IDAS E VOLTAS [57] ~ E o encontro com Roger!

Um conto erótico de Sandro
Categoria: Gay
Contém 4485 palavras
Data: 08/01/2024 16:41:03

Na semana da festa, Sandra não falava em outra coisa, estava tão animada que convenceu alguns colegas a participarem.

- Você está animadinha, hein?

- Nós vamos arrasar nessa festa.

- Não sei eu, mas você eu tenho certeza que sim!

- Vamos beber todas e nos divertir, nós merecemos depois de tanto sofrimento pra chegar até aqui.

- Eu não gosto de muita bebida.

- Você não gostava, a partir de sábado vou te tornar um pé de cana.

- Vou beber moderadamente pra não fazer loucuras.

- Vamos beber sim e beijar muito, na faculdade tem umas gatinhas bem legais.

Ela seguia falando das garotas, já estava me deixando tonto, senti que pra nossa amizade ser verdadeira eu precisava dar um basta.

- Sandra, eu preciso te contar uma coisa muito importante.

- Não me diga que você é comprometido?

- Eu só peço que você seja discreta.

- Hiiiiiii!

- Pra nossa amizade valer a pena você precisa saber algo sobre a minha vida.

- Nossa! Você está me assustando.

- Eu sou gay.

- Gay?

- Sim, prefiro perder sua amizade agora a tentar ser uma pessoa que não sou.

- Como assim cara?

- Alguns dos meus amigos sabem, é claro que não saio falando pra qualquer pessoa sobre minha opção sexual, isso é algo meu e tenho bem resolvido comigo mesmo.

- Então você gosta...

- Gosto de me relacionar com homens.

- Por essa eu não esperava.

- Eu sei que o meu jeito de ser às vezes choca algumas pessoas e já tive situações que até já me dei mal por causa disso.

- Eu admiro a sua sinceridade, só fiquei surpresa, mas tenho certeza que vou me acostumar com a situação.

- Tem pessoas que não aceitam e por isso já fui ofendido, tive problemas na escola quando era mais novo, mas tudo isso só serviu pra eu ter a certeza de que estava correto, não precisa a pessoa aceitar, basta respeitar que jamais farei mal a alguém.

- Você é muito corajoso, pode confiar não contarei a ninguém.

- Pode contar se quiser não vou me esconder de ninguém, mas já vou avisar, odeio fofocas.

- Eu também não gosto e obrigado por confiar em mim.

- Eu costumo jogar claro com as pessoas que gosto e você ainda vai ter oportunidade de me conhecer melhor, vai perceber que sou assim mesmo, procuro ser honesto e fiel principalmente quando estou com meus amigos.

- Entendi, agora esqueça isso e vamos ser feliz.

- Que bom, achei que você fosse me julgar por falar a verdade de maneira tão inesperada, nem te deixei respirar e já fui falando.

- Você foi à pessoa mais amiga que encontrei em Belo Horizonte, confesso que estava com medo de não me adaptar nessa cidade enorme.

- Eu já passei por muitas coisas e aprendi com meus amigos que não se deve desistir daquilo que queremos.

- Tenho muito a aprender com você, por isso faço questão da nossa amizade.

- Então temos uma festa pra ir.

- Não atrase, detesto chegar atrasada.

- Pra não haver atrasos, você vai até o meu apartamento e de lá nós vamos pra festa.

- Legal, assim fico sabendo onde você se esconde

Passei o endereço pra ela e conforme combinamos por volta das 14 horas de sábado tocou a campainha.

- Uau, vai arrasar.

- Não estou muito extravagante?

- Você está linda e com certeza vai beijar muito. – disse rindo.

Sandra estava com um vestido preto curto e justinho ao corpo, ela estava linda naquela roupa, pois deixava seu corpo modelado.

- Não brinca Sandro, estou me achando ridícula nessa roupa, até trouxe outra pra trocar.

- Eu achei lindo.

- Sua opinião não vale, jamais olharia pra mim como mulher.

- Deixa de ser boba garota você acha que eu não sei definir o que é uma mulher bonita.

- Será que você não vê que eu sou gordinha e esse vestido fica ridículo.

- E daí, ele fica certinho no seu corpo.

- Tem certeza?

- Tenho, pode confiar em mim.

- Acho que vou colocar uma calça Jeans.

