O Mark me olhou sem se abalar e eu simplesmente neguei aquilo com a cabeça. Roger continuou:
- Ok. Sandoval, por favor, providencie a restituição de todos os recursos investidos por nós em até quarenta e oito horas, ok? Tem o contato de minha secretária e…
Meu chefe de branco ficou vermelho e pensei que fosse ter um infarto. Talvez tivesse, se a Alícia não tivesse chamado a atenção de todos:
- Roger, quero falar com você, a sós, por favor.
(CONTINUANDO)
Ele se surpreendeu e tentou resistir, mas ela insistiu com uma mão sobre a dele, conseguindo colher sua concordância. Ela perguntou ao meu chefe onde poderiam conversar reservadamente e meu chefe indicou uma sala contígua aquela em que estávamos. Saíram os dois. O Mark voltou sua atenção ao meu chefe:
- Seu Sandoval, eu não tenho tempo a perder: ou o senhor efetua o acerto do meu cliente, ou vamos embora e nos encontramos na Justiça.
Eu gostava muito do meu chefe, afinal, quase tudo que eu sabia, havia sido ensinado por ele. Dei um sinal para o Mark, puxei meu chefe num canto mais afastado dos demais e comecei a conversar com ele, tentando convencê-lo a fazer o correto:
- Gervásio, eu não quero de prejudicar em nada. Juro. Inclusive, já estou com seu acerto pronto, mas é que… Poxa! Eu queria convencê-lo a continuar. Tenho você como se fosse um filho, você sabe disso?
- Eu sei, chefe, mas não dá. Não vou me sujeitar à vontade do Roger, ainda mais agora que ele está claramente chantageando o senhor.
- Eu sei, eu sei… Aquele filho da mãe disse que vai convencer todos os seus amigos e conhecidos a retirarem os recursos daqui, inclusive, já trouxe esses. Vai ser um baita tombo para a corretora. - Falou, já se resignando, mas depois contemporizou: - Mas também não posso deixar que ele prejudique você, né?
- Eu sinto muito pelo senhor, mas realmente eu não vou ficar. Coloque-se na minha situação e…
Antes que eu pudesse terminar, Roger e Alícia retornaram para a sala e ele conversou algo com os seus amigos que estavam à mesa. De onde estávamos, não conseguimos ouvir, mas parecia que todos estavam de acordo com ele. Depois, ele encarou o Mark que os analisava à distância e se voltou para o meu chefe:
- Sandoval, é… Estive conversando com a Alícia e decidimos permanecer na sua corretora, por enquanto, ok? Isso independentemente da decisão do Gervásio. Aliás, eu e todos os meus amigos, afinal, temos tido um bom rendimento com vocês e as perspectivas futuras são ainda melhores. Então, seria uma insensatez sair daqui por um mal entendido, não é, Gervásio?
Meu chefe vibrou e se colocou à disposição para cuidar pessoalmente de seus recursos. Alícia estava com uma expressão tensa, fechada, bastante diferente da que eu estava acostumado. Aparentemente, a conversa havia sido intensa, mas, ao que tudo indicava, ela havia saído vencedora. Eu sequer me dignei a responder algo naquele momento, afinal, era uma decisão deles relacionada à corretora e eu literalmente o ignorei, enquanto me voltava na direção do Mark e conversava:
- O que você acha?
- Vamos aguardar, Gervásio. Pelo menos, a corretora não será prejudicada.
- Tá com cara de armação, não tá?
- Tenho quase certeza, mas é que... Bem, depois, te explico.
Meu chefe estava eufórico e insistiu:
- Venham, sentem-se, meus caros. Já vamos resolver sua questão, Gervásio.
- Grato, mas aguardaremos ali fora até o senhor se resolver com seus clientes, senhor Sandoval. - Disse o Mark e foi em direção à porta, abrindo-a e me encarando.
Segui na direção dele e antes de sairmos, ele mudou de ideia, fechando-a novamente e explicando:
- Não! Na verdade, essa reunião é a nossa. Vamos aguardar sim!
