Uma pequena tentação
Era uma manhã agradável e fresca de verão. Eu e minha esposa estávamos numa segunda lua de mel, no nosso aniversário de 10 anos de casados, e, em vez da loucura do litoral, escolhemos uma pousada bem distante no interior. Todo o ambiente era rústico: a casa de madeira, os móveis antigos, a cozinha e o entorno da casa que se resumia a grama, capim e florestas ao longe que inundavam as encostas de montes azulados pela bruma.
Nós fazíamos a nossa primeira refeição na sacada, do lado de fora da casa. Estava tudo perfeito. Os pássaros cantavam com vivacidade, a brisa carregava a umidade do orvalho e reinava aquele silêncio e tranquilidade que só se encontra em regiões retiradas. A única coisa que estava ruim ali... éramos nós.
Olhei para minha esposa, que levava a xícara a boca. Era loira com cabelos curtos á altura do ombro, olhos azuis, uma boca generosa com lindos lábios e um nariz afilado, conferindo-lhe um ar determinado e, talvez, um pouco dominador. Já fora muito atraente em outros tempos, agora, porém eu podia ver que sua expressão como um todo estava cansada, irritada, desiludida. Seus olhos haviam perdido o brilho e eu já percebera alguns fios brancos no seu cabelo. Ela tinha 1 ano mais que eu, de 35 anos, e achei que ainda era um pouco cedo para aparecerem. Devia ser o estresse. Tínhamos três filhos. Todos meninos, garotos que amo além do que consigo expressar, mas que haviam virado nossa vida de cabeça para baixo. Nunca passamos necessidades, eu tenho um ótimo emprego como gerente de uma rede de lojas de eletrônicos. Dinheiro nunca foi um problema que nos preocupasse ou trouxesse crise no nosso relacionamento. Agora, ela havia mudado tanto desde que o primeiro nascera que eu mal a reconhecia. É lógico que a atenção de uma mãe se volta devotamente para o seu filho, mas achei que nos continuaríamos tendo aquele laço forte e inseparável que nos unira até ali. Não foi o que aconteceu. Apesar dos presentes e surpresas que eu lhe fazia, para relembrarmos nosso amor, ela estava sempre distante e preocupada exageradamente com as crianças. Passaríamos 7 dias, só nos, nessa pousada. Deixara meus filhos com meus pais, que após alguns dias, os mandariam para ficar com os pais da minha esposa, para dividirem a carga. Enquanto eu estava feliz, despreocupado e aliviado por estar com ela sozinho, juro que em 3 dias que já estamos aqui ela não parou de perguntar como as crianças estão e nem conseguiu relaxar completamente, pulando a cada notificação de celular.
“Não deveria ter wifi aqui” – pensei desviando meu olhar dela que acabara de pegar o celular e levando-o ás florestas distantes.
Sempre achei que os casamentos acabavam em discussões e gritaria. O nosso está acabando em silêncio, num paraíso de calma. Que irônico, aquilo que nos planejamos para renovar nosso casamento se tornara a última pá que enterrava nosso amor. E ali ficamos, em um assustador silêncio. Silêncio de pessoas que estão juntas á 10 anos mas que parecem se conhecer tão pouco.
Enquanto eu comia desanimado um sanduíche ela falou.
- A Nicole vai passar uns dias com a gente. Eu a convidei.
Tive que fazer um esforço para não engasgar.
- Amor, é nossa segunda lua de mel! Como pode convidar alguém a vir aqui? Eu...eu não entendo...
Ela não respondeu, apenas se sentou mais ereta e ergueu o rosto resoluta.
- Já está feito. Nicolle está a caminho da estação. E eu simplesmente achei este lugar lindo e ela, como fotógrafa, vai saber tirar proveito desse lugar. Melhor do que nós, com certeza. Não sei porque fica tão alarmado, não estamos felizes aqui. Em lugar nenhum na verdade.
Seu olhar se perdeu ao longe. Eu a continuava fitando, e assim ficamos alguns minutos.
- Amor – comecei eu, indo direto ao ponto – Você não quer mais ficar comigo? Se você quer acabar tudo, podemos faze-lo. Você está sofrendo e parece que eu não estou ajudando em nada para aliviar seu sofrimento.
Ela me olhou, a expressão dela foi mudando, de endurecida para triste
- Eu não quero acabar com tudo...não agora...eu queria que...eu queria que...
