Núpcias - Presente e Passado

Um conto erótico de Bayoux
Categoria: Heterossexual
Contém 3498 palavras
Data: 07/02/2024 14:08:06

Mas afinal o que é o tempo?

Eu sei, normalmente não se inicia uma história como a que trago com divagações filosóficas, mas era importante fazê-lo dessa maneira para situar melhor a vocês em relação à confusão que se armou quando Albertinho anunciou que se casaria com Irenita.

Sim, Albertinho nem era tão jovem, já contava lá seus vinte e cinco anos, mas mesmo assim foi meio surpreendente quando avisou aos pais de seus planos com sua amiguinha de infância, a filha do vizinho, agora já mãe solteira de um garotinho.

Para dizer a verdade, dona Mariana até gostou, ela estava louca para começar a ter netinhos - e que Albertinho fosse se casar de uma vez com alguém que já era mãe vinha bem a calhar. Além do mais, Irenita sempre havia sido um amor de menina.

Já Nepomuceno, o pai de Albertinho, não recebeu a notícia da mesma maneira…

Contudo, apesar de sua contrariedade com a ideia do casamento, lá estava Nepô, todo produzido com a roupa que Mariana lhe comprou, a calça cinza que pinicava, a camisa social branca impecável por baixo do colete cinza e do paletó negro bem cortado, estrangulado por aquela gravata de listras em tons de cores semelhantes ao resto do traje, pronto para ver seu filho cometer aquele desatino.

Mariana verificava tudo antes da cerimônia naquela mansão caríssima que Nepô teve que alugar para o evento, repassando os lírios brancos do campo que foram trocados na última hora por conta do calor abrumador de dezembro que murchou os arranjos florais anteriores, provando se os canapés não haviam se deteriorado pelo mesmo motivo e garantindo que o buffet correspondesse ao contratado.

De passo, ainda fez as honras para o tal juiz de paz que fez questão de chegar uma hora antes, enquanto seu marido se consternou a ficar sentado meio de lado esperando aquilo acabar para poder voltar ao conforto de sua casa.

Afinal, já não havia muito a fazer mesmo, com a as bênçãos de Mariana Albertinho seguiu adiante com seu plano e estava irredutível, o rapaz iria mesmo se casar com a filha do vizinho e nem deu muitos ouvidos aos argumentos contrários de Nepô, assim que agora só restava rezar para que, de alguma maneira totalmente imprevista, acontecesse o melhor e que os dois fossem felizes para sempre.

E pensar que o único descuido de Nepô o levou a ter que ficar ali, sentado, esperando, sem poder dizer nada. Com a cabeça parecendo que iria estourar, amparada pelos nos braços apoiados nos cotovelos sobre seus próprios joelhos, Nepomuceno antevia o desastre se aproximando mas não podia evitá-lo sem expor a si mesmo, revelando sua inconsequência de poucos anos atrás e o segredo bem guardado dentro de si.

Repassando em sua memória o transcurso do tempo, perguntava-se silenciosamente: Porque justo o Albertinho? Esse garoto sabia de tudo o que aconteceu? Estaria ele fazendo tudo aquilo de propósito, só para infernizar-lhe a vida?

Não, não podia ser, era algo diabólico demais para ser fruto da mente vazia de Albertinho!

Aquilo mais bem parecia ter o dedo de outra pessoa, sim, um dedo ardiloso, um dedo comprido e de unhas bem-feitas com esmalte em duas cores: O dedo de Irenita!

Essa sim era um verdadeiro lobo e pele de cordeiro, tão jovem e tão madura, capaz de fazer qualquer coisa só para ter o que desejava - mas, naquele então, nem Albertinho e nem Mariana sabiam disso, só Nepomuceno.

Mariana… Ah, Mariana… Ela estava linda naquele vestido bordô sem alças que escolhera para a ocasião, seus seios morenos e fornidos estavam apertados na medida certa naquele decote, nem tão evidentes que a fizessem perder a elegância, mas nem tão contidos a ponto de não despertar o interesse de qualquer homem que a olhasse um pouco mais atentamente.

Além do mais, a cintura justa do vestido fazia seus quadris parecerem menores, como quando ela mais jovem e os dois ainda brigavam por ciúmes um do outro e ficavam sem se falar por alguns dias até a rotina vencer a raiva.

