Test-drive no cuzinho do primo
Todos estranharam quando ele apareceu sem ter avisado, Kaique seria a última pessoa que poderíamos imaginar a bater em nossa porta. Ele é filho da minha tia Helena, irmã do meu pai que não era muito bem quisto nem por ela e nem pelos outros dois irmãos César e Eduardo, depois de ter virado uma espécie de ovelha negra da família por uma série de atitudes e comportamentos que os levaram a bani-lo do convívio deles. Essa história eu conto mais adiante, por hora, concentremo-nos no meu primo.
O Kaique alegou ter vindo a cidade para prestar os vestibulares de uma renomada universidade da cidade, e pediu se não podia ficar hospedado por esses dias em nossa casa. Devo admitir que ninguém se alegrou com isso, mas meu pai o recebeu mesmo assim, apesar da frieza com a qual o acolheu. Ele pareceu não perceber que sua visita inesperada gerou certo desconforto ou, fingiu não notar que o encarávamos como um estorvo. Por seu lado, ele logo foi abraçando meu pai cumprimentando-o alegremente e também o fez tão efusivo quanto, com a minha mãe abraçando-a carinhosamente e beijando seu rosto, numa cena que eu e meus irmãos nunca havíamos presenciado antes, uma vez que nossos pais nunca gozaram de muita popularidade, o que chegou a deixar minha mãe até um pouco encabulada, algo que ela definitivamente nunca foi, muito pelo contrário.
Ele não se lembrava dos nossos nomes, à exceção do José Claudio, nosso meio irmão mais velho, uma vez que era o único a não ser filho do nosso pai. Ele fazia parte do pacote que meu pai assumiu quando se juntou com a nossa mãe. Mesmo assim, notei que ele se esforçou para guardar os nossos nomes numa escada decrescente, uma vez que éramos sete, Matheus Eduardo, Bernardo Miguel, Davi Felipe (quem vos narra), Pedro Gabriel, Nicolas Ricardo, João Gustavo e Thiago Luiz, cujos nomes duplos foram ideia da nossa mãe que sempre os achou pomposos e ligados a pessoas endinheiradas, o que só existia em sua imaginação uma vez que sua vida nunca teve nada de glamorosa.
O Kaique se mostrou simpático, apesar de todos o encararmos com certa desconfiança e, porque não dizer, até com desprezo, devido aos relatos que sempre ouvimos dos nossos pais. E eu, até mais que os outros, por me recordar de um episódio quando era adolescente.
Na ocasião, passávamos por mais uma das crises financeiras que já eram rotineiras no histórico pouco louvável do meu pai, e ele resolveu deixar o orgulho de lado para tentar colocar alguma coisa na mesa, visto que havia dez bocas a alimentar, e foi apelar para os irmãos. Tanto o César quanto o Eduardo já o haviam banido de suas vidas depois de haverem tentado ajuda-lo e ele ter torrado o dinheiro em bebidas e jogos, e nem chegaram a deixá-lo entrar em suas casas, depois de o examinarem e constatarem o estado deplorável em que se encontrava, tossindo ruídos estertorosos que vinham de seu pulmão afetado pela tuberculose que o consumia naquela época. A tia Helena era a que estava em melhores condições, havia se casado com um homem vindo da classe média, mas que trabalhara duro e desenvolvera seu tino comercial amealhando uma pequena fortuna que garantia uma vida confortável para a família que formou, e que era seu mais valioso tesouro. Tia Helena nos recebeu, até mandou a empregada preparar um almoço mais caprichado, provavelmente porque eu, o Pedro Gabriel e o Nicolas Ricardo devíamos ter estampado em nossas caras os ruídos dos nossos estômagos vazios. Não dava para dizer que ela estava feliz com aquela visita, pois já desconfiava que meu pai só estava ali para pedir dinheiro mais uma vez, o que ela não estava disposta a fazer, como logo deixou bem claro. Lembro-me da raiva que senti dela quando acusou nosso pai de ser um vagabundo e perdulário, de não honrar tudo o que os meus avós fizeram por ele, e de ter se deixado influenciar e reger por uma mulher de índole duvidosa, no caso, minha mãe. Cheguei até a perder a fome, apesar da mesa farta cheia de quitutes aromáticos que a empregada dispôs a nossa frente, e no meu íntimo, chamei-a de puta rameira de nariz empinado. Por alguma razão meu pai não reagiu aos insultos dela, atacou a comida com voracidade até se fartar com aquelas delícias que nunca estiveram presentes em nossa mesa. Também me lembro de o Kaique ter descido quando soube de nossa visita, ele não passava de um pirralho e veio ao nosso encontro com a mesma alegria de quando aportou há pouco em nossa casa. Ele abraçou meu pai, cumprimentou a cada um de nós com um sorriso espontâneo, nos perguntou se queríamos brincar quando terminássemos a refeição, mas seu entusiasmo foi interrompido pela tia Helena, que o mandou de volta para o quarto para se aprontar para a aula de piano.
- Ah, mãe, hoje eu não quero ir, quero brincar com meus primos! – retrucou ele, quando recebeu a ordem. – É só hoje, deixa, vai?
- Nada disso, mocinho! Hoje é por um motivo, amanhã é por outro e você vai virando um preguiçoso irresponsável. – argumentou ela, no que achei ser uma indireta para o meu pai.
- Que droga, viu! Nunca posso fazer nada! – reclamou o Kaique fazendo beicinho, o que achei engraçado.
Saímos de lá pouco depois, ela nem deixou o Kaique se despedir da gente, com uma sacola de roupas usadas e mais duas com coisas que ela mandou a empregada garimpar na despensa da casa. Não eram mais do que migalhas que fizeram meu pai se sentir humilhado e, também, não sei porque razão, eu saí com esse mesmo sentimento.
Naquela época eu começava a enxergar meus pais sem aquela ingenuidade infantil de anos atrás, eles estavam deixando de ser meus heróis para se transformarem naquilo que realmente eram, pessoas que seguiram por caminhos nem sempre dignos e que não se arrependeram das escolhas que fizeram, fosse pelas contingências do destino ou por vontade própria.
Meu pai já fugia da escola desde criança, aprendeu mal e porcamente o básico para não ser um analfabeto. Passou num concurso para a Guarda Municipal, onde ficou durante alguns anos, talvez os áureos de sua vida, e quando conheceu minha mãe, na época uma adolescente que perambulava pelo cais do porto da cidade no meio dos estivadores. Para complementar o soldo, ele fazia rolos com artigos contrabandeados apreendidos que obtinha ilicitamente de agentes federais, que os saqueavam dos depósitos da Receita Federal. Foi durante uma operação no porto que ele conheceu minha mãe e os dois resolveram, naquele mesmo dia, estender a conversa num bar das proximidades após o expediente dele e em seguida para um motel barato onde enfiou o cacete dele pela primeira vez na buceta larga dela. Meses depois, ela o procurou no batalhão onde estava lotado e lhe apresentou a barriga de quatro meses onde o Matheus Eduardo estava se desenvolvendo. Juntaram-se e foram morar de aluguel num casebre decadente de um bairro pobre próximo ao porto, mal sabiam eles que ali se selava o destino deles.
