- Gostou do trabalho?
- Gostei, acredita que o tempo passou e eu nem vi.
- Que bom, acho que esse trabalho vai te fazer bem.
- Melhor vai ser a grana pra me ajudar no final do mês.
- Além desse fato disse ele rindo.
Chegamos ao apartamento e ele já foi retirando a camiseta, bermuda, tênis, meias, só faltou tirar a cueca.
- Vou tomar banho estou todo suado, quer me acompanhar? Falou com um sorriso bobo nos lábios.
- Vou ficar aguardando aqui mesmo.
- Não demoro disse ele tirando a cueca e juntando a roupa para colocar na máquina de lavar, depois disso foi para o banheiro.
Fiquei na sala e deixei-o imaginando que não queria tomar banho, tirei minha roupa e fui atrás dele no banheiro.
A porta estava aberta, entrei e ele só me viu quando abri o box e o abracei por trás beijando suas costas. Ele virou de frente pra mim e segui beijando levemente seu rosto. Acariciei seus cabelos, o abracei forte e beijei seu pescoço.
- O que está acontecendo com você?
- Já notou que vivemos brigando.
- Você é meio impaciente e teimoso, mas já estou aprendendo a lidar com esse gênio.
Ele tinha razão, nem argumentei apenas sorri e o beijei no pescoço mordi sua orelha um pouco além e senti que doeu. Instintivamente ele virou e me colocou de costas pra parede, beijou meus lábios com fúria, beijou meu pescoço, meus mamilos, por fim chupou meu pau, mas não demorou muito e parou me fazendo chupar o dele. Chupei com força e vontade, mas logo ele interrompeu, disse que me queria na cama.
Secamo-nos e voltamos para o quarto, alisei seu rosto e o beijei enquanto segurava seu pau num movimento leve de vai e vem, ele gemia e me beijava, até que o joguei na cama, em seguida me ajoelhei peguei seus pés e comecei a beijá-los, ele encolhia os dedos sentindo cócegas, soltou um gemido ao sentir o roçar de minha língua e meus beijos deslizando por suas pernas até as coxas, fui subindo até chegar ao seu pau, que estava muito excitado, segurei-o firme e chupei novamente até que ele interrompeu e me puxou com força para um abraço contra seu corpo virando e me deixando de bruços na cama. Em seguida, beijou meu pescoço, minhas costas até chegar à minha bunda e começou a passar a língua no meu ânus, fiquei louco de tesão achei que fosse gozar ali mesmo.
Ele pegou uma camisinha, iniciou a penetração e logo começou a bombar num vai e vem muito gostoso até que eu pedi para trocar. Levantei, sentei nele e fui ditando o ritmo, logo nossas respirações ficaram ofegantes e chegamos ao ápice.
Deitei meu corpo por cima dele e ficamos na mesma posição por alguns instantes até que aos poucos fui criando coragem e tirei seu pau já mole e deitei na cama. Ele retirou a camisinha, amarrou jogando-a no chão, em seguida me abraçou e permanecemos deitados por mais alguns minutos.
- Porquinho, falei rindo.
- Você que está sujinho.
- Estou com preguiça.
- Fiquei acabado, mas deixei você molinho.
- Você cansa tão fácil assim?
- O Breno me deu uma série que está acabando comigo, aí vem você e me leva a nocaute.
- É fraco brinquei com ele.
- Vou dizer para o Breno te colocar a fazer exercício também, quero ver como vai reagir.
Criei coragem e levantei da cama. Juntei a camisinha do chão e coloquei no lixo no banheiro. Aproveitei e limpei o sêmen que tinha em mim, em seguida voltei ao quarto e deitei abraçado a ele.
- Manda aí, qual é a bronca?
- Nossa, que fama eu tenho com você?
- Fama de marrentinho e teimoso, disse ele rindo.
- Posso saber o que aquele imbecil do Augusto queria com você?
- Está com ciúmes?
- Só estou cuidando o que é meu.
- Ah é? Bom saber.
- Não vai se convencendo e se achando o tal.
- Quando você disse que queria conversar comigo, já estava imaginando que era sobre ele.
- Quando eu vi vocês chegando juntos na academia, tive vontade de dar uma surra nos dois, mas resolvi fazer diferente.
- Melhor ser amado do que surrado.
- É sério, fiquei inseguro e na hora eu me segurei por causa do Breno que estava ao meu lado.
Não precisa ficar inseguro porque o meu lance com ele já acabou há muito tempo.
- Sempre existe a possibilidade de retorno.
- Comigo é diferente, não costumo voltar com ex.
- Radical hein?
- O Augusto me traiu e pra mim traição não tem perdão.
- Mesmo quando existe amor?
- Se existe amor, não tem porque existir traição. Você não concorda?
- Concordo, mas existem formas diferentes de demonstrar carinho, eu, por exemplo, nunca disse que te amo em palavras, tenho dificuldade com isso, mas estou muito feliz por estarmos juntos.
- Então porque você disse que não gostou de passar a noite passada comigo?
- Ontem eu não estava bem, fiquei preocupado com meu rosto e com medo do Breno me dispensar.
- Ainda tem uma manchinha leve, amanhã ou depois não aparece mais nada.
- Graças a Deus, ontem eu estava me sentindo um zumbi.
- Quer dormir aqui?
- Não, quero ir pra casa.
- Às vezes você é mau comigo, disse ele rindo.
- Eu curto o meu cantinho, mas isso não quer dizer que vou embora porque não gosto de estar com você, uma coisa não tem nada a ver com a outra.
- Você é malvado.
- Serve um beijo pra me redimir?
- Você pisa, bate, grita me agita e mesmo assim eu te amo.
- Engraçadinho.
Caímos na risada, trocamos um beijo, em seguida vestimos nossas roupas e ele me deixou em casa.
Na sexta-feira cheguei à escola e logo na entrada encontro Adriana.
- Nossa que milagre já chegou tão cedo, geralmente você chega depois que eu e às vezes até do Christian.
- Meu pai mudou de horário no emprego, vou passar a vir mais cedo.
- Você vai ao show amanhã?
- Não tenho ingresso e menor não pode entrar.
- Esqueci-me desse detalhe, brinquei com ela.
