Gostaríamos de agradecer a todos os leitores, seguidores ou não, que tiraram um tempo precioso de suas vidas para nos acompanhar durante essa jornada. Foi um prazer dividir essa história com vocês. Obrigado e voltem sempre.
Continuando ...
Paulo e Patrícia:
Por quatro horas, a equipe vasculhou a mansão detalhadamente, sem deixar passar nada. Celulares, computadores, notebooks, documentos diversos e variados foram confiscados e levados para a perícia. Ao mesmo tempo, em outros trinta e seis endereços, de seis estados diferentes, todas as empresas em que Paulo tinha participação, por menor que fosse, sofriam o mesmo destino.
Naquele dia, um número absurdo de provas foi colhido. Mesmo com toda a sua influência, e as amizades que mantinham, a situação de Paulo e Patrícia era terminal. Antigos aliados tentavam de toda forma se desvincular do casal. Políticos, membros do judiciário, empresários inescrupulosos … todos começavam a avaliar o potencial explosivo daquela ação deflagrada pela Polícia Federal.
Em tempos digitais, de informação rápida e precisa, não iria demorar muito para que as provas, os áudios, vídeos e documentos, começassem a vazar para a imprensa.
{…}
Beto e Laine:
Após uma noite intensa de sexo e muita paixão, Beto e Laine dormiram de conchinha, como nos bons tempos do casamento, não querendo se desgrudar um do outro.
Beto acordou primeiro e o sentimento de satisfação da noite anterior começava a se transformar em culpa. Há três semanas ele vinha sonegando uma informação de suma importância e não aguentava mais manter o segredo.
Beto se levantou e como forma de diminuir a tensão da conversa que não poderia mais esperar, preparou um café da manhã caprichado para a futura ex-esposa. Até se preocupou em fazer o capuccino caseiro com chocolate ao leite que Laine tanto adorava. Para completar, ovos mexidos e queijo quente no pão francês. Arrumou a bandeja com capricho e voltou ao quarto, mas não sem antes dar uma espiada no pequeno, que dormia sossegado.
Laine começava a despertar e seu sorriso ao perceber a gentileza de Beto iluminou o quarto. Sorriso esse que rapidamente foi substituído por preocupação e cautela, ao notar a tensão no rosto dele.
Para quebrar a tensão, Beto se serviu primeiro, encorajando Laine a fazer o mesmo. Ela começava a ficar ansiosa, mas tentou disfarçar:
– Café na cama? Eu mereço tudo isso?
Beto sorriu para ela. Um sorriso meio torto, é verdade, mas sincero. Deixou que ela se alimentasse, esperando por alguns minutos. Só então começou a falar:
– Tem uma coisa que eu não revelei antes e me sinto culpado por isso. Eu precisava te ver bem primeiro, precisava que aceitasse nossa separação antes de saber a verdade. Eu não me arrependo da minha escolha.
Laine já estava com os olhos marejados e ele a acalmou:
– Ei, relaxa. Não é uma coisa ruim, mas ela poderia ter feito muito mal a você. Confie em mim.
Laine secou as lágrimas, mas continuava tensa. Beto voltou a falar:
– Você já sabe sobre as manipulações e os crimes do Paulo, sobre tudo o que ele fez de ruim para mim, ou melhor, para nós dois, mas isso ainda vai muito mais além.
Beto pegou o celular e buscou o vídeo do resort no México, entregando o aparelho para ela. Laine assistia sem piscar, sendo tomada por um sentimento de culpa avassalador. Agora ela tinha a certeza de que realmente destruiu o seu casamento:
– Mas eu … te forcei a aceitar … como pude ser tão idiota …
Beto sabia o que precisava fazer e a abraçou forte, sem falar nada, deixando que ela chorasse e colocasse para fora toda a tristeza. Foram interrompidos pelo pequeno, entrando no quarto e pulando sobre eles, quase derramando a bandeja do café:
– Mamãe Laine, papai … Mamãe, você tá chorando? Tá dodói?
Beto fez sinal para ela, pegou o pequeno no colo e foi para a cozinha:
– Lembra que eu te contei sobre o dia que as mamães ficam tristes, podendo até chorar e que acontece uma vez por mês? Então, daqui a pouco a mamãe estará melhor.
Beto preparou o café do pequeno e ligou a televisão no canal de desenhos. Em segundos, ele já estava entretido e Beto voltou ao quarto, preocupado com Laine. Ela nem esperou ele fechar a porta:
– Essa é a prova de que ainda existe uma chance para nós dois. Eu sabia, alguma coisa dentro de mim achou tudo muito estranho … você não é esse tipo de homem, nunca foi.