A cada revés, com o dinheiro contado sempre escasso, ambos se embebedavam para esquecer dos problemas. Na Guarda Municipal ele passou a ter faltas injustificadas por precisar cuidar das ressacas e, quando o escalavam, o colocavam nas piores missões. Talvez devido a elas e certamente a outros fatores, ele contraiu tuberculose pela primeira vez, quando foi afastado da ativa por quase dois anos para poder tratá-la. Embora tísico, não abdicou dos prazeres da uma rodada de pinga com os amigos e de embuchar o ventre da mulher. Da minha cama, eu os ouvi fazendo cada um dos meus irmãos mais novos no quarto ao lado, separado apenas por um cortinado, entre gemidos e risadinhas que enchiam as madrugadas de luxúria e devassidão. Cresci vendo minha mãe sempre grávida, parindo um rebento atrás do outro, enquanto a situação dentro de casa só piorava. Talvez tenha sido a providência divina que pôs fim aqueles partos que duravam horas e deixavam a nós, crianças, aflitos com aqueles gemidos intermitentes, pois o Nicolas Ricardo e o João Gustavo vieram ao mundo pelas mãos de parteiras no mesmo quarto em que foram gerados. O mesmo teria se dado com o Thiago Luiz, não fosse a doula avisar meu pai que ele estava atravessado e que o parto pelas vias normais não seria possível. Levada às pressas para a Santa Casa, tiraram-no do ventre da nossa mãe a tempo da asfixia perinatal não o deixar com sequelas. No entanto, com isso também se foi o útero dela, encerrando de vez a produção da prole, o que nos pareceu uma benção, já que a cada novo integrante a penúria dentro de casa só aumentava.
Durante a recuperação da segunda tuberculose, a Guarda Municipal resolveu aposentar meu pai por invalidez, ele contava então 45 anos; mas ictérico, magro e decrépito nem lembrava mais o jovem atlético de anos atrás. Minha mãe seguiu pelo mesmo caminho, embora não tenha se aposentado porque nunca trabalhou numa função, digamos, virtuosa. Ela sempre foi uma criança mirradinha, sem atrativos femininos, as gravidezes consumiram o pouco viço deixando-a com um rosto esquálido coberto por uma pele seca e vincada, e um corpo esquelético, que a bebida tornava cada dia mais alquebrado. A partir de então, passamos a viver apenas dos bicos e rolos nos quais meu pai se metia, ensinamentos que ele nos incutia à medida que íamos crescendo.
Com todo esse histórico pairando sobre a família, era mais que lógico estranharmos a presença do Kaique em nossa casa. Ou ele o desconhecia completamente, ou estava só averiguando até onde estávamos atolados no fundo do poço. E, mais uma vez, senti desprezo por tudo que ele representava.
- Tu vai ter que dormir no chão, moleque! Aqui não tem quarto de hóspedes privado, como está vendo. – informei, quando meu pai me pediu para mostrar onde ele ia dormir, embora também tenha me pedido para alojá-lo no meu beliche, o que eu não estava disposto a fazer para um mimadinho feito ele.
- Não me incomodo! Está tudo bem! – respondeu ele, com um sorriso amistoso. Ou esse merdinha está tirando uma com a minha cara, ou é um tremendo de um babaca, pensei comigo mesmo.
A casa só tinha dois quartos, eram na verdade cubículos apertados com uma janela pequena que não dava conta de ventilar o espaço nos dias abafados que fazia na cidade. Um deles era ocupado pelos meus pais que ainda trepavam feito coelhos quando não estavam entorpecidos pelo álcool uma vez que as fodas já não representavam mais nenhum perigo. No outro, em dois beliches grudados nas paredes e separados por um corredor estreito, dormíamos nós, os mais velhos, José Claudio, Matheus Eduardo, Bernardo Miguel e eu, enquanto num canto da sala em formato de L ficavam os beliches do Pedro Gabriel, Nicolas Ricardo, João Gustavo e Thiago Luiz, devassados por qualquer eventual visita.
Eu andava numa fase complicada, fazia pouco mais de uma semana que tinha brigado pela enésima vez com a minha namorada, Gabriela, depois que a peguei se engraçando para um sujeitinho escroto do bairro. Eu nem sei se gostava dela, mas isso não significava que ia deixar outro macho faturar a minha fêmea nas minhas fuças. No trabalho, numa oficina mecânica, as coisas também não andavam bem. O patrão, um sujeitinho folgado, resolveu me pegar de cristo toda vez que ficava com os cornos virados. Qualquer merdinha que acontecia na oficina ele dava um jeito de me culpar, acompanhado de um esculacho diante dos outros mecânicos. Já estive a ponto de rachar a cabeça dele com uma pesada chave de boca ajustável quando estava trabalhando num motor e ele veio me cobrar o sumiço da porra de um torquímetro que eu não usava há mais de uma semana, tamanha a minha vontade de foder com ele. Mas, isso também representava ficar sem aquela merreca de salário, um luxo ao qual eu não podia me dar. E, para completar tudo, ainda me aparece esse filhinho de papai mimado para quem deveríamos sorrir e se fazer de gentil.
Ele passou os olhos pelo quarto e posso até imaginar o que se passou em sua cabeça, comparando o dele àquela pocilga fedendo a quatro machos que não estavam nem aí para a organização e limpeza. Contudo, não fez nenhum comentário, só me agradeceu com um sorriso quando joguei um colchão velho entre os beliches e lhe dei um travesseiro e roupas de cama limpas.
- Vai se acostumando, por aqui é tudo assim, não tem os luxos nem as frescuras da sua casa! – exclamei, enquanto o observava arrumando o colchão sobre o qual ia dormir.
- Está tudo bem para mim! Sou muito grato por terem me recebido. Prometo ser o menos inconveniente possível. Obrigado, Felipe! – respondeu ele.
Se ele estava sendo sincero eu não saberia dizer, não o conhecia o bastante para isso, mas aceitei como sendo verdade. Todos me chamavam de Davi, por que raios esse bostinha resolveu me chamar de Felipe, a parte do meu nome que eu mais gostava, e na boca dele ela ecoava ainda mais sonora e bonita?
- Você leva o Kaique até o local das provas, ele não conhece a cidade, pode acabar se atrasando. – determinou meu pai, na manhã do primeiro dia de provas dele.
- Eu vou chegar atrasado na porra do trabalho e aquele filho da puta vai encher o meu saco o dia todo! Manda ele pedir um Uber ou pegar a merda de um táxi. – respondi. Só me faltava virar babá desse bostinha afrescalhado.
- Não precisa, tio, eu sei me virar! Já pesquisei, tem um ônibus que passa na avenida debaixo e para em frente a universidade. – respondeu o putinho, no que acabou de ganhar um ponto comigo.
- Um ônibus? Você pegando ônibus? Isso não é uma aventura, Kaique. Pela manhã os ônibus estão tão lotados de operários fedidos que mais parecem latas de sardinha, isso sem mencionar que não tem horários confiáveis. O Davi vai te levar e está decidido! – sentenciou meu pai, me devolvendo a bucha, da qual pensei ter me livrado.
- Está bem então, tio! – a resignação do merdinha era incrível, parecia que não tinha opinião própria, que não sabia se impor, só abaixava a cabeça e fazia o que lhe mandavam. Se lhe dei um ponto, agora estava tirando dois, moleque desgraçado da porra.