- Nessas horas que eu rezo para chegar meus 18 anos e só em pensar que ainda faltam dois anos é desanimador.
- Calma que você chega lá.
- Será que vai cair uma tempestade? Adriana chegando cedo à escola é algo de outro mundo, disse Cristian juntando-se a nós com mais dois garotos.
- A partir de hoje serei uma das primeiras a chegar à escola.
- Por falar em chegar à escola, alguém sabe do João Pedro? Questionei o grupo.
- Aquele garoto é muito esquisito, falou um dos colegas que estavam conosco.
- Ele já provou que não está nem ai, disse o outro garoto.
- Eu acho que ele vai desistir, disse Christian.
- Duvido, uma semana sem vir à aula não é nada para o João Pedro, disse Adriana.
- Ele deve ter aprontado alguma e por isso anda sumido, mas depois volta, disse o primeiro garoto.
- O grupinho dele deve ficar meio desorientado sem o líder, disse o outro garoto.
- Porque será que ele é tão revoltado? Questionou Christian.
- Eu também gostaria de saber, falei quando deu o sinal para entrada.
Cheguei a republica após a aula era um silêncio assustador, algo raro de acontecer quando a galera estava em casa. A primeira coisa que fiz foi preparar o almoço, logo o Lucas chegaria da faculdade e com certeza sairia com Bruno para trabalharem no evento que estavam organizando para o domingo.
Quando a comida estava quase pronta ele chegou e como sempre estava bem humorado.
- Oba! Nada melhor que chegar e encontrar uma comidinha feita na hora.
- Vai sair?
- Sim, daqui a pouco o Vitor passa aqui pra me pegar.
- O Vitor? Não é com o Bruno que você trabalha?
- Trabalho com o Bruno, mas ele teve que ir a Betim e vai demorar.
- Além de fazer bico para o Bruno, o que o Vitor faz da vida?
- Só estuda.
- Ele é muito querido e tal, mas às vezes tenho a impressão que é falso.
- Você tem ciúmes dele?
- Porque eu teria ciúmes desse garoto?
- Pela amizade dele com o Roger.
- E desde quando eu quero saber da vida do Roger?
- Sempre bate aquela curiosidade para saber como está a vida do ex.
- Pois eu quero distancia dele.
- Eles são muitos amigos, mas não sei se o Vitor é chegado num peru e caiu na risada.
- Lucas, sai daqui, vai tomar o seu banho?
- Vou e não precisa ficar vermelho.
- Toma banho rapidinho que o almoço está quase pronto.
Ele foi saindo e em seguida retornou achei que tinha esquecido algo.
- Só me diz uma coisa.
- Seja rápido porque não vou comer comida fria.
- Entre o Juliano e o Roger qual deles é mais robusto?
- Vai tomar banho e vê se acha algo bom pra ocupar essa mente poluída, saí correndo atrás dele que nem esperou e saiu em disparada para o banheiro rindo de suas palhaçadas.
Lucas e eu almoçávamos quando Marcelo chegou, passou direto para o quarto e mal nos cumprimentou.
- O que ele tem? Perguntou Lucas.
- Não sei, está assim desde a briga com a namorada.
- Depois que terminar o almoço, vou falar com ele.
- Eu já imagino o que seja, mas não me sinto preparado para falar com ele ainda.
- Será que a Carla desconfia de algo e encheu a cabeça dele?
- Imagino que sim, é uma pena, pois não quero perder a amizade dele.
- Se você está metido nessa eu também estou.
- Será?
- Ah com certeza, toda vez que ela vem aqui ou saímos juntos aquela cobra fica de olho na gente.
- Não gosto de falar da namorada do cara assim desse jeito, mas não deixa de ser uma jararaca.
- Será que eles voltaram depois do barraco que aprontaram?
- Provavelmente sim, ele mudou muito nos últimos dias.
- Quer saber de uma coisa, não vou gastar minha beleza correndo atrás de gente ignorante, vai se fuder.
- Nesse ponto eu concordo com você, o cara não é ingênuo pra não saber separar as coisas.
- Sinto muito se ele se deixa influenciar a esse ponto.
- Mudando de assunto, você tem visto o Diego?
- Depois daquela tarde infelizmente não vi mais o meu gato.
- Vou ligar pra ele depois pra saber como estão as coisas na casa dele.
- Que barra, porque é tão complicado pra algumas famílias admitir a sexualidade do filho?
- Graças a Deus nesse quesito eu tive sorte.
- E vai dizer que assim não foi melhor?
- Foi outra vida depois que me abri pra eles, já a sua família nem desconfia de você?
- E nem eu quero, prefiro viver minha vida com liberdade e visitá-los quando a saudade apertar.
- Você nunca pensou em se assumir?
- Por enquanto não, vivo bem assim e se algum dia aparecer um cara legal que haja sentimentos recíprocos, neste caso eu posso até pensar, se não deixa assim que está maravilhoso.
Eles são preconceituosos?
- Para os meus pais seria o fim do mundo.
- E seus irmãos?
- Eles têm aquele jeitão liberal pra palhaçada assim como eu, mas em se tratando de defender o lado macho, acho que jamais aceitariam.
- E o seu amor platônico pelo Bruno como vai?
- Ah Sandro já tirei isso da minha cabeça, por enquanto estou aberto a aventuras, disse rindo.
Escutamos uma buzina na frente da casa, era o Vitor.
- Sandro, o avisa que vou escovar os dentes e já vou.
- Eita Lucas você me coloca em cada uma.
- Quebra esse galho pra mim.
Ele saiu para escovar os dentes e eu fui ao encontro do Vitor que estava no carro estacionado em frente a casa.
- O Lucas pediu pra avisar que já vem.
- Ele vai demorar?
- Foi escovar os dentes.
- Eu não lembro bem, mas você é o cunhado do Roger?
- Sou eu, por quê?
- Você se parece com a esposa dele.
- Eu preciso entrar, daqui a pouco tenho que trabalhar.
Ele fez sinal positivo e não disse nada, no pouco contato que tivemos notei que ele me analisava, não gostei daquilo e tratei em voltar pra dentro de casa.
- Você me deve uma, disse ao Lucas que reunia seus pertences numa mochila.
- Como assim?