- Sandra, você tem que aprender a gostar mais de si.

- Eu me sinto estranha, queria emagrecer, mas não consigo.

- Deixa de bobagem, você é linda do jeito que é.

- Ah, não apela Sandro.

- Mais é verdade, você é cheinha e daí? Tem muito homem que gosta.

- Você não entende nada do gênero feminino, estou mal de amizade.

- Vamos embora senão vamos perder o ônibus.

- Vamos, mas eu estou me sentindo horrível.

- Você está linda e para de por caraminholas na cabeça.

Chegamos à festa que era na faculdade mesmo, estava lotado e continuava chegando gente. Todos os alunos foram convidados a participar, é claro que muitos não compareceram principalmente porque era verão e a grande maioria aproveitava o final de semana pra curtir fora de BH.

Havia pessoas dançando por toda parte, alguns bebiam e pareciam bem socializados uns com os outros, mas eu estava tão sem graça, já não era mais aquele cara empolgado como antes e nem parecia o mesmo Sandro que há pouco tinha incentivado Sandra se aceitar como era fisicamente.

- O que foi? – disse Sandra.

- Nada não, vamos atrás da nossa galera.

Fomos invadindo a festa procurando nossa turma até que ouço alguém falar conosco, virei pra olhar e dei de cara com Christian.

- Christian!

- Oh maluco, você fez matricula e nem me falou em que prédio vai estudar.

- E aí cara, tudo bem com você?

- Tudo ótimo! E você, está já se adaptando a faculdade?

- Estou sim e você continua fazendo economia?

- Já estou no terceiro período.

- Deixa eu te apresentar a minha colega Sandra.

- Muito prazer Sandra.

- Prazer! Vocês são conhecidos?

- Fomos colegas no último ano do ensino médio.

- Muito legal, já eu não tenho nenhum conhecido aqui na faculdade.

- Você é de outra cidade?

- Sete Lagoas.

- Meus avós moram lá.

- Nossa que coincidência.

- Você aceita me acompanhar numa dança.

Ela ficou meio assustada, mas acabou indo, Christian estava diferente, mais adulto, o cabelo estava bem cortado, loiro com mexas que ficaram legais, a estatura dele mudou pouco nesse período que estivemos longe, 1,65, continuava baixinho, porém estava sem óculos.

Fiquei fazendo companhia para os meus colegas que estavam bem animados, tinha até concurso de dança. No inicio eu estava meio deslocado, mas logo eles me incluíram nas brincadeiras, aproveitei e me diverti.

Teve um momento que eu me afastei do grupo e fui tomar uma água mineral, ao chegar ao bar encontro alguém que eu já tinha visto antes só não lembrava onde e quem era.

Peguei minha água e fiquei observando aquela garota tentando me lembrar de onde a conhecia, até que alguém fala comigo.

- Procurando alguém?

- Aline? O que você está fazendo aqui?

- Eu faço mestrado em pedagogia aqui na faculdade.

- Meus parabéns, eu nem sabia que você fazia mestrado.

- Comecei este ano e você como está?

- Estou bem, começando agora também.

- Tiago me falou que você passou pra arquitetura, parabéns, era o que você queria.

- Obrigado!

- Eu soube o que te aconteceu, sinto muito.

- São coisas da vida não é mesmo?

- Sim.

- O Tiago me falou que você tem um menino, parabéns!

- Ele é lindo parece com o Roger embora eu não queira.

- E a Sabrina?

- Está grande, sapeca e falante demais, vai nos fazer uma visita, aproveita pra conhecer o Ruan e dar um abraço na Sabrina.

- Tem certeza que você quer que eu vá à sua casa?

- Tenho, eu quero muito conversar com você.

- Eu não sei se depois de tudo que aconteceu nós dois queremos uma aproximação?

- Eu preciso te falar algumas coisas.

- Se for pra me ofender como sempre fez eu dispenso qualquer aproximação.

- Você não vai ser ofendido, eu prometo.

- Eu vou pensar.

- Claro, eu entendo. Está gostando da festa?

- É divertida, pensei que fosse diferente.

- A atual administração proibiu o trote humilhante e assim parece que ficou legal.

- Ficou legal sim, a galera está bem empolgada.

- Sandro, ainda bem que eu te encontrei. – disse Sandra.

