CONTINUANDO…
Cheguei à academia ainda sobre impacto das revelações de Roger, era difícil acreditar que Aline chegasse ao ponto de agredi-lo com um alicate de unha.
Porque ele tinha que vir atrás de mim e me contar aquelas coisas? Porque ele não me deixava em paz para viver minha vida? Porque eu sempre tinha de estar entre ele e Aline? Eram tantos porquês na minha cabeça que cheguei a falar comigo mesmo enquanto me dirigia ao local de trabalho.
- Boa tarde Sandro.
- Oi Breno, boa tarde!
- Aconteceu alguma coisa?
- Não aconteceu nada, por quê?
- Você está disperso, só o corpo está presente o resto está longe.
- Acho que é porque eu vim rápido, mas vou melhorar.
- Então vamos ao trabalho, não quero ninguém desatento aqui dentro.
Ele saiu e deu as costas, fiquei chateado, não estava fazendo nada demais, parecia que o cara controlava até meus pensamentos.
Sentei à mesa de trabalho e logo chegou uma garota tirando informações, típico àquelas figuras estranhas que às vezes aparecem no seu caminho só para atrapalhar. Ela estava quase nua,nem estava tão quente e a garota usava uma blusinha que mal lhe cobria as mamas, uma bermuda o quanto tampava as partes íntimas e um salto que deveria ter uns 15 cm de altura. Desconfiei enquanto a atendia que ela não queria fazer ginástica e sim fisgar algum cara da academia, pois ela não prestava atenção ao que eu falava.
Depois que passei todas as informações ela ficou sentada sem dizer se iria se matricular ou não.
Ainda perguntei se desejava mais alguma informação, ela disse que não, então fui dar sequência ao meu trabalho, entrei no sistema e fiquei organizando as fichas daquele dia.
Enquanto isso, ela permanecia sentada sem se manifestar por quase meia hora e depois saiu sem dizer nada.
Nem bem ela saiu, o Breno veio me chamar atenção, fiquei muito chateado, se eu pudesse naquele dia tinha mandado ele se fuder, mas precisava do meu trabalho e fiquei calado.
- Sandro se liga isso não é jeito de atender ninguém.
- Aquela garota não tinha nenhum interesse em fazer ginástica.
- Enquanto ela estava na sua frente tinha que dar atenção à cliente.
- Sempre dou atenção aos clientes, o problema que ela nem prestou atenção ao que eu falei.
- Não me interessa, quero melhor atendimento.
Ele foi grosso, falou praticamente gritando e saiu sem me dar chances de defesa. Decididamente aquele não era o meu dia no trabalho
- Mal humorado, deve ser bem mal amado, falei baixinho.
- Olá garoto lindo.
Olhei para trás e dei de cara com um rapaz de 1,80, cabelos castanhos claros com algumas luzes, deveria ter uns 18 ou 19 anos, era um cara que eu nunca tinha visto na academia.
- Boa tarde, no que posso lhe ajudar?
- Deixe essas formalidades para o Breno que é esquisito.
- Desculpe, sou novo aqui e não estou lembrado de você.
- Ah! Que grosso eu fui, nem me apresentei, disse ele rindo.
- Você já é aluno da academia?
- Sou Alexandre, irmão do Breno.
- Desculpe, eu não sabia.
- Ouvi você dizendo mal humorado e mal amado, quem é?
- Acho que você ouviu errado, falei que estou ferrado.
- Não liga, tem dias que o Breno é mal humorado mesmo, disse ele rindo.
- Não me referi a ele.
- Não esquenta, faz de conta que não ouvi nada.
Realmente eu tinha que tomar mais cuidado, naquela academia até os objetos tinham ouvidos, ele saiu rindo e seguiu para musculação. O Alexandre me pareceu um cara legal e bem mais calmo que o Breno.
- Sandro, procura a ficha do Alexandre pra mim, era Poliana professora de musculação.
- Quer que eu te leve na sala?
- Eu espero, tem pouco movimento.
Procurei a ficha e não estava encontrando, será possível que até isso ia acontecer comigo.
- Eu te levo na sala, não estou encontrando.
- Também ele demora tanto a aparecer que a ficha até se perde.
- É irmão do chefe, pode tudo.
- Por falar nisso, hoje ele está mal humorado, né?
- Você foi premiada também?
- Pelo visto não fui à única.
- O fim de semana não deve ter sido bom para ele.
- Procura a ficha e fica quieto que ele está vindo, disse ela calando-se.
- Posso saber o porquê da conversa?
- Não complica Breno, ele está procurando a ficha do Alexandre.
- O Alexandre está aí?
- Sim, você não o viu?
- Só espero que ele não venha me arranjar confusão.
- O Alexandre é tão da paz, duvido que venha causar algum problema na academia, pra mim isso já é perseguição.
- Não se mete Poliana, o assunto é entre ele e eu.
Achei a ficha e fiquei com ela na mão enquanto eles conversavam e por sinal Poliana parecia saber bem mais que eu imaginava.
- Segure essa ficha Sandro e não passe a ninguém sem minha autorização.
- Breno você ficou maluco, disse Poliana, ela o questionava e não queria nem saber.
- Não quero que passe nenhum exercício a ele sem falar comigo.
- Ele está lá na sala de ginástica, o que eu faço?
- Diga para passar no escritório, quero falar com ele.