Beto não podia dar a ela falsas esperanças. A separação era um fato consumado. Como sempre fazia, ele foi honesto:
– Laine, nós não estamos nos separando por causa do que aconteceu depois dessa maldita traição que nem é verdadeira. Nossos problemas são maiores e muito mais profundos do que isso.
Laine ainda tentava:
– Mas nós podemos tentar, podemos … sei lá … o que acha de terapia de casal? Eu pesquisei sobre isso e ela pode nos ajudar de verdade. Por que não tentar?
Cansado, Beto se sentou na cama:
– Me responda honestamente: você quer acordar ao meu lado daqui há dez anos e sentir que não viveu tudo o que poderia? Que não fez as coisas que queria fazer? Quem não se divertiu como imaginava?
Laine o encarava, indecisa. Ele continuou:
– Eu sou um careta, um conservador, tenho a intenção de me afastar socialmente da Carina, do Alex, do Júlio, da Silvana e de todos os outros. É isso que você quer?
Laine se assustou:
– Como assim, se afastar? Você vai cortá-los da sua vida?
Beto explicou:
– Cortar não, mas me afastar, sim. Eles se reúnem com um propósito específico. É claro que, separados, numa reunião menor, posso muito bem encontrar Carina e Alex, ou Júlio e Silvana, mas com todos eles juntos, não dá, não é a minha onda. Eu só atrapalharia o que eles gostariam de estar fazendo.
Laine estava muito pensativa naquele momento e o próprio Beto respondeu por ela:
– Sejamos honestos, você se encaixou muito bem entre eles, merece ser feliz, viver tudo o que tem vontade. Eu amo você, provavelmente sempre irei amar, mas temos visões e objetivos diferentes na vida.
Com Laine de cabeça baixa, entendendo que a decisão dele era a melhor, Beto se ajoelhou a sua frente, segurando em suas mãos:
– Jamais, em momento nenhum, deixe de ser você para satisfazer o desejo dos outros. Ninguém merece se anular para que o outro seja feliz.
Beto deu um beijo carinhoso nela, selando de vez a separação. Laine tinha um último pedido a fazer:
– Você não vai sumir da minha vida, né? Eu não quero isso.
Beto a abraçou:
– E como eu poderia? Temos um filho para educar, esqueceu?
Laine se apertou forte contra ele, sabendo que assim que o soltasse, tudo estaria definitivamente acabado. Beto falou em seu ouvido:
– Eu só quero que você seja feliz, que viva tudo plenamente, que realize suas fantasias, que se encontre e se permita ser livre. Eu amo você.
Após um longo abraço, muito apertado, pegando Laine pelas mãos, Beto pediu que ela o acompanhasse. Foram até a sala e se sentaram ao lado do pequeno. Com muito cuidado, pesando e tirando o peso de cada palavra, ele explicou como seria a vida de agora em diante para o pequeno. A reação foi a mais inusitada possível:
– Que legal … eu vou ter duas casas, dois quartos e dois presentes sempre. Eu tenho um monte de amiguinhos assim na creche, acho que vai ser legal. – Ele logou voltou sua atenção para o desenho na televisão.
Beto e Laine respiraram aliviados, sorrindo um para o outro. Era chegada a hora do adeus definitivo. Beto voltou ao quarto e arrumou uma mala simples, somente para passar os primeiros dias. Poderia voltar a qualquer momento para buscar suas coisas em definitivo.
Laine, sem conseguir parar de chorar, começava a entender as mudanças à frente. Perdia um marido, mas o amigo, o companheiro, nunca a abandonaria. Tinham um vínculo inquebrantável, mais forte que a relação entre um homem e uma mulher, a ligação entre eles jamais seria desfeita.
Após idas e vindas, beijos e carinhos, Beto finalmente saiu de casa. Aquele foi um término doloroso, mas feito com responsabilidade afetiva, e sendo Beto o homem que é, antes de ir para o seu novo apartamento, parou na casa da família de Laine e explicou a eles toda a situação.
Após o choque inicial, suas explicações, justificativas e as promessas futuras deram a eles a segurança necessária para aceitar e não tentar interferir. Conheciam Beto e sabiam do seu caráter, do seu valor moral, sabiam que ele jamais, em hipótese alguma, abandonaria Laine sem mais nem menos.
{…}
Laine:
Ver Beto indo embora, com aquela pequena mala nas mãos, me fez sentir desespero, angústia, uma sensação de isolamento e solidão que eu nunca tinha sentido na vida. Eu entendia e aceitava os motivos que levaram nosso casamento ao término.
