Trident de Melancia [03] ~ Boate!

Um conto erótico de CELO
Categoria: Gay
Contém 5351 palavras
Data: 22/02/2024 05:22:02

O sol começava a raiar quando Luis acordou desesperado, o medo de não acordar quando Mateus ligasse para que fosse buscá-lo na rodoviária era enorme. Ainda mais por que Luis não morava exatamente na Capital, era região metropolitana, mas mesmo assim, era uma cidade contígua a capital goiana, e de sua casa até a rodoviária eram quase quarenta minutos.

Era seis da manhã, mas Luis não conseguia dormir mais, o desejo de rever seu futuro melhor amigo o consumia por inteiro, levantou-se, tomou um banho, e quando digo banho tenham certeza foi caprichado, sais de banho na banheira, óleos hidratantes importados que sua mãe usava pelo corpo, e por fim aquela salpicada de seu perfume favorito Polo Double Black por pontos estratégicos de todo o corpo. Em casa ainda todos dormiam, Luis parecia um zumbi andando por todos os cômodos desabitados da casa, as mãos inquietas se encontravam quase que frequentemente, quem o visse pensaria que estava morto de frio e buscava a todo custo se esquentar. Mas tudo aquilo era nervosismo. Sem o que fazer ate o horário de sair para encontrar o amigo, Luis foi à cozinha preparar o café da manhã de toda sua família, por incrível que pareça ele tinha uma mão boa para cozinha, seu café era super querido pela família, que há tempos não sentia seu sabor e odor tão característico. Mas aquela manhã valia tudo para ajudar a combater a ansiedade ate mesmo cozinhar e ouvir o padrasto com seu pigarro critico de sempre, Raul não concordava com a ideia de um homem ficar na cozinha ou pior preparar sua própria comida, machão assumido via naquela simples tarefa domestica como algo depreciativo a imagem heterossexual de qualquer homem. Mais mesmo assim via prazer em consumir o que as mãos hétero de seu enteado preparavam. Luis preparou café preto ao modo antigo, preferia o velho coador de pano à cafeteira elétrica, fritou ovos, bacon (não isso não é um seriado americano), preparou suco de laranja, assou pão de queijo que encontrou no pré-assado no freezer, retirou da geladeira a geleia de jabuticaba adorada por todos, buscou pão francês e roscas na padaria. Ainda retirou do micro jardim de sua mãe duas ou três margaridas e as colocou no centro da mesa, estava tudo muito lindo, muito organizado, muito chique, mas Luis não sentia fome, estava somente tentando ver aquelas poucas horas que o separava de Mateus diminuírem, escreveu um bilhete avisando a família que havia saído e que provavelmente almoçaria fora, e que quando voltasse traria um amigo que dormiria ali aquela noite.

Já se passava das sete, quando já não aguentando mais esperar, pegou as chaves do carro e dirigiu em direção à rodoviária central, sua esperança de não pegar transito ate lá, esvaiu-se logo ao chegar próximo ao centro, um pequeno acidente de moto em cruzamento impedia todo o trânsito de se mover, foram quase quarenta minutos ali parado, esperando os paramédicos colocarem os feridos na ambulância SAMU e liberar o trânsito. Seu coração acelerou no mesmo ritmo de seu carro, o desejo de voar por cima de todos os prédios e chegar logo à rodoviária era visível em sua cara de raiva diante a lentidão em que toda aquela fila de carros levava para cruzar os semáforos que insistiam em se manter fechados para o sentido em que Luis teimava em ir.

Quando finalmente conseguiu chegar à rodoviária, Luis largou o carro no estacionamento e quase correndo foi ate a primeira lanchonete que viu aberta naquela manha de sábado, ali pretendia permanecer ate que Mateus ligasse pedindo que ele fosse buscá-lo.

Luis olhava constantemente para a área de desembarque dos ônibus que vinham do interior, e viu quando aquele garoto moreninho desceu de um ônibus de uma viação bem conhecida de Luis, era a mesma que usava para visitar a avó no interior, Mateus estava lindo, seus cabelos cacheados estavam um pouco amassados e percebia-se de longe que ele dormira toda a viagem, o que contrariou Luis foram os óculos escuros que escondiam as duas esmeraldas que tanto desejava ver, ele ainda admirava Mateus, quando sentiu seu celular vibrar no bolso, era Mateus ele via de onde estava o menino levar o celular a orelha e bater impacientemente os pés no chão.

