Toda a área ali foi isolada e a polícia foi chamada ao local. O atirador acabou sendo levado pelo IML para identificação, enquanto a polícia civil foi chamada. Nicolas, meu amigo da PC já estava no local, os peritos estavam recolhendo provas enquanto ele recolhia depoimentos. Na minha vez, disse que estava com Pepe, quando o elemento chegou atirando em nós dois, mas o alvo parecia ser ele. Pelo bilhete deixado tempos atrás na casa dele, muito provavelmente tem a ver com a mesma quadrilha, então esse bandido deve ter alguma ligação. Pepe resolveu voltar para sua casa, tirou o restante do dia de licença do trabalho, enquanto eu tinha uma coisa que queria resolver naquele momento: Beatriz. Liguei para ela, sabia que ela estava no hospital com o pai, que tinha sofrido um atentado, então queria saber se ela teria coragem de falar comigo.
— Oi, meu amor. Sou eu, tem um tempo?
— Oi meu amor. — Ela estava realmente com uma voz chorosa naquele momento, que quase me esqueci que ela estava comigo e Pepe ao mesmo tempo. Mas por sua dor, resolvi "bancar o personagem, e esperar." — Aconteceu algumas coisas, eu não vou poder te ver hoje, meu pai está internado em estado grave. Acho que foi assaltado, não sei, mas deram tiros nele, eu não sei o que fazer...
— Você quer que eu vá até aí ficar com você?
— Sim, eu só vou desmarcar com uma amiga minha, que vai vir aqui ficar comigo hoje. Pode ficar mesmo comigo um pouco?
— Posso sim, acredito que tenho algumas horas livre.
— Que bom, porque eu queria falar uma coisa com você, mas acho melhor pessoalmente.
— Ok, me passa o endereço do hospital.
Assim que Beatriz me passou o endereço, acabei indo direto para o hospital. Ela acabou me encontrando na porta do hospital, já que eu não poderia entrar pois não era parente e estava à paisana. Beatriz estava com uma cara horrível e parecia estar chorando por horas. Aquilo realmente me pegou de jeito, me cortava completamente o coração ver ela daquela forma, completamente sofrida e rendida. Eu abracei ela, e ficamos ali abraçados por um bom tempo. Porém logo ela veio tentar me beijar, e eu evitei.
— Que foi, amor? Não quer me beijar?
— Não, não é isso, é que... Não acho que seja um momento adequado, não? Com tudo que aconteceu com o seu pai...
— Hum... Pensei que estava dando alguma desculpa para não me beijar, sempre adorou meus beijos! — E de fato estava, e sinceramente, era muito difícil resistir aquela mulher. Mas eu precisava, na verdade eu não tinha coragem de tocá-la depois que vi ela beijando meu próprio irmão. Mas era difícil mesmo resistir aquela mulher, principalmente aqueles olhos cheios de lágrimas que ela tinha.
— Quero saber o que você tem para falar comigo. — Disse aquilo, enquanto ia acariciando seus fios de cabelo, olhando em seus olhos, esperando ali uma resposta. Ele me encarou. — Me disse no telefone que tinha algo para falarmos. Sabe que pode falar comigo o que quiser.
Ela me olhou naquele momento e ficou calada, talvez estivesse pensando na melhor forma de me dizer que estava com Pepe e ao mesmo tempo comigo. Parando pra pensar agora, acredito que não tenha uma forma tão fácil de falar algo assim, e provavelmente ela também sabia disso. Depois de um tempo, ela enfim encarou meus olhos e levou as mãos ao meu rosto, e assim disse.
— Eu acho que fiz algumas besteiras na vida, eu nunca fui uma pessoa que poderia ser levada de exemplo. Mas eu quero que saiba que eu amo muito você, talvez no começo fosse só sexo, mas esse é o seu jeito e querendo ou não, eu gosto muito... Independente de qualquer coisa, eu te amo. — Naquele momento percebi que ela amava nós dois, e não conseguia se decidir, ou até mesmo dizer a ambos que estava comigo e Pepe ao mesmo tempo. O que me doía, é que eu também amava pra caralho aquela mulher.
Minha fraqueza foi tão grande naquele momento que eu não resisti, beijei aquela mulher. Envolvi nossos lábios e a beijei, não quis saber de mais nada a não ser beijar aquela mulher e ter para mim sua boca. Tomei seus lábios e assim os toquei, chupei sua boca, logo estávamos ali completamente rendidos àquela paixão, aquele amor e desejo que tomava conta de nossos corpos, essência. Não poderia negar que eu estava completamente apaixonado por aquela mulher, tudo nela me enlouquecia. Depois de nos beijarmos, por um momento, eu resolvi que iria falar a verdade, dizer que sei dela e de Pepe e ver sua reação. Mas eu queria que ela mesma me dissesse aquilo, e nada fez.