Foi numa dessas brigas que eles quase se separaram, Albertinho estava há dois anos fazendo o curso no exterior e nunca soube que seus pais andavam às turras. Mariana chegou a sair de casa, dizendo que iria visitar o filho e dar um tempo no casamento, enquanto Nepô ficou lá, antevendo o momento em que teria que buscar um advogado para mover os papéis de um possível divórcio.

Sem que ninguém do seu círculo social se desse conta, naquele breve período de separação, Nepomuceno estava quase divorciado e atravessando a crise da meia idade. Contudo, apesar de que muitos possam achar isso o fim do caminho, terminou sendo algo que resultou até bastante bem para ambos.

Nepô havia sido fiel à esposa por anos, não devido à determinação social ou alguma crença religiosa, mas por uma total falta de iniciativa e tempo para dedicar-se a casos extraconjugais.

Contudo, com Albertinho se divertindo lá fora e o casamento num marasmo total, foi Mariana quem disse estar entediada e alegou que eles deviam dar um tempo, sugerindo que seria uma oportunidade para viver tudo o que não puderam enquanto estavam ocupados juntando grana e cuidando do filho.

Droga, Nepomuceno sempre quis comprar um carrão esporte e nunca o fez por causa de Mariana e, agora que estava velho demais para andar num carro daqueles, ela andava com essas ideias de separação?

Nepô conversou com o vizinho, que não era exatamente a melhor pessoa para dar conselhos aos outros, mas era seu conhecido mais antigo, haviam criado Albertinho e Irenita juntos e se levavam razoavelmente bem. O vizinho disse que, se Mariana havia sugerido isso, na verdade era porque ela já havia decidido por conta própria: não seria uma consulta, seria mais bem um comunicado disfarçado para doer menos.

Ante esta consideração, naqueles dias Nepô terminou aceitando dar o tal tempo que ela queria. De início ficou meio perdidão, a rotina se instala fundo na gente e, quando ela nos falta, só resta um vazio a ser preenchido - mas com o quê?

Toda essa liberdade inesperada e ele sem criatividade para aproveitá-la parecia-lhe um desperdício - e ele sempre odiara desperdiçar seja lá o que fosse.

Nesta inércia, Nepomuceno ficou enfurnado em casa e aproveitou para ver as séries de ficção científica que Mariana nunca suportou, comer o bacon no café da manhã que ela nunca deixou, andar pelado pela casa, o que ele nunca pôde, e ver pornografia na internet - que ele sempre viu, mas antes era só pelo celular, escondido no banheiro e sem som.

Quando já parecia um Neanderthal habitando uma caverna, a campainha tocou e ao abrir a porta Nepô quis morrer de vergonha de sua aparência. Diante dele estava aquela loirinha meio sem graça, Irenita, a filha do vizinho, com um sorrisinho amarelado no rosto.

- Oi, tio Nepô. Eu soube que o senhor está sozinho e vim trazer um empadão de frango que fiz - disse a garota estendendo-lhe um prato envolto por um pano de prato amarrado.

- Oi, Irenita. Nossa, muito obrigado. Eu nunca mais te vi por aqui, acho que desde que o Albertinho foi para o exterior…

- Sim, o Albertinho, isso mesmo. Faz algum tempo, é verdade… Mas eu não vim aqui falar de mim, eu vim só para saber se está tudo bem. Então, o senhor está legal?

- Estou sim, tudo bem, quer dizer, na medida do possível.

- Desculpe, mas preciso ser sincera, sua aparência está um lixo. Posso entrar um pouquinho pra gente conversar?

Vendo que a filha do vizinho não arredava pé, Nepô convidou-a para entrar mais por educação que por vontade. A loirinha era bem sem graça, mas até que ficou com um corpo ajeitadinho depois que cresceu.

Nepomuceno achou que devia ser por causa da maternidade, sim, ele sempre achou que as mães irradiavam algo diferente, como uma aura que as deixava mais bonitas. Quando esse pensamento cruzou-lhe a cabeça, fez um gesto com a mão no ar como quem diz “deixa disso” para si mesmo. Aquela era a filha do vizinho, a amiguinha de Albertinho - e ele pensando em bobagem.

Contudo, a garota parece que notou seu gesto como alguma inconformidade de sua parte e isso só fez aumentar sua compaixão por aquele homem solitário. Sem perder mais tempo algum, meio ansiosa, ela disparou de uma vez.

- Olha, desculpe eu me intrometer, mas papai me contou que você e a tia Mariana se separaram. Fiquei preocupada. Foi por causa dos chifres, não foi?