Tínhamos uma Kombi velha caindo aos pedaços, mas que funcionava quando não atacada de problemas esporádicos e temperamentais. Ele embarcou na joça barulhenta comigo, como se estivesse cumprindo o que meu pai determinou, mas ao chegarmos na primeira esquina, me fez estacionar e disse que eu podia ir para o trabalho, que não queria me empatar e que ia se virar sozinho. Nem tive tempo de retrucar, pois ele desceu e caminhou até o ponto do ônibus com uma obstinação de causar inveja. Devolvi os dois pontos que tirei dele, estava tudo zerado novamente.
Pensei que ele estava me evitando pelo que aconteceu na noite anterior, quando o Matheus Eduardo, o Bernardo Miguel e eu combinamos de zoar com o moleque. O José Claudio resolveu não aderir, como sempre, ele ficava na dele o que me levava a pensar que não nos considerava seus irmãos, embora só o fossemos por parte de mãe. Pouco antes de dormir, cada um regressava do banheiro após ter tomado banho como veio ao mundo, as bengas pentelhudas balançando ao sabor da caminhada. O Kaique arregalou os olhos quando o Bernardo Miguel entrou no quarto peladão, numa evidente demonstração de que não estava acostumado a ver homens nus perambulando pela casa; ao passo que para nós aquilo era a coisa mais natural do mundo. A única que poderia se opor era a nossa mãe, porém acostumada a ver cacetes de machos desde adolescente e cercada por nove machos dentro de casa, nada do que houvesse pendurado entre as pernas de algum homem lhe causava qualquer embaraço. Contudo, o coitado evitava olhar para o Bernardo Miguel e disfarçava o rubor que suas faces adquiriram. Foi daí que surgiu a ideia de zoarmos com o bostinha tímido. Em termos de idade, o Bernardo Miguel e ele deviam estar pareios, embora meu irmão fosse bem mais encorpado do que o Kaique, e sua rola era proporcional ao seu tamanho. O segundo a regressar ao quarto fui eu, mais do que propositalmente, nu em pelo, sacolejando meu cacete grosso para intimidar o moleque ainda mais. Sem modéstia, aos vinte e cinco anos eu tinha um corpão invejável, devido às peladas de final de semana, dos dois finais de tarde quando ia nadar com uns colegas da oficina e de usar qualquer tempinho oneroso malhando numa academia fuleira do bairro. Minha pica tinha fama de ser avantajada, o que os seus 25cm bem grossos não negavam, e eram conhecidos por uma porção de garotas do bairro. Por conta de seu tamanho, na primeira vez que meus irmãos me levaram a um puteiro, precisei desembolsar o dobro do valor que eles pagaram para foder uma puta que se recusara a encarar a jeba sem um adicional. O último a voltar para o quarto foi o Matheus Eduardo que também era bem encorpado, depois que regressou do serviço militar na Marinha, onde os exercícios físicos lhe acrescentaram um bocado de músculos e, cuja rola também era bem desenvolvida. Aliás, parecia um mal, ou talvez um bem, de família, uma vez que apesar de agora estar carcomido, meu pai tinha uma benga colossal que vivia escapulindo pelas pernas dos shorts largos que usava. À medida que voltávamos para o quarto íamos nos enfiando nas camas, e começava a sessão de baixarias típicas dos papos entre machos. O Kaique voltou do banho com a toalha enrolada na cintura, o que ocasionou os primeiros sarcasmos. Ficou pior quando a pendurou cuidadosamente esticada sobre uma cadeira e pudemos ver sua cuequinha cavada, imaculadamente branca cobrindo apenas parcialmente um puta bundão roliço numa tonalidade sedutoramente bronzeada.
- Não tinha cueca de homem onde você comprou essa calcinha? – começou o Matheus Eduardo. Ele não respondeu, mais do que depressa se enfiou debaixo do lençol para esconder o corpo.
- Não, nada de se esconder! Levanta e mostra aí essa cuequinha de boiola! Cara, como você tem coragem de usar uma porra dessas? – questionou o Bernardo Miguel, enquanto puxava o lençol de cima do moleque, que o agarrava como se ele fosse a tabua de salvação de um naufrago.
- Vamos tirar essa coisinha e deixar ele pelado, ninguém por aqui tem regalias! – incitei, também partindo para cima dele e procurando arrancar a cuequinha, enquanto ele se debatia e a agarrava com unhas e dentes para não se ver pelado diante da gente. Acabamos rasgando a cueca, pois ele não a soltava.
Ele cobriu as partes pudendas com as mãos, estava tremendo de medo e de vergonha, recolhendo-se em posição fetal para que a menor parte possível de seu corpo ficasse exposta aos nossos olhares depravados.
- Me devolve o lençol, por favor, Matheus! – pediu com a voz trêmula, quase chorosa.
Examinei-o com mais apuro. O danado do moleque era muito bonito, o corpo bem proporcionado exibia uma musculatura sem exageros, mas bem definida; afora os pelos pubianos ralos ao redor do pintinho bem formado e do saquinho rechonchudo, o restante do corpo era mais liso do que o de um bebê; a pele clara não tinha nenhuma imperfeição, parecia ter sido pintada por um artista; a bunda era uma coisa de louco, volumosa, carnuda, separada em duas bandas carnudas por um reguinho estreito; nenhuma das barangas com quem estive tinha uma bunda deliciosa como a dele. Isso tudo sem mencionar o rosto do moleque que ainda guardava traços de uma ingenuidade e pureza infantis, com seus olhos esverdeados brilhando de um jeito curioso, e de sua boca, pequena, contornada por lábios delicados e muito vermelhos que sorriam com uma facilidade incrível.
Fiquei tão impressionado com o que via que não me dei conta de que o estava intimidando. Por uns instantes me arrependi do que estávamos fazendo com ele, porém, já tinha deixado meus irmãos tão excitados que interromper a brincadeira deles seria o mesmo que tirar um pirulito da mão de uma criança.
- Vocês não trabalham amanhã? Está tarde, deixem o moleque em paz, as provas dele são amanhã. – sentenciou o José Claudio, talvez o mais sensato de nós, mas um grande estraga prazeres. Que se manteve calado depois que resolvemos continuar aporrinhando o moleque.
Beliscamos as nádegas dele, os peitinhos que se salientavam do tronco formando dois cones encimados pelos mamilos castanhos e biquinhos rosados, puxávamos o pintinho dele e, notando que ele era muito sensível a cócegas, o torturamos até ele perder as forças para se defender. No entanto, aconteceu o que nenhum dos três imaginou, a brincadeira e aquele corpo tesudo se contorcendo nos deixou de pau duro. Não tinha como esconder aquelas cacetas empinadas para as quais o Kaique olhava temeroso de ser estuprado.
- Deu galera! O José Claudio está certo, está tarde, vamos deixar o moleque dormir. – sentenciei quando percebi o pavor brilhando nos olhos dele.
