IDAS E VOLTAS [49] ~ Eu te amo!

Um conto erótico de Sandro
Categoria: Gay
Contém 4581 palavras
Data: 07/01/2024 10:17:02

Na segunda-feira, João não apareceu na aula e assim foi durante a semana. Neste período a mãe dele entrou em contato várias vezes para saber se ele não estava comigo.

Tentei ligar para ele inúmeras vezes, mas seu celular só dava caixa postal, estava me sentindo culpado pelo sumiço do João. Tentava imaginar onde ele poderia estar, porém não sabia os lugares que frequentava quando saía em busca de drogas, isso me deixava frustrado e ao mesmo tempo me sentindo impotente diante da situação.

A mãe dele me disse que das fugas que fez, o máximo de tempo que ficou fora de casa foi de um dia, já completaria uma semana e nem o pai dele que era uma autoridade policial não o encontrou mesmo com todo seu conhecimento.

Na semana seguinte seria o casamento do Tiago, ele convidou a mim e a Fernanda para seus padrinhos de casamento. Fiquei muito feliz, não pelo convite, mas por saber que nossos vínculos continuavam fortes mesmo após eu ter saído de casa.

Durante a semana Breno estava indeciso, não sabia o que comprar de presente, vendo seu desânimo e já pensando em desistir, prometi a ele que no sábado sairíamos juntos para comprar algo que o agradasse e que Tiago e Paula gostariam de ganhar.

No sábado fomos ao centro comprar o presente, depois de andarmos muito, ele comprou uma panela elétrica.

Finalmente encontrei algo que me agradou, faz tanto tempo que não vou numa festa de casamento que já não sei mais fazer este tipo de compra, disse rindo.

- Eles vão adorar o presente.

- Estou confiando em você, hein?

- Pode confiar.

- E você, não vai comprar o presente do seu irmão?

- Eu já comprei.

- Que rápido, e o que você comprou?

- Um tapete todo artesanal, comprei quando viajei à Brotas.

- Dependendo do tapete é um belo presente.

- Quando mostrei a eles, ficaram apaixonados pela peça.

- Então eles já conhecem o presente?

- Na verdade eles pensam que é meu e eu tinha comprado pra mim porque gosto dessas coisas, mas o que vou fazer com um tapete lindo daqueles numa republica de estudantes onde cada um mal cuida de seu espaço.

- Poderia guardar para o dia que casar, você vai precisar.

- Já não seria a mesma coisa e eles adoraram o tapete.

- É justo.

- Tenho certeza que eles vão ficar surpresos com meu presente e é isso mesmo que eu quero.

- Então, vamos tomar uma água mineral?

- Até meio dia estou livre, mas a tarde tenho cursinho.

- Então tenho que aproveitar essa folga, disse rindo.

Fomos até a praça de alimentação e enquanto tomávamos nossa água, o Breno aproveitou para matar sua curiosidade e me encheu de perguntas. Foi bom, esse encontro serviu para nos conhecermos melhor.

- A galera da república é muito bagunçada?

- Não é uma bagunça generalizada, mas tem. Toda republica tem seus bagunceiros.

- Deve ser muito divertido, disse rindo.

- O Rafael é quem dá as coordenadas, ele fica de olho na galera e mesmo assim ainda sai confusão.

- Não deve ser uma tarefa fácil.

- Fácil não é, pois sempre tem alguém que apronta alguma.

- E os quartos são bem organizados?

- O quarto mais bem arrumado é o meu e do Rafael.

- É mesmo, mas por quê?

- Ele não gosta por isso eu cuido pra não deixar roupa espalhada.

- Então não tem motivos pra ele reclamar.

- Tem, porque às vezes eu esqueço livros e cadernos em cima da cama.

Breno caiu na risada, neste dia ele estava diferente e muito engraçado.

- Aí vem o xixi?

- Que nada, ele também esquece.

- Neste caso, ele nem pode reclamar, disse rindo.

- Acho que por isso não fala nada, mas eu também cobro as coisas dele, principalmente quando sai com a namorada e esquece a hora.

- Neste caso tem que dar um desconto, ele está com a namorada.

