Foram tantas coisas que aconteceram que eu decidi não procurar pelo Roger, não tinha mágoas dele. Sabia que era uma pessoa que não se ligava a ninguém emocionalmente, talvez Aline tenha feito a diferença em sua vida, tiveram dois filhos e ele sempre falou bem dela, tinha carinho.
Os dias foram passando e eu me sentia cada vez melhor, já estava pensando em fazer uma visita aos meus amigos na republica e também morria de saudade da minha terra, da casa em que cresci que agora era do Tiago.
A faculdade cada vez mais exigia do Juliano, ele passava o dia envolvido, quando não era em sala de aula era no hospital e eu ficava em casa torcendo pra chegasse a hora dele chegar. Quando ele estava ausente tudo parecia sem vida, me sentia só, mas quando chegava, eu me tornava outra pessoa.
Já era mês de março, eu me sentia bem, nem parecia que tinha feito transplante. Já estava virando um vício esperar pelo Juliano no final da tarde. Já era rotina, ele chegava tomava banho e trocava de roupa, depois era uma festa. Tão logo ele saia do banheiro eu ia correndo abraçá-lo.
- Oi Amor, saudade de você.
- Estou adorando essa lua de mel.
Dei um beijo nele e paramos com selinhos.
- Trouxe uma coisa pra você.
- Presente pra mim?
- Não é bem um presente, mas é um mimo, você sabe que não pode exagerar.
- O que é? – perguntei curioso.
Ele abriu a pasta e me entregou um bombom.
- Você lembrou que eu os adoro.
- Gostou?
- Adorei, obrigado amor.
- Se você quiser pode dividir comigo. – disse ele rindo.
- Metade pra mim e metade pra você.
- Estou brincando com você, é seu.
- Eu faço questão de dividir.
- Depois do jantar, então.
- Amor, eu posso pedir uma coisa pra você?
- Com essa carinha eu já percebi que é algo complicado.
- Um pouco, mas se você aceitar vai me fazer muito feliz.
- Então diga o que você quer?
- Eu quero visitar minha cidade natal.
Ele ficou com semblante preocupado levou a mão ao queixo e ficou passando de um lado para o outro e eu na expectativa, já esperando receber um não bem grande.
- Não sei se é uma boa, recém faz dois meses que você fez transplante.
- Eu me sinto bem e você estará comigo.
- Você me deixa mal fazendo esses pedidos.
- Não vou sair de casa e se sair eu fico no carro.
- Você é foda, me põe em cada enrascada.
- Pensa com carinho.
Ele estava sentado no sofá, fui até ele e enchi o rosto dele de selinhos.
- Vou conversar com o Dr. Geraldo e ver o que ele acha.
- Lindo... Eu te amo!
- Não estou prometendo nada.
- Eu sei que você entende o que estou sentindo.
- Está com saudades?
- Muita! Eu quero conhecer o bebê da Fernanda, ele já está grandinho e eu só conheço por foto, tenho saudade da minha piscina, do meu quarto. Quando eu vou lá me sinto mais perto do papai e da mamãe.
- Você me prometeu que não ia sair e também nem pensa em entrar na piscina.
- Quero ver e a Fernanda, mas não se preocupe, eu peço pra ela levar o Gabriel pra eu conhecer na casa do Tiago.
- Ela não pode estar gripada.
- Amor, fica tranquilo eu sei o que estou fazendo.
- Eu não quero que nada aconteça a você, é por isso que eu fico assim.
- Não vai me acontecer nada, eu só quero sair um pouco de Belo Horizonte e a visita da Fernanda será rápida ela sabe da minha situação.
- Se o Dr. Geraldo liberar eu levo você.
- Está com fome?
- Achei que você não fosse me oferecer nada, afinal agora é o dono da casa.
- Convencido, abusa da minha boa vontade.
- O que tem pra comer?
- Arroz, feijão, bife, salada de tomate e alface.
- Oba, assim que eu gosto.
- É por isso que eu faço essas comidas bem simples, só pra te agradar.
- Então vamos jantar? Estou louco de fome.
- Eu também estou faminto.
- Ehh maravilha, assim que é bom, já recuperou uns quilinhos.
Jantamos em paz, depois lavamos a louça e ele foi estudar. Ultimamente ele vivia em cima dos livros estudando. Eu fiquei um pouco com ele e depois fui dormir não queria atrapalhar.
No dia seguinte acordei com o toque da campainha, olhei no relógio eram quase nove horas da manhã, Juliano já havia saído.
Abri a porta e tive uma bela surpresa.
- Posso entrar?
- Entra Aline.
- Como você está?
- Me recuperando e você?
- Estou bem, mas não consigo seguir minha vida sem antes falar com você.
- Entre!
Ela entrou e ficou observando tudo a sua volta.
- Bonito o apartamento de vocês.
- É do Juliano, mas acredito que você não veio aqui pra olhar o apartamento.
- Eu preciso muito conversar com você.
- Eu acho que já dissemos tudo um ao outro, mais uma conversa sobre Roger seria apenas um desgaste a mais.
- Eu não quero conviver com você como inimigo.
- Eu não tenho você como inimiga.
- Mesmo com tudo que eu fiz pra você?
- Você só me fez ver a verdade que estava na frente dos meus olhos e hoje eu percebo o quanto estava cego.
- O Roger se preocupa muito com você.
- Se você veio falar dele perdeu seu tempo.
- Ele está querendo voltar.
- Isso é problema de vocês.