- Tudo bem você é quem manda.
Ela levantou as mãos e saiu como se não tivesse mais nada a ver com o assunto. Ele por sua vez, praticamente voou na minha mão pegou a ficha do irmão e saiu para o escritório.
Segui trabalhando normalmente, Alexandre teve que ir até o escritório falar com Breno, depois saiu da academia sem falar com ninguém e acabou não fazendo ginástica.
Estava distraído fazendo um atendimento por telefone quando Breno chegou ao balcão e falou comigo de forma autoritária.
- Sandro, a partir de amanhã meu irmão vai passar a frequentar a academia, mas eu quero que você me avise assim que ele colocar os pés aqui dentro.
- Sempre?
- Sempre, inclusive se eu estiver na rua, pega o telefone e me avisa.
- Está certo.
- A ficha dele está aqui, fiz algumas alterações, depois você passa para Poliana.
- E se ela questionar algo?
- Diga para falar comigo.
Ele saiu em direção à sala de lutas e nem me deu conversa, dei graças a Deus, pois aquele dia já tinha confusão demais pra minha cabeça.
Alguns minutos depois chegou o ex de Laura bem diferente do Fabrício autoritário que conheci. Dessa vez ele estava calmo e até amigável.
- Oi Sandro!
- Oi Fabrício tudo bem?
- Tudo bem! Quero pegar o boleto da minha mensalidade.
- Aguarda um pouquinho que eu já gero pra você.
- Posso te fazer uma pergunta.
- Claro, é sobre a academia?
- É sobre a Laura.
- Não sei muito sobre ela, mas sinta-se a vontade.
- Ela está namorando o seu colega de republica?
- Eu não me meto na vida dos meus colegas de republica, desculpa não poder ajudá-lo.
- Sou meio fechado, algumas pessoas me interpretam como arrogante e a Laura me interpretou mal.
- Você diz em relação ao Juliano?
- Não só em relação a ele, tenho minha opinião, mas também repeito a dos outros.
- Isso vai muito de cada um e a Laura não aceita a opinião dos outros, principalmente se vai contra ao que ela acredita.
- Nesse ponto você tem razão ela é bem decidida.
- Aqui está o seu boleto.
- Obrigado Sandro, vou malhar agora.
Fabrício saiu sabendo que eu sabia sobre Laura e Giovane, mas jamais me meteria entre eles, ainda bem que ele respeitou meu ambiente de trabalho.
Por volta das oito da noite Juliano chegou passou pela recepção, me deu um oi e foi direto para musculação. Alguns minutos depois chegaram Giovane e Laura de mãos dadas, senti que teria confusão, pois o Fabrício ainda estava na academia apesar de já estar de saída que, aliás, aquele dia ficou bem além do horário.
Assim que entraram fui até ela e a chamei.
- Preciso falar com você, urgente.
- O que houve?
- O Fabrício está na academia.
- Problema dele, vai ter que aceitar e conviver no mesmo ambiente que Giovane e eu.
- O recado está dado, o resto é com vocês.
Voltei para o meu lugar e eles foram para musculação, alguns minutos depois Fabrício saiu chateado, dava para notar nitidamente por sua expressão.
Na hora da saída, Juliano ficou conversando com Breno enquanto Poliana e eu ajeitávamos tudo para encerrar o expediente.
Após arrumarmos tudo fomos até eles que continuavam conversando junto com Edu outro professor da academia.
- Pronto pra ir embora Sandro? – disse Breno já mais calmo nem parecia o mesmo da tarde.
- Prontinho.
- Hoje essa academia estava movimentada, disse Edu sorrindo.
- Até demais disse Poliana dando uma indireta ao Breno.
- Pois eu achei pouco movimento, disse ele sem entender as indiretas.
Poliana e Edu trocaram sorrisos entre si, Breno não entendeu nada ou fingiu não entender, mas eu sabia bem o que se tratava.
- Já estou de saída, quer uma carona Sandro? – perguntou Edu querendo ser cavalheiro.
- Não obrigado, já tenho a carona do Juliano ele estava me esperando.
- Vou nessa então, disse ele já se retirando.
- E eu vou pra minha caminha estou exausta, disse Poliana pegando suas coisas para sair.
Depois foi a vez de Juliano e eu nos despedirmos de Breno e sairmos.
- Vamos lá pra casa.
- Hoje não dá, estou cansado, tive um dia exaustivo.
- Dez minutinhos, e se você quiser pode tomar banho lá em casa.
- Isso é covardia.
- Depois te deixo em casa, você deita na caminha e dorme.
- Justo hoje que o Breno estava encapetado você me pede pra ir à sua casa.
- Vamos, ele se ajeitou no banco do carro e me deu um beijo no rosto.
- Então vamos, mas tem que ser rápido porque ainda tenho que tomar banho.
- Toma lá em casa.
- E o que eu digo na republica quando chegar com os cabelos molhados.
- Bobinho, diga que tomou banho na academia.
- Nossa, e eu pensando que você não era tão esperto quanto imaginava.
Nem bem entramos no apartamento, ele me levou até a cozinha abriu a geladeira, pegou um prato de canapés, uma caixa de suco e nos serviu.
- Parece tão fresquinho, onde você conseguiu?
- A Laura nunca me deixa passar mal, disse rindo.
- Ela sabe como cuidar de você.
- É minha irmãzinha de coração, vamos comer?