Luis: Alo? (Fingiu voz de sono)

Mateus: Oi, esqueceu-se de mim foi, parece que te acordei...

Luis: Sinceramente, acordou sim, mas quem fala mesmo?

Ver a distancia Mateus se contrair de raiva alegrava o coração de Luis, era como se o amigo sentisse dor em se ver rejeitado por ele.

Mateus: Ora quem é? Quem ficou de te ligar hoje quando chegasse à rodoviária?

Luis: Mateus? Nossa você já esta na capital?

Mateus: Estou né, não lhe disse que chegaria cedo...

Luis: Nossa cedo mesmo faz assim meu amigo senta e espera, em uns quarenta minutos devo estar ai.

Mateus desligou sem responder, sentou-se em um dos bancos ali próximo e estampou no rosto um bico que fez com que Luis desejasse beijá-lo, ele saiu caminhando lentamente em direção ao jovem emburrado, contornou o muro que separava a lanchonete da área de embarque e ficou logo atrás de Mateus, sorria alegremente imaginando o susto que o futuro amigo teria ao vê-lo ali a sua espera.

Luis: Não me diga que ficou bravo comigo meu amigo?

Mateus virou-se lentamente, parecia até mesmo um filme Hollywoodiano pensava Luis.

Mateus: Você aqui... Pensei que realmente estava em casa... Poxa!

Luis: achou mesmo que te deixaria esperar, não lhe disse que seriamos amigos, pois então cá estou para lhe servir de chofer durante todo este dia...

Mateus levantou-se, caminhou até o amigo branquinho, que estava visivelmente bonito e lhe abraçou ternamente. O sentimento parecia recíproco, mas qual sentimento era esse, seria o mesmo de Luis, ou o de Mateus era diferente, era amizade pura e única, ou era amor, desejo, paixão? O abraço durou frações de segundos, mas aquilo para Luis foi tempo o suficiente para perceber que realmente gostava daquele garoto, o perfume de Mateus inebriava seus sentidos, era um cheiro adocicado, que passava uma sensação de ternura, quase como o cheiro de pele de bebe.

Mateus se desprendeu de Luis e olhou por uns instantes, mesmo com os óculos escuros era perceptível que o garoto encarava Luis.

Luis: O que foi?

Mateus: A Laila tinha razão mesmo branquelo assim você até que é bonito, e cheiroso também...

Luis: Obrigado... (risos envergonhado) você também até que é bonitinho, os olhos principalmente...

Mateus havia dito aquilo como se fosse à coisa mais normal do mundo, sorria, e aquele sorriso moleque não demonstrava nenhuma segunda intenção, parecia normal a ele elogiar um homem, já Luis estava travado, pensou em fazer uma piadinha, mas somente concordou e ainda elogiou os olhos do garoto.

Mateus: É eu sei, meus olhos são a única coisa que salva...

Luis: Isso não é verdade, teu cabelo também é show... Principalmente assim amassado como ta hoje...

Luis e Mateus já andavam em direção ao carro, mas Mateus parou imediatamente, colocou os braços na cintura e parecia revoltado com o que

Luis havia dito.

Mateus: Não acredito?! Meu belinho lindo ta amassado, só agora que você me avisa? Puta amigo tu é, hein?

Luis: (risos histéricos) Não acredito... Belinho... (mais risos) serio você é muito comédia garoto... Ta lindo teu belinho, amassadinho dá até um charme extra...

Mateus: Vai ficar rindo ai... Eu acordei cinco da manhã, só para deixar esse fuzuê no lugar, sabe o quanto de spray fixador eu precisei usar? Não sabe né, pois saiba que foi muito... Ai minha Nossa Senhora, por que fui dormir... Aonde tem um banheiro pelamordedeus...

Luis: (Ainda rindo) Deixa disso menino, vamos ao shopping, pegar um cineminha, depois você vai num salão e dá uma ajeitada nessa gafuringa aí.

