O Médico [01] ~ Início

Um conto erótico de BENJAMIM
Categoria: Gay
Contém 5266 palavras
Data: 11/01/2024 17:16:33
Assuntos: Gay, Início, Sexo, Traição

Olá pessoal, eu me chamo Benjamim.

Tenho vinte e cinco anos hoje e estou muito mais tranquilo que na época que vou relatar a vocês daqui a pouco.

Antes, acho que tenho que contar que eu me descobri gay muito cedo, muito mesmo, acho até que nasci assim.

Sempre fui tímido por causa disso porque não queria dar pinta, apesar de não ser afeminado, e também porque eu sempre fui muito triste por dentro.

Queria entender o porquê de eu ser assim. Sabia que se eu contasse a alguém, eu seria censurado.

Sofri muito e sofro até hoje.

Mas por fora eu era animado, brincalhão, engraçado e de ótimo humor. Claro, tinha que ser assim para poder me distrair e mascarar o meu segredo.

Em troca ganhei popularidade entre os meus amigos.

Na escola sempre existiram panelinhas, assim como em toda escola, mas eu era tão legal que fazia parte de todas elas, apesar de, é claro eu ter os meus amigos preferidos e por sorte nunca pensaram que eu era um leva e trás.

Aos dezesseis decidi que nunca iria me assumir.

Nunca!

Isso só traria problemas e eu já era tão triste por dentro... família tradicional e religiosa, acho que vocês me entendem né?

Decidi que o resto da minha vida eu me casaria, teria filhos, tentaria arrumar um bom emprego e morrer.

Se eu conseguisse isso, pronto, estaria feito.

Bem, já deu pra perceber como eu sou, ou era, conformado com a tristeza ao meu lado.

Aos dezessete decidi que já que eu não me assumiria nunca, eu também nunca me envolveria com nenhum homem... para não ficar tentado.

Enfim, passei da escola e fui pra faculdade. Faço Serviço Social.

Assim como na escola, fiz muitos amigos na turma, tanto homens quanto mulheres.

Eu estudava muito e estava amando o meu primeiro período. Tudo era novo: o ambiente, as pessoas, os professores... eu estava amando tudo.

Não achava ruim estudar, nem me cansava de praticamente morar na universidade e passar o resto do dia na biblioteca.

Na minha turma tem muitos alunos que não moram na capital do

meu estado... moram em municípios próximos... logo, muitos tinham como apoio a mim e a minha casa.

Um desses muitos amigos que fiz se chamava Vagner. Ele morava num município próximo da capital, na verdade era até próximo da

universidade, mas ainda assim era em outra cidade e ele sempre

precisava de mim para alguma coisa.

Ficamos muito amigos; adorava ele.

Ele vinha de moto pra faculdade pela manhã e só ia pra casa à noite, pois a gente estudava muito na biblioteca. Não só nós dois; tínhamos um grupo de amigos bem legais e descolados.

Uma vez a gente tinha que estudar umas coisas bem complicadas na matéria que a gente mais odiava, mas o Vagner dominava a matéria e

ele foi obrigado por nós a ficar até mais tarde pra ensinar pra gente.

Alugamos muito ele por dias, coitado.

Sempre que a gente lembra disso a gente ri e o safado ainda hoje cobra. Qualquer coisa que a gente nega ele fala: "lembra daquele dia?"

Hahahaha... aí a gente nem pode recusar.

Eu estava com muita dificuldade mesmo e pedi pra ele ensinar pra mim só mais uma vez.

Como ele morava em outra cidade, ficava difícil pra ele, mas aí ele arrumou uma namorada na capital - sim, ele é hétero - e aí ele arrumava mil desculpas para os pais dele, pra ele vir pra cá.

Como eu estava querendo ajuda e nós somos muito amigos, ele decidiu vir e combinou de encontrar a namorada dele no dia seguinte, ou seja, ele dormiria na minha casa.

Quando ele estava vindo uma coisa aconteceu: um acidente com ele, de moto e mais dois carros.

Fiquei apavorado e me senti muito culpado na época.

