assumiria um relacionamento com outro homem.
- Estou me sentindo um lixo, uma peça descartada, um objeto que você usou e agora está jogando fora e ainda vem com lição de moral pra cima de mim, querendo bancar o sujeitinho bom que está preocupado com Aline?
- Você não acredita, mas amo sua irmã e estou mudando por causa dela.
- Tenho nojo de olhar pra sua cara, não sei como deixei me enganar por um sem vergonha sem escrúpulos que não gosta de ninguém.
- A partir de hoje, esquece que eu existo.
- Você vai me ajudar?
- Dane-se.
Saí pela porta, peguei minha bicicleta e quando saí no portão encontrei a mãe dele.
- Sandro, o que você veio fazer aqui?
- Vim falar com o Roger, já estou de saída.
- Espera!
- O que foi?
- Se afasta do meu filho para o bem dos dois.
- Por quê? A senhora está me ameaçando?
- Eu gosto muito de você, mas não te quero envolvido com meu filho.
- A senhora acha que sou má companhia para ele?
- Entenda como quiser saia da vida dele.
- Quanta ignorância.
- Meu filho tem a chance de progredir e um caso com outro homem não pegaria bem.
- Entendi, mas querem minha ajuda para aproximá-lo de minha irmã.
- Se ele te pediu sua ajuda é porque realmente gosta dela e eu faço muito gosto nesse namoro.
- Foda-se você e seu filho.
Peguei minha bicicleta e saí sem rumo, queria estar em qualquer lugar menos na minha casa, de preferência longe de todos, andei até cansar, saí da cidade e entrei numa área rural, eu queria morrer, esquecer-se de todos e de preferência de mim mesmo.
Cansei de andar, entrei no meio de uma mata e fiquei ali sentado enquanto chorava e colocava tudo pra fora sem medo de alguém me criticar, perdi as horas, a noite chegou e eu perdido na minha tristeza, até que meu telefone começou a chamar, olhei no visor era o Lucas, pensei em não atender, mas resolvi atendê-lo.
- Oi Lucas!
- Oi que você tem? Está chorando?
- Estou, quero sumir pra sempre.
- Estou aqui na cidade e quero falar com você.
- Esquece que eu existo.
- Onde você está?
- Não sei, estou numa mata na saída da cidade.
- Há essas horas? É perigoso.
- Eu quero morrer.
- Para com isso, acho que sei onde é, espera que estou indo aí.
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E apresento a vocês o grande vilão desse conto! ROGER!