Mateus: Agora tu pegou pesado... Gafuringa meu belinho... Belém Belém to de mal e só amanhã fico de bem...

Luis ria do amigo que estampava um bico enorme, tentador para se dizer a verdade, a vontade de pular naquela boca carnudinha e selar o desejo que dominava seu ser era imensa, mas a cautela e ate mesmo as cólicas provocadas pelo riso impedia qualquer ação favorável ao desejo. Os dois demoraram a entrar no carro, toda vez que Luis olhava para Mateus e via sua cara amarrada, não se agüentava e caia na risada, já Mateus estava lá de cara fechada, fingindo zanga, mais louco para rir com o novo amigo. Chegaram ao shopping, Mateus estava calado, Luis tentava se conter, mas o riso insistia em sair e uma tosse fez se presente levando-o a engasgar com a própria alegria.

Mateus: Vai bobo, ri de mim, é isso que dá agora aguenta...

Luis tossia tanto que quase vomitou. Seus olhos estavam vermelhos, as lágrimas caiam e a dor no peito era imensa, Mateus se preocupou com o amigo, correu até ele, segurou o pelo peito e lhe deu tapinhas leves nas costas. Aquilo deveria ter ajudado Luis, mas sentir o toque da mão quente de Mateus em seu peito e o leve espalmar de sua mão em suas costas, fez com que o aceleramento cardíaco o impedisse de controlar a tosse, aquilo já estava doendo e a intensidade das dores começava a preocupar Luis que não conseguia parar de tossir.

Mateus: Cara você esta me deixando preocupado, por favor, para... Ai meu

Deus o que eu faço...

Um segurança do shopping vendo a movimentação estranha daqueles dois indivíduos resolveu aproximar-se e ver o que acontecia.

Segurança: Ei, o que esta acontecendo aqui?

Mateus: Graças a Deus seu guarda me ajuda aqui, meu amigo está passando mal, eu não sei mais o que fazer... (o choro já apertava na garganta, de Mateus).

Segurança: Espere só um pouco, vou pedir um enfermeiro aqui, pra ajudá-lo...

O Segurança sacou o radio que levava na cintura e solicitou a central de segurança que enviasse uma maca até o estacionamento, Luis sentia tanta dor que já não se aguentava em pé, aquilo nunca lhe tinha acontecido, e agora só uma coisa passava em sua cabeça, a vergonha que estava passando diante de quem possivelmente era o amor de sua vida.

Luis foi levado até a enfermaria no térreo do shopping. Durante o percurso a vermelhidão provocada pela falta de ar, só não era maior que a provocada pela vergonha de ser visto naquelas condições. Na enfermaria Luis foi logo atendido por uma enfermeira, que após aplicar uma espécie de aerossol em Luis, eliminou completamente a tosse que antes oprimiu tanto a garganta e o seu pulmão.

Enfermeira: Olha rapaz, você deve procurar um alergista ou um pneumologista, essa tosse indica que você sofre de asma, já passou antes por uma crise assim?

Luis: Não senhora, é a primeira vez, mas o que pode ter provocado isso, lembro que eu estava rindo muito, ai me deu vontade de vomitar, e a tosse começou e não consegui parar mais...

Enfermeira: O asmático é assim mesmo, quando você se esforça muito, pratica exercícios ou ri em demasia a tosse asmática é o primeiro sintoma, aconselho a procurar rapidamente um especialista, asma não é brincadeira, e em um ataque como esse de hoje em um lugar sem auxílio medico pode levá-lo a ter sérios problemas de saúde.

A conversa se encerrou ali, Luis e Mateus saíram calados, um se culpava pelo ocorrido com o outro, a situação não poderia ser tão constrangedora. Luis se sentia incapaz de olhar o rosto tristonho de Mateus.

Mateus: Lúh...

Luis: Ham?

Mateus: Vai ficar calado ai, agorinha estava rindo como um pateta deixa de ser besta... Foi um inconveniente, nada mais não é?

Luis: Estou mega envergonhado, nossa primeira vez que saímos juntos, e te dou esse susto, mais juro isso nunca aconteceu comigo...

Mateus caiu na risada no meio da área de alimentação do shopping, o garoto se contorcia de rir, era como se milhares de mãos tentassem fazer cócegas nele.