- Esse Vitor é estranho, ficou me analisando e ainda perguntou se eu era cunhado do Roger.
- Relaxa Sandrinho, vou nessa, beijo no ombro.
Depois que o Lucas saiu liguei para o Diego estava com saudade e também sentindo uma sensação estranha que deveria ligar pra ele.
- Oi Sandro, que bom que você me ligou.
- Aconteceu alguma coisa?
- Será que podemos conversar antes de você trabalhar?
- Claro que sim, está só o Marcelo em casa e está no quarto estudando.
- Estou indo aí.
Não demorou muito ele estava na frente de casa, não quis entrar, pois queria conversar em particular, então fomos pra pracinha que ficava perto e sentamos num banco.
- Antes de iniciarmos nossa conversa, me dá um abraço.
Ele mal terminou de falar e começou a chorar, o abracei e ficamos longos minutos abraçados, na hora passou um engraçadinho e falou, “que pouca vergonha não tem outro lugar pra vocês ficarem de viadagem”.
- Não está vendo que ele não está bem?
- Vermes imundos vão se tratar, disse o cara.
O Diego estava tão mal que nem dei ibope para aquele idiota, abracei o Diego mais forte ainda e depois tentei acalmá-lo.
- Está mais calmo?
- Estou e obrigado por perder seu tempo me ouvindo.
- Lembra que você já fez isso comigo?
- É verdade, disse ele num sorriso triste.
- Engraçado, eu senti que você precisava de mim, por isso liguei.
- Estou com tantos problemas, Sandro.
- Estou aqui disposto a te ouvir, pode falar se você quiser ou então pode chorar a vontade no meu ombro.
- Essa semana o Mauricio me ligou essa semana, ele não quer que eu vá viajar.
- É por isso que você está mal?
- Não, a minha decisão já está tomada independente da opinião dele.
- E porque você está triste assim?
- A mulher dele está grávida.
- Não entendo como um cara que diz amar outra pessoa consegue gerar um filho com quem não ama.
Isso é pra eu aprender a ser idiota e deixar de acreditar nas pessoas.
- Nem todas as pessoas são assim e você não pode desistir da vida por causa de um idiota.
- Sabe quando a pessoa se ilude e no fundo acredita que tudo vai mudar?
- Eu sei bem como é isso, mas vou te dizer uma coisa, às vezes a gente se engana, acha que ama muito uma pessoa e fica insistindo em vão, enquanto isso você pode deixar de estar amando quem realmente te merece.
- Ela não o ama Sandro.
- Porque você diz isso?
- Eu descobri uns rolos ai, ela o traiu com um cara que trabalha com o pai dela.
- E o Mauricio sabe?
- Eu não contei, ele pode achar que é perseguição logo agora que ela está grávida.
- Antes eu não queria que você fosse viajar, mas já estou sentindo que todo esse clima está te fazendo mal. Faz o seguinte, esquece tudo isso, faça essa viagem e dê a volta por cima, você merece coisa melhor do que viver rastejando atrás dele.
- Além do que estou sofrendo por causa dele em casa vivemos num clima de guerra.
- Você já não está afastado do Mauricio?
- Estou.
- O que seus pais querem afinal de contas?
- Que eu crie vergonha na cara e case com uma mulher.
- Não faça isso nem na pior das hipóteses.
- Eu não sei o que fazer, ele voltou a chorar, nunca vi o Diego tão frágil.
Se eu pudesse viajava com você pra te ajudar, mas como não posso, quero que vá e seja o Diego homem que sempre foi. Aquele que um dia me deu ótimos conselhos e me ajudou a dar a volta por cima.
- Obrigado, acho que Deus nos aproximou para um ajudar o outro, você é o irmão que eu nunca tive.
- O Roger é mais teu irmão do que eu.
- Ele não me entende como você.
- Quero que você seja o mesmo Diego de sempre, não cede pressão de ninguém, lute por sua felicidade, quem sabe não tem um inglês a tua espera?
- Só você mesmo pra me fazer rir.
- Toda vez que você pensar em desistir pense no Roger que foi fraco.
- Você tem visto ele?
- Às vezes nos encontramos e ainda rola uma nostalgia.
- Se isso fosse fácil assim?
- Posso te afirmar que não é fácil, é um processo longo e doloroso, mas não é impossível.
- Você já esqueceu o Roger?
- Aquela coisa doentia que sufocava e me fazia fazer loucuras já passou, hoje consigo viver sem a presença dele e também consigo falar francamente sobre ele sem chorar ou ficar horas pensando porque tudo tinha que acontecer comigo.
- Eu notei que você está mais liberto mesmo, mas acho que o Juliano tem dedo nisso.
- Acho que não, o Juliano não tem nada a ver com o Roger. Afastar-me dele foi uma decisão minha e também por causa da minha família.
- Obrigado pelos conselhos, já estou sentindo que vou precisar fazer um plano bem bolado com a telefonia pra falar com você depois da viagem, não posso conviver longe de tudo sem me comunicar contigo.
- Isso a gente dá um jeito, tem o face, orkut, msn, opções é o que não falta.
- E como está o trabalho?
- Está ótimo, estou gostando muito.
- E aquele cara que estava te importunando no colégio?
- Sumiu, não apareceu mais na aula desde o dia que ele me atacou.
- Ainda bem, se cuida com esse tipo de gente.
- Vamos voltar? Daqui a pouco tenho que trabalhar.
- Eu te dou uma carona até a academia.
- Beleza! Poupei a passagem do ônibus e também estou feliz porque você já está melhor.
Quando retornei da academia tinha um carro parado em frente a republica, eram Rafael e Letícia, era noite e não dava para ver direito, mas ao passar por eles tive a impressão que estavam se beijando.
Entrei em casa e dei de cara com Pedro preparando algo para comermos.
- Oi Pedro, tudo bem?
- Final de semana a vista, melhor impossível.
- Você vai ao show amanhã?
- Não posso, vou viajar.
- Ah não brinca, vai toda galera e você inventa de viajar.
- Vou visitar minha família.
- E a namorada?
- O que tem ela?
- Vai com você?
- Eu convidei, mas ela não se sente a vontade para viajar.
- Vou tomar um banho, cadê o outro pessoal?