- O que você queria?
- Eu queria que minha família se mantivesse unida. Só. Não queria perder isso, não queria estragar a infância dos meninos com uma situação tão conflituosa e negativamente marcante como um divórcio...
- Elsa. Escute. Me esqueça por um momento, esqueça as crianças e as nossas responsabilidades. O que você realmente quer?
Ela girou a caneca entre as mãos enquanto virava o rosto para as montanhas, tentando esconder uma lágrima que escorria.
- Quero ir pra casa.
Aquilo me deixou exasperado e bufei na hora. Ela percebeu minha irritação. Levantou-se rapidamente e atravessou a cortina em direção ao interior da casa, perdendo-se da minha vista.
Como era triste acabar assim. Eu ainda me aferrava a uma esperança tola de que poderíamos achar alguma formula secreta e perfeita que nos daria a capacidade de administrarmos a nossa vida conjugal, rotina de casa e nossos trabalhos cada vez mais exigentes. Queria que algo assim existisse, de verdade.
Terminei o meu café e entrei na casa, onde minha esposa terminava de lavar umas xícaras.
- Você quer que eu vá buscar ela? – perguntei resignado.
- Eu vou – respondeu, e foi só isso. Eu tendi em virar as costas e ir embora. Então num esforço de algo que já fora o mais natural do mundo a abracei por trás. Ela inclinou a cabeça nos meus ombros, mas seu corpo continuou rijo como o mármore da pia. Assim fora nosso sexo desde que chegamos também. Fizemos nos primeiros dias, desajeitados e distantes, como se nunca tivéssemos nos tocado antes. Nos últimos dias não fizemos questão de fazer mais nada, além de assistir filmes até dormirmos, um dos poucos costumes que restaram da nossa época de namoro.
Eu me virei e decidi andar um pouco lá fora, pra aliviar meus pensamentos. Coloquei galochas grossas e saí andando pela grama molhada, sem rumo certo.
Quando minha esposa falou de Nicole, de fato fiquei alarmado por ela ter convidado alguém para invadir o nosso lugar secreto, nosso retiro que para mim era inviolável. Mas tinha mais uma coisa. Algo que eu nunca contara para ela.
Quando ela completou 18 anos e estávamos no seu aniversário, ela deu um jeito de ficarmos sós. Ela sempre gostara muito de mim e eu dela, numa relação normal de cunhados (quase de tio-sobrinha, por causa da diferença de idade). Aquela que já fora uma menina de cabelos bagunçados e choro fácil amadurecera assustadoramente. Agora, eu podia ver, era uma mulher tanto de corpo como de alma. Casualmente, me disse sorrindo que me amava e que estava sempre pensando em mim. Aquilo me chocou e não me causou graça. Fiquei sem responder por uns momentos, no final dos quais falei: “Eu sou casado com sua irmã, devia respeitar isso. Respeitar ela’’ Ela sorriu ainda mais e deu de ombros. “Eu sei que você é casado, mas isso não muda nada para mim, no momento certo... você vai ser meu” Ela parecia me devorar com os olhos enquanto falava. Sem palavras para responder aquilo e achando a situação como um todo muito desagradável, decidi virar as costas pra ela e voltar para o lugar onde o pessoal estava reunido no churrasco. Antes de sair olhei para ela e pude ver o sorriso dela de relance, zombeteiro e altivo, antes de sumir do meu campo de visão. Durante toda a festa seu olhar se cruzou com o meu e qual não foi meu constrangimento quando ela dedicou o primeiro pedaço de bolo para mim, justificado pela frase “Para o meu cunhado favorito” Eu aceitei o pedaço com hesitação, percebendo o diabo por trás daqueles olhos angelicais.
