Na semana seguinte eram as provas finais, eu estava bem, costumava estudar durante o ano para não ficar com pendências no final.
Foi um alívio quando chegou ao último dia de aula e eu pude finalmente terminar meu 2º ano do ensino médio, aquela escola passaria a fazer parte das minhas lembranças, algumas maravilhosas e outras nem tanto.
Depois do encerramento do ano letivo, preparei toda a papelada para a minha transferência na outra escola em BH, a qual ficaria perto da casa onde ia morar.
O momento atual da minha vida era de mudanças, no fundo do meu coração sentia que se permanecesse na cidade, ia me ferir ainda mais do que já estava e as coisas aconteciam rápidas demais, era um golpe atrás do outro.
Fiquei tão envolvido que não consegui mais encontrar com Diego, ele me ligou avisando que ia viajar para o Nordeste com sua família e queria aproveitar para descansar.
Com a viagem do Diego, não estava muito animado para as festividades do natal, meus pais e meu irmão estavam em função do trabalho que era muito movimentado nesse período e como não tinha muito que fazer, eu resolvi ajudá-los.
No domingo antes do natal lembro que trabalhei todo o dia, foi estressante, muito movimento. Retornei pra casa era tarde da noite, tomei um banho e fui deitar, estava quase pegando no sono quando alguém bateu a porta.
- Oi mano posso entrar?
- Entra Aline.
Ela veio e beijou meu rosto enquanto eu sentava na cama.
- Está cansado?
- Bastante, muito movimento no mercado.
- Eu quero falar com você um assunto muito importante e queria que soubesse antes de comunicar a todos.
- O que você quer?
- O Roger e eu, nós vamos nos casar.
A notícia não me pegou de surpresa, no fundo já esperava que isso fosse acontecer, a mãe de Roger o pressionava para esse casamento e ele ouvia muito os conselhos da mãe.
Não tive o que dizer para Aline, a resposta eu via diante de meus olhos com sua barriga começando a dar sinais visíveis de que tinha uma vida respirando em seu ventre e o Roger era responsável por isso.
- Eu vim te contar pra você não ser pego de surpresa.
- A mamãe e o papai estão de acordo?
- Não, mas eu não posso pensar neles, estou pensando no meu filho e também gosto dele.
- A vida é sua, faça dela o que bem entender, foi à única coisa que consegui dizer.
- Eu sabia que você ia entender, eu te amo muito mano.
- Você está ciente que está tomando uma decisão que poderá te trazer sofrimentos?
- Eu sei, mas quero arriscar.
- Você está mesmo decidida e eu só posso desejar boa sorte.
- Dia 24 vou fazer um jantar aqui em casa para comunicar nossos pais e o Tiago.
- Eu não vou estar presente.
- Natal é um momento de passar em família, eles ficarão tristes e com certeza vão me culpar por sua ausência.
- Não se preocupe, eu converso com eles.
- Você disse que me perdoou, mas sinto que continua magoado comigo.
- Não é isso, tenta entender a minha situação, eu não vou me sentir bem e a mãe do Roger não gosta de mim.
Aline começou a chorar, ela estava sensível, não sei se era por causa da gravidez ou se estava preocupada que sua relação com Roger não desse certo.
- Não fica assim, eu gosto muito de você e não quero vê-la sofrendo.
- A nossa relação de irmãos nunca mais vai ser a mesma?
Não soube dar a resposta que ela queria. Aline estava em busca de respostas que eu não tinha, era tudo muito confuso ainda, sentia algo muito forte pelo Roger e também já não sabia mais se era amor ou raiva.
- Eu te amo muito é tudo o que eu posso dizer agora.
Abracei-a e foi o máximo que pude fazer.
Aline saiu do meu quarto e em silêncio no escuro chorei por tudo que estava acontecendo.
No dia seguinte procurei Rafael, mas eles estavam de saída para visitar alguns parentes que eu não conhecia, foi então que liguei para Laura.
- Não acredito! É você mesmo que está me ligando?
- Eu mesmo, porque o espanto?
- Você nunca me liga que milagre é esse?
- Estou querendo matar a saudade.
- Advinha onde estou?
- Nem imagino, em casa?
- Estou em Guarapari.
- Tudo de bom então, eu achei que você estivesse em BH.
- Em BH está muito sem graça, mas porque você perguntou?
- Queria passar o natal com vocês.
- Se você quiser tem uma chance ainda.
Ela falou e começou a rir.
- Que chance sua boba?
- O Ju vem amanhã no final da tarde, se quiser posso avisá-lo para esperar por você.
- Não quero atrapalhar o Juliano.
- Quer que eu ligue pra ele?
- Não, ele não vai gostar, esquece Laura.
- Pena, seria uma boa você passar o natal conosco aqui na praia.
Diante da resposta de Laura, tratei em me conformar de passar o Natal em casa e enfrentar o Jantar de Aline e Roger.
Fui para o mercado trabalhar, lá ainda era um dos lugares que eu me sentia bem. No final da tarde estava concentrado no trabalho quando meu celular começou a tocar, era um numero que não conhecia, mas só poderia ser invenção de Laura.