- Marcelo Saiu com alguns amigos, Giovane foi com a namorada ao cinema, o Lucas e o Rafael não chegaram ainda.
- Essa casa parece museu aberto à visitação, sempre tem um entra e sai de gente, mas nunca tem ninguém em casa.
- É bem isso, amanhã cedo estou me mandando e só volto no domingo à noite.
- Boa noite! – disse Rafael entrando pela porta, ele ficou sem jeito quando me viu.
- Boa noite! – respondi com naturalidade.
- Vou para o meu quarto, disse ele.
- A comida já está quase pronta interrompeu Pedro.
- Então vou aguardar para comer com vocês.
- Está tudo certo para o show amanhã? Perguntei a ele.
- Ainda não me decidi se vou.
- Você comprou os ingressos, achei que fosse, disse Pedro.
- Eu comprei, mas não sei se vou.
Ele não falou mais sobre o show e o Pedro também mudou de assunto, ficamos falando sobre cursos, professores, vestibular, coisas de nosso dia a dia da vida de estudante.
Depois que jantamos fui para o quarto e deitei na cama, estava cansado e o dia seguinte seria intenso.
Já estava quase pegando no sono quando Rafael entrou no quarto pegou uma toalha e saiu para tomar banho, depois disso acabei pegando no sono.
- Sandro... Sandro acorda, ouvi a voz do Rafael e acordei com ele mexendo no meu braço me chamando para acordar, levei um susto, achei que tivesse acontecido algo.
- O que houve?
- Desculpe te acordar, mas não posso dormir sem saber o que está acontecendo.
- Acontecendo o que?
- Você está chateado comigo e eu não quero mal entendido sobre nós por causa da Fernanda.
- Não estou chateado, você é grande o suficiente para saber o que quer, apenas estou cansado.
- Você é amigo dela e deve estar decepcionado comigo.
- Sou amigo dos dois, aliás, dos três, Letícia também é minha amiga a conheci primeiro que você.
- Por isso mesmo, eu senti você calado desde a hora que cheguei.
- Você e a Fernanda estão passando por uma crise e por ser amigo dos três resolvi que não vou me meter nessa confusão.
- Eu gosto quando você dá uma de irmãozinho mais velho.
Então deita aqui ao meu lado estou sentindo que você está precisando de um colinho.
- Estou, disse ele rindo, estava envergonhado, mas deitou conforme pedi.
- Você está confuso e se precipitando em algumas coisas, mas o que eu tinha a dizer já disse aos dois, porém estou aqui disposto a te ouvir como amigo.
- Obrigado por não me julgar.
- A vida é sua e você tem o direito de fazer dela o que bem entender.
- Parece fácil, mas estou sem saber o que fazer amanhã.
- Por causa das duas?
- Sim, não quero enganar a Letícia que tem sido muito legal comigo e também não quero ser um brinquedinho da Fernanda.
- Com certeza ela vem para o show e é provável que venha te procurar.
- Por isso que não estou querendo ir.
- Fugir não é a melhor solução.
- Eu sei, estou confuso, chateado e com vontade de jogar tudo para o alto.
- Faz o que o teu coração mandar e agora vamos dormir, estou muito cansado.
- Vou passar pra minha cama, aqui está muito apertado pra você.
- Fica aí eu deito no cantinho e dá tranquilo pra passarmos a noite.
- Estou sem sono e você está cansado.
Acho que meu cansaço já passou.
- Tão rápido?
- Você não está bem, fica aqui, ele deu um sorriso e pensou distante.
- O que foi?
- Me veio um pensamento de quando era criança.
- Então me conta.
- Não... Você está cansado.
- Tenho um amigo precisando de mim, não posso virar para o canto e dormir, seria o mesmo que lhe virar as costas. E agora deixe de achar que estou cansado e me conte o que pensou.
- Quando era criança e tinha crises de insônia eu deitava no meio dos meus pais. Às vezes ficava muito calor na cama e eu me mexia, jogava as pernas para o alto ou pra cima deles, era muito engraçado.
- Eu pedia socorro ao Tiago e ele a mim, porém ele sempre se fazia de forte.
- Você teve sorte, já eu sempre quis ter um irmão não importava o sexo, mas não teve como.
- Seus pais não quiseram ter outros filhos?
- Nunca te contei, mas eu tive um irmão mais velho que nasceu morto e minha mãe ficou grávida mais duas vezes e não vingaram.
- Isso foi antes de você nascer?
- Sim, minha mãe disse que só superou um pouco da dor quando nasci.
- Sua mãe devia ter problemas.
- Ela não conseguia segurar o bebê durante a gestação.
- Por isso que ela te trata com tanto carinho e atenção.
- Ela conta que quando ficou grávida de mim, era a última tentativa e por isso ficou deitada durante o tempo de gestação sobre orientação médica, além da minha vó que ficava com ela enquanto meu pai trabalhava.
- O sofrimento dela foi compensado quando você nasceu.
- Por isso quero ser exemplo para eles, à faculdade é coisa mais importante na minha vida.
- Eu acho que você está certo, mas também tem que batalhar por sua felicidade
Não lembro a hora que fomos dormir, mas era tarde da noite. No dia seguinte acordei sozinho e o Rafael dormia tranquilamente em sua cama.
Cheguei à cozinha e dei de cara com Marcelo tomando café.
- Bom dia!
- Bom dia! Você fez café?
- O Pedro fez antes de sair.
Sentei para tomar café e ele calado, era estranho, bem diferente do Marcelo que estava acostumado. Segui tomando café em silêncio até que ele puxou assunto.
- Você vai ao show?
- Vou com Tiago, Paula e o Juliano.
- O Juliano vai com você?
- Vai, por quê?
- Sandro, eu queria te falar uma coisa, mas estou com vergonha.
Logo imaginei o assunto, mas deixei que ele falasse.
- Nossa cara, eu fico até sem jeito, mas preciso saber, essa dúvida está matutando minha cabeça há dias.
- Marcelo, nós moramos na mesma casa e além de tudo somos amigos.
- Eu sei, mas você pode ficar magoado comigo.
- Pode falar.
- Cara, você é viado?
- Não.
- Ah que bom, poxa e eu pensando que você desmunhecava.