Depois desse dia, decidi me afastar o máximo que eu pude. Em vão. De tempos em tempos recebia mensagens dela, declarando o seu amor e me incitando a ficar com ela a todo custo. Me mandava selfies toda vez que ia sair para uma festa, me mostrando o que eu estava perdendo. Eu devia ter bloqueado ela na hora que começou, cortado pela raiz. Mas eu estava tão estressado na época, com o trabalho, o nascimento do nosso segundo filho e o mau humor gritante da minha esposa que acabei deixando tudo isso rolar. Era bom sentir que alguém me queria, aparentemente mais do que a pessoa que jurara me amar para sempre. Mas eu nunca respondia ela e fazia questão de apagar as mensagens do celular, como se aquilo só se tornasse realmente errado se eu respondesse, tornando-me cúmplice. Quando minha relação com minha esposa esfriou de vez ela repentinamente começou a desconfiar que eu tivesse uma amante e passou a revisar meu celular com frequência para o meu desespero, já que a irmã dela me mandava mensagens diariamente. Mas, por um milagre, Nicolle ficou em silêncio, e nunca mais nos falamos ou vimos. Eu a havia praticamente esquecido até agora, quando ouvi o nome dela saindo da boca da minha esposa.
Eu fiquei com muito medo do que poderia acontecer com ela por aqui. Será que continuava atrevida daquele jeito? Será que toda aquela conversa de amor havia passado? Eu, relativamente perto dos 40, não podia me permitir mais brincar com uma menina da idade dela. Daria um fim de uma vez por todas, embora eu esperasse que nada estranho viesse a acontecer e que um rompimento de relações não seria necessário. Já bastava estar praticamente rompendo com uma das irmãs, não queria ter que fazer isso com duas.
Absorto nesses pensamentos, fui pego de sobressalto pelo barulho do carro ligando. Vi minha esposa sair com o veículo que tremia bastante devido á oscilação do terreno. Logo desapareceu de vista.
Fiquei pensando que se minha esposa quisesse ela podia ir embora de carro pra casa e me deixar ali no meio do nada. Aquilo me causou graça, mas sabia que não ia acontecer. Elsa podia ser indiferente e as vezes irritada, mas não era cruel e nem egoísta a esse ponto. Na verdade, nunca fora, pelo contrário, era gentil e muito carinhosa...
Droga, eu gostava tanto dela...ainda gosto...queria tanto consertar as coisas...voltarem a ser como eram...
Depois do passeio fui até a sacada a fim de tomar mais um café e percebi que Elsa já havia deixado tudo limpo, impecável, como era do estilo dela. Além disso deixara a garrafa de café e ao lado uma xícara limpa para mim. Eu sorri pensando em como ela me conhecia tão bem. Ela era desse jeito, tinha uma enorme dificuldade para falar as coisas com palavras mas expressava com ações.
Sentei, me servi de um café e fiquei olhando aquelas pastagens infindáveis e as nuvens que se erguiam por cima das montanhas agora esverdeadas e tocadas pelos primeiros raios de sol. Um rio por perto, num plano de terreno mais baixo, fluía tranquilo e constante e eu podia ver as águas tremeluzindo através do capim agitado pelo vento. Respirei fundo. Como era libertador estar em um lugar assim.
O calor aumentou rapidamente e eu senti meu corpo suado depois daquela caminhada. Decidi tomar um banho. Foi um banho longo e bastante renovador. Sentei no amplo sofá e fiquei assistindo notícias até que ouvi novamente o som do carro ao longe. Fui até a porta e apoiei um ombro nela enquanto minha esposa estacionava o carro. Fiquei surpreso, pois ela estava sorrindo, algo que não via fazia muito tempo. Um sorriso sincero e livre. Bem, era a irmã dela afinal. Apesar da diferença de idade, ficaram muito unidas com o passar do tempo e, provavelmente, depois que nos afastamos lentamente de nossos amigos, se tornou a única pessoa á qual minha esposa confiava segredos e confidencias.
Elsa desceu do carro e caminhou em minha direção.
- Consegue nos ajudar com as malas? Eu acho que a Nic entendeu que ficaríamos mais 4 meses e não 4 dias.
- Tudo bem – disse eu, pego de surpresa por esse momento de humor vindo dela. E então, enquanto eu me dirigia para o carro, Nicolle desceu. Ainda bem que Elsa estava atrás de mim porque minha expressão deve ter sido bastante reveladora.