Mas voltando, ele ligou pra namorada ali estirado no chão, todo quebrado,

e pediu pra que ela me ligasse pedindo pra eu ir ficar com ele no

hospital. A ambulância já tinha sido chamada.

Claro que eu fui, né?

O vi chegar todo quebrado da cintura pra baixo e alguns arranhões da cintura pra cima.

Quando eu o vi chegando, o safado ainda brincou: "Se eu não puder mais fazer aquilo a culpa é sua."

Ele é um amor; ele viu que eu estava preocupado e ficou brincando. Eu não pude acompanha-lo em todos os procedimentos, então a maior parte do tempo eu ficava na recepção.

O hospital em questão tinha muitos médicos residentes, médicos que estudavam na mesma universidade que eu.

Eu me lembro que eu e meus amigos ficávamos observando o grupo de

medicina na biblioteca e ríamos muito porque eles eram tão estudiosos e só vestiam branco.

A gente tirava muito sarro e algumas vezes eles percebiam, mas era muito engraçado; a gente vivia dizendo que eles deveriam mesmo ser muito ricos porque tinham que gastar muita grana comprando roupa branca, afinal eles não repetiam a roupa que estavam sempre impecáveis de brancas, chegava a chamar a atenção na biblioteca.

Mas eles não eram só engraçados, eram lindos também; todos eram altos, morenos, negros e loiros; de todo tipo, mas ainda assim todos altos e

principalmente fortes. Uns eram apenas fortes e outros eram malhados

mesmo.

A gente aproveitava pra paquerar também.

Claro que eu fingia olhar pras meninas, mas não tirava os olhos daqueles caras lindos...

Mas voltando ao Vagner...

Eu estava lá na recepção todo preocupado, morrendo por dentro por ter acontecido algo a ele e por minha causa, imagina...

Eu fiquei um tempão lá e não comi nada. Já fazia umas seis horas seguidas que eu estava lá esperando; minha preocupação só aumentava e a culpa também.

Aí eu soube pelas enfermeiras que ele ia ficar em observação e que alguém tinha que ficar lá pra acompanhar.

Claro que eu logo me prontifiquei, mas liguei pra Ana, namorada dele, pra saber se ela ia querer ficar com ele e também pra que ela ligasse para os pais dele.

Ela disse duas coisas que só me preocuparam ainda mais: eles só iam se encontrar no dia seguinte porque ela estava em outro estado e que ela não poderia ligar para os pais dele porque ele tinha dito pra ela dizer pra mim que eu não ligasse... ele não queria que os pais soubessem, enfim, não liguei.

Acabei ficando, mas ela ligava a cada cinco minutos.

Eles se amavam muito.

Eu não podia vê-lo ainda, então fiquei na recepção.

Ninguém me ofereceu comida ou agua. A fome só aumentava, mas eu tinha que ficar; não me perdoaria se eu fosse embora. Sempre fomos amigos e ele faria a mesma coisa por mim.

Eu me levantei umas trocentas vezes pra perguntar na recepção se eu poderia vê-lo e como ele estava.

Bem; nada diziam. Uma das vezes que eu me levantei e responderam a mesma coisa, eu voltei pra minha cadeira. Nesse momento que eu estava voltando um vulto branco passou por mim. Eu olhei e era um médico. Eu estava tirando os olhos dele já; isso foi por uns três a quatro segundos, quando meus olhos voltavam e eu vi que ele me olhou. Ele voltou com os olhos para trás, como se tivesse lembrado de alguma coisa. Sabe quando a gente fica naquela coisa de "o que eu ia fazer mesmo?"... Foi mais ou menos assim.

Ele voltou com os olhos e parou em mim, ficou me olhando por um tempo enquanto andava e eu fiquei sem entender o porquê dele me olhar tão demorado.

Ele viu que eu o vi me olhando e riu. Eu só retribuí o sorriso e nada mais, estava preocupado com o Vagner, não tinha notícias e só chorava.

Mas eu pude perceber que ele passou várias vezes na recepção... normal isso, afinal ele era médico, estava trabalhando e de noite é sempre emergência. Ele não era o único que fazia isso.