- Sou homossexual sim, viado não.
- Nossa então você é...
Homem igual a você.
- É diferente.
- A unida diferença é que eu gosto de homem e você de mulher e também não gosto que me rotulem.
- Desculpa Sandro, eu falei viado, mas foi maneira de me expressar.
- Acho que o reino animal merece respeito, as pessoas tem mania de sair comparando seres humanos com animais, um cara que traído é boi chifrudo, se anda mal vestido é bode ou porco, se for esperto é cabrito, se tem dificuldade de raciocínio é burro ou anta se é gay é viado, acho isso é tão pouco criativo.
- Desculpe, não quis te rotular e também não tenho preconceito, pelo contrario disse rindo, já tive até curiosidade.
- Não brinca?
- Coisas de moleque adolescente.
- E não tem mais?
- Ah não sei, acho que não.
- Quem é curioso uma vez, geralmente volta pra matar a curiosidade outras vezes.
Ele soltou um sorriso tímido, típico de quem já havia aprontado alguma, mas mudou o foco da conversa.
- Como você descobriu?
- Com 11 anos eu já sabia, embora nunca me envolvesse com ninguém nessa idade.
- E você aceitou numa boa?
- Não tenho vergonha de ser o que sou, mas fico chateado com a hipocrisia das pessoas.
- O Juliano é também?
- Acho que isso você deve perguntar a ele.
- Então a Carla estava certa.
- Certa em que sentido?
- Ela disse que você e Juliano são gays e são namorados.
- Desculpe Marcelo, você é muito legal, mas sua namorada não gosta de mim e posso até imaginar os absurdos que ela deve ter implantado na sua cabeça.
- Eu que peço desculpas pela forma como agi nos últimos dias, mas não se preocupe ninguém consegue me manipular, não sou bobo.
Não esquenta já passei por situações piores, mas é bom saber que você não me julga.
- Os meninos já sabem.
- Apenas Lucas e Rafael.
- Fica tranquilo, quanto a mim não vou comentar com ninguém.
- E a Carla?
- A gente está de relações cortadas desde a última briga.
- Achei que vocês tinham voltado.
- Ela tem tentado, mas não sei se quero uma mulher pegajosa no meu pé.
- Você vai ao show logo mais?
- E você acha que vou perder?
- Você disse que está brigado com a namorada.
- E desde quando mulher me prende de sair com os amigos, disse rindo.
- Eu acho que você está certo, mas se prepara que ela vai aprontar poucas e boas.
- Sou muito novo pra receber uma coleira.
- A Carla não é de deixar barato.
- Enquanto ela surta eu cuido da minha faculdade e curto meus amigos.
- Fiquei feliz que você voltou a ser o Marcelo de antes, achei que fosse perder sua amizade.
- Eu gosto muito de você e agora que te conheço melhor, gosto mais ainda.
- Que bom, selamos a paz então?
- Ela sempre esteve selada, mas se você quiser, podemos comemorar esse momento outro dia porque agora preciso sair.
- Este é o Marcelo que conheço, disse rindo.
Antes do almoço Rafael saiu de casa, eu sabia bem o motivo e nem o questionei. Aproveitei o resto da manhã para estudar, antes disso, liguei para o Juliano e combinamos de nos encontrar na republica a tarde e irmos juntos com os demais.
Por volta do meio dia já estava ansioso aguardando a chegada do Tiago, estava com saudade dele e do papai, queria dar um abraço neles.
- Tudo isso é ansiedade Sandrinho? Questionou Giovane a me ver caminhando de um lado para outro.
- Saudade.
- Sei bem o que é isso, também sinto saudade da minha família.
- Por falar nisso, você prometeu uma viagem pra sua terra com a galera.
- Vamos combinar para a páscoa, o que você acha?
- Por mim tudo bem, temos que combinar com os demais.
De repente ouvimos uma buzina em frente a casa, nem prestei atenção ao Giovane e saí correndo. Era o Tiago, nem bem meu pai desceu do carro e eu o abracei.
- Eita filhão, tudo isso é saudade?
- Muita saudade, pai.
- Está feliz! A mudança fez bem pra você.
- Fez sim, mas estou mais feliz porque vocês estão aqui.
- Tem um abraço pra mim também disse o Tiago atrás de mim.
- É claro que tem.
O abracei e depois foi a vez de Paula e por último a Fernanda que estava com eles, me abraçou.
- Tudo bem com você, Sandro?
- Tudo bem e você.
- Estou com saudades do Rafa, cadê ele?
- Eu nem notei, mas acho que ele saiu.
- E como ele está?
- Está bem, estudando bastante quase não o vejo.
- Ele não me ligou mais deve estar bem mesmo.
- Eu não sei da vida do Rafael.
- Acho que você sabe e não quer me dizer.
- Me desculpa, vou conversar com meu pai, estou com saudade dele.
- Vou levar o papai para ver Aline, você vai junto?
- Não.
- Você ainda tem mágoa dela?
- A Aline nem lembra que eu existo e também não gosto da forma como ela trata o papai.
- Vou dar um corretivo nela. A Aline precisa entender que tem família, depois que as coisas acontecem não adianta chorar e se arrepender.
- Do que você está falando?
- Logo que a mamãe faleceu ela veio me cobrar que não tínhamos lhe contado a verdade e a deixamos sem saber de nada.
- Foi ela que se afastou de nós.
- Ela sempre teve essa mania de se fazer de vítima, mas é nossa irmã e não podemos abandoná-la.
- A mamãe sempre cobrou nossa união e, no entanto depois que ela partiu nunca mais fomos os mesmos.
- Bom, vou levar o papai para ver a Sabrina que nos últimos dias ele só fala nela.
- Ele está bem?
- Não reclama de nada.
- Vou esperar por você porque desde que vim morar aqui a Aline nunca me procurou e eu é que não vou correr atrás dela.
- Mais tarde eu volto pra ficar com você, estou com saudades.
Depois que Tiago saiu entrei no quarto e encontrei Fernanda deitada na cama do Rafael, ela estava chorando, fiquei com dó ao vê-la sofrendo.
- Hei amiga, não fica assim.
- Com quem ele está Sandro?