- Alô.
- Porque você dispensou minha carona?
- Oi Ju tudo bem? Isso é invenção da Laura.
- Só vou ficar bem se você aceitar o convite.
- Eu nem falei com ninguém e já está tarde nem sei se vou conseguir passagem.
- Consegue sim, acabei de ver com a Rodoviária e eles estão vendendo passagens extras.
- Não falei com ninguém e não posso sair assim.
- Deixei pra ir dia 24 ainda tem tempo, estou esperando.
Juliano desligou o telefone e nem me deu conversa. Era dia 22 final de tarde, pensei no que fazer e fui à única pessoa que poderia me ajudar.
- Oi Tiago, posso falar com você?
- Seja rápido, porque estou ocupadíssimo.
- É rápido.
- Então fala.
- Eu não quero passar o natal aqui por causa do jantar da Aline e do Roger.
- Já pensei nisso, é chato mesmo, mas o que você pretende fazer?
- A Laura me convidou pra passar o Natal com eles e eu quero ir.
- Você quer que eu fale com a mamãe e papai?
- Eu falo com eles, quero que você me ajude com as passagens.
- Vou reservar uma passagem pra você e se eles liberarem eu compro.
- Valeu maninho.
- Só tem uma coisa.
- o quê?
- Você vai me ligar, quero saber tudo, aonde vai? Com quem vai? Não pense que está livre.
- Tudo o que você quiser.
Falei com meus pais e meio a contragosto me deixaram viajar, Tiago comprou minha passagem conforme tinha prometido. Viajei as seis da manhã e no inicio da tarde já estava em BH.
Cheguei à rodoviária e não tinha ninguém, na hora entrei em pânico, será que o Juliano tinha me aprontado uma cachorrada também? Fiquei esperando e nada. Já estava pensando mil coisas e eu ali parado em meio ao tumulto das pessoas que se aglomeravam para viajar.
Eu tinha saído de casa pela manhã, estava com fome, resolvi entrar numa lanchonete para comprar um pastel e uma latinha de refrigerante, olhei ao redor, notei que tinha uma mesa vaga e sentei ali para comer.
Enquanto comia meu pastel e bebia meu refrigerante, observava o movimento da multidão que se formava na rodoviária. Fiquei pensando e imaginando o que faria, voltaria pra casa e enfrentaria o jantar de noivado de Roger e Aline? Não eu não ia me martirizar a este ponto, não tinha condições para isso, pensei em de repente ir para um hotel, mas eu era menor de idade, qual louco me daria uma hospedagem numa cidade grande daquelas.
Estava perdido em meus pensamentos, amaldiçoando o Juliano de todas as formas quando meu celular começou a tocar.
Eu estava com tanta raiva dele que cheguei a pensar em não atender ao telefone, mas não tinha outra escolha.
- Oi tratante.
- Já chegou? Perguntou ele calmamente.
- Estou quase montando barraca na rodoviária.
Ele deu uma risada e depois respondeu tranquilamente.
- Desculpa Sandro, eu estava na faculdade, mas já estou chegando ai.
- Obrigado por lembrar-se de mim.
- Eu nunca me esqueço de você, aguarda só mais um pouquinho que estou chegando.
Juliano desligou o telefone, mas eu estava tão chateado que nem disse nada.
Depois que falamos me perguntei, como ele tinha coragem de mentir descaradamente que estava na faculdade se era período de férias, como eu era bobo em acreditar nas pessoas, não era a toa que eu estava ali fugindo do meu passado.
Fiquei naquele bar sentado olhando o movimento por mais de cinco horas, já estava começando a escurecer e nada do Juliano até que num momento de distração alguém chegou perto de mim e falou ao meu ouvido.
- Sozinho gatinho.
Levei um susto e virei para a pessoa.
Era uma garota, assim que olhei ela soltou um sorriso da minha cara de espanto.
- Faz horas que você está aqui, vai viajar?
- Cheguei de viagem e estou esperando meu primo me buscar.
- Posso ficar te fazer companhia?
- Claro, fique a vontade, você vai viajar?
Vou para Guarapari passar férias?
- Que coincidência, amanhã eu e meu primo vamos para lá.
- Nossa, que bacana, se quiser podemos nos encontrar, eu tenho uma turma bem legal.
- Lá eu não conheço nada, mas os meus primos conhecem.
- Gostei de você, desculpa nem me apresentei, meu nome é Leticia.
- Prazer Leticia, o meu é Sandro.
- Pelo visto esqueceram de você, disse ela rindo.
- Meu primo já me ligou, disse que estava na faculdade.
- Deve estar enrolado no trânsito. Essa cidade está um caos, todo mundo viajando no feriadão.
- Que hora é a sua viagem?
- Meia noite, mas eu vim mais cedo, pois já esperava por esse tumulto.
Leticia era legal, passei mais de hora conversando com ela na mesa, trocamos telefone e combinamos de nos ligar no feriado.
Eu já estava até gostando de ficar ali parado sem fazer nada, a companhia dela era agradável até que novamente meu telefone tocou.
- Oi, onde você está?