- Eu fico maluco quando ele faz isso.

- Porque, fica com ciúmes?

- Que ciúmes nada, lá eu tenho ciúme de homem com mulher? – Breno caiu na risada.

- E você nunca se atrasou?

- Infelizmente já, levei uma bronca e depois eu mesmo analisei minha atitude, foi chato.

- E eu que pensava que você era calminho?

- E sou, mas também tenho meus momentos de fraqueza.

- Isso é natural do ser humano, e quem é o mais bagunçado da turma?

- É o Lucas, ele divide o quarto com o Giovane, mas eles se entendem bem.

- O que eles aprontam?

- De tudo o que possa imaginar, às vezes ouço o Giovane chamando atenção dele pra ter mais cuidado, mas eu acho que a febre de um contamina o outro.

Por quê? – perguntou ele sorrindo.

- Às vezes o Giovane, saí com Laura e passa a noite fora, mas geralmente quando saí deixa o quarto todo bagunçado e o Lucas que já é esquecido por natureza, se aproveita da situação e deixa roupa espalhada pelo chão e na cama.

- E o que mais eles aprontam?

- Uma vez o Lucas esqueceu uma cueca dentro do banheiro que é coletivo pra todos.

- E não pode?

- Não! Uma das regras da republica é não deixar roupa suja no banheiro, além de todos usarem ainda recebemos visitas.

- Que tipo de visitas vocês recebem?

- Eles levam as namoradas lá na republica, imagina se uma garota pega roupa suja no banheiro fica chato.

- Tem algumas republicas que fazem até festas e não ligam pra esse tipo de coisa.

- Na nossa não pode, festa é proibida, tem uma cláusula no contrato de locação que nos proíbe de festejos após as 22h00min, então colocamos nas regras da republica de não realizar festas.

- Espertinhos né? Quiseram se livrar da bagunça. – disse rindo.

- Claro, já é difícil manter a casa limpa, imagina tendo que limpar a bagunça depois de uma festa.

- E eles levam as namoradas para dormirem lá?

- Não, é proibido. Os quartos são divididos, não tem nem como.

- Esses meninos são muito obedientes. – disse rindo.

- Eu sei que parece piada, mas não é, e tenho certeza que essa regra quase todos já quebraram, principalmente quando descobrem que os colegas não estão em casa.

- Você já quebrou essa regra?

- Quase, mas não quebrei. – ele sorriu e mudou de assunto.

- Seis jovens com hormônios a flor da pele, não deve ser fácil se segurar.

- Sim, mas todos tem um objetivo e também tem que manter a ordem.

- Senti saudade do meu tempo de adolescência.

- Ah, mas você ainda é jovem.

- Um pós-adolescente. – disse rindo.

- O Juliano sem se dar conta, acabou me dando um grande amigo.

- Você me considera um grande amigo?

- No início eu demorei a entender o ser humano maravilhoso que você é, mas agora, já o considero um grande amigo.

- Eu também estou conhecendo um Sandro diferente. - disse rindo.

- Diferente?

- Você é tão certinho e de repente está me contando um lado que eu desconhecia.

- Desconhecia, mas já imaginava?

- Eu moro sozinho e me policio, mas todo homem principalmente na idade de vocês é bagunceiro.

- Você aprontava muito quando era adolescente?

- Minha mãe ficava doida comigo.

E os outros colegas, como são?

- O Pedro é bacana, às vezes ele é meio estranho e o Marcelo vive trocando de mulher.

- Estranho em que sentido?

- Ele é meio misterioso, diz que tem uma namorada, mas não apresenta a garota pra ninguém.

- E o Marcelo é o mulherengo da turma?

- Quando ele foi pra republica tinha uma namorada fixa, mas ela era chata demais, acabaram brigando, logo depois ele apareceu com outra e ultimamente anda com a primeira que cai em seus encantos.

- Nunca imaginei que meu sábado seria tão divertido. – disse rindo.

- No quarto deles sempre tem alguma coisa fora do lugar, mas eu não reclamo, acho que cada um é responsável por suas coisas e se deixar bagunçado vai ficar feio pra própria pessoa.