Por outro lado, algumas semanas depois, cercada de carinho e boas energias, tanto de Carina quanto de Silvana, um sentimento novo, um calor recém-descoberto, me fazia reavaliar as coisas:
“Isolamento? Solidão? Não! Não tem por que eu sentir essas coisas. Tenho o nosso pequeno comigo, mesmo que por metade do tempo. Ainda tenho Beto na minha vida, ele me liga quase todos os dias, tenho amigas incríveis e uma família que pela primeira vez não me culpou por ser burra … tenho saudade do Beto, muita, não nego, mas não posso obrigá-lo a ficar ao meu lado”.
Não foi fácil e os meses a seguir foram brutais. Tentei me manter forte, guardando a saudade e o choro para as madrugadas sozinhas em meu quarto. Me mantive firme e positiva durante o dia, tentando dar o melhor ao pequeno e, aos poucos, reconstruindo minha autoestima.
Apesar do apoio e do carinho da minha família, da Carina e também da Silvana, preferi ficar mais recolhida nos três primeiros meses, focada no pequeno e no meu trabalho. Beto se manteve como meu porto seguro, cuidando das contas e me ajudando a criar hábitos financeiros mais saudáveis.
Aos sábados, ele sempre nos agraciava, a mim e ao pequeno, com duas ou três horas do seu tempo, nos levando para algum passeio, ou apenas ao cinema, ao shopping, mantendo uma certa rotina familiar, uma atitude altruísta e gentil, para diminuir qualquer insatisfação que a mudança em nossa vida pudesse criar sobre o nosso pequeno.
Quando era a semana dele com o pequeno, mantínhamos a mesma rotina dos sábados e ele sempre o trazia na quarta-feira à noite para passar algumas horas comigo.
No início do quinto mês, Carina e Silvana praticamente me sequestraram, me obrigando a sair com elas. Na primeira vez, uma noite apenas de meninas, confesso que me diverti como há muito não fazia, esquecendo um pouco da minha dor.
Nossas sextas-feiras acabaram se tornando a minha tábua de salvação, o momento em que eu esquecia que era um mulher quase divorciada de vinte e sete anos. Devagar e com cuidado, eu voltava a descobrir a alegria de viver. Quando tentava conversar com Beto, contar sobre a minha vida, ao invés de ciúmes, recebia incentivos.
Assinamos o divórcio no oitavo mês. Beto, generoso como só ele, deixou em aberto o processo contra o Paulo, me colocando como beneficiária de cinquenta por cento do que viéssemos a receber na justiça. Agora não tinha mais jeito, eu precisava seguir em frente.
Eu me preocupava com o Beto, sabia que ele estava sofrendo tanto quanto eu, e acabei ficando ainda mais próxima da Fernanda, sabendo que ela o estava ajudando a passar por aquele momento difícil. Ela se mostrou uma amiga generosa e preocupada com a nossa situação. Nós nos falávamos com bastante frequência até e, sempre que possível, ela passava para me ver.
Foi na virada do ano, na festa de réveillon de Júlio e Silvana, que tudo começaria a mudar na minha vida. Eu estava deslumbrante em um vestido de festa branco rendado, com acabamento em tule bordado, com um profundo decote em “V” e as costas abertas. Eu estava decidida a ser feliz novamente, aberta às possibilidades.
Ainda amava o Beto e acho que jamais deixaria de amar, mas eu precisava continuar a viver. Sentia falta de sexo e estava disposta a entrar de cabeça num possível triângulo amoroso com Carina e Alex. Eu estava decidida a me entregar aos dois naquela noite, mas Carina, uma safada muito mais experiente do que eu, já tinha tudo armado para me surpreender.
Ao chegar na festa, Carina e Alex traziam consigo um jovem rapaz, talvez mais novo do que eu. Fomos apresentados e ele me esticou a mão para um cumprimento:
– Oi, eu sou o Frederico. Pode me chamar de Fred.
Assim que aceitei seu cumprimento, ele me puxou para dois beijinhos no rosto. Carina sorria de forma maliciosa para mim. Do nada, ele soltou sua primeira pérola:
– Nossa! Alex e Carina não estavam errados. Você é uma Deusa, um mero mortal como eu deveria se ajoelhar.
Não consegui segurar o riso ao vê-lo fingir se ajoelhar e logo beijar a minha mão.