- Eu não sei se quero voltar, já sofri demais, toda vez que discutimos, ele coloca você no meio.
- Não há motivos pra isso, eu já não tenho mais nada com ele há muito tempo, não vejo nem razão pra essa conversa.
- Eu só quero o seu perdão.
- Eu já desculpei, não tenho nada contra você e nem contra o Roger.
- Se eu voltar com ele você vai ficar chateado?
- Aline, a vida é sua, faça dela o que bem entender.
- Estou pensando nos meus filhos que sentem falta do pai.
- Você o conhece e sabe o jeito dele, é uma decisão sua, mas eu peço encarecidamente que não venha me culpar pelas safadezas dele como sempre fez até hoje.
- Eu sei que errei e muitas vezes agi sem pensar.
- Não vou admitir que nem você ou o Roger venham encher a cabeça do Juliano com as loucuras de vocês.
- Eu não vou fazer isso.
- Você me acusou de coisas que eu nem sabia, me destratou em lugares públicos, pensa que esqueci a cena do shopping que o papai até passou mal? E nas reuniões de família? Na frente dos meus amigos? Até hoje eu não esqueci a vergonha que você me fez passar na frente da Adriana e não contente com isso ainda destratou a menina.
- É por isso que eu não consigo viver em paz, passei o maior tormento da minha vida quando você estava mal no hospital.
- Você é muito egoísta, nem se quer me visitou esse tempo todo.
- O Tiago não me deixou falar com você.
- Se o Tiago não deixou é porque nem ele acredita em você.
- O que eu preciso fazer pra ter o seu perdão?
- Cuida pra não ferir pessoas inocentes, Juliano e eu não temos nada a ver com as brigas de vocês.
- Eu procurava o Juliano pra me vingar de você, errei e assumo os meus erros, você tem razão em me acusar, mas eu prometo que vou deixar vocês em paz.
- Mostre que está disposta a mudar com atitudes. Não é possível que você com dois filhos não aprendeu ainda que o mundo não gira em volta do seu umbigo.
Me perdoa mano.
- Você vai me deixar em paz em relação ao Roger?
- Eu prometo.
- Antes de morrer mamãe me pediu pra nunca te abandonar, acho que era isso que ela queria me dizer.
- Obrigado mano, você é lindo de coração.
- Eu gostaria de conviver com meus sobrinhos se você não se importa, principalmente com a minha afilhada.
- Você pode pegar ela pra passear quando quiser. Posso te abraçar?
- Claro, mas oh... Não esquece a promessa que você me fez.
Ela me abraçou, choramos e finalmente resolvemos o sonho de nossos pais que era nos ver unidos.
Depois que Aline saiu, peguei o celular pra passar uma mensagem para o Juliano, mas logo desisti, ele poderia interpretar errado. Quando o assunto era Roger sempre tinha motivos pra brigas e eu não queria isso.
Então, liguei para o Tiago.
- Oi maninho, como você está?
- Com saudades, pedi ao Juliano pra me levar até aí.
- Será que é uma boa?
- o Juliano disse que vai falar com o Dr Geraldo e se eu for liberado, ele me leva.
- Olha lá o que você vai aprontar pro Juliano.
- Liguei pra te contar uma novidade.
- Que novidade?
- Aline me procurou e fizemos as pazes.
- Ela foi algumas vezes no hospital querendo falar com você, mas ali não era o momento, espero que me perdoe se agi errado.
- Você agiu certo, quando eu estava no hospital não tinha condições de falar com ela e principalmente dizer tudo o que precisava.
- E como ela reagiu?
- Achei bem humilde, diferente das outras vezes que mal falava comigo e já vinha me acusando.
- Eu vou torcer pra que essa paz entre vocês prevaleça, não tem cabimento dois irmãos ficarem inimigos por alguém que não vale à pena.
- Ei, porque essa raiva dele?
- Porque esse sujeito jogou um irmão contra o outro e sempre pousou de santinho pra você e Aline. Eu não sei dos dois qual foi o mais cego.
- Você não deixa de ter razão, mas eu não quero discutir sobre isso, estou vivendo outro momento em minha vida e está maravilhoso.
- Que bom maninho, eu só desejo a sua felicidade.
- E o meu sobrinho quando vem?
- Uma coisa de cada vez, esqueceu que eu tenho uma dívida com você?
- Nunca te cobrei.
- Eu sei, mas quero pagar assim como fiz com Aline.
- Está certo doutor certinho.
- Oh moleque me respeita que sou mais velho. - disse ele brincando comigo.
Conversei com Tiago por muito tempo e depois desliguei. Se dependesse de nossa vontade passaríamos o dia inteiro ao telefone, sempre tínhamos assunto.
Quando Juliano chegou ao final da tarde eu estava elétrico pra falar com ele.
- Oi amor, saudade, saudade, saudade. – corri até ele e comecei a beijá-lo eu estava feliz.
- O que houve? Porque tanta animação?
- Estou feliz, muito, muito, muito, você nem imagina.
- Dá pra perceber, o que aconteceu?
- Fiz as pazes com Aline.
- Me conta direitinho essa história.
- Ela veio aqui, me pediu perdão, chorou e disse que está arrependida de tudo que me fez.
- Isso prova que você...
- Isso prova que estou com você.
Nem deixei terminar e o beijei. Permanecemos um longo tempo nos beijando e aos poucos ele foi me afastando.
- Tenho uma novidade pra você.
- Falou com o Dr. Geraldo?