- Essa é a melhor forma de viver em comunidade, não se meter na vida do outro.

- Isso eu devo a minha mãe, enquanto era viva ela me ensinou a respeitar os outros.

- Você nunca se envolveu com nenhuma garota?

- Nunca e nem tenho vontade.

- Admiro a forma como trata da sua sexualidade.

- Minha mãe e meu irmão me ajudaram muito.

- E sua irmã? Você quase nunca fala dela.

- Minha irmã representa uma parte da minha vida que não gosto de lembrar, quanto menos falar.

- Então foi algo grave, eu entendo, já passei por algo semelhante.

- A palavra que define bem a minha irmã é traição.

- Eu também já fui traído e sei a dor que é.

- Engraçado, abri quase toda minha vida e você aí só colhendo informações, agora me conta um pouco da sua.

- Eu já fui casado.

Isso pra mim já não era novidade, pois Poliana havia me contado em segredo, mas eu admirei a atitude dele em me contar algo tão importante de sua vida. Breno confiava em mim, fiquei feliz!

- Fico muito feliz que você confiou em mim a ponto de me contar algo importante sobre sua vida.

- De todo meu circulo de amigos apenas Poliana sabe além da minha família.

- Desculpe dizer, mas você parou no tempo.

- E parei mesmo há quase cinco anos.

- Você quer me contar?

- Isso ainda me dói muito, mas eu preciso virar essa página.

Ele me contou toda a história do acidente, o problema de Alexandre. Tudo que Poliana já havia me contado e era perceptível o quanto essa história ainda machucava o Breno.

- Você gostava muito dela, né?

- A conheci na faculdade, um ano depois estávamos casados.

- Que rápido?

- Sim, com seis meses de casados ela ficou grávida, mas sofreu um aborto espontâneo, foi muito triste, pois era uma gravidez planejada e sonhada por nós, mas não era pra ser como tudo na minha vida nada deu certo.

- O que aconteceu foi uma tragédia, mas você é novo e precisa superar isso, inclusive perdoar o Alexandre.

- Eu não consigo. Isso acabou com minha vida.

- E a dele também, você trata o Alexandre como um doente.

- Ele é doente.

- A doença dele não é razão pra viver isolado de todos, ele gosta muito de você, foi um acidente Breno, ele não teve culpa.

- A Poliana me disse a mesma coisa há dois anos.

- E mesmo assim você não conseguiu superar?

- Minha vida acabou a partir daquele acidente.

- Acabou um ciclo, mas tem outro que precisa ser iniciado. Você está sendo injusto com Alexandre e consigo mesmo, enquanto isso a vida vai passando.

- Não sinto vontade de me aproximar de outra mulher, aliás, não sinto vontade de nada, vivo apenas pra minha academia.

Não está certo. Eu, por exemplo, perdi minha mãe há um ano. Nesse período minha vida passou por tantas mudanças, sofri muito, foi um atraso e tanto. Tive que desistir dos meus estudos por um ano pra ajudar meu irmão enquanto meu pai se recuperava do golpe que o levou a depressão e, no entanto, Tiago e eu conseguimos superar os problemas.

- Eu admiro sua coragem em morar com estranhos, longe do conforto de casa e mesmo diante dos problemas não se entrega.

- Então Breno, dê uma nova chance a sua vida, essas mudanças não precisam ser de um dia para outro, vá aos poucos e só assim você vai se livrar da solidão.

- Você tem razão, por isso eu decidi ir à festa de casamento do seu irmão, estarei entre amigos.

- Nada melhor que estar entre amigos para recomeçar.

- Sabe que dia desses, eu me questionei, porque eu gosto tanto de você?

- E qual foi à conclusão?

- A sua simplicidade em tratar os problemas, isso é difícil de encontrar nas pessoas.

- Eu fico muito feliz em saber que nossa amizade evoluiu, mas agora preciso ir, daqui a pouco tenho aula.

- Aceita almoçar comigo?

- Já estamos na praça de alimentação.

- Vamos almoçar na minha casa, assim você conhece meu cantinho.

- Nossa... Que evolução!