- Sandra, essa e Aline minha irmã.

- Vocês são bem parecidos. – Muito prazer, Sandra!

- Prazer Aline! - Vocês são colegas?

- Somos.

- Aline é professora e faz mestrado de pedagogia aqui na faculdade.

- Sandro, e aí garoto? – disse o Valter aproximando e me dando um abraço.

- Oi Valter, eu estava te procurando, tinha quase certeza que o encontraria aqui.

- Você conhece a professora Aline?

- Somos irmãos.

- Nossa que surpresa!

- De onde vocês se conhecem? – perguntou Aline.

- Conheci o Sandro na academia do Breno.

- E vocês se conhecem de onde? – perguntei a ele.

- Somos colegas de trabalho, Aline é professora na escola que dou aula para o ensino médio.

- O Valter está me ajudando a criar minha escola.

- Você está criando uma escola? – questionou Sandra.

- Sim. – disse Aline.

- Se precisar de ajuda, posso me candidatar, estou precisando de trabalho.

- Acho que este não é o momento, Aline está começando.

Tentei afastá-la de Aline pra não misturar as coisas, não queria ninguém seguindo meus passos e eu tinha certeza que minha irmã faria de tudo pra me atormentar por causa de seu ciúme doentio pelo Roger.

- Me procure neste endereço pra conversarmos. – disse Aline entregando um cartãozinho para Sandra.

- Você é muito gentil, muito obrigado!

- Sandra! Vamos dar mais uma volta antes de ir pra casa?

- Claro, foi um prazer conhecê-la. Disse ela se despedindo de Aline.

nem falei com ele, fiquei surpreso por ser tão envolvido com Aline.

A verdade é que embora ela me tratasse bem eu não confiava nela, em jogo de ser dissimulada e esperta Aline era rainha e eu queria paz em minha vida.

Sandra logo encontrou Christian e saiu novamente com ele, fiquei sozinho, mas foi bom, sentei num degrau da escada e fiquei pensando em tudo que conversei com Aline, ela disse que queria conversar, mas o que ela queria me dizer? E o Valter, será que os dois tinham algum envolvimento?

Desisti de querer saber alguma coisa quando meu telefone começou a chamar.

- Ah não acredito, o que você deseja irmão?

- Quero te convidar pra uma rodada de pizza com a galera.

- Quando?

- Pode ser hoje à noite.

- Ah Rafael, hoje não dá, estou na festa da faculdade.

- O Pedro e a Adriana estão aí, não os encontrou?

- Tem muita gente eu não os vi.

- O Pedro não queria ir, mas Adriana o arrastou.

- Bem que ela fez, o Pedro é muito preguiçoso.

- E então, vamos à pizzaria?

- Hoje não rola, vamos nos organizar para o próximo final de semana, assim dá tempo de convidar mais alguém.

- Você quer convidar alguém em especial?

- Não tenho ninguém especial pra convidar.

- Você precisa acordar, a vida continua.

- Eu sei, mas nada me empolga no momento.

- Cadê aquele Sandro de antes, sempre ativo pra tudo?

- Acho que cansei. – disse rindo.

- Vem aqui amanhã pra gente conversar.

- Você não vai sair com a Letícia?

- Na segunda-feira ela tem uma prova bem difícil, disse que vai estudar.

- Então vou mais cedo e almoçamos no shopping só nós dois.

- Beleza irmão! Vou esperar por você.

Voltei pra festa a fim de procurar a Sandra pra irmos embora, mas para minha surpresa ao chegar ao pavilhão de longe a observei com Christian aos beijos, os dois pareciam bem empolgados que decidi dar mais uma volta pela festa.

Fui até uma turma que dançava hip hop e fiquei observando o pessoal se apresentar. Num determinado momento, senti que estava sendo observado por um carinha, ele era moreno jambo, tinha uns 18 anos e lindo de tirar o fôlego.

Num determinado momento ele se aproximou da turma e começou a dançar. Vez ou outra me encarava como se quisesse me mostrar algo, até foi engraçado, pois ele se apresentou bem arrancando aplausos da galera.

Depois que terminou a apresentação olhou pra mim e veio ao meu encontro, fiquei nervoso, não sabia o que fazer. Tive vontade de sair antes que ele aproximasse, mas vi que seria muita falta de educação de minha parte já que o cara não estava me fazendo nada demais.