Apagamos a luz e nos enfiamos sob os lençóis, sabendo que nenhum ia pegar no sonho, depois do que viu, sem bater uma boa punheta. Estávamos habituados a nos masturbar na cama, melando os lençóis com os jatos de porra que depois secavam e deixavam o quarto com aquele cheiro de macho que parecia já estar impregnado nas paredes. O pior disso tudo, é que ninguém naquela casa era afeito a muita limpeza. Nossa mãe não primava pelos afazeres domésticos, cozinhava uma gororoba sem nenhum capricho, como detestava larvar roupas foi nos incumbindo delas à medida que íamos crescendo, e as demais roupas de cama, toalhas e etecetera, só iam parar na máquina de lavar quando já não se podia conviver com elas. Dessa forma, aqueles lençóis repletos de rodelas engomadas de porra seca só viam água quando só de olhar para eles se corria o risco de engravidar.
Nem quinze minutos depois do quarto ficar às escuras, já se ouvia o friccionar das mãos masturbando os caralhos e, pouco depois, os grunhidos contidos para não acordar a casa toda, quando a porra começou a jorrar das picas como se fossem chafarizes, enchendo o ar quente e estagnado com aquele cheiro nauseabundo de machos. Fiquei enfezado quando minha mão ficou toda melada com a porra gosmenta e aquela sensação viscosa não queria sumir mesmo depois de eu a ter esfregado inúmeras vezes no lençol. Era minha porra, mas não suportava sentir o cheiro dela depois de algumas horas, sem ficar enojado. O Kaique não se mexia sobre o colchão improvisado, eu sabia que ele tinha perdido o sono e que, talvez, nem fosse pregar o olho com receio do que poderíamos aprontar com ele.
Eu também não conseguia pegar no sono, estava agitado pela merda de dia que tive na oficina, pela chegada desse bostinha mimado que ia mudar toda rotina da casa, pela puta da Gabriela, minha namorada, com quem eu tinha contas a acertar, por aquela porra toda grudada na minha mão. Até os barulhos distantes que entravam no quarto estavam me irritando, eu não ia dormir, isso era certo. Tornei a olhar para o Kaique deitado ali ao meu lado, continuava imóvel, mas não dormindo; fiquei puto comigo mesmo por ter instigado meus irmãos a bolinarem com ele. Eu era um merda de um mau caráter, tratando uma visita daquela maneira.
Ele estava nu, não o deixamos mais vestir outra cueca, e ele se viu obrigado a deitar sem roupa. Meus pensamentos começaram a ser inundados com as imagens dele peladinho, lutando contra três marmanjos que tentavam roubar sua virtude, numa sacanagem sem tamanho. Escorreguei do beliche para o colchão até meu corpo encostar no dele. Ele quase não se mexeu, talvez achando que eu ia continuar a zoar com ele. Ergui o lençol que o cobria e me enfiei debaixo dele. O corpo do Kaique começou a tremer, sua respiração se acelerou, estava apavorado.
- Calma moleque, não vou fazer nada contigo, sossega! – sussurrei, para acalmá-lo.
Ele não parava de tremer, não confiava em mim, e eu não o podia culpar por isso. Tentei pegar no sono, mas toda vez que me mexia, resvalava no corpo dele, naquela pele quente que emanava um perfume cítrico cheio de frescor. Comecei a ficar com tesão, fazia mais de duas semanas que não metia a pica na boceta da Gabriela, aquela vadia ia me pagar por me fazer passar por esse sufoco. Quando a pegasse, ia arreganhar aquela boceta não importava o quanto ela ia reclamar. Porém agora, eu só tinha que me preocupar com aquela ereção que estava me deixando irritado, e que não parava de endurecer. Virei-me na direção do Kaique, ele continuava deitado na mesma posição em que o deixamos, de costas, olhando para o teto. O perfume dele se intensificou quando meu rosto ficou de frente para ele, o danado cheirava a pureza, a virgindade, o que levou meus pensamentos para o campo da luxúria. Será que ele ainda é virgem? O putinho devia estar com 18 anos, nessa idade eu já tinha entrado em mais bocetas e cus do que navios no porto. O que ele faria se eu resolvesse comer o cuzinho dele aqui e agora, ia protestar, ia gritar, ia chamar por socorro, ia fazer um puta escândalo? Só de pensar na reação dele meu pau ficava mais rijo, já estava até doendo.
Eu ia arriscar, se desse merda, jogava a culpa nele, alegando que era uma bichinha que, depois de ver nossas rolas, quis sentir a minha no rabo dele. Ninguém naquela casa ia se importar, o que mais se fazia com tantos machos morando nela, era foder quem desse moleza.
Peguei a mão dele e a segurei por uns instantes, estava fria e suada; vagarosamente a levei até a minha pica e a soltei, ela tremia enquanto ele parecia petrificado ao meu lado. Aos poucos, senti que ela começou a se movimentar, muito discretamente, algo temerosa. Os dedos deslizaram para dentro dos pentelhos, acariciando-os. A respiração do Kaique começou a se fazer ouvir. Macia e delicada, a mão envolveu meu falo que pulsava excitado, segurou-o por um tempo e depois o alisou deslizando suave por toda sua extensão, ao mesmo tempo que ele endurecia. As pontas dos dedos tatearam sobre a chapeleta melada me obrigando a expirar todo o ar que se acumulou em meus pulmões, num sopro ruidoso. Ele estava testando sua curiosidade sobre a verga de um macho, talvez nunca tivesse pego numa, à exceção de seu pintinho sexy. A mão escorregou entre as minhas pernas e ele a fechou englobando meu escroto peludo, quase enlouqueci quando ele o afagou fazendo minhas bolas deslizarem dentro dele. Toda essa movimentação já durava uns cinco minutos, meu cacete estava tão duro quanto uma barra de ferro, quente e latejando.
- Me chupa! – exclamei, expirando entre dentes. O tesão estava acabando comigo.
Ele se sentou, tirou o lençol que me cobria e afundou o rosto da minha virilha, cheirando e inalando o aroma da porra recém gozada que havia secado e se impregnado nos pentelhos. Ele o aspirava fascinado e, segurando a pica, abocanhou a cabeçorra sugando o néctar que ela expelia, sem fazer caretas de asco pela gosma pegajosa que havia melado todo meu pau quando gozei. Na verdade, ele parecia estar adorando tanto aquele cheiro quanto o sabor da minha benga. Eu mal conseguia respirar sentindo a boquinha aveludada dele sugando minha chapeleta, e me controlava para que meus gemidos não acordassem meus irmãos. O pré-gozo fluía abundante e ele o lambia e sorvia deslumbrado com seu sabor. Prendi a cabeça dele entre as mãos e estoquei a pica na garganta dele, forçando-o a engolir a saliva misturada ao pré-gozo. Ele se agarrava às minhas coxas quando estava para sufocar, mas tão logo eu o soltava, ele voltava a abocanhar a rola e continuava chupando. Se aquilo continuasse, eu ia gozar na boca dele; no entanto, eu almejava o cuzinho, queria esporrar no rabinho dele.
- Vira para o lado! – ordenei, o que ele fez sem protestar.
Montei nele, seu corpo tremia debaixo do meu. Beijei o ombro e depois a nuca, deu para perceber o arrepio que percorreu sua coluna, bem como o receio do qual estava possuído.
- Vou meter no seu cu! – exclamei obstinado. Ele fechou os olhos e segurou a respiração.