Ele era o completo oposto do Beto. Meu ex é um homem grande, forte, de presença imponente, cabelo e barba sempre impecáveis. Já Fred era um homem de estatura mediana, sem músculos destacados ou aparentes, mas assim como Alex, um homem muito bonito e atraente. A barba por fazer, os cabelos mais longos e mal penteados, a roupa meio que improvisada para o evento … eram mesmo completamente diferentes. Descobri que ele e Alex eram primos e ele era novo na cidade, vindo do interior.
Uma semelhança entre Beto e Fred me chamou muito a atenção, o olhar triste, mas bondoso. Beto usava a seriedade para esconder seu passado. Fred, o humor. Acabamos conversando por horas durante aquela noite e, sempre me fazendo rir, ele conseguiu fazer com que eu me soltasse. Mesmo me sentindo atraída por alguém tão diferente, eu ainda estava receosa. Achei melhor ir com calma.
Tudo aconteceu naturalmente algumas semanas depois. Como o pequeno estava com o Beto durante aquele final de semana, Carina e Alex me convidaram para um final de semana na praia. Júlio tinha nos cedido sua casa no litoral e nós partimos já na sexta-feira à noite. Eu estava subindo pelas paredes e queria muito me entregar ao casal amigo, naquele momento, já os meus melhores amigos.
Quando chegamos na casa, Fred já estava lá desde a manhã e tinha deixado tudo preparado. Me pegando de surpresa, Carina e ele não perderam tempo, se atracando num beijo obsceno, suas línguas se enroscando e se chupando sem pudor. Minha bucetinha, quase virgem novamente, se ensopou.
Alex, já ciente da minha seca, carinhoso e cavalheiro como sempre, também me puxou para um beijo, só que mais calmo, indo devagar comigo. Não sei em que momento, nem como aconteceu, mas de repente, os casais apenas foram trocados, com Fred me puxando e me beijando sem pedir permissão, apenas se apossando de mim.
Puta que pariu! Que beijo gostoso, safado. Nossa química foi instantânea. O apertão dele em minha bunda, a pegada perfeita, me fez ver estrelas. Não sei se era a carência, a falta de sexo, mas tudo parecia novo, diferente e incrível. Quando voltei a mim, Carina, ajoelhada entre nós dois, mamava gulosamente a rola dele. Ela ainda me provocou:
– Se eu não der um empurrão, você vai acabar passando o resto da vida à espera. Se joga.
Alex, sentado dois metros ao lado, assistia a cena apertando o pau sobre a bermuda. Frustrada, cansada de me sentir infeliz, me entreguei. Mesmo se Fred se mostrasse uma decepção, Alex estava logo ali ao lado.
Me enganei redondamente, pois ao ver minha aceitação, ele partiu com tudo para cima de mim. Aquele safado era um demônio, um amante experiente, e apesar de mais novo, fez o que quis comigo.
Seus beijos eram intensos, quase sexuais, me deixando mole, à mercê das suas vontades. A parte de cima do meu biquíni foi tirada como mágica, praticamente sumindo. Sua língua brincava nos bicos enrijecidos do meus seios, me levando a um patamar de prazer que fazia tempo que eu não experimentava. Seus dedos eram ágeis e delicados, acariciando meu grelinho com uma habilidade incrível. Gozei escandalosamente, aos gritos:
– Caralho! Quem é você? O que está fazendo comigo? Como isso é bom … como pode ser tão incrível …
Alex se aproximou e me beijou também, assim como a safada da Carina, mamando meus seios com carinho e gentileza, mas me deixando louca novamente. Eu estava entregue e querendo mais.
Naquele momento, Beto e suas palavras vieram com tudo no meu pensamento: “Eu só quero que você seja feliz, que viva tudo plenamente, que realize suas fantasias, que se encontre e se permita ser livre. Eu amo você”. Mentalmente, o agradeci: “Você tinha mesmo razão. Obrigada, eu também amo você, mas preciso seguir em frente e ser feliz novamente”.
Fred se enfiou entre as minhas pernas e começou a me penetrar. Minha bucetinha, desacostumada a pau por quase um ano, sofreu para agasalhar aquele mastro quase tão grosso quanto o do Beto. Quando ele começou a me foder, mostrando toda sua habilidade e perícia, confesso que quase enlouqueci de prazer. Suas estocadas eram potentes, bem calculadas, a forma como ele movimentava o quadril, raspando o púbis no meu grelo era coisa de profissional.