- Eu prometi a mim mesmo que não ia me meter na vida de vocês.
- Me ajuda Sandro, você é meu amigo.
- Sou amigo dos dois e fica uma situação bem delicada para o meu lado.
- Eu sei que vocês são muito amigos e provavelmente não vai trair a confiança dele, mas também sou sua amiga e prometo não vou fazer nada de mal a ele.
Fiquei pensando no que fazer, não era justo com ela também e a nossa amizade falou mais alto.
- Eita, porque eu tenho que ter o coração mole.
- Porque você é meu amigo, disse ela sentando na cama e limpando as lágrimas dos olhos.
- Você vai descobrir mais cedo ou mais tarde, então vou contar o que sei.
- Obrigado, por não me deixar sem saber o que está acontecendo.
- Antes, quero pedir uma coisa.
- Peça.
- Não me meta em confusão com Rafael.
- Jamais eu faria isso, sou sua amiga.
- Você pode ficar chateada com o que vou te falar, mas sinto que devo dizer.
- O que é?
- Você tem muita culpa por esse afastamento do Rafael.
- O Rafa não é mais o mesmo depois da mudança.
As pessoas mudam, mas eu entendo o Rafael, nós conversamos muito e ele me explicou seus motivos.
- Então me explica o que está acontecendo?
- Você estava sufocando ele com tantas cobranças.
- Claro, ele é meu namorado.
- E você já analisou a situação dele?
- Eu trabalho a semana inteira e não tenho como vir pra cá todo fim de semana, não tenho nem onde ficar.
- E porque você exigia que ele fosse todo final de semana?
- Pra ele era mais fácil.
- Em que você se baseia pra dizer se é fácil ou não?
- Ele sempre dava um jeito, achei que gostava de ficar comigo aos finais de semana.
- Ele gostava sim, mas era desgastante.
- Então porque ele nunca me disse nada.
- Nem precisava, você teria que entender que a vida dele não estava fácil com a faculdade e o trabalho.
- Não fiz por mal.
- Você deve imaginar que ele precisa aproveitar os finais de semana para estudar também.
- Sempre que ia pra casa ele estudava um pouco.
- E os trabalhos da faculdade que ele não conseguia fazer e você fazendo cobranças toda hora.
- Você quer dizer que eu prejudiquei o Rafa.
- Não digo que o prejudicou, mas deixou de compreendê-lo.
Ele me falou que não estava fácil naquela semana do aniversário.
- E você não quis ouvi-lo.
- Aquele fim de semana era o aniversário da minha tia madrinha, era importante pra mim.
- Você pensou apenas na sua situação e terminou com ele por telefone, isso não se faz.
- Foi coisa de momento estava de cabeça quente e no calor da discussão acabei falando demais.
- Você o magoou e isso desgastou a relação, naquela semana Rafael tinha provas e trabalhos para entregar, precisava estudar.
- Eu sei que errei, mas não precisava ele sair à procura de outra.
- Ela ofereceu a ele o que você não quis oferecer.
- Eu imagino o que essa vagabunda ofereceu a ele.
- Você está julgando a menina sem conhecer, ela é uma pessoa legal e gosta dele.
- Quem é?
- Não sei se devo te contar. Você já está julgando a garota sem ao menos saber quem é.
- Estou nervosa Sandro, é o amor da minha vida que estou perdendo.
- Então se acalma, senão eu não conto.
- Eu prometo que vou manter a calma, mas me diz quem é pra eu poder reconquistar o Rafa.
- É a Letícia e ela é a fim dele de longa data.
- Letícia? Quem é essa garota?
- É minha amiga e conheceu-o na festa do Diego no ano passado, mas como vocês estavam juntos ela respeitou.
E na primeira oportunidade ela se aproveitou.
- O Rafael valoriza muito o lado carismático que ela tem.
- Ele não a ama.
- Nem sempre o amor é o mais importante, podemos amar uma pessoa e fazer outra feliz desde que haja respeito.
- Logo você que sempre batalhou vem me dizer isso?
- Como eu disse, as pessoas mudam e às vezes o carinho e a compreensão valem mais do que isso.
- Não estou te entendendo
- Você precisa entender que amor não é posse, o Rafael não é um brinquedo que pode ser manipulado.
- No entanto, Juliano e Roger te tratam como propriedade deles.
- Você tem razão, mas as pessoas podem mudar e você ainda tem tempo de reconquistar o Rafael.
- Como? Se ele foge e nem atende aos meus telefonemas?
- Mude com ele, seja mais compreensiva, tenta se colocar no lugar dele e concluirá que o Rafael tem razão.
- Ele não deu chances pra me explicar e já foi catando a primeira que apareceu disse ela voltando a chorar.
- Você deu azar, o Rafael é bonito, atraente, amigável, é visto que chama atenção de muitas garotas.
- Se eu quiser também fico com quem quiser e não sou obrigada a me humilhar para ele.
- Você pode, mas isso vai te levar a algum lugar?
- Não.
- Então não seja boba, dificulta as coisas, se aproxime dele sem o batalhão de cobranças e logo o Rafael vai entender que você o ama e se importa com ele.
- E porque eu tenho que fazer isso?
- Deixa de ser orgulhosa que isso não vai te levar a nada. Você o ama, lute por seu amor.
- Não foi você que disse que o amor não era o mais importante?
- Em alguns casos não é. Se você não mudar eu afirmo que não vale a pena o Rafael reatar. Ele mesmo já disse que não é um brinquedo que você pode usar e jogar fora quando quiser.
Minhas palavras fizeram efeito, ela calou-se, chorou e ficou pensativa por muito tempo.
- Já sei o que vou fazer disse ela levantando da cama e vindo ao meu encontro me abraçar.
- Ficou maluca?
- Você é o melhor amigo que eu tenho.
- O que você vai fazer?
- Me aguarde, não vou entregar meu namorado assim tão facilmente.
- Espero que não seja tarde, boa sorte!
- Me promete uma coisa?
- O que?
- Não diga ao Rafa que estou aqui?
- Você não vai ao show?
- Não, vou ficar aqui, você se importa?
- Eu não, mas tem os meninos.
- Por favor, Sandro, faz esse favor pra mim.
- Está certo, mas não vai criar confusão com os meninos.