- Vamos.
- Delicia ela sabe que eu adoro então sempre capricha.
- Está delicioso e vai ficar mais com um beijo.
Ele me puxou para um beijo ali na cozinha mesmo, apesar de estar bom o afastei não podia demorar.
- Está maravilhoso, mas não posso demorar.
- Calma, dá tempo suficiente até para tomarmos um banho coletivo, o que você acha?
- Esse banho está cheio de segundas intenções, não é mesmo?
- Olha.
Ele sorriu, pegou minha mão e colocou sobre seu calção que já dava sinal de vida.
Fomos para o chuveiro e até foi bom, à medida que a água caia meu corpo relaxava.
- Está cansado? – ele perguntou ao meu ouvido.
- Muito.
- Pena que você tem que ir pra casa senão eu ia te fazer uma massagem bem relaxante.
E começou a massagear minhas costas perto dos ombros, minha nuca, foi muito bom, não havia nada de maldade até o momento. Uma sensação muito gostosa foi tomando conta do meu corpo que foi relaxando.
- Está melhor?
- Estou.
- Estou com vontade de fazer uma coisa.
- Eu sabia que essa massagem era em troca de algo.
Ele sorriu próximo ao meu ouvido, seguia massageando meus ombros beijou meu pescoço e falou baixinho.
- Pega no meu pau e faz um pouquinho de massagem, estou com muito tesão.
Virei de frente pra ele e comecei e a massageá-lo e logo o pau dele foi crescendo em minha mão, ele também começou a me masturbar, nos beijamos e aumentamos a intensidade dos movimentos, era muito bom ver que estávamos na mesma sintonia.
Olhei fixo para ele que fazia uma carinha de satisfação, olhar brilhante, a respiração fora de sintonia quase ofegante e entre um suspiro e outro trocávamos beijos.
Continuamos de frente um para o outro nos masturbando, era lindo de ver suas reações. Eu também já havia acordado do meu cansaço inicial com a massagem e aquela punheta estava muito gostosa. Sinto o pau de Juliano ficando cada vez mais duro e ele me beijou novamente, em seguida falou próximo ao meu ouvido.
- Continua amor, estou quase lá.
Comecei a bater pra ele com mais força e mais rápido, arranquei-lhe alguns gemidos, seu corpo estremeceu, sua respiração descompassada em minha boca me incentivaram a continuar com movimentos ritmados e constantes até que sinto seus jatos de esperma bater em meu peito, minha barriga e em minhas mãos.
Continuei massageando seu pau bem devagar até sentir seus espasmos de prazer diminuir. Ele me beijou e seguiu me masturbando, logo gozei também deixando a mão dele toda melecada de esperma.
- Quem disse que não podemos dar prazer ao outro mesmo estando cansados?
- Foi muito bom, gostei da ideia, disse rindo.
- Tem várias maneiras de sentir prazer sem penetração.
- É gostoso, mas eu ainda prefiro pelo meio tradicional, disse rindo.
- Sabia que tem gente que gosta mais do sexo sem penetração do que com penetração?
- Eu acho legal uma vez ou outra, ou até mesmo como complemento da relação, mas o gostoso mesmo é se tornar um só, sentir o fluido dos corpos unificados um ao outro.
- É gostoso mesmo você tem razão.
- Eu sempre tenho razão, brinquei com ele e sorrimos.
- Vamos terminar o banho, depois te deixo em casa.
Trocamos mais alguns beijos e em seguida terminamos o banho.
Enquanto vestíamos nossa roupa lembrei que Roger havia me falado à tarde, embora tivesse combinado com ele de contar tudo que se passava comigo, senti que aquele não era o momento, nosso clima estava maravilhoso e não ia estragar com algo que eu sabia que realmente o chateava.
- Vamos? – disse ele me abraçando por trás, estava com uma carinha ótima.
- Vamos sim, vou só calçar o meu tênis.
Alguns minutos depois já estávamos a caminho da republica, me lembrei do irmão do Breno e resolvi perguntar a ele.
- Você sabe o que o Breno tem contra o irmão?
- Eu nem sabia que ele tinha irmão.
- Hoje deu maior confusão lá na academia, o irmão dele apareceu para malhar e o Breno virou bicho.
- Foi tão forte assim?
- Eu conheço pouco do Breno, mas hoje ele não estava bem.
- Deve ter acontecido algo no final de semana.
- O Breno é casado?
- Eu nunca o vi com ninguém.
- Estranho, um cara bem relacionado, dono de uma academia e ser sozinho.
- Vamos parar de pensar no Breno e pensar em nós, disse ele segurando minha mão.
- Tens razão, e como foi no laboratório?
- Muito legal, encontrei com a princesa.
- Uma garota?
- Uma garota linda.
- Bom pra você faça proveito, falei irritado por ele ficar me provocando.
- Pena que ela está morta, disse ele caindo na risada.
- Como?
- Estou falando dos corpos que têm no laboratório.
- Que coisa mais fúnebre.
- Tem o corpo de uma senhora que nós colocamos o nome de princesa, disse ele rindo.
- Achei que tivesse falando de alguma garota seu chato.
- Tinham algumas colegas lá, mas nenhuma interessante quanto ao meu namorado.
- Bobinho irritante.
- Ficou com ciuminho da princesa? – ele seguia rindo e acabei entrando na brincadeira.