- Chifres? Não, querida, eu nunca traí a Mariana em mais de trinta anos de casado. Não sou esse tipo de homem. Foi ela que se cansou da nossa vida juntos, só isso.

- Tio Nepô, eu não estou falando do senhor… Eu achava que vocês haviam se separado por causa dos cornos que ela vinha metendo no senhor!

- Como é que é? A Mariana…

- Ah, tadinho, o senhor não sabia, não é? Poxa, desculpe, eu não devia ter dito nada! - disse Irenita ao ver o queixo caído de Nepô e sua cara de embasbacado.

Neste momento, apesar de ter soltado uma bomba no colo de Nepomuceno, sem querer dar mais detalhes e constrangida pela intromissão indevida, a garota deu uma desculpa dizendo que devia ir ver o seu filho e saiu rapidamente.

Totalmente perdido pela recente revelação, aquilo ficou rondando os pensamentos do homem por uma semana. Seria apenas um mal entendido? Seria pura maldade de Irenita? Seria ele realmente um corno desavisado? E quem seria o tal amante da sua futura ex, se é que ele realmente existia?

Pois bem, o que Nepomuceno não sabia era que, durante todo o tempo em que ele estivera sentado naquela cadeira esperando pelo início da cerimônia de casamento de seu filho, Mariana, que parecia estar muito ocupada verificando que tudo estivesse de acordo com o planejado para o evento, na verdade, estava de olho nele.

O olhar catatônico de Nepô e aquela expressão vaga em seu rosto eram preocupantes, ela sabia, ela o conhecia. A última vez que isso ocorreu foi quando ela quis ir visitar Albertinho, que estava morando no exterior. Bem, na verdade, ela pediu para eles darem um tempo no casamento porque estava entediada, então aproveitou o pretexto de visitar o filho, só para ver o que acontecia.

Daí, quando Mariana retornou de lá do outro lado do oceano pouco mais de um mês depois, seu marido nem parecia o mesmo. Nepô era um outro homem, ousado e confiante. E na cama então? Céus, Mariana se arrepiava só de lembrar daqueles dias!

Nepomuceno veio com uma pegada que ela nem sabia de onde ele tirou, nem esperou que a esposa chegasse direito, atirou-a na cama e rasgou o seu vestido. Parecendo um animal selvagem cheio de tesão, o marido veio beijando o seu pescoço, chupando-lhe os seios com volúpia, lambendo a sua barriga, até instalar-se entre suas pernas e se dedicar a correr a língua em seus pontos erógenos, enquanto enfiava-lhe dois dedos lá embaixo - coisa que ele nunca costumava fazer nas preliminares.

Justo quando ela estava quase gozando antes mesmo dele começar a penetrá-la, Nepô veio todo macho e girou seu corpo bruscamente na cama, mandando-a ficar de quatro. Mariana foi pega de surpresa, nada daquilo costumava acontecer e, achando excitantemente diferente, obedeceu ao marido - para dizer a verdade, lá no fundo, apesar de estar gostando, ela até sentiu uma pontinha de medo caso se negasse a obedecê-lo.

E aí é que veio a surpresa de verdade: Nepomuceno não fez nada do que ela esperava.

Mariana achava que haveria a famosa transa de cinco minutinhos, após o que o marido gozaria dentro de seu sexo e cairia de lado meio sem fôlego para em seguida mergulhar no sono profundo, mas, em vez disso, ele a agarrou pela cintura sobre a cama e então ela pode sentir o membro duro do homem rondando onde ela nunca havia permitido que ele estivesse. Assustada, Mariana ainda tentou objetar.

- Nepô, ficou doido, homem? Aí não pode! Você sabe que eu não gosto dessas coisas!

- Cala a boca, vadia safada!

- Como é que é? Você me chamou do quê?

- Vadia safada, isso é o que você é! Agora cala essa boca e abre essa bunda pra mim! - respondeu ele dando um tapa estalado numa das nádegas de Mariana.

- Mas… Mas… Nepô, o que está acontecendo?

- O que está acontecendo é algo que deveria ter acontecido faz muito tempo! Anda, se prepara, que hoje eu vou te comer do jeito que eu bem entender!

Voltando aos tempos atuais, Mariana até deu um longo suspiro ao recordar-se daquela noite, o fogo e a impetuosidade com que Nepomuceno a possuiu eram algo totalmente fora do comum numa relação de tantos anos, ele estava imperativo, exigente, incansável.