Uma ideia louca surgiu na minha cabeça, era hora de exorcizar os fantasmas do divórcio, realizar a minha maior fantasia e entrar de cabeça naquele negócio de mundo liberal. Pedi a Fred para se deitar e montei sobre ele, fazendo minha bucetinha, já novamente acostumada a ser fodida, engolir em segundos seu pau. Olhei para a Carina e pelo sorriso que ela me deu, tive a certeza de que tinha entendido a minha intenção. Com cara de safada, olhando em seus olhos, pedi ao Alex:
– Vem, fode meu cu.
Ele me olhou assustado, mas feliz, sem titubear, enquanto Carina, com o tubo de lubrificante na mão, besuntava adequadamente meu cuzinho. Ainda ganhei dois tapas gostosos daquela safada.
Me deitei sobre Fred, beijando sua boca e arrebitando bem a bunda. Alex apontou a cabeça do pau, a usando para espalhar ainda mais o lubrificante e, devagar, mas sem parar, foi ganhando profundidade dentro de mim. As sensações eram novas, intensas, um misto de surpresa, descoberta, tesão, loucura … todas juntas e misturadas, me levando ao delírio.
Para completar, Carina se sentou com a xoxota na cara do Fred, deixando que ele a chupasse, de frente para mim, beijando a minha boca e apalpando os meus seios, transformando o meu primeiro swing, minha segunda experiência liberal, num momento único, inesquecível, que me fez perder o medo de vez e me assumir completamente.
Beto tinha razão, era inegável, eu sou mesmo uma liberal, uma devassa, uma putinha safada, que adora variar e me entregar a machos gostosos. Sexo com amor é incrível, mas não é único. Sexo bom, com os parceiros certos, também pode ser avassalador e transcendental.
Daquele dia em diante, Fred e eu fomos nos conhecendo melhor e, em poucos meses, assumimos um tipo de relação sem cobranças. Estávamos juntos, éramos um casal, mas cada um em sua casa, com vidas separadas. Deixei bem claro que meu pequeno era a minha prioridade e que meu ex, meu agora amigo, ainda meu porto seguro, era e sempre seria uma parte importante da minha vida.
Fred e eu, Carina e Alex, nos tornamos inseparáveis, e nossas experiências juntos, ou com outros parceiros, davam o algo mais que a vida liberal pedia. Fred e eu entramos definitivamente para o grupo, ocupando o lugar que antes pertencia à víbora e ao escorpião.
{…}
Beto:
Os primeiros três meses no novo apartamento foram solitários e miseráveis. Os sentimentos em meu peito eram conflitantes: eu tinha feito a coisa certa, mas me culpava por não insistir mais um pouco, não tentar uma última vez.
A cada visita a minha antiga casa, cada vez que eu via a Laine, eu tinha vontade de voltar atrás e reconsiderar a minha decisão. Mas eu precisava ser forte, aquilo era o melhor para ela. Minha cama parecia enorme e fria. Eu me apegava ao pensamento ruim que sempre me acompanhava: “Você é um homem acostumado a perder. Passou por tantas perdas e sempre saiu mais forte no final. Confie na sua decisão, ela é justa”.
Felizmente, por sorte, eu tinha em quem me apoiar. Júlio, assim como Silvana fez por Laine, se tornou um amigo presente e sempre ligava ou aparecia para uma cerveja. Meu ex-cunhado, Cristian, ainda o meu melhor amigo, irmão mais velho da Laine, também. Além da Fernanda, lógico, minha ilha de sabedoria e bons conselhos naquele novo período nebuloso da minha vida. Como ela fez falta na época em que perdi Lavínia.
Fernanda se tornou uma presença constante nos dias de sofrimento e solidão. Seu colo e seus cafunés me ajudaram nos momentos mais difíceis. Nossa amizade se fortaleceu e se transformou.
No trabalho, onde eu descontava minhas frustrações com dedicação redobrada, sua confiança e incentivo me ajudaram a liderar sua empresa para uma nova época de prosperidade. Éramos inseparáveis e até o pequeno já a via como se fosse da família, uma tia legal e divertida. Até com Laine, a amizade delas começou a prosperar.
A proximidade acabou criando um sentimento novo. O carinho que sempre existiu, a evolução da amizade, se transformava em um desejo maior de estar junto. Íamos ao cinema, viajávamos aos finais de semana em que eu não estava com o pequeno, nossos gostos e estilos eram muito parecidos, nossas visões de mundo e opiniões eram praticamente idênticas. Tudo parecia convergir para uma relação amorosa. Até o fato de já termos sido bons amantes no passado.