Em casa, parte da culpa estava me consumindo, e por outro lado, não tinha por que sentir culpa, se estava com a mulher que eu amava. Um lado queria que eu jogasse logo verde, e assim falasse a real para ela, que eu sabia sobre Pepe, mas e se eu fizesse isso? Se eu tomasse Beatriz de Pepe, como seria que ficaria nossa irmandade? Porém, por um lado, Beatriz não parece querer decidir por alguém. Ela já falou sobre ter um relacionamento a três com o Pepe, pela minha reação ele não gostou nada disso mas e eu? Eu aceitaria dividir ela se a pessoa do outro lado fosse meu próprio irmãozinho? Eu não sei se eu era uma pessoa tão evoluída a esse ponto.
Não que eu fosse algum tipo de conservador ou monogâmico, mas realmente não me agrada o fato de existir um casal com mais de duas pessoas, isso não é casal pra mim. Isso pra mim é putaria, e para mim, nada contra estar em uma putaria. Mas não é algo que se possa dizer estar em um casal. Na verdade, quanto a essa situação só existia uma coisa a ser feita. Beatriz e eu nos despedimos e ela voltou para dentro do hospital enquanto aproveitei para ir trabalhar.
Recebi notícias do IML com relação ao homem que abati anteriormente. Os arquivos da Polícia, assim como as impressões digitais, identificaram pelo sistema por sendo Dionísio Gomes, já foi fichado e preso por ameaça, roubo qualificado e tráfico de drogas mas nunca por assassinato. Ele com certeza estava ali para matar Pepe ou eu. Levei uma cópia da foto para a casa de Pepe, precisava ter certeza de algo, e somente a dona Joana poderia saciar essa minha dúvida inquietante.
Assim que cheguei na casa de dona Joana, eu bati na porta duas vezes, e logo ela me atendeu. Me deu aquele abraço forte e reconfortante, e logo me chamou para entrar, enquanto me passava um café. Ali ela disse que não estava mais trabalhando por fora, por medo de que algo pudesse acontecer a ela. Não estava tendo paz, mesmo após ter voltado dos Estados Unidos, saído da prisão. Eu tinha muito interesse em saber por que Alberto queria tanto mata-la. Quem ela dedurou que trouxe tanto ódio a família dele. Ela foi honesta:
— Diego, eu vou te contar tudo. Quando eu fiz o acordo com a DEA, eu falei sobre as pessoas que eu encontrei no dia em que eu fui pegar a maleta para levar a Alberto. Ali eu vi um senhor de idade, cabelos grisalhos e parecia ter os seus 50 e poucos anos, também vi um outro garoto, era jovem e já estava trabalhando para aquela gente. Na época, claro, eu não sabia. Também conheci o irmão de Alberto, foi ele que me deu a mala. Todos eles me olhavam de uma forma fria, não deixaram eu avançar mais que a sala, até mesmo para ir ao banheiro. Tudo o que eu fiz depois de receber a maleta, foi ir embora daquele lugar o mais rápido possível. Liguei para Alberto depois disso informei sobre a maleta, e ele passou a me dar algumas instruções e na época eu não levei a sério, se eu tivesse levado a sério eu não teria acabado com a minha vida, por que ele ficou me dando dica sabe de como escapar da fiscalização.
— Você reconhece esse cara como sendo um dos que estavam naquela casa naquele dia? — Logo, mostrei a foto do homem que eu alvejei, e dona Joana gelou por alguns segundos, e ela ali deu a minha resposta.
— Sim, eu conheço! Esse foi o homem que me deu a maleta, é o irmão dele! Por que ele está morto?
— Por que eu o matei, dona Joana. Ele hoje atirou contra mim e contra o Pepe, enquanto estávamos almoçando. Felizmente ele está bem.
— Meu Deus, e por que não me falou isso no início quando veio, Diego? Cadê o meu filho?
— Calma, dona Joana. Seu filho está no escritório de advocacia nesse momento, trabalhando. As coisas lá estão o caos, o patrão dele foi baleado.
— Diego, por favor. Se acontecer algo comigo, Pepe só terá você e sua família, por favor, o proteja. Por mim!