- Oi! – disse ele assim que se aproximou.

- Oi! – respondi nervoso. Minha voz quase não saiu.

- Manja de hip hop?

- Não, mas acho que você se apresentou bem. – ele sorriu e colocou o braço ao redor dos meus ombros cheio de intimidade.

- Vamos dar uma volta.

- Não posso, estou esperando uma amiga pra ir embora.

- Já vai?

- Estou cansado e amanhã cedo preciso ir ao aeroporto buscar uma amiga.

- Está cedo, a festa recém começou ou você não está gostando?

- A festa está legal, mas eu não estou no clima.

- Você parece tão carente. – sorri, ele tinha razão.

- Você estuda aqui?

- Faço engenharia da produção na UFMG, vim com uma amiga que estuda aqui e você é calouro?

- Sou, comecei arquitetura.

- Eu notei que você está assustado, os calouros ficam assim.

- É verdade, esse mundo acadêmico me assusta um pouco.

- Fica tranquilo, hoje é dia de festa e a vida foi feita pra ser aproveitada e me apertou novamente.

O cara era muito atirado, fiquei sem reação, me deu uma bobeira e não soube o que dizer.

- Eu adoro pessoas tímidas. – disse ele rindo.

- Não sou tão tímido, mas você conseguiu me deixar tenso.

- Tenso? – disse ele rindo.

- Sim, você nem me conhece pra me abraçar desse jeito.

- Vamos pra outro lugar e podemos nos conhecer melhor. – disse ele bem próximo ao meu ouvido.

- Acho melhor não.

- Eu posso te mostrar do que sou capaz.

- Obrigado, mas eu não estou a fim.

Ele sorriu e seguiu insistindo.

- O que você está pensando que eu vou fazer?

- Não sei, conheci você a menos de uma hora.

Ele sorriu e se aproximou outra vez, me afastei, não queria causar confusão na faculdade logo no início.

- Não vou fazer nada demais, só quero conversar com você.

- Vamos conversar aqui.

- Aqui tem muita gente, vamos?

- Está tarde, preciso voltar pra casa.

- Você não vai se arrepender, eu prometo.

Ele insistiu tanto que eu estava indeciso, não sabia o que fazer, queria ir e ao mesmo tempo tinha medo, ele foi se retirando e olhando pra trás, fiquei naquela indecisão, vou ou não vou, acabei indo, fomos para uma área mais afastada num prédio que estava vazio.

Quando chegamos, ele aproximou sem a menor cerimônia e foi me pressionando contra a parede e alguns segundos depois estávamos nos beijando. Ficamos trocando beijos por alguns minutos, até ali tudo bem, eu estava gostando, mas depois ele começou a pressionar o peso do corpo sobre o meu, dava pra perceber que estava bem excitado, permanecemos assim por um bom tempo até que ele, abriu a calça e tirou o pênis pra fora. Pegou minha mão e levou até seu membro já lubrificado pelo tesão e foi conduzindo para punhetá-lo. De repente comecei a sentir nojo do que estava fazendo e o empurrei.

Desculpe, eu não posso.

- Não para agora, estava legal.

- Não dá.

Não consegui falar mais nada e saí mais rápido que pude, sentia uma mistura de nojo e revolta por minha atitude, nem procurei a Sandra. Saí correndo e peguei o primeiro ônibus que apareceu na minha frente, só depois é que peguei outro pra em direção ao meu apartamento.

Cheguei e fui direto ao banheiro tomar banho e tentar esquecer o que tinha acontecido. Eu me julgava por minha atitude, nem fiquei sabendo o nome do cara que até me pareceu uma pessoa legal. Naquela noite chorei muito antes de dormir, estava acontecendo alguma coisa comigo que eu não me sentia bem.

Acordei pela manhã sentindo um peso na cabeça, doía muito. Deitei no sofá pensando que fosse melhorar, mas a cada minuto que passava eu sentia minhas veias latejando até que ouvi o toque da campainha, pensei que fosse Sandra, pois a deixei na festa e nem liguei pra ver como se arranjou pra ir pra casa. Abri a porta e levei um susto, era Marta e o corredor estava cheio de malas.

Marta?

- Eu avisei que ia chegar, não lembra que você ficou de me esperar no aeroporto?