- Vou ficar quietinha e eles vão sair mesmo.
- Sinto que terei problemas, mas vou te ajudar.
- Obrigado amigo, você é um anjo.
- Juízo a partir de agora e controla esse gênio.
Depois da nossa conversa ela foi para o banho e quando retornou já estava bem diferente.
Deixei a Fernanda no quarto e fui conversar com Tiago que havia retornado, Aline ficou de levar o papai para a casa da tia Joana, aproveitamos e colocamos os assuntos em dia, ele me contou o que estava acontecendo na cidade e no mercado. Aos poucos a galera foi chegando para irmos ao show. Os primeiros a chegarem foram Giovane a Laura, em seguida o Marcelo chegou acompanhado de mais dois amigos, o interessante é que ele não estava com a chata da Carla, Lucas ligou avisando que ia nos encontrar em frente ao clube e por último chegou Juliano. Rafael não apareceu o que já imaginava que fosse acontecer.
Fomos até o show em três carros: Giovane foi com Laura, os dois rapazes foram com Tiago e Paula e eu fui com Juliano e Marcelo.
Às 23 horas em ponto começou o show, o Chevrolet Hall estava praticamente lotado, fiquei o tempo todo com Juliano, Tiago e Paula até o momento que não aguentei de calor e fui comprar água. Estava distraído na fila do caixa quando ouço uma voz bem conhecida e a pessoa que menos imaginava encontrar naquela noite.
Não vai me dar um oi.
- Olhei para trás e dei de cara com Roger.
- O que você está fazendo aqui?
- O mesmo que você.
- Nem vou perguntar por Aline que eu sei ela deve estar em casa.
- Acertou, estou com alguns amigos.
- Imaginei.
- Você sumiu aquele dia da pizzaria e nem me deu oi.
- Estava acompanhado.
- Eu vi, e como está a vida aqui na cidade?
- Melhor impossível.
- Já fiquei sabendo que você está trabalhando com Breno.
- As notícias correm.
- Eu vou atrás.
- Nota-se.
- Algum problema? Perguntou Juliano que chegou ao meu lado com cara de poucos amigos.
- Estava melhor antes de você chegar disse o Roger.
- Por favor, Roger não começa, ele está comigo.
- Ele já deu o recado, agora pode se retirar, disse Juliano.
- Nós podemos conviver os três socialmente sem precisar de confusão.
- Oi Roger, vem com a gente disse Vitor o retirando dali, já estava sentindo que ele e Juliano iam brigar antes de chegar ao caixa.
- Cara petulante não dá folga, o que ele queria com você?
- Ele só conversou comigo, perguntou como eu estava.
- Só isso?
- Só, nem deu tempo dele falar e você chegou.
- Ainda bem, porque estou louco pra voltar para a pista com você.
- Não ficou chateado?
- Se eu tivesse que ficar chateado seria com ele, você estava bem comportadinho.
Eu nem disse nada apenas sorri, não estava a fim de brigar. Chegamos ao caixa pagamos as águas e fomos atrás do Tiago e da Paula que nos aguardavam próximo à fila.
- Cadê o Tiago? Perguntei a Paula que olhava para todos os lados, estava nervosa.
- Foi tirar satisfações com Roger, ele vai se meter em confusão disse ela atônita.
- O Tiago conhece bem o Roger que maluquice deu nele?
- Ele não acha certo o que Roger faz com Aline e foi tirar satisfações.
- Mas ele sabe que o Roger sempre foi assim.
- Ele acha uma afronta à família e já que o Roger é casado tem que respeitar ou então se separa.
- Eu entendo o Tiago, só acho meio tarde para ele agir assim.
- Seu irmão é assim mesmo, até parece que você não o conhece.
- Vou procurar o Tiago, disse Juliano.
- Eu vou com você.
- Fique com Paula, ela não pode ficar sozinha.
- Não quero vocês em confusão.
- Fica tranquilo, não vai acontecer nada.
A partir daquele momento o show acabou pra mim, convidei Paula e saímos do salão. Foi bom porque os seguranças os expulsaram, encontrei Tiago com a camisa rasgada e o lábio sangrando, ele tinha brigado, Juliano estava ao lado dele tentando acalmá-lo.
Roger também estava sentado ao lado de Vitor na calçada, seu rosto estava sangrando, entrei em pânico ao ver que os dois tinham brigado.
- Não acredito que você brigou mano?
- Eu quero ir embora daqui disse ele nervoso.
- Vou tentar ligar para a Laura e avisar que já saímos.
- Deixa recado, ela não vai ouvir, disse Juliano.
- Deixei o recado e saímos, ainda faltava mais de uma hora para o show acabar.
- Vamos para o meu apartamento, Tiago, lá tem um quarto vago, você toma um banho e pode descansar, disse Juliano.
- Esse cara foi à desgraça da nossa família, dizia o Tiago nervoso.
Senti-me culpado, nunca tinha visto meu irmão descontrolado daquele jeito e comecei a chorar, tinha minha parcela de culpa naquela briga. O Tiago por muito tempo foi aturando as aventuras do Roger sem dizer nada até que explodiu.
Fomos para o apartamento de Juliano, lá o Tiago tomou banho e fizemos um curativo no ferimento, depois o Juliano arrumou a cama do quarto de hóspedes para eles dormirem.
A noite que tinha tudo para ser maravilhosa acabou de forma decadente, me sentia culpado por ver o sofrimento no rosto do Tiago e mais culpado ainda por não sentir raiva do Roger, pelo contrário, tinha pena dele, pois sabia de seus dramas por não se assumir.
Enquanto Paula tomava banho aproveitei e fui conversar com ele, era uma forma de também acalmar meu coração que estava mexido naquela noite.
- Posso entrar?
- Entra.
- Está mais calmo?
- Estou chateado por ter estragado nossa noite, a Paula não merecia isso.
- Porque você foi brigar com Roger?
- Não? Não acredito que você vai defendê-lo.
- Não consigo ter raiva dele.
- Você ainda gosta dele?
- Não dá forma como você está imaginando.
- Conheço bem você e Aline, parece que os dois gostam de ser pisados.
- Eu sempre me acertei com ele sem precisar de violência.
