Parte 27: Inigualável Paixão.
Precisando pensar, ainda muito confuso sobre tudo, Augusto resolveu ir pescar. Era sempre assim que conseguia colocar os pensamentos em ordem e refletir sobre o que precisava. Ele aceitou a companhia do Oscar e os dois foram na velha picape, aproveitando para levar alguns utensílios de cozinha, como frigideira, garfos e facas, além do cooler com cerveja, uma garrafa de aguardente produzida na fazenda e os apetrechos de pesca. Não demoraram a chegar na represa.
Enquanto Augusto conferia se o equipamento estava em ordem, Oscar acendeu uma pequena fogueira, usando algumas folhas verdes para criar fumaça e espantar os mosquitos. Como desejava pegar peixes maiores, “bons de briga”, Augusto decidiu utilizar as iscas artificiais e logo as varas estavam posicionadas e as linhas de pesca na água, à espera dos primeiros “duelistas”.
Precisando entender e disposto a tentar, tinha no primo Oscar a pessoa ideal para lhe aconselhar. Sem pensar muito ou pesar as palavras, foi direto:
– Você ama a Fátima?
Oscar tinha acabado de tomar uma dose da cachaça e ainda estava com ela na boca, se engasgando com a pergunta estranha e direta de Augusto. Após tossir e se recompor, respondeu:
– Se eu amo a Fátima? – Ele pensava na melhor forma de explicar. – Talvez sim.
Tentando compreender, Augusto se sentou ao seu lado, na tampa traseira da picape:
– Mas, e a Maria? Você não ama mais sua esposa?
Oscar soltou uma gargalhada intensa e gostosa. Augusto olhava intrigado:
– Qual é a graça?
Oscar foi honesto:
– É claro que eu amo a minha esposa, hoje ainda mais…
Confuso, Augusto o interrompeu:
– Mas você acabou de dizer que ama a Fátima, como pode isso …
Foi a vez do Oscar cortar:
– Calma lá, você me pegou desprevenido. – Oscar apoiou a mão no ombro do primo. – Eu amo o que a Fátima representa para Maria e eu. Ela nos uniu novamente, nos devolveu o romance e o carinho que estava se perdendo.
Augusto olhava com expressão incrédula, sem entender. Oscar continuou:
– Fátima trouxe o novo, o diferente, generosidade afetiva, trazendo de volta a conexão que eu e Maria perdemos. Nossa vida é mais completa com ela ao nosso lado.
Vendo que Augusto pensava no que ouviu, Oscar foi mais objetivo:
– Existe um lado da Maria que eu nunca poderei satisfazer, um desejo que eu não tenho o que é preciso para saciar. É aí que entra a Fátima.
Augusto, com olhar intrigado, coçou a cabeça, se esforçando para compreender melhor aquela explicação. Naquele exato momento, uma das varas se dobrava fortemente, anunciando que algo fora fisgado. Ele se levantou em um pulo, alcançando a vara e com um puxão forte, conseguiu garantir a fisgada.
Percebeu rapidamente que não era um grande peixe, mas sim, uma vara mais flexível. De qualquer forma, era apenas o primeiro e ele rapidamente o retirou da água. Uma tilápia média, perfeita para um tira gosto. Ele a retirou do anzol e entregou ao Oscar.
Enquanto colocava uma nova isca, Oscar já foi limpando o peixe, e voltaram a conversar. Augusto foi mais fundo:
– Você pode me contar, pelo seu ponto de vista, essa transformação na vida de vocês? Fátima me contou uma história que hoje eu acho que explica como as coisas começaram na vida de vocês, estou certo?
Augusto voltou a jogar a linha na água. Esperava a resposta.
Oscar não respondeu logo. Primeiro temperou e empanou com fubá os pedaços já cortados de tilápia e colocou a frigideira para esquentar. Augusto, paciente, ainda aguardava a resposta. Então, o primo disse:
– Ela nos relatou isso, a história em que pediu sua opinião, quando estava brincando de seduzir você, né?
Os primos sorriram um para o outro e Augusto confirmou, com apenas um gesto de cabeça. Oscar entendeu que ele procurava validação, pois o que acontecia no casamento do primo agora, era muito parecido com o processo entre ele, Maria e Fátima. “Se não fosse a maldita traição de Sheila…” ele pensou, mas resolveu ser didático, além de completamente honesto:
– Não pense que tudo foi fácil para mim, que Fátima chegou aqui um dia e no outro já estávamos os três transando. Talvez, a diferença esteja na nossa forma de ver o mundo, já que eu sou muito mais desapegado de certos valores e mais tranquilo do que você.
Augusto concordou, apenas acenando que entendia, mas não interrompeu. Oscar continuou:
– No começo, Fátima precisou de ajuda, de apoio, ela estava completamente quebrada. Maria e eu não estávamos bem. A fazenda ia mal, o preço do leite só despencava e isso refletia no nosso casamento.