Luis: Ei é melhor parar de rir, ou você quem vai precisar ir para a enfermaria.

Mateus: Não consigo... O que você disse... (risos descontrolados) foi hilário...

“isso nunca aconteceu comigo” (fazendo aspas com os dedos) parece coisa de homem broxante...

Luis começou a rir também, realmente Mateus tinha razão, aquilo era muito engraçado...

Após se recomporem, ambos sentaram-se diante uma lanchonete muito conhecida – amo muito tudo isso, mas eles não demoraram muito ali, Mateus estava com sono e pediu a Luis que o levasse em casa, precisava dormir um pouco ou não estaria apto a sair à noite.

Já era sete da noite, Luis e Mateus estavam sozinhos em casa, terminavam de se arrumar para ir à boate. Quando Janaína telefonou, foi Mateus que atendeu o celular de Luis, este estava no banheiro secando o cabelo.

Janaína: Fala gostoso, já estão prontos?

Mateus: Uia, gostoso é? Já esta dessa forma sua piriguete!

Janaína:... Mateus?

Mateus: Não, é o papa sua besta.

Janaína: Laila eu disse os dois tão se pegando, olha só Mateus já esta atendendo o celular do Luis (Janaína gritava para Laila, que pela intensidade do grito não compartilhava do mesmo cômodo que a amiga).

Mateus: Deixa de ser ridícula, sua escrota e fala logo o que você quer, estava perto de gozar e você me interrompeu, caralho agora o Luis não vai querer mais me chupar, já ta escovando os dentes...

Janaína: Que? Ai meu Deus vocês são gays de verdade?

Mateus: Aff... Tu não é loira, mais é uma porta mesmo em? Eu estou brincando besta, Luis ta secando o cabelo e pediu para que eu atendesse só isso, mas diz o que quer, preciso terminar de me arrumar...

Janaína: Credo, eu e Laila já estamos prontas, a um tempão, e depois dizem que é mulher que se atrasa se arrumando, diz ai pra outra noiva que a festa é hoje (risos)

Mateus: Luiiiiiissssss, essas piriguetes tão insinuando que a gente é gay e ta fazendo amor...

Luis: Que?

Janaína: Maldade em? Bicha má. – desligou.

Luis e Mateus finalmente se viram prontos para ir até a famosa balada, já haviam combinado de encontrar as garotas em frente à boate. No carro, enquanto Luis dirigia Mateus caçava alguma estação boa para ouvir durante o trajeto.

Luis: Ei, no porta luvas tem o porta cd, vê ai se você encontra um que gosta... Mateus pegou o porta cd e ficou interessado nos CDs que ali havia, percebeu que Luis poderia ser mais interessante do que imaginava, seu gosto musical não era restrito, pelo contrário era bem eclético, encontrou CDs de samba, rock, pagode, sertanejo universitário e até um de uma orquestra sinfônica...

Mateus: Nossa mais você ouve de tudo garoto? Não tem um estilo definido não?

Luis: Tenho sim, amo rock, escuto de tudo, mais prefiro o velho rock and roll... aqui escuta esse (disse pegando um cd de uma banda chamada Lifehouse).

Adoro o som desses caras...

Mateus: Ta brincando né? Eu amo Lifehouse... Eu não tenho esse cd... (Colocou o cd e logo iniciou aquela melodia suave, seguida da voz mágica de Jason Wade) Cycle Carousel certo?

Luis: Hanram uma das minhas preferidas.

O percurso todo Mateus e Luis cantavam as melodias cheias de amor e espiritualidade daquela banda que marcaria a vida dos dois de uma forma estrondosa.

Já estavam na porta da boate quando Mateus recebeu uma ligação de Laila dizendo que os aguarda na entrada e que já havia comprado à entrada dos quatro.

Mateus: Vamos, elas nos esperam logo ali...

Aquela noite prometia, após cumprimentos trocados entre os quatro, entraram na boate, aquela noite tocava muita musica do David Guetta um DJ amado por Luis e Mateus, ambos se esbaldavam na pista de dança, e bebiam como bebiam aqueles dois, era como se fosse a última noite de suas vidas.