- Como você disse um passo de cada vez.

- Agora me empolguei, quero ver como você é na cozinha?

- Não sou um chef, mas me viro bem, até já fiz chazinho pra você quando estava doente.

- Muito bom o chá, melhorei rápido.

Nem disse pra ele que o chá estava horrível senão Breno ia desanimar na primeira tentativa.

- Além de fazer efeito rápido, aposto que era gostoso?

- Eh... – ele sorriu.

- Pela fisionomia, vou ter que melhorar a mão.

- Chá é ruim, vamos ver como vai ser a comida? – brinquei com ele.

Fomos até o apartamento dele. Não entrei na parte dos quartos, mas era um belo apartamento, sala ampla, cozinha bem equipada, nada de luxo, apenas o básico na saída da cozinha uma bela área de serviço com lavanderia. Tudo muito simples, inclusive no banheiro social.

- Gostou do meu cantinho?

- Um belo cantinho, simples e aconchegante.

- Está do jeito que minha esposa deixou, não tive coragem de mexer em nada.

- Isso é natural, mas as coisas precisam mudar, lembra?

- lembro, mas isso não vai apagar o brilho dela? Era uma pessoa muito simples e o pouco tempo que ficamos juntos foi maravilhoso.

- Não vai tirar o brilho dela, você precisa lembrar os momentos felizes, o resto se acaba com o tempo.

- Eu já entendi, o restante eu preciso me desfazer, a Poliana já me disse isso, o problema é ter coragem.

- Agora você tem a mim também.

- Meu mais novo amigo.

- Eu já te falei uma vez, mas você levou na brincadeira, você nunca pensou na Poliana como mulher, ela é bonita, atraente.

- Ela é uma grande amiga, só isso. – disse rindo e eu encerrei o assunto.

Almoçamos e Breno tinha razão, cozinhava bem, apesar da pressa porque faltava pouco tempo pra minha aula, ele fez uma macarronada deliciosa, depois me deixou em frente ao cursinho, mas antes passamos na republica e peguei meu material.

Mais uma semana se aproximava do final e nada do João Pedro, a mãe dele estava mal sem saber notícias do filho. No colégio todos notaram sua ausência, mas ninguém sabia dele.

Na quinta-feira, decidi ir ao shopping comprar um tênis pra viajar no sábado, saí do colégio e peguei um ônibus. Eu tenho a mania de sentar na janela e cuidar o movimento. Foi então que avistei um cara muito parecido com João Pedro, ele estava acompanhado de mais dois caras, não pensei duas vezes e pedi para descer, ainda bem que estava próximo da parada.

Desci e fui atrás daquele cara que pra mim era o João, mas eu não tinha certeza, cheguei perto e chamei por ele.

- João?

Ele virou e olhou pra mim, primeiro tentou fugir, mas depois desistiu assim que os dois caras vieram pra cima de mim querendo saber quem eu era.

João estava diferente apesar de fazer apenas duas semanas que estava longe de casa, naquele momento estava sem o efeito de drogas. Os dois sujeitos que estavam com ele eram mal encarados, fiquei com medo, mas mesmo assim me aproximei dele.

- Seus pais estão procurando por você há dias, vou ligar pra sua mãe e avisar que eu te encontrei.

- Não! – ele pegou meu telefone e atirou longe. Um dos sujeitos foi até o aparelho e pegou.

- O que está acontecendo com você?

- Não quero mais saber de ninguém.

- Você não disse que era meu amigo?

- Não quero mais ser seu amigo.

- Tudo bem, mas então volte pra casa.

- Eu não quero.

- Vem comigo, e pede para aquele cara devolver meu celular.

- Você vai pra minha casa?

- Se você voltar eu vou.

- Então quando eu sair você corre atrás de mim.

Não entendi nada. João foi até o cara pegou o celular e saiu correndo em disparada, fiquei em pânico e fiz o que ele me disse, corri também.

Os caras saíram correndo atrás de nós, nunca corri tanto na minha vida, mal sentia minhas pernas. Tinha a sensação que ia desmaiar a qualquer momento e só pedia que Deus me ajudasse a sair daquela situação da melhor maneira possível.