Só paramos de zoar um ao outro quando chegamos à frente da republica.
- Entregue são e salvo.
- A galera deve estar estranhando meu sumiço.
- Você sabe como fazer uma manobra.
- Estou ficando mestre nisso.
- Tudo tem seu lado bom, vai dizer que não gostou de ter ido à minha casa?
- A recepção é sempre ótima, disso eu não posso reclamar.
- Dá uma dor deixar você aqui e dormir sozinho.
- Isso é bom, faz sentir saudades, agora tenho que ir.
Trocamos um selinho rápido em seguida entrei em casa.
Oi Giovane ainda acordado?
- Estou tentando acalmar meus nervos.
- O que houve?
- Aquele idiota do Fabrício foi cantar a Laura na saída da academia.
- Hoje à tarde enquanto aguardava o boleto de pagamento, ele me perguntou se eu sabia do namoro de vocês?
- Ele ainda se acha importante na vida dela.
- Disse a ele que não sabia de nada.
- Ele teve a oportunidade e não soube aproveitar, agora não adianta reclamar.
- Você tem que controlar esse ciúme, isso não faz bem e a Laura não gosta dessas coisas.
- Eu sei, mas ele é sem caráter e fica querendo dar uma de bom moço.
- Fica tranquilo, a Laura é uma garota que tem visão e se ela terminou o namoro é porque chegou ao estremo e não tinha volta.
- Mudando de assunto, onde você estava até agora? E esse cabelo molhado?
- Qual é? Está pensando mal de mim? Tomei banho na academia.
- Desculpa Sandro, estou nervoso.
- Eu vim de ônibus e acabei demorando.
- O Rafael já estava preocupado.
- Ele está aí?
- Está no quarto disse que queria falar contigo assim que chegasse.
- Vou lá falar com ele, boa noite.
- Boa noite.
Oi, queria falar comigo.
- Oh sumido, não te vejo mais em casa.
- Você é que sumiu depois que trocou de namorada.
- Vem cá, disse ele me oferecendo a beirada da cama para deitar.
- Pra você me oferecer esse ladinho da cama é porque houve algo.
Ele sorriu e se ajeitou para cabermos os dois na cama de solteiro.
- Já faz tempo que eu queria ter essa conversa com você, estou com vergonha, não sei nem por onde começar.
- Pelo começo, disse rindo e ele sorriu também.
- Está certo, você tem razão, é sobre a Fernanda.
- Pode falar.
- Você deve estar desapontado comigo?
- Desapontado não, mas surpreso, não imaginava esse termino de vocês.
- Pode não parecer, mas está doendo muito em mim essa separação.
- Ué! Então porque terminou?
- Já não estava nos fazendo bem, apesar disso eu gosto dela, tenho muito carinho e a Fernanda foi importante para o meu autoconhecimento.
- Você deixou de amá-la?
- É difícil explicar, mas hoje é um gostar diferente, ela foi meu amor de infância, primeira namorada que envolveu sentimentos, porém algo se perdeu no meio do caminho e no final já não estava mais gostoso como antes.
- É a vida nos colocando a prova.
- É mais ou menos isso, não existe um culpado.
- Isso é muito triste porque você aposta tudo na relação e de repente acaba.
- Talvez nem ela e nem eu tivéssemos percebido que na verdade existia apenas uma grande amizade.
- Você está confuso e isso é normal.
- Estou gostando da Letícia de verdade.
- E eu que pensei que era só brincadeira.
- No inicio até foi, mas agora está rolando algo legal entre a gente.
- Isso não é curiosidade pelo novo? No início tudo é bom, mas depois com o tempo a gente pode perceber que errou.
- Pode ser! Na vida nada é eterno e o que vale é lutarmos pela nossa felicidade.
- Eu só não entendo porque você achou que eu estava chateado?
Nós somos como irmãos, crescemos juntos e eu sei que você gosta muito da Fernanda.
- Eu gosto dela como uma irmã, afinal crescemos juntos, participamos das mesmas brincadeiras, mas a vida é sua e eu só tenho a lamentar porque ela te ama e está sofrendo muito.
- Eu sei e isso está me fazendo sofrer também.
- Na minha inocência imaginava que quem termina uma relação não sofre.
- Sofre sim e é claro que um sempre vai sofrer mais que o outro.
- Se sente culpado?
- Também, mas é a frustração por não ter dado certo algo que você acreditou por muito tempo.
- Eu também tenho uma novidade pra te contar.
- O que aconteceu?
- O Roger e a Aline se separaram.
- E o que hoje isso significa pra você?
- Ainda não digeri essa informação, tudo que vem deles é muito confuso.
- É complicado para quem está de fora dar palpite, mas você melhorou até mesmo como pessoa depois que se aproximou do Juliano.
- Ele é muito especial pra mim e não quero magoá-lo de jeito nenhum.
- Isso é digno. O complicado não é você terminar uma relação e sim permanecer com a pessoa por capricho ou piedade. Por isso terminei com a Fernanda, sei que agora está doendo, todo final é complicado, mas a tendência é que o tempo apague todas as feridas.
- Você parece o Tiago.
- Não chego nem perto dele, disse rindo.
- Parece sim, não é complicado como eu pra tomar decisões.
- Eu também sou confuso e às vezes erro.
- É mais decidido e isso faz a diferença.
- Vamos dormir, está tarde.