Já eram altas horas da noite, umas quatro por ai, a balada começara a esquentar, Laila e Jana haviam desaparecido fazia quase uma hora, certamente estavam penduradas na boca de algum bofe que conheceram por ali mesmo. Luis estava próximo ao bar, observava Mateus dançando, como tinha gingado aquele garoto, pensava Luis, pensava também de como seria bom se pudesse dançar com ele, tê-lo nos braços, beijá-lo, e vê-lo sorrir com aqueles dentes tão branquinhos e perfeitos.

Pensamento de Luis: Como seria perfeito abrir os olhos e encontrar aquelas esmeraldas me fitando. Droga, o que estou pensando meu Deus, sou homem, tenho que curtir beijar é mulher, tudo seria tão mais fácil se ele fosse mulher...

Luis pensava muito e encarava Mateus. Percebeu então que o garoto era cortejado por diversas mulheres, de todas as idades, de todas as formas, umas eram atiradas de mais, outras olhavam com cara de desejo mais nada diziam ou faziam, e outras já atacavam mesmo tentando arrancar um beijo do belo rapaz, mas todas ganhavam o mesmo de Mateus, um simples não. Isso é estranho de mais, porque rejeitar tantas mulheres, muitas delas eram perfeitas, mulheres que qualquer homem desejaria, só pode ser gay, pensava Luis.

Diante dessa hipótese, Luis não sabia o que pensar ou o que fazer sua atitude não poderia ser outra, com as mãos no bolso, andou calmamente entre a multidão, indo na direção do belo amigo que dançava uma musica da Britney até melhor do que a própria.

Aproximou-se até quase ver seu corpo colado ao de Mateus, passou o braço pelo ombro do amigo e disse ao seu ouvido.

Luis: Trident de melancia você quer?

Mateus se virou, fitou o amigo e sorriu, o abraço foi involuntário. Os dois sorriam da atuação de Luis, era muita ousadia daquele garoto imitar Mateus, mas não deixava de ter seu charme. Junto à bebida, a música alta tudo parecia mais belo, mais ousado, um nos braços do outro, esquecia toda aquela multidão ao redor, só importava o sentir do corpo um do outro, estavam felizes juntos, aquela amizade de um dia apenas, já representava o inicio de uma vida a dois, era algo mágico, único...

Laila: Ei meninas, vão se beijar agora, ou teremos que esperar mais um pouco? Meus pés estão me matando, beijem-se logo e vamos pra casa... Laila e Janaína surgiram não se sabe de onde e destruíram todo o clima que se iniciava entre os dois garotos. Diante delas, todo o encanto desapareceu e deu lugar a uma vergonha jamais sentida por qualquer um dos dois, ambos ficaram de cabeça baixa, balançando o troco lentamente como se dançassem, mas não dançavam apenas tentavam criar coragem para enfrentar toda aquela situação embrulhada por descobertas e sentimentos desconhecidos ainda pelos dois.

Foi Mateus que deu o primeiro passo, Luis ainda estava desconcertado, mas logo se animou diante a brincadeira de Mateus.

Mateus: Luis, essas duas estão querendo um macho de verdade, vamos dar a elas o que merecem, eu pego a Janaína e você a Laila.

Os dois saíram em direção às meninas, Janaína saiu correndo pela boate, tentando fugir dos braços de Mateus, mas Laila continuou imóvel diante a investida de Luis, e assim que este tentou beijá-la no rosto, o surpreendeu lhe dando um beijo desentupidor de pia, daqueles que fazem até barulho. Não era do feitio de Luis de fugir de uma mulher, e, portanto não fez isso, até gostou do beijo de Laila era quente, lento e gostoso. Os dois se pegavam de jeito, as mãos deslizavam pelo corpo um do outro, suspiros profundos se ouviam quando um largava a boca do outro para respirar, estavam ainda se beijando quando ouviram o grito de Janaína.

Janaína: Não acreditooooooo... Nega sua cachorra eu sabia tu queria esse beijo... Piriguete lerda...

Os dois se soltaram e sorriram um para o outro, ainda tímidos, Luis quando se deu conta do que havia feito procurou pelos olhos esmeralda de Mateus, mas não os encontrou, o garoto estava longe sentado no lounge, de cabeça baixa, usava óculos escuros, algo impróprio para aquela ocasião, Luis não sabia o que fazer se deixava a garota que acabara de beijar ali, ou se ia ate o amigo que parecia triste logo a sua frente.