Mas junto com todos esses novos sentimentos, existia também o medo de estragar tudo o que construímos. Nenhum de nós ousava dar o passo seguinte. Às vezes, quando estávamos sozinhos, a tensão chegava a apertar o peito.
Um dia, com Fernanda completamente bêbada, comemorando um grande negócio que havíamos fechado, ao chegar em sua casa, quando me preparava para colocá-la na cama, ela simplesmente me beijou, olhou no fundo dos meus olhos e disse:
– Por que eu fui tão idiota e te abandonei lá atrás? Se eu não tivesse ido para a Europa, fugido de você, quem sabe o que poderia ter acontecido entre nós? Hoje eu seria a mãe dos seus filhos, sua esposa … – Assim que terminou de falar, ela simplesmente apagou.
Coloquei aquele desabafo na conta da bebida, pois eu ainda não estava pronto para lidar com aquela nova situação, mas confesso que do dia seguinte em diante, mesmo que não tenhamos mais tocado no assunto, as coisas entre ela e eu mudaram permanentemente.
Por mais que não fôssemos um casal, que não tivéssemos uma relação, nos tratávamos como um. Estávamos sempre trocando olhares, independentemente do local em que estávamos. Mas, assim como acontecia antes, nenhum dos dois dava o primeiro passo. O medo de perder ainda era maior do que a recompensa por tentar.
Aquele ano passou voando e um novo começou cheio de novidades. A notícia sobre a nova relação amorosa da Laine me atingiu em cheio, me fez ficar triste por algumas semanas, mas como eu previ, ela era forte, iria se curar e seguir em frente. Era a minha vez de fazer o mesmo.
Uma notícia tão esperada chegou, desviando o foco e atenção de todos: o julgamento do Paulo e da Patrícia estava prestes a acontecer. Não seria uma sessão pública, aberta, muito menos parecido com o que a gente vê na televisão. Crimes financeiros são julgados diretamente por um juiz, sem todo o alarde de crimes como assassinato ou crimes sexuais e de grande apelo público.
{…}
O Ministério Público estava preparado para o embate contra o bando de advogados que defendiam Paulo e Patrícia. As provas eram muitas e substanciais. Tinha de tudo e mais um pouco. As investigações revelaram o sórdido esquema de Paulo para se livrar de adversários e desafetos.
Coação, chantagem, corrupção, propina, aliciamento, esquemas de laranjas e testas de ferro … enfim, tudo estava documentado e muito bem-organizado. Os processos tinham milhares de páginas e só a leitura resumida levou quase metade do dia.
Samanta e uma dúzia de outros colaboradores, após um acordo de delação premiada, tiveram suas penas reduzidas, mas pegaram entre quatro e oito anos de prisão.
Após uma semana de expectativa, o resultado saiu: Paulo foi condenado por quase quarenta e dois crimes, mas como alguns eram diferentes entre si, as penas destes foram somadas. No total, ele foi condenado a quase sessenta anos de prisão. Patrícia, considerada mais uma cúmplice do que mentora, acabou sendo condenada a doze anos. Todos os bens do casal foram confiscados para o pagamento dos processos que em breve formariam fila.
É claro que a batalha seria longa, pois tudo aquilo ainda era a primeira instância da justiça brasileira. Seus advogados agiram rápido entrando com recursos e pedidos de habeas corpus. Como as maracutaias de Paulo envolviam gente maior do que ele, pessoas que o patrocinaram, ele acabou sendo jogado aos leões, tendo todos os pedidos de seus advogados negados. Temendo por sua vida, ele achou melhor cumprir sua pena calado.
{…}
Naquele final de sexta-feira, Júlio recebeu a notícia eufórico. Era preciso uma festa para comemorar. Ele pegou o telefone, precisava ligar para o Beto. Foi atendido sem demora:
– Ganhamos, homem! Aquele desgraçado está acabado. Já está com o processo pronto, né? Não perca tempo, tente ser o primeiro.
Beto era só sorrisos do outro lado da linha:
– Primeira vez que fico feliz por quebrar a cara. Achei, sinceramente, que aquele canalha iria se livrar.
Júlio não cabia em si, se sentia vingado:
– Eu sei que você não gosta das nossas festas, mas precisamos reunir o pessoal para comemorar. Fique tranquilo, não será um evento liberal, será uma comemoração. Farei todos se comportarem. Eu prometo!