Tapei a boca dele com a mão que havia me punhetado, pegajosa e fedendo a porra e, com um impulso vigoroso, meti o cacete no cuzinho apertado dele. Ele soltou um grito que a palma da minha mão abafou e seu corpo se agitou. Eu estava dentro dele, imerso naquela quentura branda, naquela maciez úmida que encapava minha rola, que continuava dando pinotes e me torturava de tão dura. Fui forçando e empurrando o caralho para as profundezas do cu do Kaique. Ele se mantinha submisso, procurava conter os gemidos, agarrava-se ao colchão com as mãos crispadas nele. Beijei, lambi e dei uns chupões na nuca dele, o que o descontraía aos poucos, o fazia relaxar a musculatura tensa, fazia-o se entregar e se abrir para que meu pau deslizasse até o fundo de suas entranhas, deixando apenas o saco batendo no reguinho dele. Eu me movimentava devagar para não machucá-lo. Ademais, nunca tinha estado dentro de uma grutinha tão estreita, e estava com tanto tesão que só queria foder aquele cuzinho que me acalentava, que parecia estar sugando minha pica para dentro dele. Os gemidos dele aumentavam à medida em que eu ia perdendo o controle, que a tara me dominava e não me deixava perceber que eu estava sendo bruto com aquele buraquinho delicado e sensível. Ele não reclamava, deixava-se foder, enquanto enlaçava seus dedos nos meus, segurando-os com firmeza, como se fossem o apoio do qual precisava. Apesar dele gemer com o rosto afundado no travesseiro, seus gemidos pungentes e o meu arfar assanhado acordaram meus irmãos.
- Que porra vocês estão fazendo aí? – perguntou o Bernardo Miguel, ao notar que eu estava montado no Kaique. – Você está comendo o rabo do veadinho, seu puto! E nem nos avisa para participar!
- Você tem noção do que está fazendo? Isso pode acabar dando merda! Vai dar merda! Pode esperar, Davi, vai dar merda! – sentenciou o José Claudio, o que me deixou ligeiramente preocupado, pois a sensatez do desgraçado não podia ter vindo em pior hora. Eu estava chegando lá, ia gozar em questão de segundos.
- Libera logo esse cu, também quero meter nele! – disse o Matheus Eduardo, que já manipulava sua rola cheio de tesão.
Eu socava sem parar, metia fundo, sentia a cabeça do pau inchando e o moleque continuava gemendo daquele jeitinho sensual, encapando minha rola como se a estivesse acariciando, não me contive mais, um forte espasmo na virilha e o gozo jorrou forte no rabo do moleque que rebolava mansinho deixando-se inseminar pela minha virilidade.
O Matheus Eduardo praticamente me arrancou de cima do Kaique e se atirou sobre ele, quando terminei de gozar e saquei o cacete, metendo a pica de uma só vez no cuzinho arregaçado dele. O moleque ganiu alto, o Matheus o rasgava enquanto entrava nele, e ele se desesperou.
- Vocês ainda vão se arrepender por foderem esse moleque, escreve o que estou dizendo! Isso vai acabar dando merda quando o pai descobrir o que vocês fizeram com ele. – avisou, mais uma vez, o José Claudio, o único a não se mostrar interessado em foder aquele cuzinho. Quem sabe, o único a ter um pouco de juízo naquela família.
- Você vai ficar com essa boca bem calada, não vai moleque? Se contar o que rolou nesse quarto para quem quer seja, vamos te encher de porrada, entendeu? Você vai levar uma surra da qual jamais se esquecerá, combinado? – ameaçou o Matheus Eduardo, enquanto estourava as preguinhas do moleque.
- Não vou falar nada, eu juro! – balbuciou o Kaique, deixando-se foder como uma cadelinha dócil no cio.
Depois de leitar o cuzinho do moleque, o Matheus Eduardo liberou o rabo dele para o Bernardo Miguel que, com a mesma sanha selvagem, enfiou o cacetão grosso até o talo no cuzinho esporrado dele, e o socou fundo num vaivém frenético até se esporrar todo dentro dele. Por uns minutos depois que o Bernardo Miguel tirou o pauzão do rabo dele, o Kaique não se mexeu, continuou agarrado ao travesseiro, o que deixou a todos preocupados. Será que pegamos forte demais com ele? Que porra acabamos de fazer? Será que o moleque estava muito machucado?
- Ei, moleque! Está tudo bem? – perguntei angustiado. Já começava a me arrepender de ter fodido o cuzinho dele, não pelo prazer único e incomensurável que ele me proporcionou, mas por ter consentido que meus irmãos também o fodessem.
- Está! – respondeu ele, com uma voz fraca e insegura.
- Tem certeza, moleque? Tem certeza que está tudo bem? – insisti. Ele só confirmou com um aceno de cabeça. – Posso ir ao banheiro? – perguntou, pouco depois, quando nenhum de nós ainda tinha conseguido voltar para as camas.
- Claro que pode! Vem, eu te acompanho! – respondi, ajudando-o a se levantar e o conduzindo com o braço envolvendo sua cintura.
Ao chegar em frente ao box, o sangue que escorria do cuzinho dele tinha alcançado os joelhos. Ele olhava para o sangue e me encarava, sem dizer nada. De repente, saltou no meu pescoço e me abraçou. Eu pousei as mãos sobre seus flancos e o beijei, tão intensa e vorazmente como nunca tinha beijado alguém antes. Os olhos dele estavam úmidos quando o coloquei sob a ducha e deslizei minhas mãos sobre o corpo dele, entrando no reguinho para lavar tudo aquilo. De volta ao quarto, só se ouvia o ressoar dos meus irmãos dormindo.
- Procure descansar, amanhã você tem provas! – exclamei quando o deitei sobre o colchão.
- Deita aqui comigo, Felipe! Me abraça! – sussurrou ele. Envolvi-o em meus braços e o senti adormecendo. Nunca me senti tão feliz.
O Matheus Eduardo e o Bernardo Miguel não se atreveram a encará-lo na manhã seguinte antes de ele sair para os vestibulares, depois que eu contei que tínhamos arregaçado tanto o cuzinho dele que chegou a sangrar. O Kaique não deixou transparecer nada do que rolou no quarto durante quase toda a madrugada, sorria gentil e conversava normalmente.
Ele voltou dos exames carregado com sacolas de supermercado. Disse à nossa mãe que gostaria de fazer o jantar para toda a família naquela noite, o que ela aceitou de pronto, pois desperdiçar seu tempo na cozinha não era a praia dela. O Thiago Luiz que era o único a ter ficado em casa, disse que o Kaique passou a tarde toda elaborando o jantar. Quando cheguei em casa do trabalho e vi todas aquelas sacolas recheadas de compras espalhadas pela cozinha, não tive como não me recordar do dia em que a mãe dele nos dispensou com a mesma fartura de produtos, e aquele mesmo sentimento de humilhação daquele dia voltou com força total. Tive vontade de esmurrar a cara dele, o presunçoso estava se comportando com a mesma soberba dos nossos tios. Para não encher a cara dele de porradas, fui espairecer com uns amigos no bar da esquina, onde meu pai já contava vantagens depois de algumas cervejas. O dinheiro sempre faltou para tudo dentro de casa, mas não para a cachaça e para as cervejas que ele e minha mãe consumiam, junto com maços e mais maços de cigarro.