- Como uma pessoa pode ser tão irresponsável, o cara tem uma filha e não dá a mínima para a família dele.
- Acho que você está se metendo sem necessidade.
- É vergonhoso o que ele faz.
- Você não vai consertar o Roger através de brigas.
- Louco é quem se mete nesse rolo de vocês, a partir de hoje não contem comigo, porque não admito essa falta de respeito do Roger perante nossa família.
- Não estou criticando sua atitude, apenas acho que não vai adiantar.
- Vocês são grandinhos sabem o que fazem e eu um otário que ainda penso em vocês.
- Não fica chateado comigo, alias não sei nem porque me meti nesse assunto.
- Eu só te peço uma coisa Sandro, não magoe o Juliano, ele é um cara legal.
- Não tenho mais nada com Roger.
- Meu recado está dado e não me meto mais na sua vida e nem na de Aline.
- Aline é capaz de culpá-lo por brigar com Roger.
- Bem ou mal ela é nossa irmã, e agora me dá licença esse assunto já me encheu.
- Desculpe, eu te amo. – beijei o rosto dele e saí do quarto.
Entrei no quarto o Juliano estava deitado e pensativo. Deitei ao lado dele e permaneceu na mesma posição até que perguntou.
- Como ele está?
- Um pouco nervoso, mas está bem.
- Nunca vi o Tiago perder o controle como fez hoje.
- Ele não deixa de ter razão.
- Seu irmão está coberto de razão, o Roger não tem respeito por ninguém.
- Podemos mudar de assunto?
- Isso ainda te magoa?
- Por favor, Juliano, não vamos brigar.
- Seu silêncio diz tudo, até quando a sombra desse cara vai prevalecer entre nós.
- Isso acontece porque você é muito inseguro.
- Vamos dormir, a noite foi tensa e estamos cansados.
Ele ficou chateado e eu me senti mais culpado ainda. Fiquei deitado, mas não consegui dormir, a noite tinha sido péssima.
Por volta das seis da manhã alguém tocou a campainha, achei que fosse algum vizinho que estava chegando àquela hora e errou de porta, mas tocou novamente, então chamei o Juliano.
- Juliano acorda tem alguém na porta.
- Aqui? Perguntou sonolento.
- Alguém tocou a campainha duas vezes.
- Essa hora? Você ouviu direito?
Não precisou nem responder e tocou novamente.
Ele levantou da cama vestiu uma roupa e saiu rumo à porta, vesti minha roupa e fui até o final do corredor espionar o que estava acontecendo.
Dei de cara com Fernanda abraçada a ele chorando.
- O que houve? Ele perguntou.
- O Sandro está aí?
- Está dormindo, como você veio parar aqui?
- Vim de táxi, o Rafael me passou seu endereço.
Fui ao encontro dela e já imaginei o que tinha acontecido. Ela soltou o Juliano e me abraçou chorando desesperada.
- Sandro, ele terminou comigo, foi só o que ela conseguiu falar.
- Tenta se acalmar.
Juliano trouxe um copo de água para ela que foi tomando e parou de chorar. Ficou pensativa e distante, seus olhos estavam inchados, tive a nítida impressão que ela não tinha dormido naquela noite.
- O que aconteceu? Perguntou Juliano.
- O Rafael terminou com ela.
- Você está mais calma Fernanda?
- Esperei por ele como combinei com você, ela começou a chorar novamente.
- Tenta se acalmar.
- Ele chegou acompanhado daquela vadia,
- Você está nervosa, não fala assim.
- Ela me tomou o Rafael, como você quer que eu fale?
Ela chorava muito, além de nervosa, Juliano saiu e depois retornou com um comprimido e um copo com água.
- Toma esse remedinho, você vai se acalmar, disse ele.
- Eu não quero remédio para dormir.
- É só um tranquilizante e é fraquinho.
Ela tomou o comprimido, mas nada a acalmava, Juliano foi até o quarto e arrumou a cama para ela deitar.
Após muita conversa conseguimos convencê-la a deitar, fiquei ao seu lado até pegar no sono, dava pena ver o abatimento da minha amiga.
Saí do quarto com Juliano e deixei-a dormindo.
Que remédio era aquele?
- Um tranquilizante, ela vai dormir e se acalmar.
- Depois não é pior?
- Não é forte, ela está muito abatida e precisa descansar.
- Já que ficamos sem cama, você aceita um cafezinho feito por mim?
- Você vai fazer um café pra mim?
- Posso fazer, tenho um namorado muito gentil e merece um cafezinho.
- Só um cafezinho?
- Folgado.
Fomos até a cozinha e enquanto a água aquecia me aproximei dele e beijei seu rosto em seguida seus lábios.
- Posso não ser o namorado perfeito, mas sei dar valor a pessoa que está ao meu lado.
- Pra mim você é perfeito.
- Tenho muitos defeitos.
- Eu também tenho.
- Essa noite você me mostrou o quanto é especial.
- Mais eu não fiz nada demais.
- Pra mim fez muito e estou feliz por ter feito a escolha certa.
Beijamo-nos mais uma vez e a água ferveu. Enquanto passei o café ele foi para a sacada do apartamento.
Depois de pronto, servi duas xícaras e fui até ele.
- O que você veio fazer aqui? Questionei e entreguei a xícara dele.
- Estava observando que mesmo sendo domingo, tem muitas pessoas que não param.
- Mais essa hora a rua é calma.
- Mesmo assim, tem pessoas fazendo caminhada e outras levando seu animalzinho para passear.
- Ficou bom meu café?
- Ficou ótimo, já pode casar.
- Isso é coisa que nem passa pela minha cabeça.
- Por quê?
- Porque eu não gosto de falar sobre isso.
- Poxa, eu estava falando uma coisa legal e você não gosta?
- Não me sinto bem em falar sobre isso.
- Pois eu gosto.
- Mais eu não gosto e não estou a fim de discutir.
Ele ficou calado tomando o café. Quando acabou voltou para a sala e deitou no sofá. Lavei as xícaras e quando retornei ele estava dormindo, fiquei chateado com minha atitude intempestiva, fui até a sacada novamente e os velhos pensamentos ruins e confusos me vieram à cabeça, será que eu estava fazendo a coisa certa?