Luis: Gente, ta tudo muito bom, ta tudo muito bem, mas vamos pegar o Mateus e partir...

Janaína: Falou parceiro...

Os três foram ate onde estava o amigo e o chamou, o garoto apenas assentiu com a cabeça e seguiu os amigos, pagaram as comandas e seguiram até o estacionamento.

Janaína: Ei Luis, onde pensa que vai, poxa vai embora sem um beijo de despedida, assim a Laila vai ficar triste.

Mesmo a contragosto Luis beijou Laila, um beijo bom e lento, mas que não deixava seu pensamento em paz sentia que estava traindo o sentimento que tinha por Mateus, foram longos cinco minutos até que se separaram deram mais um selinho e resolveram ir embora.

Ao entrar no carro Luis, viu seu amigo dormindo no banco do passageiro, sentiu-se aliviado não teria que ver as esmeraldas lhe fitarem naquele momento, preferia pensar um pouco mais no que havia acontecido e depois encarar o amigo e ver se aquilo teria o atingido de alguma forma. O trajeto de volta foi rápido, Mateus permaneceu na mesma posição, Luis não sabia dizer se ele estava mesmo dormindo ou se fingia para não ter que encará-lo, foi muito a contragosto que teve que acordar o amigo após estacionar o carro na vaga do seu apartamento.

Luis: Acorda dorminhoco, já chegamos, vamos subir...

Mateus abriu os olhos, sorriu timidamente para o amigo, e saiu arrastando os pés até o elevador, novamente não disse nada, sua cara de sono era linda para Luis, mais este nem conseguia pensar na beleza do amigo, somente via que aquele beijo poderia destruir o relacionamento dos dois garotos.

Chegaram ao quarto, Mateus sentou-se na cama e olhava os pés sem demonstrar qualquer pensamento.

Luis: Ei meu amigo, vai ficar calado ai, está cedo ainda vamos conversar um pouco, até o sono vir...

Mateus: Não quero conversar cara, só quero dormir e ver este dia terminar logo... Ele foi muito desgastante.

Luis não disse nada, abriu a bi cama e ofereceu um travesseiro ao amigo, Mateus apenas se deitou, virou de lado e nada mais disse, o coração de Luis doía de uma forma incrível, era visível que ele havia magoado o amigo, mas nada disse, foram horas deitado olhando para o teto, sem conseguir dormir, era dez da manhã quando os pensamentos perderam para o sono e Luis se entregou aos braços de Morfeu e adormeceu.

Já era duas horas da tarde, quando Luis ainda na cama se viu acordado por algo molhado sobre suas costas, era uma sensação gostosa, como se alguém lhe desse varias lambidas na coluna. Ficou quieto por um tempo, para ver se aquilo era real ou sonho, mas o que era lambidinhas leves se tornou mordidinhas provocativas que desciam em direção a bunda de Luis, definitivamente aquilo era uma pessoa e não parecia nada um sonho, na cabeça de Luis era Mateus que o atacava. E aquela sensação era tão gostosa, que o deixava com medo de abrir os olhos e espantar o amigo que lhe proporcionava tanto prazer. Aquela pessoa que agora mordia as nádegas de Luis passou a mão pelas cochas do garoto aranhando-o, mas como Mateus poderia aranhar as pernas de Luis se ele tinha o péssimo habito de roer as unhas. Foi num estalo que Luis levantou-se da cama, e colocou-se a admirar aquela pessoa de cabelos longos e loiros, que sorria meio a contra gosto para ele.

Luis: O que você esta fazendo aqui Laila, e que negocio é esse de morder minha bunda?

Laila: Ai desculpa Lu, eu queria te dar um susto, mas me empolguei vendo essa bundinha ai toda arrebitadinha...

Luis: Aff... Era só o que me faltava! Me dá licença que to indo tomar banho...