- Falei, disse pra ele que você anda muito serelepe, que não para um minuto e estava querendo viajar pra casa do irmão.
- Já sei, ele não me liberou.
- O que eu ganho se eu der uma notícia ruim?
- Ficarei triste, mas vou aceitar você não tem culpa.
- E se eu der uma notícia boa? – disse ele rindo.
- Você conseguiu amor?
- Está liberado, mas sem exageros.
- Que lindo... Você faz tudo pra me agradar, eu te amo!
- Tem que ser exatamente como você me prometeu.
- Vai ser amor.
Dei outro beijo nele e depois saí dançando e saltitando pelo apartamento, parecia uma criança ganhando sua liberdade, Juliano só ria de mim que não parava um minuto, estava me sentindo um presidiário naquele apartamento e qualquer coisa era motivo pra comemorar.
O restante da semana eu passei elétrico, só pensava na viagem. No sábado pela manhã fomos pra minha cidade natal, eu me sentia um adolescente querendo aproveitar cada minuto. Tudo era novidade. Até a estrada que passei por tantas vezes sem prestar atenção parecia diferente. Juliano apenas ria de mim que tirava foto da paisagem, depois aproveitei e fiz uma matéria para o jornal do amigo dele, que editou e colocou o texto no padrão, mas a ideia foi minha.
Quando chegamos à frente do mercado que um dia foi dos meus pais eu senti uma emoção muito grande e comecei a chorar. Juliano ficou preocupado comigo, mas não era tristeza, era saudade de uma época que não voltaria mais.
Conforme havíamos combinado eu não desci do carro, apenas acenei para alguns funcionários da época do papai e depois fomos pra casa do Tiago.
Encontramos Paula em casa, eu devia muito a ela, pois foi guerreira e cuidou de tudo para que o Tiago ficasse comigo no hospital.
- Sandrinho, como é bom ter você de volta.
- Obrigado Paula e obrigado por tudo que você fez por mim.
- Eu gosto muito de você, sempre foi uma pessoa que nunca interferiu na minha relação com seu irmão e isso eu prezo muito.
- E cadê esse safado que eu não vi ainda?
- Ele foi visitar o outro mercado, mas não demora.
- E a Fernanda? Estou com saudade dela.
- Ela disse que amanhã vem trazer o Gabriel pra você conhecer.
- Ela já se casou?
- Acho que nem vão casar, eles estão morando na casa dos pais dela, fizeram uma casinha nos fundos.
- Ela está certa, o importante é ser feliz... Paula, eu posso olhar a piscina.
- Fique a vontade a casa e sua. – disse ela rindo.
Eu fui andando em direção aos fundos da casa e lá estava ela, minha velha e companheira de tantas horas de natação, continuava ali tão perto, mas já não era a mesma coisa. Embora Paula me deixasse à vontade eu sabia que jamais seria como no passado. Minha mãe não estaria mais na volta conversando comigo ou me chamando atenção, meu pai não sentava mais em sua velha cadeira olhando minhas braçadas na água.
Meus pais me faziam muita falta, comecei a chorar. Juliano percebeu e veio ao meu encontro me dar um abraço.
- O que está acontecendo com você?
- Não sei... De repente fiquei com saudade do papai e da mamãe.
- Às vezes isso acontece comigo, sinto falta dos meus pais, mas não quero que você fique triste.
- O que eu estou sentindo não é tristeza.
- É saudade?
- Saudade... Eles me deixaram muito cedo.
- O que eu posso fazer pra você se sentir melhor?
- Você já fez muito, este é um momento meu que preciso curtir e chorar pra me sentir melhor.
Ele entendeu que eu precisava ficar sozinho e saiu de perto. Sentei numa cadeira próxima a piscina e chorei lembrando os momentos que passei ali na minha infância.
Quando Tiago chegou, eu estava melhor, já tinha tomado um banho e curtido um pouco do meu ex-quarto.
Paula fez um almoço divino, nada fora do normal, mas eu gostei da comida dela, era tudo muito simples, arroz, feijão, nhoque, bife acebolado e uma salada com alface, tomate e beterraba. Fazia tempos que eu não me alimentava tão bem, comi e repeti. Tiago ficou rindo de mim, dizendo que em Belo Horizonte a comida não era gostosa.
Qualquer comida é gostosa, depende muito do toque de quem cozinha, se é feito com amor tudo é gostoso. Mamãe sempre dizia isso e cada vez mais eu constatava que era verdade.
À tarde recebi uma visita que eu nem imaginava que se lembrava de mim, o garotinho que comprei o skate apareceu, estava de banho tomado, roupa nova, bem diferente do garoto que conheci há um ano.
Ele não demorou muito, pois foi bem avisado pela mãe que não era pra demorar. Gostei da visita dele, me convidou pra vê-lo na pista de skate quando estivesse bem, mal sabia ele que estava longe disso acontecer.
No domingo pela manhã a Fernanda me levou o Gabriel pra conhecer, ele era lindo já estava grandinho, nasceu quando eu fiquei hospitalizado.
Fernanda estava linda, a maternidade lhe fez bem. Ela e o Fernando faziam um belo casal. No final da manhã, ele foi buscá-la. O cumprimentei a distância, pois os chatos do Tiago e o Juliano não me deixavam ficar a vontade com as pessoas.
O fim de semana foi lindo, fazia muito tempo que eu não curtia tanto um passeio como aquele, talvez por tudo que minha vida tinha se tornado no último ano.