- Vamos, vou passar para a minha cama, aqui é muito apertado.
Christian, Adriana e eu combinamos de nos matricular num cursinho pré-vestibular, marcamos para fazer as aulas aos sábados, porque eu trabalhava e os dois não aceitaram fazer sem minha companhia, achei legal da parte deles.
João Pedro continuava hospitalizado, o estranho é que ninguém falava qual era o problema dele, principalmente os colegas mais chegados e as professoras.
Ao sair da aula meu telefone começou a chamar, era o Diego.
- Oi Diego, saudades!
- Sandrinho seu sumido.
- Ah! Nem é pra tanto.
- Já que você não me procura, estou ligando para te fazer um convite.
- Mais é um chorão, ligo quase todos os dias pra ver como você está.
- Faz exatamente três dias que você não liga.
- E ainda reclama?
- Três dias é muito tempo pra quem precisa conversar urgente com você.
- O que aconteceu de tão urgente?
- Preciso falar pessoalmente, por isso quero te convidar para almoçar.
- Onde?
- Pode ser na republica, não quero confusão com o Juliano.
- Ele mudou bastante.
- Mesmo assim eu sei que ele não gosta que você saia com ex.
- O nosso envolvimento foi tão pequeno que não te considero ex.
- Você não considera, mas ele sim e eu sei que, além disso, ele não gosta que você abrace os meninos, principalmente o Lucas.
- Ciúme bobo dele porque o Lucas é meu amigo, ficamos algumas vezes, mas já faz tanto tempo que eu nem lembro mais.
- Eu prefiro evitar.
- Ele precisa entender que tenho meus amigos e preciso conviver com eles.
- O Juliano está certo, se fosse você não ia gostar e eu também não gostaria de ver o cara que gosto saindo com outros.
- Então vamos pra republica, mas ainda tenho que fazer comida, pois não sei se o Lucas vai almoçar em casa.
- Não precisa se preocupar, vou levar comida pronta.
- Já estou quase chegando, você vai demorar?
- Estou chegando ao restaurante pra pegar a comida e logo estarei aí.
- Então vou esperar com tudo pronto, não demora.
Antes de o Diego chegar, deu tempo de tirar meu uniforme do colégio e já aguardava por ele com a mesa posta. O Lucas não estava em casa, o Marcelo chegaria mais tarde e os outros meninos sempre almoçavam fora.
Em alguns minutos ele já estava chamando no portão.
- Atrasei?
- Recém cheguei e você veio rápido.
- Eu disse que era rápido.
- Geralmente essas comidas de restaurante são demoradas.
- Eu encomendei seu bobinho.
- E se eu tivesse saído?
- Comia tudo sozinho, disse ele rindo.
Ele entrou e colocou as sacolas em cima da mesa.
- Dá um abraço, que logo não teremos mais essa oportunidade.
- Não fala assim que eu não gosto.
- Vou sentir saudade de você, disse ele enquanto me abraçava.
- Eu também e não quero pensar que você está indo embora daqui.
- Vamos almoçar senão a comida esfria.
- Se esfriar nós aquecemos no micro, mas vamos comer que estou com fome.
- Também estou faminto.
- E como estão as coisas na sua casa?
- Pegando fogo, disse ele rindo.
- Imagino, um filho gay envolvido com um homem casado e o outro se separando da esposa.
- Não me diga que o Roger já te procurou?
- Na verdade nos encontramos na rua e ele acabou me contando.
- Eles estão em clima de guerra, por um lado até foi bom, pois desviou a atenção deles e estou respirando melhor nos últimos dias.
- Nunca imaginei que o Roger fosse se separar de Aline.
- E como você recebeu essa notícia?
- A ficha ainda não caiu, estou aguardando os acontecimentos para ver o que acontece.
- Cuidado pra não fazer coisas que depois venha a se arrepender.
- Sobre o que você está falando?
- De tudo, olha o meu exemplo, estou indo embora pra ver se encontro paz.
- Ir embora daqui é algo que não passa pela minha cabeça.
Mesmo assim você me entendeu.
- Conseguiu descobrir algo sobre o João Pedro?
- Sobre ele não existe nada, apenas que é um garoto solitário, é o que o pai dele comenta nas poucas vezes que se refere ao filho no trabalho.
- Como você descobriu?
- Tenho meus contatos na polícia civil.
- Hum! Cheio de mistérios.
- Amigos, nada mais, disse ele rindo.
- E por acaso sugeri alguma coisa?
- Pareceu que sim.
- Você é livre, desimpedido tem que aproveitar.
- O problema é que não sou tão liberal a esse ponto.
- Você ainda está muito ligado ao passado.
- Às vezes me dá vontade de saber dele, chego a pegar o telefone pra ligar, mas depois penso em tudo que já passei e desisto.
- Vou torcer pra você encontrar um inglês bem lindo que te faça amar novamente.
- Se eu encontrar nem volto mais ao Brasil.
- Ah não! Então eu desisto da ideia.
Ele caiu na risada, neste dia o Diego estava mais alegrinho das últimas vezes que nos encontramos.
- E o Lucas?
- O que tem ele?
- Às vezes vocês se pegam que eu sei.
- Ele é legal, mas não rola, temos pensamentos muito diferentes.
- Bem que vocês formam um casal bonitinho, disse rindo.
- Para de querer me arranjar casamento antes da minha viagem, disse ele brincando.