Alícia encarava o Mark de uma forma diferente da que fez comigo. Enquanto estávamos naquela maldita recepção e no dia seguinte, ela me tratou muito bem, mas eu sentia um pouco de pena em suas palavras, talvez até sarcasmo. Quando ela soube que havia estragado meu relacionamento com a Lucinha, notei também que havia uma certa nota de arrependimento na forma como falava. Ela podia ter gostado de conversar comigo, dançar, talvez até houvesse uma “química”, mas naquele momento ali, eu comecei a achar que ela tinha um certo fetiche por homens fortes e decididos, coisa que o Mark esbanjava de sobra:
- Não gostariam mesmo de ouvir nossa proposta? - Insistiu o Roger, olhando em nossa direção.
- Não! Meu cliente não deseja ter mais relação alguma com a corretora, especialmente com o senhor, e acho que sabe bem o motivo, não sabe? - Mark retrucou em alto e bom som.
- Eu não gosto do seu tom, doutor. - Roger bufou.
- Não vim aqui para agradá-lo. Na verdade, nem sei porque o senhor, aliás, os senhores estão aqui. - Disse e encarou o Ricardo que lhe dirigia o olhar, mesmo que de uma forma contida, tímida, quase assustada: - Vou repetir: trata-se de uma questão técnica, mas relativamente simples para quem detém o conhecimento. Não vejo o porquê devam participar, aliás, meu cliente não aceita realizar o acerto na presença deles. Não há motivo algum para ele divulgar para terceiros seus ganhos ou acertos.
Eles se entreolharam novamente e o Ricardo cochichou algo com um dos presentes e depois com o próprio Roger. Eles pareceram ter concordado, levantando-se todos da mesa e se despedindo do meu chefe. Um a um vieram em nossa direção, pois estávamos perto da porta e, um a um, foram se despedindo timidamente e saindo. Contra eles eu não tinha nada e me despedi normalmente, algo que o Mark também fez. Quando o Ricardo fez o mesmo, eu lhe dei a mão para nos despedirmos, mas quando ele a estendeu para o Mark, este primeiro o encarou com um olhar de dar medo e depois pegou em sua mão, certamente apertando com vontade, porque o Ricardo fez uma expressão de surpresa e depois de dor:
- Espero não vê-lo nunca mais, Rick! - Mark falou baixo, mas audível o suficiente para quem estivesse mais próximo, como eu.
Na sequência, o soltou e ele saiu sem olhar para trás. Roger e Alícia chegaram lado a lado e a metros da gente, notei que Roger deu um toque para que ela se adiantasse, mas ela recusou e fez um sutil meneio de cabeça para que ele fosse na frente. Ele pareceu não ter gostado, mas obedeceu, despedindo-se de mim e depois do Mark, mas não sem antes fingir cordialidade:
- Espero que possamos aparar as arestas, doutor Mark, talvez num ambiente mais sociável… Um jantar! Sim, por que não? Um jantar entre casais. - Disse e sorriu, falso igual uma nota de três reais: - Gostei muito da sua atitude, impositiva, decidida, e acho que o senhor seria um ativo inestimável para o meu grupo empresarial.
- Sei bem o que o senhor faz em seus encontros sociais, senhor Roger. - Disse e se aproximou um pouco mais dele, praticamente cochichando enquanto passou a encarar a Alícia por sobre os ombros dele: - Mas entre nós dois, a chance é muito maior de eu comer a sua mulher do que você a minha. Não duvide.
Mark o desconcertou totalmente. Roger deu um passo atrás e o encarou, assustado com a ousadia, mas sem dizer uma palavra, apenas saiu porta afora. Não sei se a Alícia o ouviu, mas ela também notou a forma como o marido saiu transtornado, praticamente fugido. Ela me cumprimentou com beijos na face e novamente disse que sentia muito todo o problema que causou em minha vida. Depois se dirigiu ao Mark e tentou fazer o mesmo, aproximando sua boca da face dele, mas ele deu um ligeiro passo atrás, esticou a mão e gentilmente pegou na dela, beijando-a e disse, olhando em seus olhos:
- Foi muito bom conhece-la, dona Alícia, mas nem uma sombra do prazer que poderia ter sido. Eu garanto.
Os belos olhos dela se arregalaram e brilharam de uma forma que eu nunca vi, pareciam faiscar de surpresa ou de desejo pelo Mark:
- Não posso nem lhe dar um beijo na face, Mark? - Ela praticamente implorou, forçando uma intimidade inexistente entre eles.