Disse o nome do bar que estava e em seguida Juliano aproximou da mesa.
- Desculpa, eu me atrasei, disse ele vindo ao meu encontro e me estendeu a mão.
Achei muito estranho, ele não me abraçou e me tratou apenas cordialmente.
- Conseguiu companhia?
- Eu o vi sozinho aqui e como tinha uma cadeira vaga na mesa acabei fazendo companhia ao Sandro.
- Que bom pelo menos não ficou sozinho.
- Deixa eu me apresentar, meu nome é Leticia.
- Muito prazer, Juliano.
- O Sandro me disse que vocês vão para Guarapari?
- Vamos sim, amanhã pela manhã.
- Passei meu telefone pra ele, se vocês quiserem podemos nos encontrar por lá e combinar algo.
- Podemos sim, você me desculpa, mas eu estou cansado e não vejo a hora de voltar pra casa, foi um prazer te conhecer.
Juliano e eu saímos, ele estava diferente comigo, parecia distante. Quando estávamos nos dirigindo ao estacionamento onde estava o carro dele, recebi uma mensagem da Leticia. “Seu primo é um gatinho”, olhei aquela mensagem e tive vontade de cair na risada, mas ao mesmo tempo achei ela muito oferecida, mal o cumprimentou e já estava se engraçando para o lado dele.
Chegando onde estava o carro ele voltou a falar comigo.
- Fiz você esperar muito tempo?
- Foram quase 7 horas, mas isso nem foi nada, falei sério.
- Desculpa, disse ele rindo enquanto abria a porta do carro.
- Tudo bem, mas você está em debito comigo.
- Passei aqui antes de ir à faculdade, mas você ainda não tinha chegado e eu não podia perder a aula.
Agora é período de férias, como você tem aula?
- Estou fazendo intensivo numa cadeira.
- Já estou mais conformado que precisei passar uma tarde esperando naquela lanchonete.
- Pelo visto estava bom, a Leticia me pareceu uma bela companhia, disse ele ligando o carro e dando partida.
- A companhia era ótima, mas não é o meu perfil.
Ele olhou pra mim e deu um belo sorriso.
- E o Tiago?
- Está bem porque perguntou por ele?
- Ele já me ligou duas vezes, está preocupado com você.
- Depois eu ligo pra ele.
- Eu nem estou acreditando que você está aqui?
- Meu último refúgio.
- Está fugindo de alguém?
- Tem horas que é necessário.
- Não precisa me dizer nada, eu entendo bem o que você está sentindo.
- Você já foi traído?
- Infelizmente já.
- Como você superou?
- Levantando a cabeça e olhando pra frente.
- Sem sofrer?
- Alguém consegue alguma coisa sem sofrimento?
- Você parece tão dono de si.
Ele deu uma risada e depois ficou sério.
- É apenas uma máscara.
- Preciso de uma assim, porque não estou sabendo lidar com isso.
- Tenho que cuidar bem de você.
- Não sabia que eu era tão especial assim?
- Laura me recomendou você muito bem e seu irmão também está preocupado.
- Preocupado com o quê?
- Que você faça alguma loucura.
- Não sou disso.
- Foi o que disse a eles, às vezes você comete algumas burradas, mas quem não erra?
- Você não foi mesmo com a cara do Diego.
- Aí que você se engana, eu não conheço o Diego, mas não desejo mal a ele.
- E quem disse que estou fazendo mal a ele?
- Vamos esquecer esse assunto, por favor?
Era algo da personalidade do Juliano que eu ainda não conhecia, mas ele estava sendo legal comigo, resolvi me calar e seguir o caminho para o apartamento da tia Joana em silêncio.
Durante o restante da viagem ficamos calados até que entramos no prédio, ele entrou e ao passar na portaria cumprimentou o porteiro, pegamos o elevador e fomos para o 5º andar.
- Desculpa se fui grosso com você, disse ele enquanto subíamos para o apartamento.
- Eu que peço desculpas por ter falado no Diego.
- Está com fome?
- Um pouco, comi um pastel e tomei um refrigerante.
- Mas não almoçou, sem querer judiei de você, tadinho, disse ele rindo.
- O pior castigo foi ficar a tarde inteira sentado naquela lanchonete.
- Seja bem-vindo, espero que goste da minha hospitalidade, disse ele rindo assim que abriu a porta.
- Não se preocupa, até agora estou adorando, mesmo você me castigando.
Ele sorriu e já foi tirando o calçado ali mesmo na sala e ligando a TV.
- Não repara o meu jeito de ser, sou assim mesmo, a tia já está acostumada comigo.
- Fique a vontade você está em casa.
Ele era rápido, pegou os tênis e as meias que estavam no meio da casa e levou para a lavanderia em seguida retornou.
- Vou tomar um banho e trocar essa roupa, estou morrendo de calor.
- Eu também vou precisar de um.
- Vem comigo e traga suas coisas, vou mostrar o quarto do Junior, você pode dormir nele.
Fui atrás dele, o Juliano me mostrou o quarto do Junior, estava todo arrumadinho, coloquei minha mochila encima da cama e tirei meus tênis que estavam sufocando meus pés de tanto calor.