- Não custa tentar, mas é brincadeira eu conheço bem o Lucas e vocês não dariam certo mesmo.
- O Lucas é aventureiro já eu sou mais centrado apesar de às vezes dar minhas escapadas, principalmente agora que estou sozinho.
- O problema do Lucas é que ele não se define, uma hora está com um cara dali a pouco está com garota e assim ele vive.
- Ele se sente bem assim.
- Eu acho que é uma fuga pra compensar as frustrações que ele sofre com Bruno.
- O Bruno não está nem ai para o Lucas.
E o Vitor, você sabe alguma coisa dele?
- Sei que ele é muito amigo do Roger, mas não sei se eles têm alguma coisa.
- Não perguntei isso.
- Não perguntou, mas foi essa a intenção, pode ser sincero comigo, você está querendo saber o que eu sei sobre o Roger.
- Estou querendo saber sim, mas não da forma como está imaginando.
- Te considero um grande amigo e comigo você pode ser sincero.
- Você tem razão, preciso por minhas duvidas pra fora senão vou pirar.
- Por isso marquei esse encontro, sabia que a separação do Roger mexeria com você de alguma forma.
- Tem razão, eu gosto do Juliano e não passa pela minha cabeça me afastar dele, mas eu sinto como se alguma coisa do passado com Roger ficasse mal resolvida.
- Será que você não está querendo magoar o Juliano por ele ser um cara legal?
- Eu gosto dele e não é só do sexo, esse gostar vai bem mais além, é companhia, carinho, companheirismo, isso eu nunca tive com Roger.
- E porque você acha que ficou alguma coisa mal resolvida com o Roger?
- É difícil explicar, mas sabe o que eu gosto nele, disse rindo.
- O que?
- Aquele jeitão autoritário, mandão, másculo. Tenho até vergonha de dizer, mas isso me excita.
- Cachorro você gosta de ser submisso, disse ele brincando comigo.
- Me sinto dividido, na verdade não sei explicar o que ainda sinto pelo Roger e o Juliano é muito especial pra mim.
- E eu que pensei que você tinha raiva do Roger ter se casado com Aline.
- Tenho muita mágoa mais dela do que dele.
- Não há como negar, ele foi um amor bandido.
- Bandido, carnal, mas tudo que vivemos compensou essa indecisão que ele vive na vida pessoal.
- É normal, ele foi seu primeiro namorado, primeira relação sexual, isso faz diferença.
- Às vezes penso que foi apenas paixão, apesar de que foi algo marcante na minha vida, alimentei tantos sonhos em vão, talvez seja isso que ainda acende uma luzinha dentro de mim.
- É meu amigo, você está com um problemão.
- O que você acha que devo fazer?
- Eu não acho nada, quem tem que decidir e escolher com quem realmente quer ficar é você.
- Justo eu que sou indeciso?
- Eu posso te apoiar como amigo, até agradeço pela confiança, mas a decisão é sua.
- Obrigado por ser um irmão pra mim, nossas histórias são parecidas e quando eu falo sobre o Roger ou o Juliano com você, eu sei que me entende.
- Enquanto eu estiver por aqui e até mesmo longe, você pode contar comigo sempre que precisar.
- Você acabou fazendo com que eu me abrisse e isso é raro acontecer, nem mesmo o Rafael que é meu melhor amigo eu conto essas coisas, até com o Tiago não tenho coragem de falar abertamente sobre o Roger.
- Não esqueça que eu surgi na sua vida, justamente no momento que você mais precisava de um amigo.
- É verdade, foi bem na época que o Roger estava se aproximando de Aline, você foi um anjo pra mim.
Diego ficou comigo até a hora que sair para a academia e ainda me deu uma carona, foi bom, me livrei do ônibus.
Entrei na academia o ambiente estava calmo, Breno não estava. Nem bem cheguei e Poliana veio falar comigo. Ela é daquelas pessoas que quando conhece alguém e gosta trata logo de conquistar o carinho e a confiança.
- Oi Sandro!
- Oi, tudo bem com você?
- Quando o chefe sai o ambiente fica tranquilo, não é mesmo?
- Você trabalha aqui há muito tempo?
- Desde que comecei a faculdade de educação física, o Breno apesar de estourado é um cara legal, ele já me ajudou muito, principalmente com os estudos.
- Ele foi bacana comigo durante o período de admissão.
- Às vezes ele se estressa por problemas familiares, mas quem não tem aborrecimentos na família, não é mesmo?
- Todos nós temos problemas, mas me diz uma coisa, o Breno é casado?
- É uma longa história, muito triste por sinal, nem sei se devo te contar, ele pode não gostar.
- Eu sei guardar segredos.
- Vou te contar porque você me inspira confiança, mas será um segredo.
- Tudo bem.
- há quatro anos a esposa dele faleceu num acidente de carro.
- Então o Breno é viúvo, que barra hein?
- Por isso que sempre relevo as grosserias dele.
- Eu estranhei desde o início, pois nunca vi o Breno acompanhado além do fato de andar sempre mal-humorado.
- Pouca gente sabe por que ele é uma muralha intransponível. Na época a academia quase faliu, mas ele é guerreiro, encontrou forças não sei de onde e conseguiu superar.
- Por isso ele é essa pessoa seca?
- Por isso e outras coisas.
- Ele nunca mais se interessou por ninguém?