Beto ainda estava em dúvida:
– Não sei, Júlio … pode até não ser para isso, mas o povo sempre dá um jeito de aproveitar. E estou com o meu pequeno, não sei se é uma boa …
Júlio foi taxativo:
– O que você acha que nós somos? Cachorros no cio? Fala sério, Beto. Te espero amanhã. Churrasco e festa na piscina, já estou ligando para o pessoal. Traga o pequeno, todos o adoram. Mais um motivo para as pessoas se comportarem. – Júlio ria sozinho.
Os dois se despediram, conversaram poucos minutos e desligaram. Dez minutos depois, Fernanda também ligou para o Beto:
– Imagino que você deva estar nas nuvens com a notícia da condenação daqueles dois. Você irá na comemoração? Júlio acabou de me ligar e fazer o convite. Ele prometeu que fará todos se comportarem.
Beto foi honesto:
– Ele praticamente me obrigou a aceitar, não tenho como fugir.
Fernanda pediu:
– Passa aqui pra me pegar então, vamos juntos. Hoje estou precisando dormir, foi um dia agitado.
Beto concordou e desligou a ligação. Terminou aquela noite jogando vídeo game com o pequeno, se preparando para reencontrar Laine socialmente. “Será que ela estará acompanhada pelo novo namorado? Como reagirei ao vê-la nos braços de outro?”. Seus pensamentos eram válidos, mas ele estava estranhamente tranquilo.
O sábado amanheceu ensolarado, um dia quente, perfeito para uma festa na piscina. Seguindo sua programação, saiu de casa com tempo de sobra para buscar Fernanda e chegarem pontualmente na casa de Júlio e Silvana. Beto detestava atrasos, era um homem certinho, pontual. Chegou rapidamente até a casa de Fernanda e como ela o conhecia bem, já estava pronta e preparada.
Como não poderia ser diferente, foram os primeiros a chegar, nem Júlio e Silvana estavam arrumados ainda. As risadas e provocações foram inevitáveis. Júlio brincou com ele:
– Por que não dormiu aqui de uma vez? Seria mais fácil.
Beto não deixou barato:
– Porra! Onze horas não é meio-dia. Foi você que marcou esse horário. Que belo anfitrião você é …
Uma coisa tranquilizou Beto, os funcionários da mansão estavam todos ali, limpando e preparando a área da piscina. Júlio manteve sua promessa, ele poderia relaxar. Abriram a primeira cerveja e começaram a conversar amenidades, esperando o restante dos convidados. Aos poucos, os amigos começaram a chegar.
Silvana e Júlio admiravam de longe a incrível química entre Beto e Fernanda, fazendo previsões que se cumpririam mais rápido do que eles pensavam. Poucas horas depois, o pequeno corria pelo quintal, com Fernanda como a babá da vez. Beto os observava, sentado próximo a churrasqueira.
Laine, recém-chegada à festa, assim que pisou na área da piscina, saindo pelos fundos da casa, com Fred, Carina e Alex ao seu lado, e mesmo com Beto de costas para ela, imediatamente o avistou. Sem nenhuma preocupação, ela avisou aos outros três:
– Vão se enturmando, vou ali falar com o Beto e dar uma agarrada no meu pequeno.
Ela chegou por trás, tocando no ombro dele:
– Não acha que já está na hora de você confessar seus sentimentos para ela?
Beto tentou desconversar, reconhecendo a voz, sem precisar se virar:
– Tá doida? Ela é minha patroa. O que te faz pensar que eu tenho sentimentos por ela? – Beto finalmente se virou e a encarou.
Laine se sentou ao seu lado, sorriu para ele, repousando a cabeça em seu ombro:
– Seus olhos não mentem. Era dessa mesma forma que você costumava me olhar.
Laine deu um beijo carinhoso na bochecha dele e se levantou, se afastando, indo ao encontro do filho, que já vinha correndo em sua direção:
– Mamãe … – O pequeno pulou nos braços dela.
Fernanda, passando por Laine, em direção ao Beto, aproveitou para dar um abraço carinhoso na amiga:
– Estou acabada, sua vez.
Fernanda finalmente chegou até a mesa, roubou a cerveja da mão do Beto e deu um longo gole:
– Só assim para espantar esse calor …
Ele falou de uma vez, antes de perder a coragem:
– Quer sair comigo? Um jantar, o que acha?
Ela não entendeu:
– Mas estamos no meio de um churrasco, como você pode já estar pensando em jantar? Ô, bicho guloso.
Beto se explicou:
– Jantar é só um modo de dizer, acabei me enrolando. Estou te convidando para um encontro … – Beto a encarou, sorrindo. – … Romântico.
Os olhos de Fernanda faiscaram e sem conseguir esconder o lindo e honesto sorriso, ela pensou: “Porra! Até que enfim”.