- Usa o banheiro do corredor, eu vou usar o da tia Joana que fica no quarto dela.
- Obrigado, você está sendo muito legal comigo.
- Fique a vontade e sinta-se em casa.
Ele deu um sorriso e saiu para o quarto dele.
Pequei minha mochila, escolhi uma roupa mais confortável e fui para o banheiro.
Tirei minha roupa e fui fazer minha barba com o barbeador que tinha trazido de casa, nessa época eu já tinha uns alguns pelinhos pelo rosto, não eram muitos, mas detestava vê-los crescendo e me irritavam.
Quando já estava fazendo a barba o Juliano bateu na porta do banheiro, era só o que me faltava, eu estava nu, o que ele queria? Foi então que ele falou do outro lado.
- Acho que nesse banheiro não tem toalha, vou te emprestar uma.
Olhei no banheiro e realmente não tinha toalha, fiquei atrás da porta e abri.
- Desculpa, tinha esquecido que às vezes não fica toalha nesse banheiro.
- Obrigada! Peguei a toalha da mão dele, fechei a porta e respirei profundamente. Ele estava sem camisa, não tinha um pelinho em seu peito era bronzeado pelo sol e se eu já estava com calor fiquei com mais ainda.
Fui para o box tomar banho, o vi apenas de relance e a imagem dele não saia da minha cabeça, seus mamilos estavam bem evidentes chamavam atenção não sabia se era carência, mas eu fiquei louco por bater uma.
Na hora não pensei em nada, apenas fechei os olhos e curti o momento, tive que ser rápido para ele não desconfiar.
Já aliviado tomei meu banho rapidamente, limpei tudo no banheiro, coloquei minha roupa e voltei para a sala. Ele ainda não estava possivelmente tomava banho, fiquei curioso para saber se ele também estava fazendo o mesmo que eu fiz, tive vontade de entrar no quarto e bisbilhotar, mas não tive coragem.
Também não sabia ao certo o que se passava na minha cabeça, não que eu estivesse apaixonado pelo Juliano, mas era algo que me atentava, como se fosse o efeito de uma bebida alcoólica agindo em meu corpo que fazia com que eu perdesse um pouco a razão e agisse por impulso.
Fiquei sentado no sofá da sala de olho na TV pensando se ele percebeu que eu tinha me masturbado no banheiro, que maluquice a minha, o que o Juliano ia pensar de mim? Não, eu tinha sido muito discreto ele não ia perceber, nem se escutasse atrás da porta.
Estava distraído em meus pensamentos quando ele retornou, deu um sorriso e escorou-se na aba do sofá em que eu estava sentado.
Ele olhou pra mim e acho que me entreguei.
- Tudo bem?
- Tudo, obrigado pela toalha.
Respondi todo atrapalhado e um calorão subiu para o meu rosto, ele não disse nada apenas sorriu e mudou de assunto.
- Vamos comer alguma coisa?
- Vamos, tem alguma coisa que eu possa ajudar?
- Acho que tem comida pronta, mas se não tiver posso fazer, disse ele rindo.
Eu ainda estava com vergonha pelo que tinha aprontado no banheiro, não conseguia encarar o Juliano de frente, algo nele me intimidava e me deixava sem saber como agir.
- Me acompanha até a cozinha, não gosto de cozinhar sozinho.
- Você gosta de cozinhar?
- Dou para o gasto, disse ele rindo.
- Eu não sei nada, mas preciso aprender.
- Se quiser posso te ensinar o que eu sei.
- Na minha nova casa?
- E porque não? Você se importa?
- Não, toda ajuda é bem vinda, o Diego também prometeu me ajudar.
- Então peça ajuda a ele, acho que nós dois ensinando não vai dar certo.
- Não me diga que você ficou brabo por causa disso?
- Vamos mudar de assunto, tem lasanha na geladeira, mas precisa assar, se quiser posso preparar um macarrão.
- Então eu prefiro provar o seu macarrão.
Na cozinha ele foi ágil, em poucos minutos já estava cozinhando a massa e preparando o molho. Enquanto ele aprontava a comida, fiquei olhando e analisando. Os gestos de Juliano eram parecidos com meu irmão, à maneira de ser e agir era muito semelhante, o fato dele não aceitar se quer falar do Diego lembrava muito as atitudes do Tiago quando era contrariado.
Ele viu que eu o observava, sorriu e perguntou.
- O que foi?
- Você é parecido com Tiago.
- Isso é bom ou é ruim?
- Em algumas coisas é muito bom, mas em outras é péssimo.
- Por falar nisso você ligou pra ele?
- Depois eu ligo.
- Se você não ligar, dou um puxão de orelha, disse ele rindo.
- Fique tranquilo, depois eu ligo senão levo uma bronca quando voltar pra casa.
- Está calor né?
- Muito.
Você se importa se eu tirar a camiseta?
- Não, você está em casa, fique a vontade.
Ele tirou a camiseta, seu corpo estava suado e com cheiro de sabonete, o calor realmente era demais estava sufocante e eu também voltei a me sentir estranho, meu rosto parecia que prendia fogo, estava nervoso e sem saber o que fazer.