A sorte que João era esperto e entrou numa igreja evangélica que na hora os fieis estavam saindo e naquela confusão de pessoas nós entramos e nos escondemos dentro do templo, depois disso não vi mais os caras.

Eu mal conseguia respirar, minhas pernas tremiam. Ficamos escondidos atrás de alguns bancos, sentei no chão e comecei a chorar, estava nervoso enquanto João observava se estávamos fora de perigo.

- Você é louco João.

- O importante é que eles não ficaram com seu celular.

- Quem são aquelas caras?

- São uns parceiros ai.

- Que tipo de parceria alguém pode ter que esse tipo de gente?

- Trabalhei pra eles nesses dias que fiquei fora de casa.

- Que tipo de trabalho você fez?

- Não importa Sandro.

- Claro que importa. Aposto que você furtou alguém pra se manter nas drogas.

- Eu nunca matei ninguém.

- Não matou, mas roubou e isso não é certo.

- Qual é, disse que ia ficar comigo e agora vem com sermão barato?

- Se afasta desse tipo de gente, é barra pesada.

- Liga pra minha mãe e diz onde estamos, precisamos sair daqui sem que nos vejam.

Peguei o telefone e liguei pra mãe dele, ele mesmo conversou com ela e explicou onde estávamos e uns vinte minutos depois ela me ligou dizendo que estava em frente à igreja.

Saímos da igreja tomando cuidado para não sermos notados e entramos no carro dela.

- Meu filho, o que você estava fazendo aqui?

- Toca o carro mãe e deixa o sermão pra depois.

- Têm dois rapazes atrás de nós, estávamos escondidos na igreja.

Ela não fez mais nenhum questionamento, deu partida no carro e fomos pra casa deles. Assim que entramos ela queria saber tudo que estava acontecendo.

- João Pedro, onde você ficou todo esse tempo?

- Na casa de alguns amigos.

- Que amigos meu filho? Liguei desesperada para algumas pessoas procurando por você e ninguém sabia seu paradeiro.

- Para mãe.

- Você quer acabar comigo, é isso João?

- Está vendo porque sumi? É por isso, odeio viver nessa casa, odeio a vida, odeio tudo.

- Fica calmo João, tentei acalmá-lo.

- Você é outro que nem minha mãe.

- Eu só quero te ajudar.

- Vamos esquecer o que houve e a partir de amanhã você retoma seu tratamento e sua rotina normal.

- Eu devo uma grana aí.

- Quanto você deve?

- Duzentos reais.

- Você deve duzentos reais para os caras que queriam ficar com meu celular?

A mãe dele pegou o telefone e ligou para o pai dele, avisou que tinha encontrado o João e falou sobre o dinheiro. Não deu para ouvir o que falaram e nem ela comentou, mas acho que eles acertaram de pagar a divida.

- João, que tal deixar sua mãe resolvendo esses problemas e aproveita o tempo para tomar um banho?

- É verdade meu filho, você está precisando.

Ele estava com aparência horrível, cheirando mal, roupa suja, a barba havia crescido. Bem diferente do João que estava acostumado a ver.

- Eu vou, mas você tem que vir comigo.

- Eu não demoro, vai à frente que já vou.

- Vai falar mal de mim pra minha mãe?

- É claro que não, eu só quero te ajudar.

- Então não demora.

Ele foi para o quarto tomar banho e fiquei com a mãe dele, era perceptível sua Expressão de preocupada.

- Como você o encontrou?

- Por acaso, o avistei pela janela do ônibus, não tinha certeza se era ele, mesmo assim, desci e dei sorte.

- Onde ele estava?

- Eu não sei, o avistei na rua.

- E como ele reagiu quando te reconheceu?

- Tentou fugir, mas os dois rapazes que o acompanhavam vieram pra cima de mim e ele desistiu.

- João não queria vir?

- Disse que não queria mais saber de ninguém, tentei ligar para a senhora e avisá-la, mas o João me impediu, jogou meu celular no chão. Um dos rapazes pegou o aparelho e não queria devolver.

- Queria em troca da dívida, então o que ele falou é verdade.