Ela tinha aproximadamente 1,50 de altura, de pele branquíssima e longos e claríssimos cabelos loiros que lhe caíam majestosos até a cintura. Seu rosto era bem pequeno e simples, mas extremamente belo nessa simplicidade. Um nariz pequeno e pontudo, olhos num lindo tom de azul acinzentado, delicadas sobrancelhas pretas, um queixo gracioso e uma boca de lábios compridos e carnudos, que não eram exageradamente desproporcionais a ponto de causar desconforto, pelo contrário, destacavam ainda mais sua beleza. E o corpo...bem o corpo dela era simplesmente um festival de curvas impossíveis. Mesmo sendo muito magra e pequena como um todo, possuía um corpo voluptuoso. Seus ombros eram delicados e elegantes, seu busto era modesto e a cintura...céus...a cintura dela era tão fina e graciosa que fiquei incrédulo por um momento. Então, descendo mais, essa cintura se ampliava naturalmente em um quadril largo e farto. Suas pernas eram grossas, por causa de treino, acompanhando o volume extraordinário do bumbum que pude perceber quando se virou de costas a fim pegar um chapéu que deixara no carro. Seus tornozelos eram fortes, mas não tão grossos e por fim tinha pés de bailarina, muito pequenos. Em resumo, era como contemplar uma boneca feita realidade.
Ela sorriu com os lábios para mim, revelando aquelas covinhas das quais eu lembrava muito bem e que, por todo o receio que eu tinha dela, nunca tivera coragem de dizer quanto as adorava.
Ela vestia uma faixa de cor marrom e sem alças sobre o busto, uma calça jeans branca e alta que lhe cobria o umbigo, botas pretas e um grande chapéu de palha que combinou maravilhosamente com seu rosto e cabelo.
- Oi cunhado – disse ela, segurando o chapéu do vento que soprava.
- Oi Nicolle – disse eu tentando me recompor. Não sabia bem como cumprimenta-la, mas ela logo apagou a incerteza ficando nas pontas dos pés, segurou meu rosto e me deu um beijo na bochecha bem devagar. Olhei assustado para trás. Elsa não estava ali mais. Lancei a Nicolle um olhar de reprovação. Ela simplesmente ergueu os ombros e deu uma pequena risada, antes de ir em direção á casa.
“Isso vai ser complicado” – pensei. Eu que ia cortar o mal pela raiz sucumbi na primeira tentativa.
Tive que descarregar três malas desnecessariamente grandes e ainda subir a escada para coloca-las no quarto de hóspedes no segundo andar. Tudo isso enquanto as irmãs conversavam sobre o balcão da cozinha, tomando um suco de limão fresco.
- Será que tem um pouco pro trabalhador aqui? – disse eu, após descer pela última vez as escadas e todo suado novamente.
- É claro – respondeu Elsa me servindo um pouco
- A estrada estava boa? Choveu um pouco ontem á noite.
- Havia um pouco de lama aqui e ali, mas foi tranquilo. Além disso, Nic estava no local combinado no horário. Isso é uma conquista.
- Sempre sou pontual – disse Nicolle juntando as mãos sobre as pernas cruzadas e imitando perfeitamente a postura e expressão de uma lady. Assim era Nicolle, muito brincalhona sempre. Sempre muito, muito boa em fingir...
Vendo-as assim, era engraçado perceber como, ainda que diferentes, elas possuíam aquela semelhança curiosa de irmãos. Nos pequenos trejeitos, nos detalhes do rosto, nos movimentos do corpo. Elsa sorria e parecia estar alegre e satisfeita.
“Será que estar sozinha comigo é tão insuportável assim?” – pensei eu, notando com tristeza que a semana romântica agora se tornara férias em família.
Depois de terminar o seu suco e de agradecer á minha esposa Nicolle subiu até o seu quarto. Disse que ia tomar um banho e que depois iria tirar fotos no campo. E de fato, logo voltou com a câmera na mão.
- Vamos? – perguntou ela a nós dois. Nos olhamos.
- Quer que a gente te acompanhe? – perguntei
- Lógico – e ela fez uma expressão de confusão no rosto – não vão me deixar sozinha não é?
- Eu não posso ir agora – disse sua irmã, seca - Preciso adiantar o almoço.
- Só vocês mesmo – disse Nicolle balançando a cabeça – Pagando para fazer tarefas domésticas. Da próxima vez escolha melhor cunhado, não faça minha irmã trabalhar tanto...
Eu ergui a mão protestando.
- Nós decidimos juntos que íamos...
- Ta bom, ta bom – cortou Nicolle, com uma careta encantadora
- Vai com ela – disse minha esposa – Cuida para que ela não caia em uma vala ou coisa parecida. Deus sabe como essa menina é desajeitada.