- Está com calor? Disse ele sorrindo
- Está muito quente.
- Tira a camiseta você vai se sentir melhor.
Eu estava com vergonha, conhecia o Juliano há anos, mas tínhamos pouco contato, ele me transmitia uma sensação boa e estranha ao mesmo tempo, me sentia indefeso perto dele e ao mesmo tempo tinha algo nele que o tornava protetor.
Eu estava distraído pensando nas minhas novas descobertas quando ele chamou minha atenção me fazendo voltar à realidade.
- Não vai tirar a camiseta?
- Ah, desculpa eu estava pensando longe.
- Eu percebi que às vezes você é meio distraído.
Tirei minha camiseta e fiquei a vontade como ele. Juliano pegou minha camiseta, deixou encima de uma poltrona na sala e depois retornou a cozinha.
- Assim está melhor, aqui faz muito calor.
- Vou ter que me acostumar a viver aqui sem a minha piscina todo dia.
- Peixinho.
- Você não gosta de nadar?
- Gosto, às vezes vou ao Minas, mas eu curto mesmo as do Barro Preto.
- Por quê?
- Me sinto bem lá, o Minas não me trazem boas recordações e também acho muito pomposo.
- Você é uma figura, achei que esse final de semana seria chato, mas na verdade estou adorando.
- Que bom, prometi a Laura e ao Tiago que cuidaria bem de você.
- Às vezes, tenho a impressão que vocês me tratam como criança.
- Você não gosta de ser cuidado?
- Gosto, mas não em excesso.
- Eu também acho, mimo demais faz mal e você também não é mais um bebê, gosta de fazer coisas de adulto, disse ele rindo.
- Por isso mesmo, eu sou um adulto.
- Nós poderíamos sair para nos divertir essa noite, mas não dá, precisamos sair cedo amanhã.
- Nem teria como, esqueceu que sou menor de idade.
- É verdade, ainda é criança, mas isso a gente dava um jeito, disse ele rindo.
- Fica pra outra vez.
- Se houver outra vez né? Com certeza depois que o Diego voltar você vai sair com ele que é o seu namorado.
- Isso não me impede de sair com os amigos.
- É verdade, disse ele rindo.
De repente Juliano ficou sério e foi ver se o macarrão já estava pronto.
- Está pronto?
- Está, vou por a mesa.
Ele pôs os pratos na mesa, ajudei a organizar e depois sentamos para comer.
- Vou por minha camiseta, disse ele saindo da mesa e indo em direção ao sofá da sala, em seguida trouxe a minha e me entregou, nem parecia o Juliano alegre de poucos minutos atrás, tinha algo nele que eu não conseguia entender.
Já vestidos, sentamos a mesa e começamos o nosso jantar.
- Parabéns, sua macarronada está muito gostosa.
- Obrigada, foi à tia que me ensinou a fazer.
- Você não sente falta da sua família?
- A minha família é essa que eu tenho, mas eu sinto falta da minha mãe verdadeira, tenho curiosidade de saber como é um carinho de mãe biológica.
- A tia Joana gosta muito de você e a Laura também.
- Às vezes a Laura gosta até demais.
- É só o jeito dela, mas ela gosta muito de você.
Após o jantar, o ajudei a organizar tudo, deixamos tudo limpinho e depois fomos assistir TV.
- Quer assistir um filme na TV?
- O que você gosta de assistir?
- Eu quase não assisto TV, mas gosto de filmes de terror.
- De terror?
- Sim, por quê? Disse ele rindo.
- Ah, eu tenho medo, não gosto.
- Vamos assistir um, eu te cuido.
- Não, eu não gosto.
- Então, coloque um que você gosta.
- Peguei o controle da TV e encontrei vários filmes (era TV por assinatura) até que encontrei um que eu amo, mas sempre choro no final “um amor para recordar”.
- Você gosta desse filme?
- Gosto e você?
- Se você gosta eu gosto, vamos assistir este.
Antes de iniciar o filme, liguei para o Tiago e tranquilizei-o, disse que estava tudo bem e também não entrei em detalhe sobre o que estava acontecendo por lá e nem deixei que ele me dissesse algo, queria ficar longe de tudo que lembrasse Roger e Aline.
Ju e eu nos concentramos no filme, ele estava num sofá e eu em outro. Com uns 15 minutos de filme ele saiu do sofá em que estava e sentou ao meu lado.
- O que houve?
- Estava muito longe de você, se importa de eu ter sentado aqui?
- Não.
Voltamos a prestar atenção no filme e ele continuava inquieto.
- Juliano.
- O quê?
- Quer deitar aqui? Eu ponho uma almofada. (era nas minhas pernas)
- Posso? Não é abuso da minha parte?
- É claro que não.
Coloquei o travesseiro nas minhas pernas, ele deitou no sofá e ficou prestando atenção no filme. Há essas alturas, eu que não conseguia prestar mais atenção no filme, à presença dele tão perto me atrapalhava.
E assim ele permaneceu por um longo tempo, ao final do filme, Juliano já estava quase dormindo.
- Está cansado?