Ele fez tudo o que quis com seu corpo, a usou das mais perversas maneiras, obrigou-a a vencer seus próprios preconceitos e fazer coisas que um mãe de família jamais costuma fazer com o pai de seus filhos, enfim, Mariana terminou esgotada e completamente satisfeita após Nepô haver se revelado uma verdadeira fera na cama.

E não terminou por aí, não mesmo, caros leitores. Desde então, ele continuou usando-a das mais impensáveis maneiras, possuindo seu corpo quando desejava e nos lugares mais inusitados, sempre de uma forma diferente. A única coisa que se repetia, para ser sincero, foi a mania que ele adquiriu de chamá-la de “vadia safada” quando esses momentos se sucediam.

Mas o que realmente havia acontecido com Nepô durante a ausência de Mariana para que ele se transformasse nesse uberman que ela encontrou ao voltar do exterior? Bem, de início vale esclarecer aos que são felizes que a tristeza e a solidão são uma combinação perversa que nos leva a fazer loucuras.

Assim, quanto mais passavam as horas daquele dia em que Irenita lhe contou sobre o caso tórrido da esposa com um ricaço, mais as dúvidas cresciam dentro de Nepomuceno..

E se não fosse apenas um amante? E se Mariana tivesse se entregado a vários outros sujeitos? E se sequer fosse um homem? E se Mariana gostasse mesmo era de outra coisa? E se o lance dela fosse ir com outras mulheres? Será que ela chupava entre as pernas de uma dona melhor do que ele? Será que ela tinha comido a tal da Irenita? E… Será que ela ainda comia?

Droga, seria a aparentemente inocente filha do vizinho, a loirinha sem graça e amiguinha do Albertinho, a verdadeira razão da sua separação?

A paranóia crescente de Nepomuceno só fazia aumentar a cada instante, a ponto de deixá-lo quase louco. À noite, naquela cama de casal king-size, seus sonhos vinham numa mistura de informações confusas que só faziam atiçar mais ainda as brasas de sua angústia.

Começavam com Mariana caminhando nua numa praia em sua direção tendo um sorriso lindo no rosto, o mesmo sorriso de trinta anos atrás quando eles ainda se amavam perdidamente e Albertinho ainda não havia nascido. O corpo jovem e bem torneado da mulher refletia radiante o dourado dos raios de sol e a brisa do mar a envolvia.

Contudo, antes que Mariana o alcançasse, um homem sem rosto, alto e forte, com uma densa cabeleira negra, aparecia do nada, a interpelava no meio do caminho e a envolvia em seus braços, beijando-lhe o pescoço e apertando seu corpo nu contra o da mulher.

Sem conseguir esboçar reação, Nepomuceno permanecia estático de pé naquela praia vazia enquanto Mariana suspirava com o estranho apalpando seu corpo, correndo aquela mão grande de pelos escuros pelos seus seios juvenis duros como frutas ainda verdes, acariciando seu ventre ainda intacto e fem formado, descendo até o montinho de pêlos pubianos de sua esposa para então deslizar entre suas pernas, indo e vindo, provocando risinhos e gemidos desejosos em sua mulher.

Ouvindo os trovões sinistros de uma tempestade se formando sobre o mar que começava a ficar revolto, Nepomuceno via como o estranho forçava a Mariana a deitar-se na areia e vinha por cima dela, seu corpo musculoso cobrindo o de sua mulher, se esfregando sobre ela, indo e vindo.

O pênis duro daquele homem buscava seu caminho entre as coxas douradas de sua esposa, ela o abraçava e o puxava para dentro de si com as unhas apertando aquelas costas largas do desconhecido e a respiração de ambos ficava cada vez mais carregada e densa.

Então, enquanto os dois estavam em pleno ato sobre a areia branca, um raio estalava sobre o mar e, quando Nepô voltava sua atenção de novo para o casal, o homem sem rosto já não era ele mesmo, mas se transformara numa mulher.

De pernas magras e compridas e seios fornidos como os de uma lactante, uma loira de cabelos soltos e esvoaçantes ao sabor do vento empurrado pela tormenta que começava a cair, com suas nádegas muito brancas apontando para o ar, se dedicava a saborear o sexo entre as pernas de Mariana.

Nepomuceno não podia ver seu rosto, mas ele sentia que conhecia aquela que agora lhe roubava a esposa no lugar do estranho de antes, sim, aquela loira jovem e meio sem graça mas que sabia fazer Mariana ter orgasmos que ele mesmo nunca conseguiu provocar nela ou em qualquer outra mulher lhe era familiar, era ela, a filha do vizinho, Irenita, a que estava tirando-lhe o sossego e arrastando sua esposa para o oceano tormentoso da traição!