Quando chegamos em casa, a mesa estava posta, e até coberta por uma toalha discreta e chique; pratos, copos e talheres estavam alinhados e o aroma de comida se espalhava por toda a casa. Três garrafas de vinho, cujo preço eu até podia imaginar, mas não pagar, ocupavam o centro da mesa. O Kaique nos esperava com um sorriso feliz, e anunciou que podíamos jantar, que tudo estava pronto. Enquanto ele dispunha a comida sobre a mesa, um silêncio constrangedor começou a se formar, ele foi o único a não perceber.
- Tio, tia, espero que gostem do que preparei em agradecimento por terem me acolhido em sua casa durante esses dias. – o inocente nem desconfiava do efeito daquelas palavras.
- O que você está pensando, seu moleque desgraçado? – indagou meu pai, ao mesmo tempo em que desferia um violento soco sobre a mesa, assustando o Kaique. – Acha que pode nos humilhar colocando essa comida na nossa frente como se fossemos cães esfomeados sem ter o que comer, como fez a sua mãe quando se livrou de mim me dando algumas sacolas de comida quando fui pedir ajuda a ela? Vocês são todos uns desgraçados miseráveis! Sabe o que você faz com esse seu jantar de agradecimento, moleque, sabe? Enfia no seu cu, lazarento! Enfia o jantar e a arrogância no cu, moleque! – despejou ele, instigado pelas cervejas que havia ingerido.
- Eu ... eu ... me desculpe ... eu ... eu só queria agradecer pela hospitalidade, juro, tio! Juro que não tive a intenção de ofender ninguém. Tudo o que fizeram por mim estava ótimo, eu só queria agradecer, juro, tio! – o Kaique estava desolado, jamais esperou essa reação, estava achando que nos deixaria contentes com sua atitude.
- Faça o mesmo com essas desculpas, moleque, enfie no cu! – berrou meu pai, deixando a mesa e voltando para o bar. Dava dó ver a carinha do moleque, ingênuo, sempre protegido por uma bolha que afastava todas as mazelas da vida e o mantinha longe das diferenças familiares.
Avançamos sobre os pratos deliciosos que ele preparou bem ao estilo do que meu pai mencionou, como cães esfomeados, liderados pela minha mãe que, há muito havia abdicado de qualquer pontinha de orgulho conquanto pudesse obter alguma vantagem em troca. Até as três garrafas de vinho não estarem vazias, ela não parou de entornar o precioso e caro líquido em seu copo. Estava bêbada ao final do jantar. O Kaique mal tocou na ínfima porção que colocou sobre o prato, inibido pelos olhares arbitrantes que o encaravam, o brilho úmido em seus olhos externava o choro copioso que o mortificava por dentro. Antes de todos deixarem a mesa, ele se desculpou novamente, ninguém ligou ou lhe devolveu uma palavra sequer, as barrigas estavam empanzinadas e se regozijavam com aqueles pratos elaborados que nunca frequentaram aquela mesa.
Eu quase fui falar com ele, me desculpar pelo meu pai, mas a imagem da minha tia nos dando aquelas sacolas de comida não saía da minha mente e, por isso, minha mão ainda coçava com vontade de esmurrar aquele moleque sem noção, descontando nele o desprezo que todos os parentes sentiam por nós. Eu também precisava beber, beber para apagar tudo aquilo e, acompanhado do Pedro Gabriel e do Nicolas Ricardo, fui me encontrar com meu pai no bar da esquina.
De longe, já avistei a Gabriela, shortinho apertado, barriga de fora, sorrindo feito uma hiena puta para o carinha com o qual estava flertando. Senti o sangue ferver nas veias, ia cobrar explicações daquela cadela, me fazendo de corno diante da vizinhança. Assim que o carinha me viu chegando, se afastou dela, o que a deixou irritada. A alguns metros do bar, começamos a discutir, ela disse que não me suportava mais, queria terminar ali e agora com o que chamou de perda de tempo com um Zé Ninguém que nunca lhe daria o futuro que ela merecia. Devolvi uns insultos, extrapolei, tenho consciência, quando a acusei de ter uma boceta larga e insossa, pois nunca me senti plenamente saciado depois de a foder. Também a chamei de puta, em alto e bom som, despertando a atenção para a discussão de quem estava no bar. Ela quis me estapear o rosto, mas só conseguiu deixar um arranhão com as unhas afiadas perto do queixo. Perdi as estribeiras, cobri-a de porradas ali mesmo na calçada, enquanto ela tentava escapar e berrava feito uma cadela sendo pega a força. Ninguém moveu um dedo para acudi-la, todos no bairro a conheciam, exceto o Kaique que surgiu do nada e segurou meu braço.
- Para com isso, Felipe! Não se bate em mulher, de jeito nenhum, por nada nesse mundo! Para, Felipe! – dizia ele, procurando conter minha fúria entalada há dias.
- Não se mete nisso, veadinho do caralho! Isso não é assunto seu! Cai fora daqui se também não quiser levar uma surra. – retruquei, empurrando-o para longe.
- Para de bater nela, Felipe! Isso não é atitude de um homem descente! – exclamou ele, voltando a segurar meu braço.
- Escuta aqui, sua bichinha rameira, você já fez merda o suficiente por hoje, eu estou acertando as contas com essa baranga e você não tem que se meter nisso! Vaza, ou eu te arrebento, moleque! – ameacei. O danado me ignorou e facilitou a fuga da Gabriela que disparou em direção de casa. – Cerrei o punho e ia acertar aquela cara bonitinha demais para ser de um homem, precisava deixar uma cicatriz estampada nela para que esse moleque jamais se esquecesse de se meter com um macho enfurecido.
- Vai mesmo me bater? Bata! Bata em mim, Felipe! Descarregue todo esse ódio que te consome no meu rosto, Felipe! – cada vez que ele pronunciava meu nome eu sentia uma fisgada no coração. Não consegui bater nele, não consegui encarar seu rostinho apavorado, abracei-o com força e chorei no ombro dele. – Vem, vamos para casa, você precisa se acalmar. – deixei-o me conduzir, aquele braço sobre os meus ombros parecia estar tirando um peso enorme de cima deles.
Já era tarde quando todos começaram a procurar as camas. O José Claudio, o Matheus Eduardo e o Bernardo Miguel já estavam instalados nelas quando regressei da ducha. O colchão do Kaique estava intacto, ouvi-o conversando ao celular no corredor do quintal. Ele falava baixo, mas dava para deduzir que estava falando com o pai ou a mãe.
- Pode me mandar mais dinheiro, as diárias do hotel ficaram um pouco acima do que eu havia pesquisado. Sim, isso é o suficiente, vai dar com folga. Não, não precisa se preocupar, é o suficiente, eu garanto. Vou te passar o número da conta bancária para fazer a transferência, só vou checar o número certo, ok? Não, as provas não foram tão difíceis assim, acho que vou conseguir uma boa classificação. Amanhã são as últimas, volto para casa assim que as terminar. – de que hotel esse moleque está falando? Para que porra ele está pedindo mais dinheiro? Será que gastou a grana que lhe deram com aquelas malditas compras? O que esse safado está aprontando e escondendo, questionei-me, ouvindo-o junto a janela.
- Para quem você estava mentindo com essa cara deslavada? Que história é essa de hotel, você disse aos seus pais que está hospedado num hotel? Para que precisa de mais dinheiro? Fala moleque, o que você está aprontando? – exigi, agarrando-o pelo braço quando entrou em casa.