- Nunca mais, acho que ficou traumatizado.
- Ontem ele me pediu pra avisá-lo toda vez que Alexandre aparecer na academia.
- Talvez ele queira protegê-lo.
- Protegê-lo de que?
- Não sei se você percebeu, mas o Alexandre é bem maluquinho.
- Nem comentei, mas achei-o estranho.
- Em que sentido você diz?
- Ele chegou aqui me tratando como um velho conhecido sendo que não nos conhecíamos.
Ele é assim mesmo nem se assuste.
- Foi o que eu imaginei.
- Tem mais coisa sobre o acidente que você não sabe.
- Tem a ver com Alexandre?
- Sim, no dia do acidente o Alexandre saiu com uma turma do colégio, foram acampar. Lá no acampamento ele passou mal e os colegas acharam que estava louco.
- Como assim?
- O Alexandre tem epilepsia e seguido precisa fazer tratamento, porém no acampamento foi a primeira vez que se manifestou.
- Ele nem parece ter esses problemas, me pareceu tão saudável.
- Neste dia os amigos dele ligaram para o Breno, como ele estava viajando a esposa atendeu e foi atrás do Alexandre no acampamento, só que ela não chegou.
- Foi um acidente e o Breno não deve culpá-lo, era apenas um garoto.
- Tinha 14 quando isso aconteceu, mas você acha que a forma como o Breno o trata é por culpá-lo pelo acidente?
- É o que parece, ele pediu para controlá-lo quando aparecesse na academia.
- Acho que não, o Breno tem receio que ele possa ter uma crise, o Alexandre já sofreu muito por causa disso.
- Por quê? As pessoas não entendem?
- Algumas pessoas acham que ele é louco, o Alexandre já sofreu preconceito quanto a isso.
- Já sofri preconceito também e sei que é horrível.
- Você já sofreu preconceito?
- Na escola quando era mais novo, era muito magrinho e zoavam de mim.
- Ah! Entendi, achei que fosse por outra coisa.
- Não, não, acho que está na hora de nos dedicarmos ao trabalho e se o Breno nos vê conversando não vai gostar.
- Você tem razão, vou preparar a sala que daqui a pouco tenho uma aula de aeróbica.
Estava distraído olhando o movimento das pessoas quando o telefone da academia começou a chamar.
- Academia... Boa tarde.
- Oi - Aquela voz era parecida com a voz do Roger, mas eu só poderia estar delirando ele não teria coragem de ligar para o meu trabalho.
- Você deseja alguma informação sobre nossos serviços.
- Liguei pra saber de você.
- Quem está falando?
- Sou eu o Roger, não reconheceu minha voz.
- O que você deseja?
- Saber de você?
- Estou no meu horário de trabalho e esse telefone é apenas para fornecer informações sobre os serviços da academia.
- Ontem eu te procurei e você não me deu retorno.
- Eu deveria te dar retorno?
- Nós precisamos conversar.
- Pra que?
- Aline é louca, não me deixa ver a Sabrina.
- Isso é problema de vocês, me deixa fora disso e não liga mais aqui pra academia.
- Se eu ligar no celular você não me atende.
- Então me deixa em paz.
- Queria muito falar com você hoje à noite depois da sua saída.
- Ficou maluco, nem vem, o Juliano me leva em casa todos os dias.
- E daí você não gosta dele mesmo.
- Pois você está enganado e é por eu gostar dele que não quero magoá-lo e agora preciso trabalhar. Boa tarde.
Desliguei o telefone, o Breno estava próximo ao balcão, não sei se ouviu minha conversa, mas se isso aconteceu, eu estava ferrado.
- Oi Breno faz tempo que você está aí?
- Com quem você falava ao telefone?
- Era engano.
- O Alexandre já chegou?
- Ainda não, ele vem hoje?
- Ficou de vir, mas se tiver juízo ele não vem, disse e saiu para a sala de musculação no seu velho estilo.
Estava terminando de fazer a matricula de um rapaz quando aparece o ex do Juliano na minha frente, fiquei nervoso para atendê-lo achei que ele fosse me falar alguma coisa, pois não parava de me analisar.
- Boa Noite!
- Boa Noite, em que posso ajudá-lo?
- Quero o meu boleto.
- Só um instante que eu já gero pra você.
Ele me olhava da cabeça aos pés, estava no mínimo me analisando pra ver se eu servia para o Juliano, me senti tão estranho, como se estivesse nu diante daquele homem todo poposudo e dono de si. Enquanto gerava o boleto no computador olhava de canto de olho pra ele que continuava me analisando. O semblante dele era sério e parecia estar chateado com alguma coisa.
- Prontinho, aqui está seu boleto.
- Obrigado. – ele agradeceu, pegou o papel e continuou me encarando sem sair do lugar.
- Deseja mais alguma Sr. Augusto?
- Não, vou pra minha aula.
Ele guardou o boleto nos pertences e entrou para a musculação, foi estranho, tive a impressão que ele queria me dizer alguma coisa, mas não teve coragem.
Naquele dia Juliano chegou e veio direto à recepção falar comigo.
- Oi!
- Oi, posso saber o que você deseja na recepção?
- Saudades do meu namorado.
- Oh, que lindinho, seja rápido porque o general está na academia.
- E quem é o general?
- Ora quem? O Breno.
Ele soltou um sorriso e saiu para fazer musculação.