— Eu vou proteger Pepe com a minha vida. Eu prometo. — E daquela promessa, eu dei um beijo na testa de dona Joana. Aquela promessa seria levada a sério, mas tão a sério que talvez eu imagine que foi ela que não me fez ver todos os acontecimentos que me aconteceram tempos antes daquele fatídico dia.
(PEPE)
Ainda não estava acreditando que estava vivendo aquele inferno. Tentaram matar a mim, a minha mãe e ainda por cima tentaram matar o meu patrão. Será que a morte está me cercando em todos os lados? Mas eu não seria presa fácil para ela, o dia de José Pedro morrer não seria hoje. Assim que saí do escritório, aproveitei e fui embora para casa. Montei em minha moto, e quando eu estava para sair do estacionamento, fui cercado por duas outras motos. Um deles tirou o capacete, e estava me encarando ali, com um ódio no olhar, mas eu nem fazia ideia de quem era ele. O outro estava ali na outra moto, me olhando, mas eu não conseguia ver seu rosto. O mais velho começou uma conversa estranha:
— José Pedro. Pepe. Que nome mais ridículo você tem, não é? Sua mãe o transformou em um marica.
— Quem é você, e como me conhece? E marica é seu pai, você pensa o que? — Eu realmente estava com muito sangue nos olhos, quem era aquele cara? O vi sacar uma arma, e apontar para mim, e levantei as mãos, o encarando. Estava desarmado, ele era um covarde por acaso?
— Por acaso é um covarde que precisa de um revólver para meter medo? Você por acaso foi quem atirou na minha casa ou tentou me matar? Me diga logo!
— Você é um imbecil mesmo. — Vi aquele homem então se aproximando de mim lentamente, enquanto apontava a arma pra mim e assim o ouço falar, falar uma coisa que eu nunca pensei em ouvir na minha vida. — Eu sou seu pai, aquele cara que deixou sua mãe prenha. Não vai dar um abraço no seu pai?
— Seu desgraçado, é você? — Não consegui me segurar mais, de repente comecei a sentir algo que eu nunca havia sentido na minha vida. Um verdadeiro ódio por aquele homem, o homem que engravidou a minha mãe e jogou ela no mundo e que me tirou da minha mãe. Eu jamais poderia perdoar aquele cachorro sarnento. Não me segurei, partindo assim para cima dele e tudo o que eu consegui no fim das contas foi um murro no estômago, onde acabei caindo. Fiquei de joelhos no chão enquanto ele apontou a arma para mim e colocou o cano tão próximo da minha cara enquanto ele dizia.
— Você foi um desperdício desde o começo. Graças a sua mãe, eu perdi um filho. Por que quando ela delatou tudo que ela sabia para a DEA, eles descobriram o meu filho mais velho que morava nos Estados Unidos e que trabalhava pra mim. Meu filho agora está morto, e agora eu vou cobrar isso dela. Matando você e a puta da sua mãe.
— Pois eu quero que esse seu puto esteja nesse momento queimando no inferno! E você não usa fazer nada contra a minha mãe, se não. — Senti algo depois disso na minha cabeça, e logo percebi que acabei levando uma forte coronhada, assim caindo no chão. Podia sentir ali uma forte dor de cabeça, aquele homem então acabou me pegando pela camisa, apontando a arma pra mim mais uma vez, e assim disse:
— Eu não me importo que você seja meu filho, você só nasceu por que eu tive que comer aquela gostosinha pra enganar. E nem o serviço direito ela fez, e fique sabendo que vocês mataram o meu irmão, e agora eu vou fazer você e aquele policialzinho de merda pagar. Hoje, você fica vivo pra dar esse recado, mas na próxima... Eu mando todos para o inferno! — Foi então, que ele dispara próximo da minha cara, e me dá um chute na boca do estômago, e assim entra em seu carro, em vai embora. Percebi que até mesmo Diego estava em perigo, e resolvi ir atrás dele, para contar sobre o ocorrido.
Acabei pegando o telefone celular e assim eu liguei para meu irmão. Acabei discando seu número mas ninguém atendeu. Ainda estava sentindo bastante dor por conta da abordagem que sofri, aproveitei para sentar e descansar um pouco em um ponto de ônibus. Tudo o que eu pensei naquele momento era que eu precisava de uma arma, para falar a verdade eu nunca vi atirado em ninguém na vida, apesar de guardar algo que nenhum deles sabiam pelo menos da minha família: eu sabia atirar, e atirava muito bem. Frequentava tiro ao alvo pelo menos 3 vezes ao mês, mas eu sabia muito bem que atirar em um alvo parado em um alvo vivo e ainda mais sendo uma pessoa é completamente diferente. Existe o fator psicológico. Mas aquele momento para mim era tudo ou nada, se eu não pudesse me defender, aquele desgraçado iria matar meu amigo e a minha mamãe.