- Não é nada! Eu devo ter sido assaltado no ônibus e não percebi, por isso pedi mais dinheiro para poder voltar para casa. Você tem uma conta bancária onde meu pai possa transferir o dinheiro? – respondeu ele
- A conta onde recebo meu salário da oficina. Como assim foi assaltado? E o hotel, que hotel é esse? – insisti
- Vai continuar brigando comigo, Felipe? Só preciso do número da conta, pode ser?
- Tá, anota aí! – respondi, passando o número. – Ainda vai me explicar tudo isso em detalhes, está me ouvindo? – ele entrou no banheiro para tomar banho, todos já dormiam.
Voltou para o quarto pelado, entrou no meu beliche e se aninhou em mim. Eu não ia conseguir dormir, a pica roçando nas coxas dele trincava de tão dura. Ele rolou por cima de mim, sentou no meu caralho e eu o empurrei lentamente para dentro do cuzinho dele. Meu rosto foi coberto pelos beijos úmidos que ele depositava carinhosamente sobre ele. Suas ancas se moviam num gingado rebolando com meu pau atolado no cu dele, parecia que o cacete ia estourar de tanto tesão. O cuzinho apertado dele engolia avidamente minha pica. Ele voltou a se inclinar sobre mim e sussurrou na minha orelha, ao mesmo tempo que a lambia.
- Fe ... li ... pe! – separando as sílabas e as pronunciando num tom sensual. Enchi o cuzinho dele de porra, minha pica não parava de jorrar, e eu agarrei o moleque e meti-lhe a língua na boca até terminar de gozar. Quando terminei, minha barriga estava molhada, o tesudinho do caralho havia gozado em cima dela.
- Ah, seu putinho safado, gozou de tanto tesão, não foi? – ele voltou a me beijar, não respondeu nada.
Continuei encafifado com aquela história do assalto no ônibus, algo não estava batendo nesse discurso, até porque ele não conseguiu me encarar quando relatou o fato. Estava mentindo, e era um péssimo mentiroso.
Era comum meus irmãos chegarem em casa com algumas coisas novas que ninguém conseguia explicar com que dinheiro foram adquiridas. Era um desodorante caro, uma camiseta descolada, algumas latinhas de energético, um boné novo, algumas barras de chocolate, enlatados, vidros de azeite, alguma embalagem de suco ou de comida pronta, quinquilharias que surgiam como que por magia. Tanto os mercadinhos quanto as lojas do bairro já ficavam de olho quando algum de nós adentrava ao estabelecimento. A prática dos delitos nos fora ensinada pela nossa mãe desde a mais tenra infância.
Naquela manhã o Nicolas Ricardo e o João Gustavo estavam com um ânimo de dar inveja, falantes e risonhos, um usava uma camiseta nova e o outro um jeans que também ainda não tinha sido lavado.
- Onde vocês conseguiram essas porras? – perguntei, dando um pescoção em cada um.
- Foi de um bico que fizemos! – respondeu o João Gustavo, que mentia mal para caramba.
- Que bico? Onde? Com quem?
- Caralho, um bico, ora essa! – nisso o José Claudio, para quem eu havia contado sobre o suposto assalto ao Kaique, se juntou a nós.
- Vai dando o serviço, seus filhos da puta! Que porra de bico foi esse? Vocês pegaram a merda da carteira do Kaique, não foi, seus bostas? – perguntei, metendo uma bordoada na cabeça do Nicolas Ricardo.
- Não vai fazer falta para ele! – respondeu o delinquente, como se isso fosse a coisa mais natural do mundo.
- Seu bosta de merda! – exclamou o José Claudio, assentando outra bordoada na cabeça de cada um.
Nesse interim, apressado para sair para as provas, o Kaique entrou na cozinha perguntando se alguém tinha visto o celular dele, pois ele queria confirmar com o pai se tinha feito a transferência para a minha conta e não se lembrava de onde o deixou. Bastou eu encarar o Nicolas Ricardo para saber que destino tomou o celular.
- Seu puto do caralho! Cadê o celular dele? Eu vou arrebentar a sua cara, ladrãozinho de merda! – tanto eu quanto o José Claudio estávamos pasmos com o que eles fizeram. O Kaique não atinava com o que estava acontecendo.
- Pode nos dar licença um instante, Kaique? – perguntou o José Claudio.
- Claro, desculpe estar atrapalhando! É que está na minha hora, senão perco a prova.
- Devolve o celular dele! – berrou o José Claudio, estapeando a cara do João Gustavo.
- Não dá, já era! Entregamos na mão do Orelhinha, por 500 pratas! – revelou.
- Seu bosta imbecil, a porra do celular vale mais de dez vezes isso! Além de ladrão, é burro! Vocês vão lá pegar esse celular de volta e vão me aparecer aqui com ele nas mãos dentro de uma hora, ou eu capo os dois. – ameacei.
- O Orelhinha nunca que vai devolver o celular, se é que já não o vendeu. – argumentou o Nicolas Ricardo.
- Eu quero que se foda! Ou esse celular aparece ou vocês dois podem esquecer as xanas pelo resto da vida, pois não vão ter uma pica para enfiar nelas. – reforçou o José Claudio. Os dois saíram correndo, mas já sabíamos de antemão que não recuperariam o celular, o Orelhinha era chefe de uma gangue de traficantes e não concedia favores.
- Deixem para lá, não tem importância! Eu compro outro quando voltar para casa. – disse o Kaique que ouviu toda a conversa.
- Nem sei o que te dizer! Eu e o José Claudio aqui vamos te comprar um celular novo, só nos passe o nome do modelo. – afirmei. Dessa vez a humilhação não era culpa daquele moleque ou de qualquer outro parente, era eu quem me sentia indigno de conviver com eles.
- Estou falando sério, Felipe, não precisa me devolver nada! Se eles conseguirem recuperar o celular, fica como um presente meu para eles, ok? – não consegui olhar para ele e, ouvi-lo me chamando de Felipe não podia ser mais doloroso, porque havia afeto e carinho da parte dele naquele nome pelo qual apenas ele me chamava. Ele tomou meu rosto cabisbaixo entre as mãos, o levantou e me sorriu com doçura.
O Kaique veio ter comigo na oficina quando terminou as provas, era o descanso do almoço, apenas eu e mais um colega estávamos na oficina quando ele chegou para buscar o dinheiro suplementar que havia pedido ao pai.
- Era para você ter ficado num hotel, não era? Por que veio se alojar lá em casa, sem nenhum conforto e passando por tudo que o fizemos passar? – questionei, procurando entender o que se passava na cabeça daquele moleque.
- Eu queria conhecer vocês, tirar minhas próprias conclusões a respeito de um tio de quem ninguém queria falar, ou me dar qualquer informação. Queria entender porque a minha mãe não me deixou brincar com vocês naquele dia em estiveram na minha casa e ela me mandou voltar para o quarto. Foi só isso, eu juro! Nunca quis magoar ou humilhar nenhum de vocês, só queria me aproximar de vocês. – revelou ele
- Bem, agora você conhece o lado podre da família! – retruquei
- Não diga isso, Felipe! Posso imaginar por tudo o que passaram e o porquê de não terem contato com os parentes. Não estou julgando ninguém, as pessoas agem segundo suas emoções e motivações. Eu já me desculpei mais uma vez com o tio e a tia antes de me despedir deles esta manhã, e te peço para se despedir dos teus irmãos por mim. Quem sabe se eu passar no vestibular e vier estudar na cidade possamos manter mais contato.