Enquanto o horário de expediente encerrava fiquei pensando na conversa que tive com Diego, a ligação de Roger que pelo tom de voz parecia mudado e o Juliano que a cada dia me surpreendia. Lembrei que precisava falar com Tiago, assim que chegasse a republica ligaria para ele.
Não sei o que Breno disse ao Alexandre, mas naquele dia ele não apareceu na academia, lembrei-me da história que Poliana me contou, fiquei com pena dele por ser discriminado por causa das crises epiléticas, não deveria ser fácil para ele conviver com esse problema.
No final do expediente como de praxe, Edu, Poliana, Breno e eu sempre organizávamos a academia para o dia seguinte.
Arrumei a recepção para que a garota que trabalhava no primeiro turno encontrasse tudo certinho, gostava de deixar tudo organizado, exatamente como ela costumava me passar o turno da tarde. Depois fui para a sala de musculação ajudar o Edu a recolher os pesos e colchonetes que alguns alunos deixavam espalhados pelo chão.
- Oi Edu quer ajuda?
- Leva aqueles colchonetes até a pilha pra mim?
Olhei e não eram muitos. Peguei os colchonetes e quando me dirigi ao outro lado onde ficavam os objetos, dei de cara com Juliano e Augusto escorados numa janela que dava pra rua, os dois estavam discutindo e quando me viram pararam com a discussão.
Tive vontade de ir até o Juliano e tirar satisfações com ele, mas me lembrei de que estava no meu ambiente de trabalho. Fiquei bolado, o Augusto quando chegou me deu a impressão que queria falar algo e agora os dois discutiam, era no mínimo estranho. Deixei os colchonetes na pilha que ficava perto de onde estavam e voltei para ajudar o Edu e os dois continuaram a conversa.
Fiquei pensando e tentando imaginar o que os dois conversavam, senti uma coisa muito ruim que há muito tempo eu não sentia, era um aperto no peito e uma sensação de perda.
- Sandro acorda, gritou Edu.
- Desculpa Edu estava distraído, o que você quer?
- Me ajuda a colocar esses pesos no lugar, disse ele próximo a um aparelho.
Ajudei-o a carregar os pesos, mas meu pensamento estava no Juliano, será que ele ia me aprontar assim como Roger fez muitas vezes? O Augusto era um cara bonito bem mais experiente que eu e agora ele estava sempre na volta do Juliano, os dois tinham um passado e eu um com 18, morando numa republica com um monte de caras, sem experiência de vida, o que tinha a oferecer ao Juliano? Além do fato de sempre existir o fantasma do Roger entre nós.
- Está mal hein parceiro, o que houve?
- Não é nada demais.
- Você está pálido, está se sentindo bem?
- Estou bem, vamos terminar logo que eu quero ir pra casa.
- Pode sair se quiser, eu termino aqui você não está bem.
- O Breno pode não gostar.
- Deixa o Breno que eu me entendo com ele, vá pra casa.
- Obrigado Edu.
- Vê se melhora.
Aproveitei que o Edu segurou minhas pontas e nem olhei para trás, saí sem Juliano me ver e fui pra casa, nem bem cheguei à parada meu ônibus encostou e eu embarquei.
Enquanto o ônibus andava até chegar ao meu destino, muitas coisas passaram na minha cabeça, meu telefone começou a chamar era o Juliano, mas eu não atendi, ele insistiu mais algumas vezes e não atendi.
Entrei em casa e dei de cara com Pedro assistindo tv deitado no sofá, mal o cumprimentei e fui para o meu quarto. Rafael estava estudando.
- Oi Sandrinho, chegou cedo.
- Não estava me sentindo bem e saí mais cedo.
- O que você tem?
- Dor de cabeça. Vou tomar um banho que passa.
- Quer um remedinho?
- Não, obrigado.
Fui para o banho e comecei a chorar, havia algum tempo que isso não acontecia comigo, chorei bastante no chuveiro e quando saí do banheiro já estava melhor.
- O que aconteceu? Perguntou Rafael.
- Nada.
- A mim você não engana e essa cara de choro, o que houve?
- Dor de cabeça apenas.
- Então vai ter que tomar o remedinho que ofereci e não discuta comigo.
- Está certo, papai.
Tomei o remédio que ele me ofereceu e ainda teve o trabalho de ir até a cozinha pegar um copo de água.
- Não quer me contar o que houve?
- Não sei se vale a pena e também nem eu sei o que tenho.
- Se quiser conversar é só me chamar, sabe que quando preciso eu te alugo e não quero nem saber.
- Vou tentar dormir acho que é cansaço.
- Vou apagar a luz, mas se precisar basta me chamar.
- Eu vou melhorar. Boa noite!
- Boa noite.
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Comentário pessoal de quem está repostando o conto!
Tenho mta raiva do Sandro nessa parte! Ele vive falando com o Roger e não fala nada pro Juliano, e não sabe nem qual era o teor da conversa e ficou puto e teve uma crise de ciúmes, O Juliano quantas vezes num já teve motivos pra nem olhar pra cara do Sandro e passou por cima? Mas enfim :~ os próximos capítulos serão decisivos pro desenrolar da história!
PS. não fiquem com raiva do Sandro kkkk ele tá em processo de amadurecimento, e tá crescendo, mas vai nos causar muita raiva e tmb não abandonem o conto! Vale muito a pena!