Resolvi então ir para a casa de Diego. Precisava falar com ele de forma urgente sobre tudo o que estava acontecendo, então quando eu estava um pouco melhor recuperado peguei a minha moto e acabei indo para lá. Quando cheguei, vi as luzes acesas, e então bati na porta, sabia que ele iria atender. Porém, o que eu vi quando a porta se abriu, foi algo que eu jamais poderia imaginar.
— Beatriz !?
(Diego)
Depois que conversei com a mãe de Pepe, acabei indo para casa. Tive um dia bem cheio, porém, ao menos agora já sabia mais ou menos o que estava acontecendo e o que nós enfrentaremos. O dia estava cheio demais e tudo que eu queria era um banho relaxante e dormir. Assim que entrei em casa, observei que a luz do meu banheiro estava acesa. Será que tinha alguém ali? Levei uma das mãos até a arma, Com tudo o que estava acontecendo eu precisava ser muito cauteloso principalmente com a minha vida. Fui andando devagar, e logo em seguida abri a porta do banheiro e dou de cara com Beatriz, completamente nua. Ela estava com seu corpo completamente molhado, ainda sobre a água do chuveiro caindo sobre ela.
— Beatriz, o que você está fazendo aqui, sua louca?
— Vim ver meu namorado. Você me deixou na mão no hospital hoje, só me deu um beijo. Vem relaxar comigo aqui, vem?
— É verdade. Eu havia dado a chave do meu apartamento para você. Mas eu não acho isso uma boa ideia, porque. — Naquele momento, Ela acabou me calando com um beijo, avançando até a mim e logo grudando seus lábios junto aos meus, assim passamos a nos beijar enquanto toda e qualquer resistência que eu poderia ter estavam sendo desarmadas. Me desculpe, Pepe, mas essa mulher realmente mexe comigo. Depois de um beijo inicial, ela simplesmente chupou minha boca enquanto me encarava mordendo os lábios.
— Polícial Diego? Que sexy. Não sabia disso. Tira essa roupa e vem comigo?
Não pensei duas vezes, e logo avancei até ela e lá estávamos juntos, nos beijando ardentemente. Passamos então a grudar nossos corpos um no outro e rapidamente eu já estava sem nenhuma roupa. Entrei com aquela mulher no chuveiro, ali eu não queria saber de nada, nem de Pepe, nem dos problemas que estávamos enfrentando. Me entreguei aquela mulher, beijei ela de todas as formas. Encostei ela na parede enquanto a água caía sobre nossos corpos, me coloquei entre suas pernas e logo começamos a transar ela abraçava meu corpo com uma das suas pernas enquanto sentia meu pau penetrar, logo ela abraçou com as duas pernas enquanto segurei sua bunda com ambas as mãos. Eu senti ela completamente entregue assim como eu. Nos beijamos e nos amamos naquele dia, quer dizer, fazer sexo com Beatriz era realmente delicioso. Na hora em que eu estava fodendo com ela eu admito que não pensei em Pepe em momento algum. Mas depois que acabamos, depois que entramos em um deleite gozo e nossos corpos estavam entregues ao prazer naquele chuveiro, a culpa começou a pesar em minha cabeça. Depois do sexo ela vestiu uma camisa minha e estava de calcinha. Ela veio me abraçar mas eu acabei evitando, naquele momento eu contei a verdade para ela.
— Não podemos fazer isso.
— Isso o que, Diego? Sexo? Claro que podemos, estamos juntos. Qual é o problema?
— O problema é José Pedro, Beatriz. Ou você acha que eu já não sei que você está com ele e comigo ao mesmo tempo?
Naquele momento eu vi Beatriz paralisar por alguns segundos tentando processar o que eu acabei de falar. Logo ela percebeu que eu já sabia o que estava acontecendo, Ela queria se explicar e claro que eu iria dar todo o espaço para isso.