Não estranhei, mas pude repara ele melhor: alto, loiro, forte. Ele tinha o cabelo curto mas todo espetado, olhos claros, mas não vi se eram azuis ou verdes ou castanhos claros. Ele tinha uma boca linda e era muito gato.

Cara! Fiquei de cara com ele, mas notei que ele era muito jovem pra ser médico.

Aí me lembrei que aquele hospital era propriedade da universidade e que ali muitos alunos de medicina davam plantão.

Voltei a atenção pro Vagner. Amanheceu e nada... já estava até pensando que ele tinha morrido e não queriam me dizer.

Ana não parava de ligar e dizia que ela já estava chegando, mas ia demorar porque não vinha de avião.

Quando deu umas sete horas da manhã me deixaram vê-lo.

Até que enfim! Eu estava morrendo de fome e cansado; não comi nada!

Ele estava dormindo e melhor do que eu pensava.

Tinha um sofá no quarto dele e não aguentei: deitei, mas logo ouvi um sussurro dele e me levantei.

- Você está bem? Quer que eu chame alguém? – perguntei preocupado.

- Não cara, eu estou bem... só estou cansado. Você ficou aqui?

- Foi.

- Valeu, cara!

- Imagina! Ana disse que está vindo, tá?

- Tá bom... Ei!

- O que foi?

- Obrigado, cara!

- Cala a boca e dorme! - falei sorrindo.

Não demorou muito e ele dormiu.

Ele tinha o sono muito pesado, mas nas condições em que ele estava, precisava descansar.

Só de ver que ele estava bem eu já me esqueci que estava cansado e com fome.

Vigiei o sono dele até que o médico que eu vi na recepção entrou.

Gelei na hora e fiquei olhando ele se aproximar. Parecia câmera lenta!

Ele era lindo e de jaleco então...

Ele chegou e disse:

- Ele está bem?

- Bem... você é o médico; você é quem sabe!

- Haha... não; quis perguntar se ele reclamou de algo, ou acordou...

- É... ele acordou, falou comigo um pouco e voltou a dormir.

- O que ele disse? Não me importa o conteúdo, só quero saber se ele disse algo que faça sentido.

- Sim, sim; ele agradeceu por eu ter ficado.

- Mas você tinha que ficar mesmo; ele não é seu irmão?

- Irmão? Não. Somos amigos.

- Ah é? Nossa! Olha; não diz isso a ninguém, tá? Senão, não te deixam acompanhá-lo, ok?

Merda! O que foi que eu fui dizer...

- Ok; obrigado por me deixar ficar.

- De nada! Vocês devem ser mesmo amigos, né?

- Muito. Ele mora em outra cidade, aí não tinha ninguém pra ficar com ele e a namorada está viajando, então eu tive que ficar

- Ah... ele tem namorada?

Ele perguntou aquilo como se tivesse muito interessado no assunto. Não entendi.

- É, ele tem, mas ela vem só mais tarde.

- Aí você vai embora?

- Bem... vou pra casa porque estou morrendo de cansaço e fome, mas volto pra ver como ele está; a propósito, ele está bem? Vai voltar a andar? As pernas dele estão muito machucadas? Quando ele vai ter alta?

- Calma, calma! Se você faz faculdade, com certeza é jornalismo; você sabe fazer perguntas, garoto!

Morri de vergonha.

- Haha! - ri sem graça - Não, não; faço arquitetura, ou melhor, fazemos!

- Bem, ele está bem sim; os machucões na perna foram só superficiais,

quer dizer, ele teve fratura no fêmur, mas na cabeça dele está tudo ok. Eu perguntei se ele tinha falado coisa com coisa porque o capacete dele estourou na pista, mas o protegeu.

Mas as pernas... bem, por causa delas ele vai ter que usar gesso um bom

tempo e muletas.

Meu coração foi parar na boca. Imagina o meu sentimento de culpa! Coitado!

- Mas não se preocupe... seu amigo, ou melhor, seu irmão vai ficar

bem, relaxa.

Ele disse isso fazendo um carinho de leve nas minhas costas, tipo consolando.

- Eu me sinto culpado, ele só veio pra cá porque eu pedi... - ele me interrompeu.