- Fiquei sabendo que ele tinha essa dívida quando chegamos aqui e o meu celular João tomou do cara.

- Tomou? Então vocês fugiram?

- Fugimos e eles correram atrás de nós, tivemos sorte de nos esconder na igreja.

- Vocês agiram errado, e se eles estivessem armados, poderiam ter levado um tiro ou algo pior.

- O João não me disse nada, apenas pegou o celular da mão do cara e saiu correndo, apenas o segui.

- Você se arriscou pra ajudar o meu filho, não sei nem como agradecer.

- A senhora não precisa me agradecer, mas deve ajudar o João, ele é uma pessoa legal, porém em alguns momentos perde o controle e toma atitudes impulsivas.

- Vou conversar com a psicóloga dele para retomar o tratamento.

- Se a senhora não se importa vou atrás dele senão vai reclamar.

- Você pode ficar com ele até o horário do trabalho, depois eu te dou uma carona.

- Obrigado.

Fui até o quarto do João, ele estava no banho, escutei o barulho da água do chuveiro, sentei na cama dele e fiquei aguardando. Alguns minutos depois ele voltou, estava com uma toalha enrolada na cintura, mas sua aparência já era outra, tinha feito à barba, escovado os dentes, o visual era outro.

Ele foi até a cama tirou a toalha sem o mínimo pudor, vestiu uma bermuda, aproximou de onde estava e me estendeu a mão. Não entendi nada, mas lhe estendi a minha, ele me puxou e em seguida me abraçou forte.

- Não me abandona Sandro.

- Não vou te abandonar.

- Eu sumi porque você não queria mais ficar comigo.

- Eu gosto de você, como amigo.

- Quero mais que isso, por você eu largo tudo, prometo!

- Não faz assim, por favor.

Ele nem me ouviu, me segurou com força e me beijou, quando tentei reagir, se afastou.

- Você não vai me deixar, está ouvindo?

- Me solta, você vai forçar a barra outra vez?

- Você é meu, isso que importa.

- Vamos conversar com calma.

- Você não pode me deixar ele dizia segurando meu rosto e olhando em meus olhos.

Fiquei perdido sem saber o que fazer. Dessa vez não tinha desculpas ele estava sóbrio e sabia bem o que estava fazendo.

- Não posso fazer isso com você.

- Jamais vou te decepcionar, você vai ver.

Ele me puxou mais uma vez e me abraçou, tentei me agastar, estava nervoso, precisava respirar um pouco longe daquele quarto. Já estava saindo quando ele me segurou com força que até me machucou.

- Aonde você vai?

- Vou pra casa, tenho que trabalhar daqui a pouco.

- Você vai ficar aqui comigo, esqueceu que me prometeu?

Ele me prensou contra a porta do quarto e me beijou novamente, João me segurava com violência, me machucando, era difícil entender certas atitudes dele.

- João, você está me machucando.

Ele me soltou, meu braço ficou doendo e minha boca um pouco inchada.

- Me desculpe não queria te machucar, você fica fugindo de mim, fiquei nervoso.

- João você é um cara complicado e eu não quero te magoar.

- Você vai me magoar se não ficar comigo.

- Então vamos fazer assim, eu vou embora agora e amanhã nos encontramos no colégio.

- Não vou voltar para o colégio.

- Por quê?

- Eles não gostam de mim.

- Se eles não gostam, eu gosto, somos amigos.

Ele parou e pensou alguns segundos.

- Está certo! Eu vou e estarei limpo você vai ver.

- Que bom! isso fará bem a você.

- Vou fazer isso por você.

Saí da casa dele com a sensação de ter tomado a decisão errada. Tinha que ser sincero com o João, e ao mesmo tempo eu temia que essa decisão o levasse a seguir outros caminhos que não desejava.

Eu ainda nem sabia direito o que fazer da minha vida, mas não queria me envolver e repetir os mesmos erros que já tinha cometido.

Na sexta-feira encontrei com João no colégio, ele ficou o tempo todo ao meu lado, estranhei, pois em momento algum se aproximou de seus antigos amigos, fiquei feliz pela atitude dele, mas triste pela insatisfação de Adriana.