- Darei o seu recado! Aqui está o dinheiro que seu pai transferiu para a minha conta. Lamento que meus irmãos o tenham roubado, e que .... bem, e que .... – eu queria dizer que o fodemos feito um bando de selvagens, mas não consegui articular as palavras, porque me sentia a mais vil das criaturas.
- Eu gostei de cada minuto que você esteve dentro de mim, Felipe! Foi a melhor sensação que já senti. – afirmou ele, sem nenhuma timidez. – Eu gosto de você, Felipe! – parecia que eu tinha levado uma facada, pois essa afirmação calou fundo em mim, me deixando até sem jeito; eu, um sujeito sem-vergonha e malandro me senti sem graça diante da revelação dele.
- Eu também, Kaique! Eu também gosto muito de você!
Ele estendeu a mão e a introduziu na abertura do meu macacão, espalmando-a sobre os pelos do meu peitoral, me encarou com um olhar meigo e convidativo, aproximou-se do meu rosto e beijou meu queixo, apenas um toque suave e molhado de seus lábios. Pulou no meu pescoço, envolveu minha cintura com as pernas e deslizou a mão até a minha virilha, fechando-a ao redor do meu pau. Eu o agarrei, beijei-o com força, mordi seu lábio e abri a calça dele puxando-a para baixo até ter suas nádegas nuas e musculosas nas minhas mãos. Ele terminou de abrir o zíper do macacão e tirou minha rola para fora. Empurrei-o contra a parede num baque surdo quando suas costas se estatelaram contra ela e, empurrei o caralho para dentro do cuzinho dele. Ele ganiu alto, agarrou-se nos meus ombros que havia desnudado tirando-os de dentro do macacão. Soquei a pica com força abrindo e rasgando a carne do moleque que gemia e afagava minha nuca. Aquele moleque me fazia sentir um tesão da porra, um tesão como nunca havia sentido. Meu membro se aprofundava no casulo úmido dele, enquanto seus esfíncteres se contraíam apertando-o naquela fenda estreita. Meti a língua na garganta dele, uma necessidade imperiosa de foder todos os buracos dele estava me deixando ensandecido, por isso eu grunhia e fodia, fodia e grunhia, sendo agasalhado e chupado com um desvelo como nunca senti. Dava para sentir a fome com a qual ele me queria engolir. Eu queria entrar todo naquele corpo quente que tremia nas minhas mãos e se deixava devassar pelo meu falo sedento e pela minha língua lasciva. Quando o gozo veio, continuei socando fundo, sem parar, seus gritinhos agoniados entravam nos meus ouvidos como uma melodia.
- Ai Felipe! – gritou ele, quando todo suado, senti sua mão macia acariciando meu rosto. O cuzinho dele estava todo leitado com a minha porra escorrendo pelas entranhas dele.
Os cabelos sedosos e perfumados dele enchiam a minha mão e eu os prendia entre os dedos. Eu não queria tirar a pica de dentro dele, queria ficar com ele em meus braços por toda uma eternidade, não queria me despedir, não queria dizer adeus e, nem mesmo um até breve, eu queria aquele tesudo preso a mim até o último dos meus dias.
O Kaique deixou as coxas deslizarem devagar para baixo, sua mão continuava envolvendo meu rosto e eu a beijei, ele me sorria meigo e feliz, quando puxou a calça para cima e guardou aquele bundão da perdição.
- Anota seu celular nesse caderno de provas, quando eu comprar outro vou te mandar uma mensagem, começando com três emojis de uma carinha sorrindo, para você saber que sou eu. – disse ele.
Coloquei o caralho pingando dentro do macacão e subi o zíper. Ele desviou o olhar uma última vez sobre ele, ainda meio rijo e pulsando. Não tive mais coragem de tocar nele, pois sabia que não teria forças para soltá-lo e deixá-lo partir. Ele entrou num Uber, quando o motorista arrancou e só se via sua silhueta dentro do carro, senti como se meu peito estivesse sendo massacrado.
A mensagem dele chegou quatro dias depois, iniciando com a carinhas sorrindo como ele havia prometido. Instantes depois, veio a ligação me convidando a visitá-lo dali a dois finais de semana. Os pais estariam fora, viajando, caso eu não estivesse a fim de me encontrar com eles. Respondi que ia estaria muito ocupado na oficina e que tinha pego uns bicos por fora, menti para não dizer que não ia. Porém, alguns dias depois, tarde da noite, depois de ter me masturbado pensando na leitada que inoculei no cuzinho dele, e sentindo falta do toque de suas mãos e da pronuncia sonora do meu nome, avisei que estaria na casa dele no sábado à noite.
Os dias para o maldito sábado pareciam não passar nunca. No meio da tarde, depois de dar uma inspeção geral na velha Kombi, peguei a estrada rumo a casa dele. Assobiei, cantarolei, batucava o volante enquanto os quilômetros iam diminuindo, sem que meu pensamento se desviasse da minha rola, que já estava tendo a quinta ereção, imaginando entrar no cuzinho apertado e quente do Kaique. Estava escuro quando estacionei em frente à entrada do condomínio onde a tia Helena morava. Subitamente, já não sabia se era o certo a se fazer. O que eu tinha a oferecer a esse moleque? Um pauzão grosso que ele gostava de sentir latejando no rabinho? Quanto tempo levaria para ele se enjoar da brincadeira? O que restaria então? Eram as perguntas que eu me fazia estacionado ali no escuro, quando ele me mandou uma foto mostrando uma mesa posta com esmero que estava à minha espera – fiz um jantar especialmente para você – dizia o texto anexo. Dei a partida na Kombi e comecei a dirigir, sem saber para onde, as horas foram passando e novas mensagens do Kaique entravam no celular me perguntando onde eu estava, quanto tempo ainda levaria para chegar, se eu havia me perdido, ou se estava com algum problema e o que ele poderia fazer para me ajudar a chegar logo. Não respondi nenhuma, apenas socava o volante a cada uma que chegava. Eu não merecia aquele moleque. Nossos mundos não combinavam.
O Kaique era um garotão inteligente, logo sacou que eu não ia aparecer e desistiu das mensagens. Fiquei imaginando o quanto tinha machucado aquele moleque, e se um dia ele me perdoaria pelo que fiz. Eu nunca ia me perdoar, disso eu tinha certeza.
Nunca fiquei sabendo se ele passou no vestibular da universidade da cidade, pois ele nunca mais apareceu lá em casa, nem deu notícias. Muitos anos depois, quando meu pai faleceu, ele e o parceiro, um sujeito bem-apessoado de ombros largos e estrutura forte, foram os únicos parentes presentes ao sepultamento. O Kaique me acenou de longe e, findo o cerimonial, partiu sem dizer nada. Eu não tive coragem de me aproximar dele, tudo que me restou foram as lembranças do cuzinho virgem dele que me aconchegou, e de seus beijos carinhosos, que pareciam ainda arder sobre os meus lábios.