Depois que visitei minha terra fiquei feliz porque tudo estava voltando ao normal, minha irmã já não me via mais como inimigo. Alguns dias após nossa reconciliação ela trouxe meus sobrinhos para me visitar, foi muito legal, pois eu não tinha contato com eles.
Eu estava distraído fazendo algumas digitações para o jornalzinho quando a campainha tocou, abri a porta e tive uma agradável surpresa.
- Pensou que me esqueci de você?
- Saudades Martinha!
Trocamos um longo abraço, ela estava diferente, mais arrumada, parecia mais jovem.
- Entra e me conta as novidades.
- Primeiro eu quero saber como você está?
- Estou ótimo cada dia melhor, já penso em voltar à faculdade no próximo semestre e você?
- Estou bem, cuidando minha loja, entrei num cursinho pré-vestibular e quero tentar uma vaga na metade do ano.
- Que beleza Marta, pena que eu não pude te dar um abraço na época que você terminou o ensino médio.
- Pode abraçar agora, que tal?
- Agora não tem a mesma graça de antes.
- Nunca é tarde pra começar, você me disse isso, lembra?
- É verdade.
Fui até ela e a abracei forte, na época em que ela terminou o ensino médio eu estava hospitalizado, fiquei sabendo por que ela me ligou no hospital contando a novidade. No dia da celebração eu fiquei triste por não estar presente num momento tão importante na vida dela, logo eu que tinha lhe incentivado a voltar aos estudos.
Eu nem comemorei, apenas sai para jantar com o Breno.
- Agora chegamos ao ponto, quero saber tudo que anda rolando entre vocês.
- Não está rolando nada demais, você está achando que sou o quê?
- Marta, você não me engana e eu já senti um climinha e faz tempo.
- Tenho idade pra ser sua mãe, me respeite.
- Eu já disse há muito tempo que você está na flor da idade e ele também. Vai, me conta.
- Você é insistente?
- Sou mesmo, se você não me contar eu pergunto pra ele.
- Ele está feliz em saber que já pode te visitar.
- Vocês estão em contato constante né?
- Estamos e daí?
- Você está com vergonha de me contar?
- Para com isso Sandro, você sabe que eu não sou boa pra falar dessas coisas.
- Eu sei e nem precisa me contar, está na cara que vocês estão juntos.
- Não sei o que dizer ainda, mas ele é bem complicado.
- Eu sei a história dele e conheço o Breno, ele tem aquele jeitão, mas é uma pessoa fora de sério, um ser humano incrível.
- Ele ainda é muito ligado a falecida.
- Para com isso Marta, nem acredito que o Breno tenha coragem de comparar você a ela.
- Deixa isso pra lá Sandrinho, são coisas minhas que eu resolvo.
- Você é como minha mãe e não está sozinha.
- Não entenda como um problema, mas um desabafo já que não tenho com quem conversar essas coisas.
- O que está acontecendo?
- Ele tem medo que eu vá sofrer um acidente de carro, ou ser assaltada. O Breno ficou traumatizado pelo que aconteceu no passado.
- Sim e agora eu entendo porque ele nunca deu certo com mulher nenhuma.
- Ele tem receio que aconteça comigo o mesmo que aconteceu com ela e não quer nem que eu faça nada.
- O Breno está errado, não é porque aconteceu uma vez que tudo vai se repetir.
- Esquece o que eu te falei, não quero te trazer problemas.
- Não se preocupa comigo, eu estou bem.
- E você, está firme com Juliano?
- Estamos. Ele tem me ajudado muito.
- Que bom, eu fico feliz que você esteja bem.
- Eu também quero te ver bem.
- Eu estou bem, a única coisa chata são essas neuroses do Breno, mas tirando isso minha vida está maravilhosa.
- Vai com calma com ele Marta, não desista, eu sei que o Breno sofre com isso.
- O Breno é muito forte, dono de si em relação aos negócios, mas com a vida particular é um problema.
Marta passou à tarde comigo, conversamos, ela desabafou seus problemas com a loja, disse que estava difícil, mas que ia superar as dificuldades. Breno e ela estavam engatando um romance, mas ele era muito complicado, uma pessoa difícil de lidar.
Fiquei feliz, pois estava com saudade dela e nos afastamos pra não prejudicar meu tratamento. Apesar de afastados fisicamente eu sempre mantive contato com ela por telefone.
Na mesma semana Breno veio me fazer uma visita. O médico havia liberado as visitas. Quando chegou o abracei com um longo abraço, eu o tinha como um paizão, sempre me deu bons conselhos principalmente quanto ao lado profissional.
- Oh garoto, que susto você nos deu.
- Saudades de você e como vai à galera da academia?
- Edu e Poliana te mandaram um abração.
- Saudade deles e da academia também.
- Sabe quem te mandou um abração também?
- Quem?
- O Alexandre, no domingo fui visitá-lo e ele me perguntou por você.
- Saudade dele e como ele está?
- Está bem, se casou e agora é um hortifrutigranjeiro.
- Nossa quem diria?
- A esposa dele vive disso. Ele está bem e eu estou feliz, pois tinha muito receio quanto ao futuro dele.
- Eu não te falei que era exagero seu?
- Minha irmã sempre acreditou mais nele do que eu.
- E você, como está?
- Na mesma vida de sempre.
- Mentira! Estou sabendo que você anda flertando minha amiga.
- Flertando? – ele caiu na risada.
- Então vamos pro termo mais apropriado, namorando?