- Desculpa Marta, eu esqueci totalmente.

- Eu me arranjei sozinha, está tudo bem.

- Entra e fica a vontade, a casa é nossa.

Deitei no sofá e ela logo percebeu que eu não estava bem.

- O que você tem?

- Só um pouco de dor de cabeça, mas não é nada demais.

- Eu vou te dar um analgésico pra melhorar, mas você tem que me prometer que vai ao médico.

- Eu não tenho nada é só stress.

- Você já não estava bem quando estávamos na Argentina, isso não é legal Sandro.

- Não vamos discutir, prometo que vou ao médico.

Ela me deu o remédio e fez uma massagem na minha cabeça e logo começou a melhorar.

- Já estava sentindo saudade dos seus cuidados.

- Eu também senti saudade da sua teimosia e agora me conta o que você andou aprontando?

Até parece que ela adivinhou que no dia anterior estava fazendo uma enorme burrada e depois com certeza iria me arrepender.

- Não fiz nada. – disse rindo.

- Estou brincando com você.

- Conseguiu resolver tudo?

- Consegui, mas hoje eu não quero tratar de negócios, vou fazer um lanche, tomar um banho e dormir. Estou cansada da viagem.

- Combinei de sair com um amigo.

- Aproveita e vá se divertir, se não melhorar da dor de cabeça me peça outro analgésico antes de sair.

- Obrigado Marta.

- Não quero que você saia por aí com dor de cabeça.

Fui até ela e a abracei como João fazia quando ia fazer alguma brincadeira com ela. Marta sempre dava uma palmada na bunda dele.

- A partir de hoje você é minha mãe.

- E você meu filho... Agora me dá licença que eu vou fazer meu lanche.

Uma hora depois minha cabeça tinha parado de doer, tomei um banho e fui pra republica. Assim que cheguei ao portão me lembrei de alguns dos momentos que passei ali, foram maravilhosos.

Toquei a campainha e não funcionou. Nada assustador para uma galera sem tempo de atender as coisas práticas da casa. Bati palmas e logo o Rafael apareceu para abrir o portão.

- Sempre os velhos problemas, a campainha não funciona. – disse rindo.

- Não tivemos tempo de reclamar na imobiliária.

- Foi o que imaginei. Tudo bem com você?

- Melhor agora com você aqui.

- Ah não chora.

- Porque você demorou tanto a nos fazer uma visita?

- Eu estava me organizando, mas se prepara, a partir de hoje não pensem que estão livres de mim.

- Assim é que eu gosto.

- E a galera?

- Um pouco dorme, outro passeia, ou seja, a mesma coisa de sempre.

- Eu estava com saudades de tudo isso.

- Lucas está tomando café, vamos falar com ele?

- Estou com saudades desse louco.

Enquanto entrávamos pelo quintal fui observando que nada tinha mudado, eu me sentia bem ali, o ar que vinha das arvores do terreno ao lado transmitia muita pureza e os passarinhos pareciam felizes enquanto cantavam, era bonito de ver.

Nem bem entramos e o Lucas veio me abraçar.

- Olha só, resolveu voltar?

- Assim que entrei aqui senti saudades, mas vim só de visita.

- Bem que você fez em se livrar desse bando de loucos. – disse rindo.

- Não é nada contra vocês, no momento eu quero morar sozinho.

- Viu só como ele é Rafa, não quis ficar com a gente esse ingrato.

Rafael caiu na risada.

- Aposto que vocês nem sentiram minha falta.

- Fiquei um mês sem me alimentar.

- Menos Lucas, não exagera.

- Não foi Rafa? – Oh, se você falar que é mentira vou te deixar uma semana sem comida, não esquece que essa semana é eu que piloto o fogão.

- Nem será preciso o Rafael falar, eu já sei que é mentira, seu chantagista.

- Oh Sandrinho, você sabe que eu te amo.

- Eu sei bem como é esse amor.

O Rafael só ria. Lucas sempre foi o palhação da casa, no período que estive longe, muitas vezes eu pensei nas loucuras dele.

Agora falando sério, não foi tudo isso, mas eu senti sua falta.

- Eu também senti muita falta de vocês.

- Olha só Rafa, aposto que ele nem se lembrava da gente.