Luis foi para o banheiro, ainda não tinha se ligado que Mateus estava sentado na cadeira do computador olhando toda a cena. No banho Luis desejou com todas as suas forças que ali naquela cama estivesse seu garoto dos olhos esmeralda, que lhe desse um beijo na boca com gosto de trident de melancia, e dissesse que o amava para todo o sempre. O tempo inteiro que esteve ali naquele banheiro sentindo a água quente cair sobre seu corpo, Luis se viu mais apaixonado pelo amigo, mais o que lhe assustava era que constatar isso era considerá-lo gay, uma coisa que ele jamais poderia ser. Não tinha preconceitos, mais preferia que “esses caras” se mantivessem no seu lugar e não se aproximassem dele. E ser um desses caras era pior ainda, ele sabia o que teria de enfrentar se o mundo o visse como gay, e definitivamente temia por isso. Só uma atitude poderia tomar diante disso tudo e Luis sabia qual deveria ser mais antes ponderou muito qual caminho seguir, declarar-se apaixonado por Mateus ou seguir esse lance com Laila e tentar retomar sua heterossexualidade perdida em algum lugar no tempo, mas era fácil definir qual o caminho certo, e isso tava definido em sua mente, iria ouvir a voz da razão e deixar de lado a voz do coração. Entrou no quarto ainda enrolado com a toalha, de seus cabelos ainda pingavam gotas de água quentinha, sua pele exalava cheiro de sabonete.

Laila estava sentada na cama de Luis com os braços envoltos das pernas, olhava Luis atentamente, seus olhos demonstravam desejo, do outro lado ainda na cadeira do computador, com o mesmo silencio da amiga, estava Mateus, continuava com seus óculos escuros, o cabelo estava impecavelmente no lugar, e Luis não soube dizer se seus olhos o fitavam, mas em seu coração ele tinha essa certeza, Mateus o olhava com ternura, carinho, sentimentos comuns a um amigo e não a alguém que esteja apaixonado.

Luis caminhou lentamente pelo quarto, parecia desfilar para os dois indivíduos ali presentes, um passo a direita e estaria diante de Mateus, um a esquerdo e estaria frente a frente à Laila.

Um passo e ele se declararia gay. Um passo e ele afastaria qualquer chance que poderia ter com o rapaz de olhos esmeraldas e hálito de melancia.

Foi à decisão mais difícil que poderia ter em toda a vida, um passo à esquerda foi dado, Luis ficou diante a Laila, ela sorriu para seu affair, e este selou seus lábios com carinho. Foi nada mais que um beijo, mas para Luis era o fim de qualquer duvida que possa existir em sua cabeça, ele escolherá ser homem, ser hétero, e gostar do que lhe parecia normal mulher.

Luis: Meu amor me dê licença, preciso me vestir...

Laila: Claro gato vou falar com sua tia, te espero ali fora. (e novamente selou Luis).

Mateus: Me espera Lai, vou só pegar uma camiseta e sigo com você...

Luis: Para né Mateus, somos homens, tudo que tu tem eu também tenho não é, fica ai...

Mateus parecia sem forças para negar o pedido de Luis e continuou com seus óculos escuros, Luis não sabia aonde seus olhos olhavam, mais ainda tinha forças para desejar que fosse para o seu corpo.

Retirou a toalha, e caminhou completamente nu pelo quarto, indo até a gaveta de cuecas, ali se abaixou escancaradamente de modo que se Mateus olhasse veria todos os seus poros com todos os detalhes, escolheu uma Box preta da CK, abaixou-se o mais lentamente que pode, levantou uma única perna, vestiu-se. Abaixou-se novamente e vestiu a outra perna, ajustou o saco com a mão, deu aquela balançada no pênis e olhou para seu amigo, que mesmo de óculos escuros não poderia esconder a vermelhidão de seu rosto, e os lábios entreabertos também o denunciava.

Luis se virou e riu para si mesmo, se Mateus não curtiu aquilo, pelo menos ficou surpreso com a proporção do equipamento escondido pela Box preta. Ele terminou de se vestir e chamou o amigo para sair do quarto, estava com fome, e precisava ver Laila e resolver como ficaria aquela situação entre eles, pretendia pedi-la em namoro ainda naquela tarde. Mais ao ver Mateus se levantar, e exibir seu peitoral moreno, Luis começou a suar, era a perfeição em pessoa, cada gominho do abdômen do garoto, lhe arrancava suspiros, e aqueles poucos pelinhos que levavam até a felicidade contrastando com a pele morena clara deixava Luis excitado a tal ponto que era visível do lugar que Mateus estava, e posso dizer era uma super excitação.