- Um pouco, tem dias que a faculdade acaba comigo, desculpa se não estou sendo uma boa companhia.
- Imagina, está ótimo.
- Acho que o filme já acabou, disse ele rindo.
- Acabou sim, podemos dormir se você quiser.
- Tem certeza que eu preciso levantar? Está muito boa essa cama.
- Se você quiser pode ficar, mas amanhã eu fico dormindo.
- Está certo, vamos dormir você também deve estar cansado.
Ele levantou e me estendeu a mão para levantar, desligamos a TV e fomos em direção aos quartos.
- Dorme bem e boa noite! – disse ele na porta do quarto do Junior onde eu ia dormir.
- Boa noite!
- Se precisar de alguma coisa, bate na porta do meu quarto.
- Está certo.
Ele foi em direção ao quarto e fechou a porta, por um instante achei que ele fosse me abraçar, mas isso não aconteceu.
Deitei na cama e fiquei pensando nos acontecimentos daquela noite até que exausto peguei no sono.
Acordei cedo por volta das 6:00 da manhã, fiz minha higiene, tomei banho, me arrumei e já saí do quarto pronto para viajar.
Cheguei à sala e nada do Juliano, fui até a cozinha ver o que tinha para preparar o lanche da manhã, abri o armário e encontrei uma caixa de sucrilhos aberta, olhei na geladeira tinha leite e frutas, então resolvi ajudar o Juliano, não era justo somente ele fazer tudo. Eu era convidado, mas isso não quer dizer que poderia ficar sentado o tempo todo esperando por ele.
Quando ele chegou à cozinha, já tinha descascado e cortado o mamão e a banana. Adoro a combinação dessas duas frutas pela manhã
- Bom dia!
- Bom dia!
Juliano estava com uma cara toda amassada, sua voz estava meio grogue pelo sono, ele se espreguiçou, e novamente seu corpo me chamou atenção, ele usava apenas um calção, acho que não era muito adepto a usar camiseta, rs.
- Acordou cedo, a cama não estava boa?
- Estava ótima, mas como sou convidado, aprendi que mesmo sendo visita não devemos abusar.
Ele sorriu e sentou-se à mesa.
- Menino prendado já preparou o lanche.
- Eu fiz conforme o meu gosto e se você não gostar pode falar que preparo outra coisa.
- Você acertou em cheio, eu gosto de sucrilhos com leite misturado com mamão e banana.
- Tudo junto? – fiz uma cara estranha,
- Claro, fica muito gostoso, disse ele rindo.
- Deve ficar bom, mas eu prefiro do meu jeito.
Ele misturou tudo num prato e começou a comer, viu minha cara de admiração, olhou pra mim sorrindo e perguntou.
- Quer provar?
- Do seu?
- Você se importa?
- Não.
Pegou uma prova com a colher dele mesmo e me ofereceu, fiquei meio sem jeito, mas provei.
- Gostou? Perguntou ele sorrindo.
- Muito bom, está aprovado.
- Tem outras combinações que eu gosto de fazer e fica muito gostoso, por exemplo, mel com mamão é muito bom.
- Nunca comi.
- Deve experimentar, eu, por exemplo, gosto de comer a semente do mamão com mel, é bom e nutritivo.
Fiz cara feia e ele ficou sorrindo.
Meu telefone começou a tocar, achei que fosse o Tiago, mas era o Diego, fiquei muito feliz que ele se lembrou de me ligar, atendi ali mesmo na frente do Juliano.
- Oi Diego, saudades!
- Oi lindão.
- Como está a viagem?
- Maravilhosa! Pena que você não veio junto.
- E você me levaria?
- Mais é claro e ninguém tem que se meter nas minhas amizades.
- Já encontrou muitas paqueras na viagem?
- Muitas, mas nenhuma interessante.
- Bom saber.
- Fiquei sabendo que Roger e Aline vão noivar. Como você está?
- Em Belo Horizonte na casa dos meus tios, mas vamos para a praia em Guarapari.
- Se eu soubesse tinha ficado aí e a gente podia aproveitar a praia.
- Ainda dá tempo de você vir.
Juliano levantou da mesa, só então me dei conta que ele não ia gostar dessa ideia.
- Fica pra outra vez, eu tenho que desligar agora, nós vamos fazer um passeio de lancha.
- Aproveite bastante, depois eu quero saber de tudo.
- Se cuida e não fica triste pelos acontecimentos.
- E você sempre preocupado comigo, obrigado!
Desliguei o telefone e fui atrás do Juliano, será que ele tinha ficado magoado? Não o encontrei então bati na porta do quarto dele.
- Posso entrar?
- Entra.
Ele já tinha tomado banho e estava terminando de se arrumar para sair.
- Ficou chateado?
- Não, apenas quis deixar você à vontade para falar com seu namorado.
- O Diego e eu estamos tentando, mas eu não sei se vamos dar certo.
- Não precisa se justificar você não me deve nada.
- Nós somos amigos e eu não gosto disso.
Ele sorriu e em seguida mudou de assunto.
- Está preparado para enfrentar muitas horas de estrada novamente?
- Você não é de correr demais, né?