- Muito obrigada – respondeu Nicolle comprimindo os lábios, ela sempre fazia isso quando falava de brincadeira. Então sorriu pra mim, dentes brancos e perfeitos – Então vamos, saia dessa cadeira.
Ela me puxou pelo braço e me obrigou a sair com ela. Eu achei aquilo divertido, embora não estivesse muito animado para andar de novo. Ela vestia uma leg preta por cima das botas e um cropped branco com alças bem finas que deixavam uma faixa curta de pele da sua cintura enxuta á mostra que eu pude admirar bem enquanto embaixo dessa faixa o seu quadril avantajado se movia com graça. O seu cabelo loiro, quase branco, caía perfeito e liso sobre as costas e as vezes tocava quadril no movimento. O rebolar no andar de Nicolle era tão insinuante que jurei que ela estava fazendo de propósito
- Acha que aqui é um bom lugar? – perguntou para mim. Havíamos vencido uma subida longa e cansativa. Dessa pequena elevação dava para ver bem os campos ondulantes, repleto de banhados e capim, descendo até as florestas perto das montanhas.
- Gostei da vista – comentei, sincero. Ela sorriu e começou a tirar fotos. A prática a deixara bem habilidosa e lhe conferira aquela naturalidade do profissional. Eu seguia seus movimentos com atenção. Logo meus olhos se desviaram lentamente de suas mãos para o seu corpo, admirando sua forma, examinando os detalhes. Suas costas tão pequenas, sua cintura, seu bumbum, suas pernas, o corpo todo e...balancei enfaticamente minha cabeça para afastar esses pensamentos. Por que Nicolle me despertava tanto desejo agora? Eu já sabia que ela era louca e obcecada por mim e que eu precisava ficar os mais longe dela possível. Então por que não conseguia parar de reparar nela e de imaginar coisas?
Ela não falou muito enquanto tirava fotos. Depois de testar vários ângulos e eu começar a ficar um pouco cansado, ela chegou perto de mim olhando para a câmera. Por baixo do chapéu sua testa brilhava de suor.
- O que você acha dessas? – me perguntou com uma unha entre os dentes. Eu cheguei perto e olhei. Pareciam ótimas, perfeitas na verdade.
- Parece que o lugar ficou mais bonito nas suas fotos do que presencialmente – ela riu colocando a mão pequena sobre meu braço.
- Que homem exagerado
- Não, de verdade. Estão lindas. Você tem um dom pra isso.
Ela então ficou olhando pra mim, a cor dos seus olhos escurecidos pela sombra do chapéu, e um sorriso lindo e caloroso foi se formando no seu pequeno rosto.
- Você é muito fofo. Um elogio seu vale muito pra mim – e ela tomou a minha mão acariciando-a. Eu suspirei e retirei a minha mão o mais gentilmente que consegui.
- Eu acho que... – comecei, pronto para dar o sermão definitivo.
- Porque você não tenta? – perguntou tirando a faixa da câmera do seu pescoço e oferecendo-a pra mim. Percebendo meu rosto confuso ela fez um gesto com a cabeça indicando a paisagem.
- Ah não – disse eu – Não quero...na verdade não saberia tirar...mas Nicolle eu preciso te falar que...
- Não se preocupe – respondeu ela, evasiva – Eu vou te ajudar.
Eu suspirei e parei falar, não tão decidido assim quanto o que falar para ela. Se é que, no fundo, eu queria falar alguma coisa do tipo. Posso afirmar que tirei as fotos muito desajeitadamente. Ela ria e eu gostava da sua risada. Até mesmo eu ri um pouco.
- Você precisa pensar no ângulo e na iluminação. Se concentre – e tirei mais algumas fotos, porém, quanto mais o sol subia, mais o calor se tornava insuportável.
- Nicolle, está ficando muito quente, vamos para baixo daquelas árvores – e apontei para um local com arbustos e árvores fechadas.
Chegamos ali e nos sentamos, deliciando-nos da sombra que as copas balançantes nos brindavam.
- Não trouxe água – lembrei, me reprimindo. A casa não estava nada longe, mas não estava disposto a voltar agora.
Nicolle sentada ao meu lado olhava suas botas. Ela se virou para mim e me olhou por um instante.