A resposta foi mais surpreendente ainda, deixando a mim e ao meu chefe, desconcertados:
- Sei o que está tentando fazer aqui, minha cara, e você não vai me dominar, nunca. Se um dia eu quiser… - Ele frisou bastante o pronome “eu”: - Você irá me servir. Caso contrário, ficará no desejo.
Ele então soltou sua mão e ela a recolheu, escondendo-a sob a outra, totalmente surpresa e transtornada. Enfim, saiu.
Meu chefe saiu também para acompanhá-los e fechou a porta atrás de si. Só então o Mark aceitou sentar-se à mesa de reuniões e eu o acompanhei. Eu nunca havia presenciado nada como aquilo e queria entender:
- É simples, meu caro, um jogo de poder, mas não poder econômico ou financeiro. O poder aqui é o psicológico, o saber se impor, e nisso, Gervásio, papai aqui é mestre. - Disse e riu.
- Caralho, Mark, você viu a cara do Roger?
- Vi e digo mais, quem canta no quintal da casa dele é a galinha. Esse Roger só serve para fazer canja. - Usou uma analogia que eu imaginei ser coisa de mineiro.
- Será!?
- Tenho certeza! Eles entraram na salinha e o Roger saiu invocado, mas mansinho. Agora na saída, ele tentou fazê-la ir na frente, mas ela inverteu e ele obedeceu. Ela manda naquela bagaça toda, Gervásio. Ela é a galinha dos ovos de ouro.
- Mark, não pode ser. O Roger é herdeiro único de uma fortuna. Você sabe quem ele é, não sabe?
- Eu pesquisei um pouco sobre ele e isso que é estranho, porque tanto ele quanto ela são podres de rico. - Disse e se calou, pensando em algo para complementar: - Sei lá! Vai ver que é a forma como eles estabeleceram o relacionamento, ele finge mandar, mas quem manda mesmo é ela.
Fomos interrompidos pelo meu chefe que retornava, agora bem menos tenso, dava para ver em seu rosto a satisfação de ter saído ileso daquela batalha. Sentou-se próximo da gente e não perdeu tempo:
- Rapaz, o que é isso, hein!? Mas que situação! E doutor, eu nunca vi um homem agir como o senhor agiu. O senhor deve ser uma fera numa audiência, né não?
Mark apenas o encarou sem querer dar muita trela para aquela conversa e ele entendeu no ato. Voltou então sua atenção para mim:
- Gervásio, não quer mesmo ouvir a proposta do Roger?
- Não! Obrigado, chefe, mas não mesmo.
- Ok, então, mas eu tenho uma proposta para te fazer e essa é minha, somente minha. Quer ouvi-la?
Fiquei curioso e como não tinha porque duvidar da honestidade dele, deixei que falasse, mesmo o Mark me encarando com um olhar repreendedor:
- O seu acerto não ficou pequeno, não pelos direitos trabalhistas que é a menor parte do valor, mas mais pelas verbas indenizatórias das aplicações que você cuidava e das projeções de participações em suas cartelas até o final do ano fiscal, conforme seu contrato de participação. - Ele pegou uma folha de seu lado e me exibiu o valor: - O valor é esse, só que eu não queria te perder, então eu proponho que você se torne sócio da corretora. Ao invés de te pagar, convertemos o valor do acerto em uma quota parte de… Sei lá! Pensei em cinco por cento. Daí você voltaria a trabalhar aqui, mas agora como sócio e recebendo “pro labore”. O que acha?
A proposta me surpreendeu mesmo. Inclinei-me na direção do Mark, querendo uma opinião, mas ele foi extremamente objetivo:
- A decisão é sua, Gervásio. Tenho pouquíssimas informações do patrimônio e saúde financeira da corretora para te orientar no momento. Eu penso apenas que você deve considerar que, continuando aqui, terá que trabalhar e talvez conviver com o tal do Roger. Então, é uma decisão mais pessoal que profissional, a meu ver.
- Pois é…
- Não, mas a oportunidade é boa, Gervásio, pense um pouco. Pelo menos, pense a respeito. - Pediu o meu chefe.
Eu realmente fiquei na dúvida, porque talvez eu pudesse até mesmo negociar uma participação maior. Fiquei tentado, afinal, passar de empregado para sócio seria maravilhoso para mim em tão pouco tempo. Meu silêncio foi interrompido pelo Mark:
- Se você quiser pensar a respeito hoje, eu fico aqui na capital hoje e analisamos as hipóteses. Daí amanhã você apresenta a sua decisão para o senhor Sandoval. Naturalmente, caso você decida receber suas verbas trabalhistas e acerto, não podemos ser desleais e cobrar a multa por atraso no pagamento, já que você estaria solicitando um dia para pensar, correto? Então, caso decida receber seus direitos, daremos a quitação com data de hoje, ok?