- Você estava dirigindo os dois carros e ainda por cima em um dos carros você estava embriagado?

- Hã? Claro que não!

- E então? Como você pode ser culpado? Relaxa - acariciando minhas costas de novo.

Ele ficou me olhando fundo nos olhos, aí eu vi que os olhos dele eram azuis. Era manhã, mas a cortina estava fechada e estava meio escuro o quarto.

Ele ficou lá, com as mãos nas minhas costas e me olhando.

Eu estava ficando excitado e a beleza dele não ajudava muito eu me acalmar.

Nossa... ele era muito lindo! E estava me deixando sem graça.

Eu abaixei o rosto e pus a mão na mão do Vagner.

- Espero q ele melhore mesmo.

- A namorada dele e eles se dão bem?

Novamente não entendi o interesse dele no namoro do Vagner.

- Sim, nunca vi casal mais apaixonado; eles se amam muito; você morre de inveja só de ver os dois juntos; formam um lindo casal

- Pelo visto você vai ser o padrinho desse casamento.

- Haha; será? Torço muito pra dar certo pra eles.

- E você, não tem namorada?

Gelei na hora... de novo.

Ele estava me deixando muito sem graça e quase sempre ele arrumava um jeito de por a mão em mim; fosse no meu ombro ou nas minhas costas

A mão dele era grande, pesada e linda. Sempre fui louco por mãos de homens.

- Não, não tenho namorada, sou muito tímido!

- É, eu percebi isso.

Ele disse isso me olhando nos olhos mais uma vez, com as mãos nos meus ombros e com a voz baixa.

O fato dele ter falado baixo deixou a voz dele mais grave, grossa e eu me arrepiei.

- Bem, eu já vou indo... outros pacientes, você sabe.

- Olha, obrigado mais uma vez por me deixar ficar e valeu por cuidar tão bem dele.

- É o meu trabalho, garoto!

Adorava quando ele me chamava de "GAROTO".

Já tinha feito isso umas duas vezes.

- Eu sei.

- Bem, vou lá, e vê se se cuida você também - disse isso piscando o olho.

- Ah, ok, pode deixar.

Ele fechou a porta, mas abriu logo de volta.

- Ah... você vem de tarde? - ele perguntou, me olhando.

- Sim, provavelmente!

Ele saiu. Eu fiquei pensando nele, naquele corpo forte, no sorriso dele, nas mãos dele nos meus ombros e costas, a voz, o jeito de confortar, de se preocupar, sei lá, me senti bem com a presença dele ali, cuidando de mim, apesar de ser médico do Vagner... parecia que eu é que era o paciente, mas estava cansado e faminto, então sentei no sofá e logo dormi.

Eu acordava às vezes, mas muito cansado.

Percebi nessas acordadas que o médico vinha e olhava o Vagner, passava por mim, parava na minha frente por um tempo e saía. Várias vezes.

Lembrei de uma coisa: não perguntei o nome dele.

Bem, demorou um tempo e o médico não voltou mais. A não ser que eu

tenha apagado devido ao cansaço e a fome.

Só sei que depois de um tempo senti uma mão no meu joelho e outra no meu rosto. Senti um cheiro de café e acordei.

A primeira visão que tive foi um par de olhos azuis e profundos que me intimidaram e seduziram horas atrás.

Sim, era ele, o médico.

Fiquei olhando o rosto dele um tempo e pude notar outras coisas que eu adorava em homens: o rosto largo, cabelos caindo nos olhos, uma carinha de bebê, lábios grossos, mas não muito, maxilar saliente, covinhas nas maçãs do rosto e uma barba por fazer.

Acho até que por mais que ele faça a barba, sempre vai ficar uma coloração meio acinzentada; sempre achei isso muito sexy. Não sei se porque eu não tinha absolutamente nada de pelos ou sei lá o quê.

Ele era muito sexy.

Ele estava acocorado na minha frente e eu sentado, todo largado no sofá.

A mão enorme dele pousada no meu rosto.

- Você está bem, garoto?

Eu estava muito mal; não comia há horas e estava com as minhas costas quebradas, não pensava coisa com coisa e não raciocinava direito.