Mateus: Ixii... Olha o cara meu, ta de barraca armada aio...

Luis: Nada a ver meu, pensei umas besteiras aqui... Que sonhei essa noite...

Mateus: Nem vem, pode dizer a verdade, ficou assim de ver meu tanquinho aqui não foi, confessa tu gostou do produto todo top.

Luis: Sai fora meu, e de que adianta esse tanque todo ai se a torneirinha é ô (e fez sinal com os dedos indicador e polegar, mostrando um tamanho mínimo), por outro lado eu já não tenho tanquinho, mas tenho uma verdadeira mangueira de incêndio aqui ô (e apontou em direção ao pênis).

Mateus: Tadinho, torneirinha não mesmo, quer ver ô...

Mateus abaixou a bermuda e junto se foi à cueca, e Luis se viu diante de algo que jamais pensou ver no garotinho todo meigo que estava ali na sua frente, o brinquedinho, ou melhor, o brinquedão de Mateus surpreendeu Luis, aquilo não parecia normal, a ereção de Luis se foi em questão de segundo ao imaginar o que aquilo poderia provocar em sua alcova ainda intocada.

Luis: Caralho mano tampa esse troço, cruzes tu é o maior tripé que já vi na vida, me deu medo agora...

Mateus: (risos) sabia que você iria se surpreender... (Mateus abaixou a cabeça, fitou o chão e disse após um suspiro) mais do que adianta tudo isso, se não tenho com quem usar.

Luis: Para né mano, tu não tens por que não quer, ontem mesmo na boate eu percebi altas gatas chegando em ti, e você esnobando todas. Se quisesse ontem mesmo teria arrombado umas três gostosas com essa anaconda ai.

Mateus: Mano, tu não entendes...

Luis: Se você tentar me explicar, quem sabe eu entendo!

Mateus: Eu curto uma pessoa ai, mais ela se quer olha pra mim, não tenho vontade de ficar com mais ninguém...

Luis: Quem sabe se tu chegar à mina, ela não te demonstre que também está afim de ti, tu é um cara boa pinta, tem um corpo legal, e alem de ter esse par de olhos que se fossem meus usaria para conquistá-las.

Mateus: Doce ilusão meu querido, doce ilusão, se eu me abrir pra essa pessoa, só vou conseguir um puto de um olho roxo ou um braço quebrado.

Luis pescou algo nessa informação, pessoa, olho roxo, ele não deveria usar as palavras mina, garota, mulher? Pensava nisso quando se sentiu abraçado por Laila.

Laila: Hain amor, vocês demoram demais, credo todo esse tempo para se vestir?

Mateus: Esse ai é pior que mulher em dia de casamento Lai, tu arrumou um namorado que vai te fazer esperar.

A conversa rolou por um tempo ainda no quarto, ate que Emília os chamou para jantar, a mãe e o padrasto de Luis ainda viajavam. Na mesa a conversa foi alegre, Mateus sorria muito, falava sobre diversos assuntos, Luis o assistia falar, não se manifestava muito, ouvir Mateus e vê-lo se expressar dava lhe certo prazer, e nem os carinhos feitos por Laila em sua coxa lhe chamava tanta atenção.

Uma coisa não saia da cabeça de Luis, quem era essa pessoa que Mateus gostava, seria menina ou menino, “... doce ilusão” essa afirmação não lhe abandonava a cabeça e isso se seguiu até o momento que Mateus se despediu e segui com Laila, dormiria na casa da amiga e atual namorada de Luis aquela noite e no dia seguinte, segunda-feira seguiria para sua casa, na saída um abraço apertado entre os dois garotos demonstrava que ambos sentiriam saudades, naquela semana não se veriam tão cedo, segunda-feira e terça-feira seria feriado, quarta Emília não trabalhava, ou seja, quinta seria o dia em que os dois tornariam a se ver, Luis se preocupava mais em estar afastado do amigo esmeralda do que de sua namorada cabelos cor de ouro.

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