Ela era uma amiga incrível, mas não gostava da minha amizade com João Pedro e não fazia questão de esconder que estava chateada.

À tarde combinei de levar meu material para que ele copiasse o conteúdo e se atualizasse novamente.

- Você é demais.

- Fiz esse esforço pra você recuperar tudo que perdeu nesses dias.

- Tenho muito que trabalhar. - disse rindo.

- João, onde você ficou hospedado nos dias que ficou fora de casa?

- Porque você quer saber essas coisas?

- Curiosidade.

- Na casa dos meus amigos.

- Os que estavam com você.

- Foi, mas eu não quero falar nisso, estou fazendo um esforço enorme pra mudar e você fica me lembrando dessas coisas?

- Você está certo, precisa de ajuda para estudar?

- Preciso de outra coisa.

- Não começa.

Ele se aproximou, me abraçou e me beijou, tentei me afastar, mas dessa vez ele foi delicado e não forçou a barra.

- Vamos deitar um pouquinho?

- Acho melhor não.

- Tem medo?

- Já expliquei meus motivos.

- E daí? Quem liga pra motivos.

Ele era muito obstinado, insistente e teimoso, acabei cedendo. Deitamos na cama olhando um para o outro e ele ficou acariciando meu rosto, fazendo carinho, nem parecia o João de quando o conheci.

Fiquei o analisando em silêncio, tantas brigas no inicio, ofensas com palavras e, no entanto agora estávamos ali. Ele começou a tirar a roupa, ficou de pé, me envolveu de uma maneira tão apaixonante que não consegui impedi-lo, estava muito diferente sem drogas. Ficamos apenas de cuecas e começamos a nos beijar.

Não ofereci mais resistências e ele terminou de nos despir. Deitou em cima de mim e começou a me beijar. Virei na cama e comecei a beija-lo por todo o seu corpo, pescoço, peito, barriga até chegar a seu pau, masturbei-o e beijei sua barriga.

Comecei a chupá-lo e ele forçou minha cabeça, engasguei um pouco, mas não liguei ele estava muito carinhoso. Virou-me de costas e começou a morder minhas nádegas e a chupar me arrancando gemidos de prazer. Deixou bem molhado, colocou a camisinha e me penetrou de uma única vez, putz! Mordi os lábios para não gritar de dor, mas logo passou e ele não deu trégua metia com força e arrancava suspiros de mim.

Ele me virou na posição de frango assado levantou minha perna e meteu com mais força ainda, deitou por cima de mim e me beijou, só então notei que havia chorado. Não entendi e fiquei sem coragem de perguntar o porquê do choro, mas ele entendeu.

- Eu te amo, fugi naquele dia porque você queria se afastar de mim, não faça mais isso.

Tudo que não podia acontecer estava acontecendo, João sabia me render e estava me proporcionando muito prazer. Ele começou a intensificar os movimentos de vai e vem, parecia que querer me dominar, era uma sensação de alivio e dor, tinha um jeito selvagem e ao mesmo tempo sensível demais. Quando gozou, ficou preocupado achando que tinha me machucado.

Fiquei deitado na cama tentando entender porque motivo eu não resisti suas investidas. Transar com ele era gostoso, mas era uma relação que não me sentia pleno, era arriscado, pois não o amava assim como ele dizia me amar.

- Está arrependido?

- Receoso.

- Eu gostei muito.

- Vou tomar banho, preciso trabalhar.

Fui para o banho e ele ficou deitado. Quando estava terminando João chegou à porta do banheiro.

- Quando eu te vejo novamente?

- Esse final de semana eu vou viajar para o casamento do meu irmão.

- Vou sentir saudade.

- Esse distanciamento vai ser bom para pensarmos.

- Eu não tenho nada pra pensar e espero que você não se afaste de mim como muitas pessoas já fizeram.

- Preciso ir senão vou me atrasar.

- Boa viagem e não esqueça que estarei aqui esperando por você.

Ele me abraçou me deu um beijo e ficou acariciando meu rosto antes de sair, dificultando ainda mais a minha situação.

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