{…}
Um ano e meio depois:
Beto acabara de reaver uma parte considerável de seu antigo patrimônio. Como acordado, Laine era beneficiária de metade daquele valor. Ele se sentia finalmente vingado, achando que tudo tinha sido justo e que era hora de enterrar de vez o assunto Paulo. Sentiu o telefone vibrar e antes de atender, conferiu o contato que aparecia no visor. Já passava das vinte e duas horas.
– O que será que a Laine quer uma hora dessa? Será que o pequeno está bem?
Ele finalmente atendeu:
– Laine? Está tudo bem? Aconteceu alguma coisa?
Fernanda, agora sua noiva, deitada ao seu lado, largou a leitura para acompanhar a ligação. Beto colocou no viva voz, não tinham segredos entre eles. Laine os surpreendeu:
– Beto, me escuta. Sinceramente, eu não mereço esse dinheiro. Pensei muito e acho justo que eu o devolva.
Fernanda, surpresa, arregalou os olhos, incapaz de se conter:
– Tá maluca, mulher? O que deu em você?
Beto não sabia o que falar, não entendendo o motivo. Laine foi honesta:
– Quando nos conhecemos, você já tinha construído a sua empresa e eu não ajudei em nada. O advogado me disse a verdade, falou que era apenas uma decisão sua, uma escolha. Eu não quero, não acho justo. Por favor, me deixe devolver.
Beto estava atônito:
– Laine, não se precipite, ninguém sabe o dia de amanhã. É melhor ter e não precisar, do que precisar e não ter.
Ela estava decidida:
– Beto, eu sempre terei você e a Fernanda, somos uma equipe. Sei que jamais irá desamparar a mãe do seu filho. Por favor, eu não quero o que não mereço.
Laine era esperta:
– Você não aconselhou a Fernanda a abrir o capital da empresa? Então, por que não investe e garante o futuro do nosso filho? Eu me sentiria muito mais feliz se fosse dessa forma.
Beto precisava pensar e aquela era uma conversa para se ter pessoalmente. Após prometer a Laine um encontro para o dia seguinte, ele desligou. Fernanda estava boquiaberta ao seu lado. Beto precisava resmungar:
– Você acredita nisso? Como alguém pode ser tão sem juízo?
Fernanda a defendeu:
– Não achei. Isso é uma prova do amadurecimento dela. Eu entendo, ela quer ser merecedora das coisas que conquistou. Ela tem o meu respeito.
Beto continuava a resmungar:
– Agora isso vai virar uma bola de neve. Enquanto eu não aceitar o dinheiro de volta, ela vai me infernizar. Estou fodido.
Fernanda já pensava em tornar Beto seu sócio na empresa, não só na vida. Agora ela tinha um trunfo, uma forma de propor sem que ele se sentisse diminuído:
– Por que você não pega esse dinheiro e compra uma parte da minha empresa, já que iremos nos casar em breve? Sócios na vida, sócios nos negócios. O que acha?
Aquela proposta fez Beto balançar e em poucas semanas tudo acabou sendo resolvido. Ao invés de aceitar de volta a parte da Laine, um fundo foi criado em nome do pequeno. Beto controlava o fundo e, junto com a sua parte, comprou vinte e cinco por cento das ações da empresa da Fernanda. Ela ainda detinha cinquenta e um por cento e o restante estava dividido em ações na bolsa.
Alguns dias antes do casamento, muito insegura, mas disposta a ser honesta com o futuro marido, Fernanda perguntou:
– Agora que Laine é uma liberal, você, se pudesse, pensaria em fazer sexo com ela novamente?
Beto estranhou a pergunta:
– Diz que você está brincando? Você só pode estar tirando onda com a minha cara. Esqueceu que foi por esse motivo que eu e ela nos separamos?
Fernanda disfarçou, fingindo que era realmente uma brincadeira. Beto a encarava, sem entender:
– Vai me dizer, que depois de tudo o que você me contou, você também está pensando nisso? Isso é brincadeira, né?
Fernanda resolveu ser honesta:
– Eu não tenho a mínima vontade de estar com outro homem, você é tudo o que eu preciso, mas sendo honesta e não envolvendo traição, não acho que teria nenhum problema em te dividir com a Laine …
Beto se revoltou:
– Quer saber, vou dormir que eu ganho mais … Boa noite!
Se deitando de costas para a noiva, Beto sentia o impacto das palavras de Fernanda. Será possível que tudo estava prestes a se repetir? O que ela queria dizer?
Fim !?!