Isso se repetiu uma e outra vez ao longo da noite com pequenas variações, mas sempre os pesadelos terminavam com a filha do vizinho comendo sua mulher, que, a sua vez, gozava livremente como ele nunca a vira fazer, um verdadeiro tormento. Quando o dia raiou, Nepô tinha olheiras profundas e se via suando frio na cama, atormentado.

Nem bem transcorreu um par de horas, o pobre miserável resolveu ir devolver a travessa do empadão no vizinho como um pretexto para tirar aquela história de cornice à limpo.

Se aquela biscate da Irenita achava que podia ir na sua caverna de neanderthal fazer fofoca e sair impune, depois de andar comendo a Mariana desde sabe-se lá quando, esta garota estava muito enganada!

Quando tocou a campainha da casa ao lado, foi o vizinho quem atendeu.

Apesar de tudo o que trazia preso dentro de si, Nepô ficou meio sem graça de perguntar por Irenita, o vizinho seu amigo podia achar que ele andava de olho em sua filha, como um tiozão divorciado procurando uma novinha para comer e essas coisas.

Improvisando, Nepô arriscou dizendo que o empadão da filha do vizinho foi o melhor que já havia comido e que desejava pegar a receita com ela. Ora bolas, isso de dizer que ele comera o empadão da garota não soou bem, o vizinho ficou olhando para Nepomuceno meio desconfiado, como que imaginando o que ele realmente queria dizer com aquilo.

Nepô teve que ir mais fundo na mentira, tentando fazer aquilo parecer verdade. Ficou perguntando sobre os ingredientes e dizendo que tinha algo diferente, cardamomo ou estragão, qualquer coisa - e isso era bem difícil, pois Nepomuceno não sabia nada de cozinha e esses dois ingredientes eram os únicos que lhe vinham à cabeça para disfarçar suas reais intenções.

Bem, o fato é que o despiste funcionou, porque o vizinho fez cara de surpresa e respondeu: “A Irenita essa hora está no parquinho do bairro. Ah, você sabia, não é? Foi tudo muito rápido, o fato é que agora eu já tenho um netinho!”

Enquanto Nepomuceno caia na realidade e sentia vergonha por pensar aquele monte de bobagem da menina, o vizinho já o dispensava, prometendo pedir para que ela lhe passasse a receita qualquer hora dessas.

Bem, eu tenho que ser honesto com os leitores e, se bem já se pode perceber que nem tudo eram flores nesta cerimônia de núpcias, vocês nem imaginam o quanto existe de sombrio nessa história, a qual está repleta de traições, mentiras e enganações. Mas eu não quero adiantar-me, para que seja perfeitamente compreendido nosso conto precisa ser narrado com calma e paciência.

Por agora, somente posso comentar que, antes mesmo da cerimônia acontecer, Mariana cometerá incesto ao entregar-se para o próprio filho enquanto o juiz de paz está esperando, e que Nepô terminará comendo Irenita vestida de branco, com a garota apoiada numa mesa enquanto a nova leva de flores murcha no espaço destinado ao evento.

Agora, vocês leitores devem estar imaginando como é que nossa história pode fazer algum sentido, pois já sabem que ela começa com a breve separação de Nepô e Mariana e também conhecem como este conto termina, no tumultuado casamento de Albertinho e Irenita, uns três anos depois.

A bem da verdade, confesso que nem mesmo eu sei se faz mesmo sentido, só sei que foi assim que as coisas ocorreram - e que agora tenho a difícil missão de fazer-lhes entender o que se passou com os nossos personagens entre estes dois pontos dispersos no tempo.

Nota: Confira os demais contos, sagas e séries desse autor em mrbayoux.wordpress.com

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Comentários

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O nobre colega arriscou algo aqui que não vi em outros contos e séries. Contar o final e encarar o desafio de preencher todo o contexto. Tinha que vir de vc, Bayoux! Muito bom, vamos para o proximo!

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De certa forma, fiz isso na série “Cúmplices”, mas lá era menos tramado que agora.

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Como sempre bem elaborado e com suspense

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Obrigado! Bom ter você comentando de volta!

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"Num sei... só sei que foi assim... " Xicó

Impossível não ser remetido ao Auto da Compadecida...

Parabéns, belo conto! Ansioso pela continuação.

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Olá Vinix, seja bem vindo. A continuação sai neste fim de semana!

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