- No limite permitido, disse ele rindo.
- Eu tenho medo de muita correria.
- Fica calmo que não vai acontecer nada, cuidarei bem de você.
- Assim eu fico mais tranquilo.
- Você tem que perder esse medo e quando dirigir, como será?
- Depois eu penso nisso.
- Então vamos embora que a praia nos espera e ainda tenho que pegar uma amiga.
- Amiga?
- É, uma colega da faculdade, ela me pediu carona.
- Achei que viajaríamos sozinhos.
- Eu já estava combinado com ela antes de você aparecer.
- Ela vai ficar na casa de seus tios?
- Não, a família dela está lá, é só uma carona, ela não foi antes porque tinha aula.
Arrumamos tudo no apartamento e saímos, mas eu não estava me agradando daquela viagem, poderia ser egoísmo da minha parte, não gostei da ideia de alguém nos fazendo companhia, era algo que estava me incomodando, era um ciúme chato e sem explicação.
Fomos até o apartamento onde a menina morava era perto, ficava ali no bairro mesmo. Assim que chegamos, Juliano desceu do carro e foi até a portaria do prédio, eu desci e fiquei ali no carro mesmo, logo depois ele voltou e ficou me fazendo companhia enquanto aguardávamos pela moça.
Logo depois veio uma moça morena, padrão de beleza das brasileiras, 1.65, regulava de idade com Juliano e também fazia medicina.
- Oi Juliano tudo bem, ela veio e cumprimentou-o com um beijo de cada lado do rosto, trazia consigo uma mala dessas de rodinhas.
- Tudo bem, deixa eu te apresentar meu primo, o Sandro.
- Muito prazer Sandro, eu sou a Patrícia.
Ela me cumprimentou com um beijo de cada lado do rosto, era simpática, mas eu não me senti bem perto dela, também era algo sem explicação, pois a moça nunca me fez nada, porém algo me dizia que ela não era amigável.
- Vou colocar sua mala no porta malas, disse Juliano pegando a mala dela para guardar no compartimento do carro.
- Obrigada Juliano eu nem sei como te agradecer, foi de última hora, não consegui passagem, acredita?
- Ontem encontrei uma galera na rodoviária que estava indo pra lá e eles conseguiram passagem.
- Devem ter comprado antecipado, disse ela rindo e nem me dando muita atenção.
- Vamos? Disse Juliano abrindo a porta do motorista para embarcar.
Eu não fui bobo, sentei no banco da frente, não estava gostando da companhia daquela garota e não ia sentar atrás, fui o primeiro a chegar, tinha direito. rs
A viagem foi chata, os dois conversaram quase todo o percurso falando de assuntos da faculdade e dos colegas e eu me senti totalmente deslocado.
Em alguns momentos Juliano tentou puxar assunto comigo, mas logo Patrícia se metia em nossa conversa e puxava outro assunto o qual eu não conhecia e tinha que ficar apenas os observando.
Perto do meio dia, paramos para almoçar e Juliano descansar um pouco. Teve um momento que Patrícia foi ao banheiro e ele me questionou,
- Está calado, não está gostando da viagem?
- Não é isso, eu não estou por dentro dos assuntos de vocês.
- É só se enturmar, disse ele rindo.
- Eu tentei, mas ela sempre me corta.
- A Patrícia é assim mesmo, é o jeito dela.
- Eu acho que ela não queria que eu estivesse nessa viagem.
- Que bobagem Sandro.
- Ela é a fim de você.
- Isso é coisa da sua cabeça, disse ele rindo.
- Uma coisa é certa, ela está odiando a minha presença e eu a dela.
- Prometo te dar mais atenção, mas não se isole.
Logo depois Patrícia retornou a mesa, ela estava sorridente parecia estar muito feliz.
- Vamos continuar a viagem? Convidou-nos Juliano.
- Não vejo a hora de chegar, essa viagem é muito cansativa.
- Você é bem novinho, né?
- Tenho 17.
- Não parece, é bem criança achei que tivesse uns 15.
- O Sandro é caladinho assim e fica na dele por isso dá a impressão de ter menos idade.
- Típico de quem é do interior, disse Patrícia.
- Eu gosto do jeitinho dele, disse Juliano.
- Você tem namorada?
- Tenho, respondi espontaneamente.
Juliano me olhou sério sem entender minha atitude, mas não disse nada.
- E você veio à praia e não a trouxe?
- É que meu namorado está viajando.
- Você é gay?
Juliano apenas me olhou, sorriu e seguiu dirigindo.
- Sou, porque o espanto?
- É que você não tem trejeitos, não rebola, nem faz gestos.
- E você acha que todo gay é assim?
- Eu achava, disse ela ingenuamente ou esperta demais para o meu gosto.
- Pelo visto você tem muito que aprender sobre nós.
Depois disso, Patrícia calou-se, o Juliano apenas seguiu o caminho e piscou pra mim, não sei o que ela ficou pensando, mas algo a abalou a ponto de calar-se.
O restante da viagem foi tranquilo, mudamos de assunto e passamos a falar sobre a praia, o movimento, as festinhas, a galera e finalmente estava me sentindo bem naquela viagem.