- Você parece tenso
- Acho que foram as fotos- disse eu passando a mão no meu pescoço.
- Você estava nervoso por tirar fotos de grama? – o humor dela era sempre cáustico.
- Estava nervoso para não derrubar sua câmera, que custa uma fortuna.
Ela se levantou e ficou de joelhos atrás mim.
- Eu acho que você precisa relaxar – disse ela. Então senti as suas mãos acariciando meus ombros e começando a massageá-los. – por favor. Relaxe.
Suas mão eram tão suaves que eu suspirei satisfeito. Estava realmente ficando bem relaxado. E então senti. Algo que fez todo o meu corpo estremecer. Senti a respiração dela quente no meu pescoço antes dela começar a beija-lo.
- Eu vou te ensinar a relaxar bem gostoso– Sua voz era uma mistura misteriosa de suavidade com o ronronar de um gato. A cada beijo eu sentia meu corpo arrepiar... e estava começando a ter uma ereção. Suas mãos começaram a desabotoar os botões da minha camisa, deslizando-os pelo meu peito e indo pra baixo. E eu me levantei de um pulo.
- Nicolle! – gritei, eu ofegante. Ela ficou de joelhos, petrificada na mesma posição e olhando para mim com apreensão e curiosidade.
- O que foi? Você me assustou...
- Você...a gente... precisa parar com isto. De verdade. A Elsa está aqui ao lado, ela poderia ter vindo e dado de cara com a gente.
- Era uma possibilidade.
- Sim, uma terrível possibilidade. Principalmente para mim. Por favor, você precisa parar, eu amo a minha esposa, não posso fazer isso.
- Sim – disse ela sorrindo – você é um exemplo de esposo. Tenho certeza que não erra nem em pensamento por amor a ela.
Eu suspirei.
- So me prometa que vai parar.
Ela ficou de pé, usando o chapéu de palha para espalhar a grama grudada nas suas pernas.
- Essa é a única coisa que eu não posso fazer e nem vou fazer. Você vai ver, no final você vai ser meu. Eu nunca vou desistir. Sabe por que? – e ela se aproximou de mim, colocando sua mão sobre meu peito nu – Porque eu sei, que no fundo, você me quer também.
Ela tentou se aproximar mais, com aqueles olhos famintos, e eu senti todo o calor do seu corpo. Aquele raríssimo e maravilhoso corpo...
Eu a afastei, dei as costas e fui para casa, abotoando minha camisa, ruborizado e irritado. Aquela subida na ida agora era, logicamente, uma descida de volta. E tinha que descer com cuidado, para não escorregar ou cair.
Finalmente passei pela cerca de madeira e Elsa me viu, com um pano de prato sobre seu ombro. Percebi ela olhando atrás de mim.
- Onde está Nicolle?
- Já está vindo – respondi. Minha esposa chegou perto de mim.
- Você está bem? Parece agitado.
- Está tudo bem – segurei suas mãos e as beijei – Eu preciso tomar um banho, já desço pro almoço.
- Tá bom – respondeu Elsa, com dúvidas em seu olhar.
Subi, tirei minhas roupas rapidamente e entrei no banho. Tentei tirar a imagem de Nicolle da cabeça mas não conseguia. E estava difícil controlar meu membro que insistia em reagir ás lembraças dela
Coloquei um shorts apenas e desci para comer. Lá, a mesa estava servida. Parecia tudo delicioso. Porém vi minha mulher com uma expressão muito séria e Nicolle sentada ao seu lado, parecendo abalada.
- Está tudo bem? – perguntei a elas.
- Claro que não – disse minha esposa – Nicolle me disse que vocês discutiram no caminho e que você gritou com ela.
Estupefato eu olhei para a irmã mais nova, que fitava o chão, entristecida
- Nicolle – comecei – Isso é mentira, você sabe...
- Você não gritou comigo? – perguntou, levantando a cabeça. Aquilo eram lágrimas?
- Bem, sim...mas...
- Ela me contou – continuou Elsa, mais enfática depois da minha admissão – que você estava irritado por causa do calor e queria voltar logo perdendo a paciência com a demora dela.
- Não – protestei – Isso nunca aconteceu. Nicolle, de verdade...
- O que aconteceu então? – perguntou ela. Aproveitando que sua irmã me olhava, sorriu com malícia – Diga, o que aconteceu la?