- Eu… Eu acho que pode ser assim. Tudo bem para o senhor também, chefe?
- Chefe!? Espero que a partir de amanhã você só me chame de Sandoval ou de sócio. - Disse, sorrindo e propôs: - Apesar de ainda não ser um brinde, não me acompanhariam num café?
Mark o típico mineiro não perdeu a oportunidade:
- Uai… Um “cafezin” não é ruim não, sô!
- É um café selecionado, doutor. Tenho certeza que irá gostar.
- Melhor ainda, sô! - Mark insistiu, sorrindo e forçando nas expressões caipiras.
- Legítimo colombiano… - Disse meu chefe, já ligando para a secretária.
O brilho do Mark sumiu e ele me encarou, entortando o bico. Passamos a conversar e logo a auxiliar do escritório entrou com três cafés e um pratinho de biscoitos amanteigados e outro com mini pães de queijo fumegantes. Mark encarou aquilo com curiosidade e naturalmente se aventurou no pãozinho. Sutilmente deu uma cheirada no quitute e o colocou na boca. Três mastigadas e após parecer que engoliu um tijolo, foi sincero:
- O que cês fazem com o pão de queijo deveria ser considerado crime! – Resmungou, sorrindo e bebericou o café: - Pelo menos, o café até que não é ruim…
- Ruim!? É um dos mais caros da Colômbia!
- Ahhhhh, mas Minas tem uns que não perdem em nada não, viu!?
O assunto passou a girar em torno de cafés e pães de queijo, naturalmente. Após um tempo, o celular do Mark bipou e ele olhou na tela uma mensagem: era a Fernanda perguntando onde estávamos. Ele respondeu e como o meu chefe o encarava curioso, explicou:
- É minha esposa. Disse que está na sala de espera.
- Ah não! Não podemos permitir isso. Peça para ela entrar. Faço questão que ela prove o pão de queijo e o café para decidirmos essa divergência!
- Melhor não, hein!? - Mark o advertiu.
- Faço questão! - Insistiu meu chefe, ligando para sua secretária acompanhá-la até a nossa sala.
Fernanda logo entrou na sala, com cara de poucos amigos, nitidamente brava, e veio em nossa direção. Mark a recepcionou e a apresentou ao meu chefe que a tratou da forma mais cordial e amigável possível. Meu chefe, tentando ser cortês, pegou uma cadeira e a colocou entre si e o Mark. Depois, perguntou se ela estaria servida de um café e um pão de queijo, ao que ela respondeu que aceitaria o café, mas deixou no ar não estar tão disposta ao quitute pirateado de Minas:
- Mas precisamos da sua opinião. Seu marido desdenhou do meu pãozinho de queijo. - Insistiu meu chefe.
Fernanda praticamente repetiu o procedimento do Mark. Pegou um pãozinho, olhou como se fitasse um diamante inclusive apertando os olhos, cheirou de leve e, por fim, o colocou na boca. Sua expressão facial foi pior que a dele e sua resposta após o engolir então…
- Nóóó! Nu! Ruim demais da conta, “Jesuis” do céu. - Disse e só depois se deu conta do constrangimento do meu chefe: - Desculpa, mas “nossinhora”... Um dia faço questão de mandar um pão de queijo raiz pro senhor entender o que tô falando.
A auxiliar entrou com o café para a Fernanda que, já escaldada pelo pãozinho de queijo, bebericou de leve a xícara, mas agora fazendo uma expressão bem mais amena:
- Uai, o café até que é bonzinho… - Disse e deu um bom gole: - Hummm! Bom mesmo. De onde é? Sul de Minas?
- Não, minha cara, é colombiano. - Disse o meu chefe, sorrindo.
- Sério!? Uai, esse até que parece mineiro de tão bom que é.
Meu chefe sorriu satisfeito. Conversamos mais um pouco e expliquei para a Fernanda a proposta feita. Como administradora, ela também poderia me ajudar a decidir, mas não quis se adiantar como eu já imaginava. Antes de nos despedirmos, solicitamos uma bateria de documentos ao meu chefe que se comprometeu a nos enviar ainda naquele mesmo dia. Enfim, confirmamos uma reunião para o final do expediente do dia seguinte.