- Garoto, eu estou falando com você. Você está bem? - falou com uma voz angustiada e eu balancei a cabeça fazendo sinal positivo.

- Toma. - levou o copo de café até o meu rosto. - Toma, isso vai te fazer bem. - eu nem me mexia, não conseguia. - Por favor, garoto; toma um gole de café!

Outro mistério do médico: eu não entendia a aflição dele em me fazer ficar acordado. Ele estava mais preocupado que o normal.

Vendo que eu não esboçava expressão nenhuma e estava quase morto ali, ele ergueu meu rosto, se levantou um pouco, mas ficou inclinado pra mim; pegou o copo de café e encostou nos meus lábios.

Eu senti o hálito quente dele no meu rosto. Eu podia até sentir a respiração ofegante dele. Acho que foi mais essas sensações que vinham dele, ao invés do café, que me despertaram.

Eu senti o queimor do café nos meus lábios e tomei aos poucos.

Ele me fez pegar o café com as mãos e ficou um tempo segurando o copo até ter certeza de que estava firme nas minhas mãos.

Depois disso, pegou um pacote de bolachas que estava no bolso do jaleco dele, abriu e me deu na mão.

Parecia um pai dando de comer a um filho, de tão mole que eu estava.

Eu comecei a comer as bolachas e fui despertando aos poucos. Quando dei por mim, tinha devorado todo o pacote.

Ele sorriu pra mim, todo contente .

- Viu? Não foi difícil. Você se sente melhor?

- É... - a minha voz sumia.

- Você não me parece bem. Espera. - e pôs a mão enorme dele na minha testa. - Como eu suspeitava, você está com febre. Passou a noite toda aqui, sem comer e sem cobertor... Volto logo.

Fiquei um tempo sem entender o que estava acontecendo e tentando me lembrar das palavras recém ditas por ele.

Lembrei que ele tinha me chamado de garoto de novo.

Não sei porque eu ficava tão bobo quando ele me chamava assim.

Olhei pra frente e vi o Vagner. Levantei e fiquei olhando um pouco.

O médico voltou logo e com uma coisa branca nas mãos.

- O que você está fazendo de pé? Senta - disse isso me ajudando a me sentar. - Toma, põe isso debaixo do braço.

- Tá gelado!

- É, eu sei, mas deixa aí, tá? - ele sentou do meu lado e ficou me olhando.

- O que é isso?

- Termômetro; é um aparelho que serve pra medir a temperatura dos corpos; ele funciona da seguinte maneira... - explicou tudo.

- Haha... eu sei o que é um termômetro.

- Viu? Te fiz rir. Você tem um sorriso lindo! Meio doente, mas lindo! Toma, te trouxe mais bolachas.

- Você está contrabandeando bolachas pra mim?

- Haha... você não está tão ruim assim; está até fazendo piada. Você é muito brincalhão, sabia?

Sim, eu sabia.

Só não sabia como é que o médico sabia.

Olhei para o lado e vi meu celular; peguei e vi um monte de chamadas não atendidas da Ana e da minha mãe; mas estava sem condições de retornar naquele momento.

Ainda que o meu humor estivesse voltando, eu estava malzão e ainda com

suspeita de febre.

Eu percebi que o médico queria me dizer uma coisa... quando a Ana e a mãe dela entraram no quarto.

- Cadê ele? Cadê? ah, você está aqui; nossa, que susto!

- Ana?

- Eu procurei por esse quarto o hospital inteiro... fiquei muito preocupada - ela começou a chorar e não disse mais nada.

- Você é a namorada? Olha, não precisa se preocupar mais... ele vai ficar

bem, quebrou alguns ossos, vai ter que engessar, mas nada de ruim

aconteceu. Mas por via das dúvidas a gente vai ficar de olho pra ver se

não ficou sequelas...

- Quando ele pode ir pra casa?

- Olha, ele ainda tem que ficar aqui mais um dia, porque as pernas dele ainda não foram engessadas; estamos esperando os ferimentos cicatrizarem mais; por enquanto só está nos talos de madeira. Mas não se preocupe, como o estado dele não é grave, você pode vir visitá-lo tranquilamente... Você e os amigos dele - disse isso olhando pra mim e eu corei na hora e baixei a cabeça.