- Oh moleque olha o respeito comigo.
- Não sou mais aquele garoto medroso que tinha medo de falar com você.
- Eu já notei isso, vou ter que ser mais duro com você.
- Então eu quero saber, por que a Marta é como se fosse minha mãe e não pense você que ela é sozinha no mundo. Posso ter me afastado por problemas de saúde, mas continuo zelando por ela.
- Olha só... Moleque querendo me dar sermão. – disse ele caindo na risada.
- Eu sei que você é maduro o suficiente pra entender que a Marta já sofreu demais e se mexeu com ela é porque é sério, então cuida bem da minha amiga.
- Eu cuido dela até demais acho que exagero.
- Então procura cuidar na medida certa.
- Ela já andou falando coisas demais pra você.
- Falou o necessário, mas eu conheço a Marta e sinto quando ela não está totalmente bem.
-Eu sou um bruto, já me acostumei a tratar todo mundo assim.
-Você é um cara sofrido e está tentando protegê-la, mas tenha calma. Marta é muito sensível e assim como você já levou algumas rasteiras da vida.
Eu já tinha desistido de ficar com alguém, justamente por esse meu jeito maluco de ser, nem com meu irmão eu consegui me acertar, mas ai, eu a conheci, parecia tão desprotegida, sozinha, carente e acabei me envolvendo.
- Eu gosto muito dos dois e quero vê-los felizes. Isso que vocês estão passando acontece na vida de qualquer casal, todos nós temos problemas e precisamos aprender a conviver com eles.
- Neste campo sentimental você é mestre, já eu sou um azarão.
- Não é não, você sempre me puxou as orelhas e foi um pai pra mim.
- A vida sentimental é muito complicada, Sandrinho.
- Eu acho mais complicado viver sozinho.
- Tem os dois lados. – disse ele sorrindo.
- Eu aprendi muito com você, mas aquela vida cinzenta que você levava naquele apartamento eu jamais ia querer pra mim.
- Entendi o recado, não vou fazer nenhuma loucura. Agora me conta de você.
- Estou na expectativa, tenho revisão em abril e se der tudo certo, quero voltar à ativa que nem um furacão.
- Vai dar tudo certo, mas vá com calma.
- Agora falando sério, eu perdi o controle da minha vida.
- Não é pra menos, depois de tudo que você passou mexe muito com o emocional.
- Mudei bastante e às vezes me sinto estranho.
- Você passou por um período de extremo estresse e graças a Deus soube levar isso muito bem. Não é qualquer um que resiste a esses tratamentos. É muita química, mutilação e vai muito do emocional da pessoa.
- Será que algum dia eu terei minha vida como era antes?
- As coisas mudam você vê o meu caso, já tinha desistido de me envolver com alguém e de repente surge a Marta com aquele jeitinho dela, tive vontade de protegê-la e acabei gostando e assim será com você.
- Eu procuro nem pensar no amanhã senão fico depressivo.
- Você vai conseguir e no que depender de mim, estarei sempre disposto a te ajudar.
- Obrigado Breno, acho que não esmoreci porque sempre tive o carinho dos amigos.
- Oh meu meninão eu quero muito que você fique bem e consiga fazer sua tão sonhada faculdade. Agora xô pra lá depressão e dá um abração aqui.
Fui até ele e o abracei. Como eu precisava daquele carinho, o Breno pra mim era uma fortaleza, ele conseguia fazer com que eu me sentisse forte e sem medo de enfrentar a vida.
Breno passou a tarde comigo, fomos pra cozinha e ele fez café pra nós, foi engraçado, pois lembrei um dia que fiquei doente na republica e me preparou um chá horrível pra tomar.
Chegou mês de abril, já não suportava mais a vontade de sair de casa sem me preocupar com nada. Queria ver meus amigos, sair, passear. Às vezes Juliano e eu até saíamos, mas sempre em horários sem muito movimento e se ele desconfiava de alguém gripado tratava em voltar pra casa.
Embora recebesse visitas, eu já estava ficando meio paranoico em casa, pois eu sempre fui um cara ativo, vivia trabalhando, estudando e agora vivia preso.
Os meus dias eram vazios, vivia pela hora que Juliano chegasse em casa, era o último ano dele na faculdade, tinha dias que eu mal o via. Era uma correria, não sei como não cansava, passava o dia estudando e quando chegava em casa eu tomava toda sua atenção e ele foi tão querido que nunca reclamou.
Teve um dia que ele ficou de chegar em casa ao final da tarde e demorou, fiquei assustado, liguei e não atendia. Dormi um sono no sofá e não havia chegado, olhei no relógio eram quase oito horas da noite. Fui até a janela do apartamento e fiquei pensando, como eu estava dependente dele. Eu nunca fui tão ligado a alguém como estava ao Juliano, à presença dele me fazia falta e tudo isso foi me levando a fazer uma viagem ao passado pra entender algumas coisas. Pensei no beijo roubado que ele me deu na praia, as fotos no celular, nosso encontro na boate, foi tudo meio doido e até mesmo quando terminamos. Eu não imaginava que ele era tão especial pra mim, Juliano me amava pelo que eu era. Com todos os meus defeitos ele me entendia.
Eram nove horas da noite quando ele chegou, corri ao encontro dele e o abracei o mais forte que pude.
- Saudade de você meu amor.
- Eu também estou com saudades, mas não imaginava essa recepção.
- Você merece tudo isso e muito mais.