Chegamos por volta das 14:00, deixamos a Patrícia em casa da família dela e fomos para a casa dos meus tios onde éramos aguardados com ansiedade.
Quando chegamos foi uma festança dos meus tios, Laura e Junior. O namorado dela, o Fabrício também estava lá com ela. Ele me cumprimentou, mas mal falou com Juliano, achei estranha a atitude dele, já era a segunda vez que via sua antipatia, mas o que seria?
No final da tarde fomos à praia fazia muito tempo que eu não ia. Ao me deparar com aquela natureza, senti uma paz muito grande que há tempos estava precisando.
Entramos na água e brincamos por muito tempo, até que Laura e Fabrício saíram, sem muitas explicações, foi por vontade dele, pois num determinado momento ele até foi grosso com ela, algo naquele cara não estava certo, mas eu não ia perder meu tempo de aproveitar aquela beleza para me preocupar com as rabugices do Fabrício.
Junior também saiu e foi jogar futebol de areia com a galera e eu resolvi ficar mais um pouco, estava me sentindo bem, parecia que a água me ajudava a criar forças para enfrentar os problemas.
- Não vai sair da água peixinho? Perguntou Juliano se aproximando de onde eu estava.
- Eu acho que em outra vida já fui peixe porque eu adoro água, não vai sair?
- Vou ficar com você.
- Não vai jogar com Junior e o Fabrício?
- Acho que já deu pra perceber que o Fabrício não vai muito com a minha cara.
- O que existe entre vocês?
- Uma hora dessas em que eu estiver bem te conto o que houve.
- Deve ter sido algo muito grave para ele agir dessa maneira.
Juliano não falou nada e eu respeitei, ficamos muito tempo na água brincando de saltar ondas, foi tão divertido que até esqueci o noivado de Roger com minha irmã naquela noite.
Quando retornamos para casa, tia Joana já preparava a ceia de natal e de repente senti uma tristeza muito grande, era a primeira vez que passava o natal longe da minha família. Antes que minha nostalgia virasse em choro peguei o telefone e liguei para eles.
- Oi meu filho, como você está? Perguntou minha mãe já chorosa.
- Fica tranquila mãe, estou bem.
- Hoje eu já chorei muito.
- Não fica assim mãe, senão vou me sentir culpado.
- É muito triste para uma mãe ver dois filhos separados, você e Aline jamais terão a mesma amizade de antes, eu falhei como mãe.
- A senhora não falhou e pare de se culpar por tudo.
- Hoje é um dia muito triste pra mim e seu pai.
- Mãe, é natal, não fica assim, eu estou bem e os meus tios, Laura, Junior e Juliano estão me tratando maravilhosamente bem.
- Que bom meu filho.
- Eu só liguei pra te desejar um feliz natal e dizer pra senhora que eu a amo muito.
- Eu também te amo filho, seu pai quer falar com você, vou passar o telefone para ele.
- Oi filho, como você está?
- Com saudade de vocês, mas estou bem.
- Se cuida, nós te amamos muito e estamos tristes por você não estar conosco.
- O Tiago está aí?
- Está no mercado e depois vai buscar a Paula.
- Eu ligo pra ele no celular para desejar um feliz natal.
- Nunca esqueça que te amamos meu filho.
- Pai, dá um beijo na Aline por mim.
- Você é um filho de ouro, papai está orgulhoso.
- Tenho que desligar agora e amo vocês, independente de qualquer coisa.
Depois dessa ligação, liguei para o Tiago e desejei feliz natal para ele e minha cunhada. Como sempre estava preocupado comigo querendo saber tudo o que tinha feito, se estava bem, se não estava chorando, enfim toda aquela preocupação de irmão mais velho.
Quando desliguei o telefone, mesmo lutando contra minhas lágrimas, elas vieram e comecei a chorar.
Depois de um tempo Juliano entrou no quarto, me viu chorando, nem me perguntou o que era. Ele me abraçou e ficou por um longo tempo apenas confortando a minha dor até que finalmente começou a limpar minhas lágrimas.
- Não gosto de ver você assim, prefiro ver o menino alegre do nosso reencontro.
- Sou muito apegado a minha família, não estou sabendo enfrentar essa situação com Aline.
- Quer falar sobre isso?
- Não, se possível queria esquecer pra sempre.
- Isso só depende de você.
- Eu sei e estou lutando. Você não sente falta da sua família?
- Eu não me lembro dos meus pais, mas sinto falta desse tipo de carinho que você fala.
- Obrigado por estar me ajudando.
Ele apenas me abraçou e ficou calado, tive a impressão que Juliano queria falar mais alguma coisa, mas ficou por isso mesmo.
Depois de me acalmar, Juliano me levou até os demais, o jantar estava maravilhoso, tia Joana tinha caprichado na ceia.
Após o jantar, a Letícia me ligou e nos convidou para sair, convidei Juliano e ele aceitou, fiquei feliz dele aceitar numa boa.
Quando eu estava me arrumando para sair, meu celular começou a tocar novamente, pensei que fosse o Tiago, mas nem acreditei quando olhei para a tela.