Já fora da corretora, enquanto caminhávamos até o estacionamento onde eu havia deixado o meu carro, convidei o casal para jantarmos juntos, mas a Fernanda me disse que seria impossível, pois já havia assumido compromisso com a Denise. Meu olhar denunciou imediatamente um pedido subliminar para que me levassem juntos:
- Gervásio, eu sou convidada, não posso te convidar. - Fernanda disse.
- Ahhhhh, Fernanda, poxa! Por favor, cara, pelos velhos tempos. - Insisti.
- Que velhos tempos, cara pálida!? Só fomos colegas de faculdade! Daqui a pouco o Mark vai pensar que a gente teve alguma coisa.
- Ele tá carente, Nanda… - Mark resmungou, sorrindo: - Olha só a carinha da criança.
- Mark!? É a Denise! Você sabe que ela é sistemática. Eu não vou fazer isso não, ara! - Retrucou novamente.
- Fernanda, pô, diga… Diga que surgiu um imprevisto e que vocês terão que me ajudar a analisar a proposta… Isso! A proposta. Diga que terão que me ajudar. Diga… Ah, sei lá, diga qualquer coisa, só me leva junto…
O Mark sorria divertindo-se com a minha infantilidade e realmente eu devia estar fazendo o papel de um bobo. Ele próprio explicou:
- Gervásio, a gente não está indo transar, entendeu? É só um jantar entre amigos, mesmo. Não pense que a Denise é… Sei lá… “Vida loca”! Ela não é, muito pelo contrário, ela é mãe, uma baita profissional e uma ótima pessoa. Se você está pensando em safadeza pura e simples, esqueça: não vai rolar!
- Imagina se eu iria pensar isso, Mark! - É óbvio que eu estava pensando, mas não podia assumir: - Eu só gostaria de reencontrá-la num ambiente mais leve, né, gente. Poxa, ajuda aí.
O Mark encarou a Fernanda por um instante, mas ela não estava disposta em ceder:
- Eu não sei como fazer isso não! - Ela resmungou: - Nem vou sacanear com ela.
Mark sorriu então e pegou seu celular, discando para alguém. Logo, foi atendido:
- Oi, Denise, é o Mark.
Um instante de silêncio e ele continuou:
- Sim, a Nanda já me falou do jantar. Só que temos um probleminha. Eu ia ficar trabalhando agora à noite com o Gervásio, porque surgiu uma proposta dele se tornar sócio da corretora em que trabalhou.
Novo silêncio em que ele ouvia atentamente:
- Pois é, muito difícil para mim.
Novo silêncio e ele prosseguiu:
- Não tenho o que fazer, eu preciso ajudá-lo, mesmo porque a reunião com a decisão dele já ficou marcada para amanhã.
Ele voltou a escutar e um sorriso surgiu em seu rosto, enquanto ele já me olhava de soslaio:
- Não, não, não. Imagina se eu vou levar um cara que é praticamente um estranho para dentro da sua casa. Nem pensar!
Mais um silêncio e ele já sorria para o nada:
- Então, eu vou fazer o seguinte: vou ligar para o Gervásio e se ele puder ir, eu te aviso, ok? Senão janto com você em outro dia.
Ele fez uma careta divertida e ativou o viva voz de seu aparelho. Nesse momento, notei a intensidade da “amizade” entre eles:
- … outro dia é o caralho bem no meio do seu cu, seu arrombando! Estou morrendo de saudades de vocês e quero os dois bem aqui na minha casa, hoje, SEM FALTA! Você me entendeu, Mark!? Não aceito um “não” da sua parte. Traga o Gervásio, afinal, onde comem dois, três, comem quatro.
OS NOMES UTILIZADOS NESTE CONTO E OS FATOS MENCIONADOS SÃO FICTÍCIOS E EVENTUAIS SEMELHANÇAS COM A VIDA REAL É MERA COINCIDÊNCIA.
FICA PROIBIDA A CÓPIA, REPRODUÇÃO E/OU EXIBIÇÃO FORA DO “CASA DOS CONTOS” SEM A EXPRESSA PERMISSÃO DA AUTORA, SOB AS PENAS DA LEI.