- Humm... E eu estava louco pra dar o meu beijo.
Ele me abraçou e me deu um beijo no rosto, mas eu voltei a abraçá-lo mais forte e o beijei um beijo de língua, quente, demonstrando tudo que eu estava sentindo naquele momento.
- Hoje você está demais.
- Eu preciso te falar uma coisa que pra mim é urgentíssima.
- O que aconteceu? – disse ele rindo.
- Eu já tive muitas decepções, frustrações, perdas e até a saúde debilitada, mas não posso reclamar da sorte porque tenho o melhor de tudo, o seu amor.
Ele me olhava como se não estivesse acreditando em tudo que eu estava falando.
Voltei a abraçá-lo novamente, trocamos mais um beijo e depois ele deixou sua pasta em cima do sofá.
- Preciso de um banho, quer me acompanhar?
- Nem precisa pedir.
- Você não imagina como é gostoso chegar a casa e encontrar essa recepção.
- Vá indo pro banheiro que eu pego uma toalha pra você.
- Tem no banheiro amor.
- Eu coloquei todas pra lavar, estavam com cheiro de mofo.
- Você anda fazendo arte, ai, ai, ai, depois temos que conversar.
Peguei duas toalhas e fui para o banheiro, ele já estava todo ensaboado e lavando a cabeça, cheguei por trás e o abracei.
- Não esperou por mim?
Ele sorriu pra mim e começamos a nos beijar, o joguei contra a parede e fui beijando e mordendo seus lábios.
- Você está voltando a ser o meu meninão de antes, isso é perfeito.
- Vou mostrar pra você quem é o meninão.
Sorri maliciosamente e fui descendo em direção ao seu abdômen, beijei, mordi e ele se arrepiou todo. Em seguida fui em direção ao seu membro, segurei pela base e comecei a distribuir beijos. Lambi a cabecinha e comecei a chupar, fazia tempos que eu não lhe fazia um carinho igual e logo ele começou a gemer e falar tudo que vinha na cabeça.
- Chupa que é todo seu amor.
E eu fui chupando, chupava da base até a cabeça, o deixei doido.
- Eu quero te comer aqui mesmo. – disse ele.
Ele inverteu nossas posições, me colocou contra a parede e começou a beijar meu pescoço. Em seguida foi beijando minhas costas, desceu pela coluna e chegou à minha bunda. Senti um calafrio, uma sensação muito gostosa subindo pelo meu corpo que aumentava de intensidade quando sentia suas mãos lisas de espuma acariciando minha bunda.
Ele deu me deu um tapa e começou a chupar, subia e descia sua língua com vontade, eu apenas gemia ao sentir o toque de seus carinhos, sentia cócegas de sua barba em contato com meu corpo, ele estava me deixando louco de prazer.
Ele percebendo que eu estava no ponto, ficou em pé e foi roçando seu membro, que estava durinho, senti uma a sensação gostosa a cada investida. Sempre muito cuidadoso ele seguia me fazendo carinho e me preparando para recebê-lo, fui rebolando e me esfregando no pau dele e sentia que já estava pronto. Ele me puxou pela cintura e foi passando a cabeça inchada e dura do seu membro, forçando ainda mais, mas sem penetrar.
Ele me enlaçou pela cintura com seus braços e foi puxando pra mais perto dele, e foi subindo pelas costas, me mordendo, mordiscando minha nuca, até que falou baixinho.
- Estou louco de desejo por você, mas acho que aqui não é o lugar ideal, tenho receio de machucá-lo.
- Estou bem e quero tanto quanto você.
- Menino durão, eu te amo.
Juliano foi até o armário do banheiro pegou uma camisinha, me segurou firme e começou a meter devagar. Doeu um pouco, prendi a respiração, transpirei bastante, mas procurei relaxar e ele foi me penetrando aos poucos. Comecei a me masturbar até sentir suas bolas na minha bunda. Ele com toda calma foi acariciando meu corpo, beijando minhas costas e começou a se movimentar. À medida que ele aumentava seus movimentos meu prazer aumentava cada vez mais. Eu me masturbava a cada estocada. Não sei quanto tempo ficamos naquela posição, mas num determinado momento gemíamos loucamente e acho que gozamos juntos. Ficamos abraçados por um tempo, ele sempre me acariciando e aos poucos nos soltamos.
Ele pegou o sabonete e foi passando pelo meu corpo, beijava e às vezes me abraçava.
- Você está bem?
- Você é tudo de bom que eu tenho na vida, porque está sempre preocupado comigo.
- Eu me preocupo, temos que ir com calma, você está se recuperando de um longo tratamento e não podemos abusar.
- Em todo esse período, nunca me senti tão bem como agora.
- Que bom amor, eu me sentiria muito culpado se machucasse você.
Terminamos o banho, trocamos de roupa e voltei a beijá-lo, senti que ele ficou preocupado comigo.
- Você está com fome?
- Muita. – disse rindo.
- Eu fiz algo e acho que você vai adorar.
- O que?
- Bife a parmegiana.
- Humm... Eu amo, foi você que fez?
- Claro, não tenho nada pra fazer nessa casa, quando estou sozinho uso meus dotes culinários.
Fomos pra cozinha, aqueci a comida no forno e sentamos pra comer.
Está gostoso?
- Muito, você cozinha bem, quando aprendeu?
- Estou aprendendo agora, leio bastante, assisto TV e tudo isso ajuda, antes eu não tinha tempo.