— Diego, eu não sabia que você conhecia ele, nem que ele conhecia você. As coisas aconteceram, ele queria namorar no começo e eu não queria, e aí eu conheci você na boate. Ficamos, eu pensei em terminar as coisas com ele, mas eu não consegui. Com José Pedro as coisas são tão boas, ele me traz paz. Minha vida em casa é um inferno, eu tenho um pai controlador que não deixa eu viver a minha própria vida, José Pedro sempre me deu bons conselhos, de que eu deveria viver a minha vida. Eu me apaixonei pelos dois e não consigo decidir com quem eu quero ficar.
— Ah meu Deus. Que situação.
Naquele momento alguém estava batendo na porta. Vi Beatriz indo até ela para abrir, ela me disse que havia pedido comida japonesa para nós naquela noite. Porém, quem estava do outro lado era alguém que eu não esperava.
— Beatriz!?
— José Pedro...
Apareci na porta depois disso, e pude ver o rosto de descontentamento do meu irmão. Ele olhava diretamente em meus olhos, mudando em seguida para deixar os olhos fixos aos olhos de Beatriz. Era nítido o descontentamento mas principalmente a decepção de Pepe. Eu não podia deixar a situação daquele jeito:
— Pepe, eu descobri algo sobre Beatriz, eu preciso... — Naquele momento, fui interrompido por ele.
— Você não precisa falar nada, eu entendi tudo. Vocês estavam fazendo sexo, ela está até vestindo sua camisa. Não é sua puta?
— José Pedro, por favor, me escute. A culpa é minha, eu deixei isso ir longe demais.
— Isso? Relaxa, está tudo bem. Se você quer ficar com um puto traidor como meu irmão, o problema é de vocês. Mas eu não fico aqui mais nem um minuto porque essa cena tá me dando nojo.
Vi naquele momento Pepe sair, pedi para ele esperar mas ele não me deu ouvidos. Pepe foi embora sem olhar para trás, peguei minhas coisas e fui atrás dele. Precisava salvar a amizade com meu irmão, enquanto Beatriz foi atrás também. Eu a olhei firme, e assim disse.
— Está bem, eu admito, eu tenho culpa no que aconteceu. Eu descobri sobre vocês dois, e não tive coragem na hora de falar, mas a maior culpada aqui é você. Eu nem falo por mim, mas como você teve coragem de brincar com um cara tão bom quanto meu irmão Pepe? Eu vou tentar pelo menos salvar minha amizade com ele, mas eu não quero ver você nunca mais.
— Espera, por favor! Não me deixe, meu pai está no hospital, eu não consigo ficar sozinha... Por favor, eu preciso ir com você, não quero ficar sem vocês...
— Já basta! Não apareça mais na minha vida.
Naquele momento, vi Beatriz chorar e assim dá as costas pra mim ir embora. Acabei então indo atrás de Pepe, mas resolvi dar um tempo para ele pensar melhor antes de ir atrás dele. Ele estava muito nervoso, talvez amanhã com calma eu explique tudo o que aconteceu, não quero perder a amizade do meu irmão, o único cara que eu consigo me importar na minha vida.
(Pepe)
Voltei pra minha casa e a primeira pessoa que procurei foi a minha mãe e contei tudo a ela. Ela disse que Diego não era uma má pessoa, e que eu deveria ouvir pelo menos as explicações dele. O que ela disse é verdade, mas mesmo assim eu não podia negar que os meus olhos acabaram de ver. Ter visto Diego e ela juntos, chega de fazer aquilo estava me destruindo por dentro. O que eu iria fazer agora?
Aproveitei para ir dormir, estava muito cansado de tudo o que aconteceu naquela noite e ainda por cima com um pouco de dor no meu corpo. No dia seguinte, fui trabalhar, mas eu sabia que não iria ser fácil. Afinal de contas Beatriz também trabalhava ali e agora com seu pai internado, ela vinha ajudar ainda mais com a questão da contabilidade. Porém naquele dia ela não veio trabalhar. E ninguém ali sabia onde ela estava, e eu odiava admitir mas aquilo estava me deixando preocupado. Resolvi ir até a casa dela, não que eu me importasse. Mentira, me importava e muito! Mas o que eu mais queria naquele momento era ouvir o "porquê" dela. Como era já conhecido no casarão, tive acesso fácil pelo segurança, porém a porta da casa dela estava aberta. Abri a porta da casa, e encontrei ela ali, inconsciente, com uma seringa na mão, que eu identifiquei na hora como sendo heroína. Vi, e ela ainda tinha pulso, então chamei a emergência na hora! Eu já sabia que ela tinha problemas com droga, esse foi um dos motivos de eu ter me aproximado dela, eu queria fazer era parar. Mas vi que agora eu já tinha ido longe demais.