Contar o que acontecera ou inventar uma outra história era perigoso demais, e Elsa não era boba. Nicolle então piscou pra mim, como se me indicasse que devia continuar a mentira que ela começara. Eu fiquei olhando pra ela e levei meus olhos para Elsa antes de responder.
- Foi...isso mesmo – admiti, um pouco indeciso.
- E porque você não me disse nada disso quando chegou? Porque sempre fica escondendo coisas?
- Eu não queria falar...só isso.
- Francamente – desabafou Elsa – A menina acabou de chegar e você trata ela desse jeito. Você sabe como ela te adora. Parece que não te conheço mais. Irritado e instável eram duas palavras que achei que nunca iam te definir.
Decidi não responder a isso, por mais vontade que tivesse, já que eu me propusera a não discutir com ela nessa viagem. Apenas queria fazer a refeição e ficar um pouco sozinho: me sentia desconfortável. Porque Nicolle mentira? Pra que inventar essa história? Apenas para Elsa me recriminar ainda mais do que faz normalmente. Eu precisava perguntar a ela pessoalmente quando a oportunidade surgisse.
O almoço foi silencioso e estranho. Elsa trocou algumas palavras com Nicolle sobre os pais delas, mas nada além disso. Era uma pena ter a crescente certeza de que Elsa não me queria por perto e a comida (que parecia deliciosa) perdeu o sabor. Comi pouco e saí da mesa.
A tarde passou rápida. Eu passei boa parte do meu tempo lendo e olhando o celular. As meninas estavam na cozinha, preparando biscoitos ou algo parecido e em nenhum momento consegui ficar a sós com a Nicolle. Depois de fazer uma vídeo chamada com as crianças, as duas me avisaram que iam sair passear em direção ao lago que ficava atrás da casa. Eu perguntei se elas queriam companhia e me responderam com um grande não.
“Ótimo” pensei “Perdi minha esposa para a irmã dela”
Tomamos um café da tarde recheado. Acho que o passeio melhorou os ânimos das duas e esperava que já não se ressentissem tanto comigo (por algo que eu nunca fizera). Inclusive pedi desculpas de mentira para Nicolle e tudo ficou bem melhor.
No final da tarde o céu se fechou e veio uma forte pancada de chuva. Junto com ela um ar frio soprou na casa e a temperatura caiu consideravelmente. Elsa, que odiava frio, vestiu uma blusa leve. Enquanto, na varanda, observávamos a chuva cair abracei Elsa e conversamos bastante, como fazíamos antigamente. Eu acho que conseguimos fazer algum progresso, naqueles curtos momentos, e pude ver em seus olhos que ainda apreciava minha companhia, apesar de também carregarem outros problemas consigo. Eu acariciei o cabelo dela e nos beijamos. Sorrimos um pro outro. De canto de olho, pude ver Nicolle, na balcão da cozinha, olhando para nós atentamente.
A noite foi chegando e nos nós aconchegamos no sofá. Decidimos que iriamos a assistir um filme. Elsa trouxe uma coberta da cama, que eu achava desnecessária, mas para a qual tive que ceder.
- Vem Nicolle – disse Elsa animada – Vamos escolher um filme.
Nicolle chegou no sofá vestido um cropped e shortinho de dormir. Mais nada.
- Gostam de terror? – pergunte
- Terror não – disse minha irmã – Por favor, escolham outra coisa.
No final achamos um filme de ação genérico, que eu particularmente odeio, mas que as irmãs pareciam gostar. No decorrer do filme Elsa se apoiou no meu ombro e Nicolle ficou parada, atenta ao filme. Comecei a lembrar das mãos de Nicolle. Dei uma olhada nela. O corpo minúsculo e perfeito, o rosto sem defeitos esculpido a mármore, e vastos cabelos loiros caindo sobre ela. Eu afastei meus olhos e quis afastar meus pensamentos também, canalizando-os para o lugar certo. Depois de uma tarde tão boa com minha esposa eu queria ficar com ela na cama, para namorarmos e quem sabe transarmos. Eu me virei pra falar pra Elsa para subirmos quando percebi, para minha frustração, que ela tinha dormido pesadamente sobre meu ombro.
Depois de uns minutos, entre cenas de perseguições de carros e o respirar quente da minha esposa no meu pescoço ouvi a voz de Nicolle.