- Isso é bom pra você, ocupar o tempo.
- Estou pensando em me escrever para o Enem.
- Isso é ótimo, enquanto você não pode fazer nada, vai estudando.
-Em maio quero fazer minha inscrição.
- Você estava preocupado com meu atraso?
- Eu liguei, mas você não atendeu ao telefone, fiquei preocupado.
- Me desculpe, eu estava com a Laura.
- Aconteceu alguma coisa com ela?
- Ela está grávida, mas está sem coragem de falar pra tia.
- Grávida? Então o Giovane...
- Vai ser papai.
- Que notícia maravilhosa, Ju!
- Você diz isso porque não está na pele da Laura e a tia não é tão liberal assim.
- Depois vou ligar pra ela e dar os parabéns, o Giovane é um cara legal e a tia vai aceitar porque o meu tio eu tenho certeza que vai ficar feliz com a notícia.
- Vai com calma, ela tem que contar pra tia.
- Você vai ajudá-la?
- Eu fui a primeira pessoa que ela confiou e pediu ajuda.
- Que bom Ju, eu estou feliz.
- A Laura vai ficar feliz em saber que pode contar com nosso apoio.
- Diz pra ela que se a tia não aceitar e vou ter uma conversinha com ela.
- E o que você vai dizer a ela?
- Vou dizer pra ela rezar e agradecer por ter uma filha linda e maravilhosa e um genro querido, trabalhador, estudioso e cheio de qualidades. O que mais a tia pode querer?
- Realmente é convincente. – disse ele rindo.
Fui até ele, sentei em seu colo o abracei e o beijei.
Amor, agora vem à parte chata, lavar a louça.
- É horrível mesmo, eu lavo e você seca.
- Não precisa, você preparou tudo, agora deixa que eu arrumo a cozinha.
- Está certo então.
Deixei o Juliano na cozinha, peguei o telefone e liguei para o Giovane.
- E aí futuro papai.
- Já ficou sabendo, é?
- O Juliano me contou, mas fica tranquilo não vou falar nada pra ninguém sem antes a Laura conversar com a tia.
- Estou com medo da sogra, Sandrinho, ela é linha dura.
- Tenho certeza que a hora que ela souber ficará feliz, você e a Laura se amam.
- Aconteceu, fui imprudente, não queria filho até me formar, mas já que aconteceu, vou assumir, só não sei como vou fazer com meu pai.
- Vai encará-lo, você não está negando a sua responsabilidade.
- Ele me ajuda muito principalmente na parte financeira, não sei se vai aceitar.
- Se ele não te ajudar, os amigos não vão te abandonar, fiquei feliz futuro papai.
- E quando você vem nos visitar?
- Acho que no sábado de repente eu apareço aí, estou com saudade de vocês.
- Nós também Sandrinho, você faz muita falta aqui.
Eu me despedi dele e logo Juliano apareceu.
Estava falando com alguém?
- Com o Giovane, ele está uma pilha de nervos.
- É bonita a amizade que você mantém com o pessoal da republica.
- São grandes amigos e por isso estou pensando em visitá-los.
- É uma boa, se eu não puder te levar, você pega um táxi.
- Vou de moto.
- Ficou maluco?
- Que mal tem?
- Eu acho que não é uma boa, você ainda está se recuperando.
- Não suporto mais isso, quero minha vida de volta.
- Quando você pretende visitá-los?
- No sábado.
- Eu levo você e depois vou à casa da tia, Laura pretende contar d gravidez e eu quero estar junto.
Deitei no sofá, liguei a TV e fiquei assistindo o jornal, estava chateado impedido de fazer as coisas que gostava.
- Posso dividir esse sofá com você?
- Claro. – deitei para o lado e deixei uma ponta pra ele.
- Está chateado?
- Um pouco, mas não é com você.
- Tem a revisão no final do mês, está perto e se tudo der certo, logo você poderá fazer o que quiser.
- Ju?
- Oi!
- Se eu quiser voltar para o meu apartamento, você vai ficar chateado?
- Não sei se chateado, mas se estamos bem assim, porque mudar?
- Morar junto é mais que isso, você sabe.
- Eu sei que deseja ter sua liberdade, mas isso não impede que você permaneça aqui.
Eu olhava no fundo dos olhos dele e via tanta verdade, nem quis continuar aquela conversa, não queria brigar e nem agir precipitado.
No sábado, depois de quase um ano afastado visitei meus amigos na república.
Eu já era esperado e mal cheguei ao portão, logo vieram me recepcionar.
- E aiii o magricelo está de volta!
- Pedrão... Ainda não cortou a juba?
- Está louco, a juba é meu charme. – disse ele rindo enquanto me abraçava.
- E aí moleque tudo de boa? - disse Marcelo vindo me abraçar.
- Graças a Deus, agora é rezar pra não ter reincidência.
- Isola Sandrinho, vai dar tudo certo.
- E como vão as namoradas?
- Eu não me prendo, mas elas não param de correr atrás de mim.
- Bonito desse jeito, elas ficam doidas.
A galera caiu na risada e ainda tiraram sarro dele, o Marcelo era o mesmo de sempre, um garotão que estava crescendo como ser humano. Era estudioso, passava horas do dia na faculdade e ainda tirava tempo pra dar suas paqueradas, mas nada com compromisso.
- Deixa um pouco pra mim Marcelão.
- Lucão como vai você?
- Estou ótimo, mas agora quero saber como é estar do outro lado.
- Que outro lado maluco?