A Ana estava muito preocupada, fazia muitas perguntas, conversou comigo, enfim, o barulho não foi tanto dentro do quarto, mas foi o suficiente pra acordar o Vagner.

- Que barulhada! - ele falou.

- Amor, você está bem? Está sentindo alguma coisa? A perna está doendo muito?

- Calma, eu acabei de sair de debaixo de um carro, não dá pra responder tantas perguntas.

- Ai Vagner, é sério!

- Realmente, você precisa ir com muita calma nas perguntas, tá parecendo

alguém que eu conheço - disse isso olhando pra mim de novo e de novo eu me encabulei e baixei a cabeça.

- Bom, vou deixar vocês mais à vontade, só preciso fazer mais uma coisinha.

Ele veio em direção a mim, que ainda estava no sofá, sentou do meu lado e se inclinou pra mim. Colocou a mão por baixo da minha blusa;

tomei um susto porque eu estava com febre e sentia muito frio, e mão dele estava bem gelada e, como eu já disse, era enorme.

Eu senti aquela mão pesada sobre o meu peito nu.

Ele passeou um pouco com a mão no meu tórax e pegou o termômetro debaixo do meu braço.

- Hum! É febre mesmo - disse alto - está quase 39º!

- Ai Benjamim, você ficou com febre?

- Poxa cara, você ficou aqui comigo...bem...vá pra casa descansar; e muito obrigado mais uma vez!

Eu não tinha forças pra dizer uma só sílaba, mas fiz um sinal positivo com a cabeça.

O médico ainda estava inclinado ao meu corpo e aconteceu algo totalmente inesperado: ele encostou de leve os lábios dele na minha orelha e senti úmida a boca dele.

- Encontra daqui a pouco no corredor comigo, quero falar uma coisa sobre o seu amigo.

Meu coração pulou forte e por muitos motivos: aquele homem tão sedutor, tão próximo do meu corpo; o meu estado de saúde não muito bem; os lábios dele encostados na minha orelha e um possível segredo prestes a ser revelado.

Ele saiu, mas antes cumprimentou a Ana e a mãe dela, deu algumas recomendações ao Vagner, dizendo que qualquer coisa era só chamar, mas que ele não faria o plantão da tarde, agora seria outro médico que o atenderia.

Quando a porta bateu senti um friozinho na barriga e aquilo com certeza não era por causa da febre.

A mãe da Ana perguntou se eu não queria que ela me levasse de carro pra casa e eu disse que não, que eu estava bem e que não precisavam se preocupar. Dei um abraço na Ana, dei um tchau pro Vagner e agradeci a mãe da Ana.

Sai finalmente. Queria saber o que de tão importante aquele homem que me deixava tão impaciente queria me falar.

Assim que fechei a porta do quarto, procurei no corredor o médico. De repente ouço um psiu, olho pra trás e vejo ele quase dentro de uma sala, no lado oposto do corredor, segurando uma porta e me chamando com a mão.

Eu tremi e a cada passo que dava sentia que não deveria estar fazendo aquilo. Achava a cada segundo que eu andava que eu deveria voltar, que eu ia me arrepender, mas eu queria saber o que ele tinha pra me falar do Vagner; talvez fosse sério, algo que ele não poderia me contar na frente da Ana.

É isso! Talvez por isso o interesse dele pelo namoro do Vagner.

Bem, eu fui chegando perto e vejo que ele começa a entrar.

Quando eu entro na sala, vejo que ela é pequena e que parecia uma dispensa; tinha muitas estantes com algumas caixas, alguns materiais médicos e algumas macas.

Estava meio escuro apesar de ser manhã e senti um cheiro de mofo quando entrei.

Toda essa descrição do que eu vi surgiu nos meus olhos e a percepção foi em questão de segundos.

Quando dei por mim, percebi que não estava vendo o médico.

Ouvi nessa hora o bater da porta e meu pés saltaram de susto e senti uma mão forte me puxando pela cintura.