- Lembrei sim e muitas vezes, quando saia do trabalho no final de tarde, tinha uma galera que se reunia num bar tomando cerveja e toda vez que passava em frente, lembrava de vocês.

- Para, senão vou chorar e vai borrar minha maquiagem.

Lucas fingiu que estava chorando e o Rafael se divertia com suas palhaçadas.

- Como estão as coisas em Belo Horizonte?

- Humm... Essa pergunta está parecendo que certa pessoa está querendo noticias de certo alguém.

- Deixa de ser palhaço Lucas, eu perguntei por vocês.

- Coisa mais sem graça, o que você quer saber?

- Ele quer saber se você já está namorando? – disse o Rafael rindo dele.

- Estou solteiro livre e desimpedido em busca de um bofe que seja bem gostoso e rico de preferência.

- Porque você leva tudo na brincadeira, palhaço?

- Porque é verdade meu amor, mas eu tenho uma novidade.

- Que novidade?

- Ah deixa pra lá não vale a pena.

- Hei! Agora eu quero saber o que é? – disse Rafael.

- Qual é Lucas, vai ter segredo com os amigos? – falei.

- O Rafa não vai gostar do que vou dizer, então deixa assim.

- Pode falar, faço questão de saber.

- Deixa ele Rafael, deve ser a amizade com o novo morador da casa.

É isso Lucas?

- Zum, zum, zum... Acho que vi uma abelhinha passando.

- Fala Lucas. – disse o Rafael nervoso.

- Calma Rafael... Hoje eu quero paz, vamos nos divertir.

- Eu quero saber se o convite pra almoçar está valendo pra mim também?

- Claro que sim e a outra galera?

- Marcelo está num ótimo relacionamento com a cama, acho que não vai abandoná-la. – disse Lucas.

- E o Pedro? Estou com saudade dele.

- O Pedrão ontem foi à festa com a namorada e até agora não voltou, deve estar em algum motel. – disse Lucas rindo.

- O namoro está forte assim?

- Mais forte impossível. – disse Lucas.

- Não acredita em tudo que o Lucas fala, o Pedro avisou que ia dormir na casa da Adriana.

- Você acha que ele está na casa da sogra?

- E porque o Pedro haveria de mentir?

- Meu bem como você é inocente ou se faz; transa, sexo, vuco-vuco, lesco-lesco, sacou?

- Mente poluída.

- Nessa republica só mora santinhos.

E o Giovane?

- Onde ele poderia estar senão na casa da sogra. – disse Lucas.

- Faz tempo que ele e a Laura estão juntos, de repente se casam.

- O Junior veio passar férias e eles estão na praia. – disse Rafael.

- E o Juliano está com eles, só falta você lá na praia pra fazer companhia a eles.

- Lucas... Por favor, respeita o Sandro.

- Ah qual é Rafa? Já está na hora dele dar um “up” na vida.

- Desculpe Sandro, você conhece o Lucas, ele é assim mesmo.

- Vamos almoçar estou com fome?

- Tomei pouco café pra filar o almoço de vocês.

- Lucas sendo Lucas pra variar. – disse Rafael rindo dele.

- Vou retocar a maquiagem e já volto.

- Vai se arrumar de uma vez o palhaço, senão vamos te deixar.

- Ele não cansa, senti saudade das loucuras dele.

- Ele é sempre assim, não dá pra levar a sério.

Alguns minutos depois ele voltou, já tinha trocado de roupa e estava todo perfumado.

- Humm está cheiroso. – brinquei com ele.

- Tenho que caprichar, quem sabe nessas saídas eu encontro o homem da minha vida.

- Vamos embora antes que eu me arrependa de sair com você. – disse Rafael brincando com ele.

- Aonde vocês vão?

- Vamos almoçar no shopping e depois pegar um cinema.

- Que tal irmos à feirinha? – disse Lucas.

- Eu não sei se o Sandro vai querer, se bem que não tem nada no shopping pela manhã.

- Então vamos pela feira, almoçamos por lá e a tarde nós vamos ao shopping.

Acabamos aceitando a ideia do Lucas, era um domingo ensolarado, temperatura agradável, chegamos a Afonso Pena por volta das 10:00 da manhã, caminhamos muito entre as barracas, tinha coisas de encher os olhos, uma mais linda que a outra, como estávamos com pouco dinheiro, não compramos nada, apenas aproveitamos para passear, mas o que eu mais me diverti foi o Lucas imitando uma estátua viva.