- Você sabe o que estou falando e está proibido de passar a porta pro lado de lá.
- Lucas você não existe.
- Agora falando sério, estou feliz que você está bem. – disse ele enquanto me abraçava.
- Senti saudade de você.
- E como vai o doutor?
- Que doutor?
- Ah vai... Quer que eu desenhe?
- Em primeiro lugar ele não é doutor e em segundo lugar ele vai bem, mas porque o interesse no Juliano?
Quero saber se ele está cuidando bem de você?
- Maravilhosamente bem.
- Está apaixonado, isso é bom.
- E como estão os namorados?
- Um aqui, ali, lá, acolá e assim eu vou perambulando nessa vida sem ninguém. – disse ele fazendo uma carinha de choro.
- Não chora que uma hora aparece alguém bem legal pra você.
- Parecem duas comadres que faz anos que não colocam a fofoca em dia. – disse Giovane.
- Quem manda você não ser amado como eu? – disse Lucas brincando com ele.
- Tudo bem Giovane?
- Tudo mais ou menos e você sabe o motivo, mas agora não quero falar sobre isso. Você nos assustou Sandrinho, nos pegou de surpresa, nem acreditei quando Rafael nos contou.
- Ainda bem que já passou e agora é rezar pra não voltar.
Ele me deu um abraço, me desejou saúde, Giovane era um dos mais sérios da turma, assim como Rafael, mas eu sempre me dei bem com ele e nem o namoro dele com minha prima interferiu em nossa amizade.
Mais afastado tinha outro cara que eu não conhecia, deduzi que fosse o morador que nunca tive oportunidade de conhecer. Lucas me levou até ele e nos apresentou.
- Matheus, este é o Sandro, o amigo que havia lhe falado, ele já morou na republica.
- Muito prazer! - disse ele de forma simpática.
- Prazer, então você foi o sortudo que ficou no meu lugar?
- Tive sorte, a galera é legal e eu gosto muito daqui.
Matheus me pareceu ser um cara legal apesar de fechadão, tinha uns 25 anos, era moreno, alto, bonito, um pedaço de mau caminho. Apesar de eu ter passado pela fase da paquera elogiar não custava nada. rsrsrs
- E ai maninho, tudo em paz. – disse Rafael me abraçando.
- Tudo em paz graças a Deus.
- Sobre aquele assunto, estou me culpando até hoje, não deveria ter te contado.
- Fica tranquilo, você não me prejudicou e nem vai me prejudicar.
- Que bom! Depois que eu saí fiquei pensando na besteira que fiz.
- Não esquenta Rafael, eu até já fiz as pazes com Aline e decidi não procurar pelo Roger pra não magoar o Juliano e também não sinto vontade de mudar nada em minha vida.
- Pela primeira vez eu vejo que você está apaixonado de verdade pelo Juliano.
- O Roger foi amor de adolescência, meu momento é outro e está maravilhoso.
- Que bom o Juliano merece, sempre foi louco por você.
Sentamos ao redor de uma mesa que tinha na garagem, na verdade eles já estavam sentados tomando cerveja e eu os interrompi com minha chegada.
- Sandrinho o que você toma? – perguntou Rafael.
- Eu tomo água, mas não atrapalho vocês, podem continuar na cerveja.
- Acho melhor pararmos, né galera? Se ele não pode tomar nem nós.
- Isso não é justo, mas eu estou disposto a ceder. – disse Marcelo.
- Quero que vocês continuem, não é porque cheguei que vamos mudar as coisas. Na verdade eu vim só pra matar a saudade.
- O mesmo Sandrinho de sempre. – disse Pedro.
- E ai Pedrão quando termina a faculdade?
- Eu poderia estar terminando, mas marquei bobeira, termino no ano que vem se tudo der certo.
- E você Marcelão?
- Faltam três anos ainda.
- E você Lucão?
- Eu sou o mais inteligente, termino no final do ano.
- Legal, o Juliano termina esse ano também.
- Então podemos comemorar a três, o que você acha?
- Acho que não é uma boa, mas se você quiser, podemos fazer uma comemoração coletiva. – a galera caiu na risada, já sabiam das tiradas do Lucas.
- Bom, o Giovane eu sei que vai demorar um pouquinho, mas ele chega lá.
- Como assim, o que você sabe que não estamos sabendo?
- O que eu sei é que ele não termina esse ano, só isso. – tentei remendar a besteira que fiz.
- Vai falando ai Giovane o que está acontecendo? – disse Marcelo.
- Eu acho que não adianta esconder mais, a Laura está grávida.
- Vamos ter o primeiro papai da republica e olha que eu pensei que o Rafael fosse levantar esse caneco. – disse Lucas.
- Ehhh porque eu? – disse Rafael.
- Porque você vive na casa da Letícia e eu tenho certeza que só não estão juntos porque você não é formado ainda. – disse Lucas.
- Parabéns futuro papai, isso merece uma comemoração, não é mesmo galera? – Disse Marcelo.
- Temos que comemorar a gravidez do Giovane e a saúde do Sandrinho. – Disse Pedro e todos caíram na risada.
- O Giovane já é chato por natureza imagina grávido. – disse Lucas.
Foi uma farra da galera, eu passei à tarde com eles, o clima entre eles era tão agradável que eu sentia falta deles. No final da tarde Juliano apareceu, conversou um pouco e depois fomos embora, ele achou que eu já estava passando dos limites, mas foi muito bom, passei uma tarde agradável.