Senti meu corpo sendo arremessado a uma parede e logo vi o rosto do médico, que vinha rápido na direção do meu rosto.

O peito dele pressionou contra o meu, as coxas dele ficaram entre as minhas, as mãos seguravam a minha cintura e quando tudo isso aconteceu, em questão de segundos, senti a língua dele dentro da minha boca.

Eu estava tão assustado que não consegui fechar os olhos.

Enquanto a língua dele passeava dentro da minha boca eu estava de olhos

arregalados.

Ele pressionava muito forte o corpo dele contra o meu; eu não pude evitar.

As mãos enormes dele, que ainda estavam na minha cintura, uma mão de cada lado, começaram a andar pelo meu corpo. Uma mão começou a acariciar as minhas pernas e a outra foi ao meu pescoço e depois foi pra nuca.

Ele começou meio que rebolar, mas pressionando os seus quadris e coxas em mim. Eu senti o abdômen dele sufocando o meu estômago; eu quase não respirava; a língua dele não estava mais contente em só passear dentro da minha boca, ela também começou a sugar-me lá dentro e lamber os meus lábios.

Como o beijo estava ficando mais violento, ele começou a movimentar mais o rosto e eu comecei a sentir as bochechas dele e a barba roçando no meu rosto liso.

Ele beijava bem, mas eu estava assustado, nunca tinha beijado um homem, até porque nem pretendia fazer isso um dia, e também ele estava faminto demais pelo meu corpo e eu não conseguia me mexer ou até mesmo respirar.

Eu comecei a ensaiar no peito dele com as mãos um empurrão, mas claro que eu não conseguia empurrá-lo, ele era muito mais forte que eu e além do mais, eu estava muito fraco e ainda estava com os olhos abertos.

Demorou um tempo e comecei a sentir o pau dele. Não que ele estivesse duro, mas de tanto pressionar o quadril dele contra o meu, eu comecei a sentir o volume e isso só me assustava mais.

Ele sentiu as minhas mãos no peito dele e percebeu que eu queria afastá-lo.

Ele se afastou e ficou escorado na parede com uma mão no lado esquerdo, próximo do meu rosto e a outra na cintura. Ele ficou lá só me olhando.

Juro que não entendi.

Ele não parava de me olhar.

Só me olhar era o que ele fazia. Olhava dentro dos meus olhos, dentro de mim. Ele tinha o poder de me despir só com o olhar.

Eu estava fraco, os músculos fatigados, moído da noite mal dormida, morrendo de fome e super excitado, mas morrendo de medo!

Ele não fez mais nada; respirou fundo um pouco e só... era como se ele estivesse esperando que eu fizesse alguma coisa.

Eu fiz.

Fui de leve com a boca na boca dele. Fiquei só encostando os meus lábios nos lábios dele e comecei a ficar ofegante, e ele também.

Ele começou a por as mãos em mim... uma na nuca e outra na cintura. Ele foi muito mais carinhoso dessa vez... a língua dele começou a acariciar os meus lábios e depois foi pro meu pescoço.

Eu não resisti, comecei a soltar gemidos, mas devido à minha fraqueza, eles eram baixinhos, pareciam soluços de tão baixos, mas o ouvido dele estava próximo. Com certeza ele estava ouvindo.

As coxas dele voltaram a roçar nas minhas e o quadril dele não parava quieto, mas dessa vez ele foi mais calmo e mais romântico.

Eu comecei a sentir o cheiro dele e a pele suando. Daí eu ouvi um barulho de uma rodinha atrás da porta, parecia uma cadeira de rodas ou uma maca.

Eu me assustei e ia afastá-lo de novo, mas ele...

- Não, amor... não para de gemer pra mim; você me deixa quente com esses gemidos!

- Ah!...eu...não...para!

- Não se preocupe; eu não vou parar.

Disse isso no meu ouvido e logo depois enfiou a língua dentro dele.

Eu estava com febre, imaginem o choque térmico e o susto que eu senti.

- Não, eu tô pedindo pra você parar, alguém pode vir!

- Ninguém vem aqui, relaxa - ele ja ia voltando com o corpo.

- Não... - pus a mão no peito dele.