Já passava do meio-dia, estava louco de fome, convidei os meninos para almoçar.

- Vamos almoçar?

- Logo ali na frente tem uma barraquinha que vende um cachorro-quente maravilhoso.

- Ai Lucas desculpa, mas eu quero comer algo mais saudável.

- Que tal o Bolota? – disse Rafael.

- Vocês estão loucos, se almoçar lá eu vou à falência.

- Boa ideia Rafael, onde fica?

- Aqui perto, em dez minutos estamos lá.

- Isso não se faz. – disse Lucas reclamando.

Rafael tinha razão, ficava perto da feira, era Buffet livre ou a quilo, bom para o Lucas que estava chorando pra não gastar. A comida estava muito gostosa e não saiu caro, até o Lucas elogiou e ficou feliz que não gastou muito.

- Eu sempre venho aqui com a Letícia, a noite tem musica ao vivo.

- E é bom?

- Eu gosto muito, tem sertanejo universitário, axé, musica eletrônica, depende do show que tem no dia.

- Deve ser legal.

- Nós podíamos combinar com a galera e de vir uma noite pra conhecer.

- Este mês eu não posso, meu dinheiro está acabando. – disse Lucas.

- Que mania Lucas, você só reclama de dinheiro.

- E eu tenho culpa de ser pobre, por isso quero casar com um homem rico.

- Esse meu primo é um chorão. – disse Rafael rindo dele.

Após o almoço fomos para o shopping, assistimos a um filme e depois fomos para a praça de alimentação, Rafael queria tomar sorvete.

- Este mês o Rafa vai ter que cobrir meu orçamento. – disse Lucas chorando mais uma vez.

- Eu não tenho culpa se você gasta demais.

- E eu não tenho culpa se você fica me instigando a tomar sorvete.

- Se você está com pouco dinheiro toma um sorvete e para.

- Um sorvete? Olha pra mim e vê se isso me sustenta.

- Se você colocar na mente que sustenta, ele vai sustentar.

- Sim, e por acaso a mente enche barriga, se fosse assim eu não ia comer nada.

Eu só ria deles, Lucas era assim, sempre andava mal de dinheiro, reclamava, mas nunca deixava de sair e podendo filava ajuda dos amigos.

- Nem vem Lucas, eu já te conheço há muito tempo e é sempre a mesma coisa.

- Poxa, vou ter que ficar uma semana sem fazer lanche na faculdade.

- Não chora Lucas eu vou pagar pra você.

- Oba!

- Você não tem vergonha?

- Deixa Rafael, faz muito tempo que não desfrutava da companhia de vocês, será um prazer.

- Viu Rafa, ele quer pagar e ainda vai sentir prazer.

- Que abuso!

- O Lucas fica me devendo uma.

- Ah... Eu sabia que nada vem de graça.

- Puro interesse. – disse Rafael rindo.

- Pensa que é fácil ser pobre. – disse ele rindo.

- Deixa Rafael, eu já estava com saudade desse imbecil.

Estávamos tomando o sorvete quando de repente olho para o fundo e dei de cara com Roger sentado em uma mesa tomando cerveja com uma mulher.

- O que foi Sandro? – perguntou Rafael ao me ver distraído.

- Vi uma pessoa que não esperava encontrar aqui.

O Rafael estava de costas pra ele e não tinha a mesma visão que eu.

- Rafa nem olha, ele está vendo o Roger com uma loiraça.

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Já estou vendo que Sandro tem alguma doença, ele está falando muito sobre passar mal e não ir ao médico. Espero que não seja nada grave, ainda estou processando a morte do João.

Sandro não deveria se sentir mal por estar ficando com outra pessoa, a vida segue, ele não vai entrar para um convento. Entendo que ele foi meio "forçado" a ficar e isso é péssimo, Sandro precisa aprender a ser mais firme quando não quer uma coisa, mas eu entendi o lado dele.

Espero que a Aline tenha mudado e realmente não queira briga com Sandro. Fico me colocando no lugar deles e pra mim seria muito doloroso ser traído por um dos meus irmãos, mas mesmo assim a minha maior alegria seria voltar a me dar bem depois.

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