- Elsa dormiu?
- Sim – respondi.
- Ótimo
O rosto de Nicolle se iluminava e obscurecia com os flashs e imagens rápidas provindas da TV. Percebi que estava sorrindo, aquele sorriso obscuro, doentio. Sem aviso eu percebi a mãozinha dela, por baixo das cobertas acariciando minha cueca.
- Nicolle! – disse eu, alarmado e de olhos arregalados. Ela respondeu fazendo o sinal de silêncio e apontando para minha irmã. Lentamente a mão dela se enfiou dentro da cueca e segurou o meu membro que estava endurecendo rapidamente.
- Eu sabia – disse ela com satisfação – Sabia que ele não era pequeno...
Ela começou a envolver meu pênis ereto com sua mão e fez o movimento, pra cima e pra baixo bem devagar. Eu fechei meus olhos, para minha vergonha, curtindo esse momento. Quando ele ficou totalmente rijo Nicolle sumiu para debaixo da coberta. Ela se ajoelhou no chão e senti, estremecendo, a língua dela, subindo bem devagar desde a base até a ponta. Eu ergui um pouco a coberta, curioso, e vi o rostinho angelical dela beijando a cabeça do meu membro e, quando me viu, mordeu o lábio pra mim. Eu olhei para o lado: minha esposa continuava dormindo. Nicolle passou a língua bem devagar na cabeça, como se estivesse chupando um sorvete. Então senti o calor da sua boca envolvendo meu pênis e seus lábios molhando ele. Ela começou com calma, fazendo movimentos lentos e suaves. Mas logo ela começou a chupar com intensidade cada vez maior. Fiquei assustado de perceber que ela quase engolia meu membro completamente. Na insanidade libidinosa cada vez maior ela afundou as suas unhas na minha perna enquanto a boca dela trabalhava sem parar, pra cima e pra baixo. Ela não queria se deter, parecia possuída e completamente faminta. Eu lançava olhares para minha esposa que continuava dormindo, mesmo com meu corpo se movendo tanto. Depois de uns minutos veio a explosão de prazer e senti todo meu corpo caindo num estupor e relaxamento delicioso. Quando ergui a coberta vi Nicolle terminando de limpar tudo com a língua dela. Ela engolira absolutamente tudo. Ela beijou meu pênis antes de sair de baixo da coberta e se sentar ao meu lado novamente. Estava suada, ofegante e com o rosto fogoso. Seus cabelos estavam desalinhados. Olhou para o teto e sorriu com os olhos fechados, tentando recuperar o ritmo da respiração.
A medida que o prazer da ejaculação foi passando eu fui me sentindo cada vez mais culpado e sujo por ter deixado aquilo acontecer, ainda mais do lado da Elsa. Que loucura!
- Está satisfeita? – perguntei pra ela, aparentemente irritado mas no fundo, odeio admitir, encantado com a situação sórdida.
Ela me olhou. Olhos fixos e profundos. Olhos indomáveis, não totalmente satisfeitos. Aproximou seu corpo de mim, abraçou meu braço e aproximou sua boca do meu ouvido.
- Só vou estar satisfeita – disse, com aquele ronronar infernal – Quando você for todinho meu. Só vou estar satisfeita, quando eu cavalgar em você até o amanhecer – ela pressionava seus seios contra o meu braço e eu percebi a ponta deles ficando endurecidos – So vou estar satisfeita quando eu sentir ele bem grosso e forte me rasgando e quando você gozar dentro de mim, me enchendo de leite até a última gota. Aí vou estar satisfeita – Ela sorriu pra mim, brilhando de suor e beijou meu rosto. Eu olhei pra ela, cada palavra martelando na minha cabeça. Tive que me conter para não deixar a imaginação me levar a fazer uma loucura ali mesmo.
- Bom – falou Nicolle alisando seus cabelos – vou pra cama. Se acabar adormecendo agarrada ao seu braço minha irmã pode ficar com ciúmes – e limpou um canto da boca com o polegar – Depois me conte como termina o filme.
Ela se foi bem rápida, descalça e desinibida, aquele bumbum farto tremendo enquanto andava.
Eu encostei minha cabeça no sofá e respirei
“É serio tudo isso que aconteceu agora?”
Olhei para o lado. Elsa continuava dormindo e dormindo....