Ele parou e ficou de novo me olhando, só que agora com um olhar mais examinador.

Ele pos a mão dele sobre a minha, que ainda estava no peito dele e começou a fazer carinho nela. Ele ficou me olhando de cima pra baixo.

- Você não está legal mesmo hein, garoto!

- Eu não me sinto bem, sei lá, falta ar, eu... - ofegava bastante - eu...ah! ah!

- Calma, relaxa - disso em tom baixo - eu estou aqui, vem cá.

Ele me pegou pelo braço e me levou pra perto de uma maca.

Eu sentei e fiquei lá.

Ele tirou o jaleco e ficou de camiseta branca. Vi que ele estava muito suado também e que a roupa colava no corpo. Deu pra ver o peito dele e os mamilos estavam salientes.

Ele veio de novo pra cima de mim e como eu estava quase desmaiando, não aguentei e fui deitando na maca, afinal eu não podia suportar o peso dele no estado em que eu me encontrava.

Ele foi subindo de leve e eu senti mais o corpo dele dessa vez, só que eu não queria beijo, quer dizer, eu queria, mas estava assustado ainda.

O primeiro beijo com um homem, dá ou não dá medo? Agora... e num lugar quase público, sentindo-se mal e com um homem que não para o corpo quieto?

Eu queria fugir dali, ou melhor, queria que tudo aquilo estivesse acontecendo em outra situação: eu bem de saúde, o Vagner bem do acidente, em outro local que não fosse o hospital...enfim.

Mas ele beijava bem, era como uma brasa de tão quente.

As mãos voltaram a percorrer o meu corpo e eu sentia mais o corpo dele, mesmo sem tocar com as mãos.

As mãos dele, por outro lado, foram para a minha virilha e depois pra minha bunda. Ele ergueu as minhas pernas e colocou-as abraçando a cintura dele.

Nessa posição ele fez o que queria. As mãos acariciavam melhor a minha bunda e depois ele levou uma das mãos até a minha nuca. Eu sentia o peso dele todo sobre mim e sentia o cheiro dele melhor.

A língua começou a me beijar como no primeiro beijo, ou seja, muito agressivo. Não que ele não estivesse me machucando, mas eu nem poderia competir porque a língua dele nem deixava a minha se mover.

- Geme pra mim, garoto, geme! - disse isso no meu ouvido e enfiou a língua na minha orelha.

- Não, para, é melhor; estou com medo!

Ele se levantou, pegou o jaleco e disse com uma cara de decepção:

- Mas eu já disse que não vem ninguém, garoto! Pode confiar.

- Estou com medo, eu nunca fiz isso!

- O quê? Beijar?

- Não! Homem, eu nunca - ele me interrompe.

- Você é virgem de homens? Ah, saquei tudo! Se você tivesse dito isso

antes, eu teria ido com mais calma. Olha, relaxa, - começou a abaixar o

tom de voz e foi se aproximando de novo - vai ficar tudo bem.

Nem preciso dizer o que ele fez, né?

Voltou a me beijar. Foi mais calmo, mas ainda assim me imobilizou. Ele não fazia de propósito, era porque ele era grande mesmo.

Os braços dele não deixavam eu me mover; parecia um brinquedo nas mãos dele.

As mãos, mais uma vez fizeram o mesmo percurso: uma na nuca e outra na bunda. Ele me beijou bem lentinho, eu até pude ouvir o barulhinho de beijo.

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Comentários

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3 estrelas até aqui. Quando puder, venha ler como o casado bundudo teve medo, mas, me deixou meter gostoso. Abs.

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Esse é o conto que aparece no conto o garoto e o saxofone não é?

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Esse contos está prometendo muito, esse médico é safadinho, adorei ele. Só não entendi o curso que Benjamim estuda, Serviço social ou Arquitetura? Ele citou os dois, mas isso é o de menos, o importante é ele se entregar ao médico.

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UAUUUUUUUUUUUUUUUUU. COM CERTEZA SERÁ MUITO BEM CUIDADO POR UM MÉDICO. RSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS MAS CREIO QUE A FEBRE VAI AUMENTAR.

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