Oscar colocou os pedaços da tilápia para fritar, enquanto continuava a contar:
– Foram meses complicados, onde eu me sentia sozinho, mas não podia reclamar, já que a situação da Fátima era grave e ela precisava mais da Maria do que eu. Mal dormíamos juntos.
Novamente, mais uma vara envergou e Augusto correu para fisgar o peixe, a primeira boa briga daquela tarde, que durou quase dez minutos e rendeu um pacu de mais de dois quilos. A primeira tilápia frita já era história e Oscar rapidamente pegou o peixe para limpar. Depois de limpo, temperou e empanou, mas em belas postas, não em pedaços.
Augusto voltou a colocar isca e jogar a linha na água. Após tomar uma dose da cachaça artesanal da fazenda, ele pediu:
– Então, primo... e depois?
Enquanto colocava as postas para fritar, Oscar voltou à história:
– Tudo aconteceu mesmo há um ano. Fátima já morava na fazenda há três meses e ela e Maria não se desgrudavam. Me sentindo sozinho, comecei a temer pelo futuro do meu casamento. Amava minha esposa, sentia saudade, mas os problemas se acumularam e com as diversas contas destruindo o orçamento, foi preciso cortar na carne para sobreviver. Por sua sugestão, usei as economias de emergência para montar um alambique, você se lembra? Para começar a produzir cachaça artesanal, que era uma febre daquele momento no Brasil. Com essa fonte a mais de renda, buscamos nos recuperar e reinvestir na produção de leite, o nosso principal produto. Suas orientações foram fundamentais durante o processo.
Oscar fez uma pausa, cuidando do peixe, e logo retomou a explicação:
– Naqueles três primeiros meses, me mantive quieto em meu canto, dando à Maria o espaço necessário para cuidar da amiga. A Fátima já tinha recuperado seu peso, estava mais alegre e comunicativa e de uma hora para outra, começou a me dar mais atenção, ficando sempre me observando muito.
Oscar serviu mais uma dose de cachaça para o primo e tomou a sua também, pegou uma nova latinha de cerveja e voltou a contar:
– Nada era feito às escondidas, pois a Fátima não se importava com a presença da Maria ao me elogiar, dizendo que a minha esposa era uma mulher de sorte. E tendo a concordância da Maria para as suas investidas, sempre se insinuando. Eu estava bem desgastado e carente e para a minha surpresa, Maria parecia estranhamente interessada e cúmplice daquela aproximação, só me restando, como sempre fizemos em todo o nosso casamento, chamar Maria para uma conversa definitiva.
Augusto ouvia calado. Oscar fez outra pausa para retirar postas fritas de peixe da frigideira. Depois retomou:
– Aproveitando a ausência da Fátima, enquanto Maria batia uma massa de bolo, eu me aproximei e primeiramente, a sondei: “Você não acha que Fátima está à vontade demais por aqui?” - A Maria, ainda de costas para mim, disse: “Não entendi. À vontade demais? O que ela fez?”- Tentando ser mais objetivo, eu parei com joguinhos e fui direto, expondo o que eu pensava: “Poxa, Maria! Olha as roupas que ela usa, se é que podemos chamar aquilo de roupa, né? Se andasse pelada, não mudaria nada.” - Maria, em vez de contestar, me provocou. Foi direta também: “Se sabe, é porque está reparando demais nela. Sinal de que ela mexe com você.” - Eu, naquele momento, me cansei. Disparei: “Porra mulher, você só pode estar de brincadeira. Há meses nossa vida sexual está um fiasco, mal nos procuramos, e você ainda esfrega essa mulher na minha cara o tempo todo. Eu a amo, mas não está sendo fácil aguentar. A carne é fraca, ainda mais com essa seca de atualmente”.
Augusto percebeu que Oscar ficara um pouco emocionado, mas não conseguiu interromper o primo, que apenas respirou fundo, buscando as palavras, e continuou:
– Sabe o que Maria fez? Ela se virou para mim, mas estranhamente sorria, ao invés de estar brava. E disse em tom normal: “Lembra quando começamos a namorar? Lembra do que combinamos?” – Eu não fazia ideia do que ela estava falando, realmente não me lembrava. Por sorte, a minha pergunta era retórica e Maria mesmo continuou: “Prometemos sempre ser honestos um com o outro, e, se no futuro, nos sentíssemos atraídos por outros, seríamos verdadeiros. ” – Fiquei muito confuso, e não sabia o que responder, esperando a conclusão, achando que Maria fosse me acusar de estar tendo desejos infiéis. Mas, juro, não acreditei no que aconteceu a seguir, nas palavras da minha esposa: “Pois bem, saiba que eu estou profundamente atraída pela Fátima e gostaria de dividir essa experiência com você. ” – Agora, primo, você imagina o choque que eu levei?
Oscar parou a narrativa e observava Augusto, de boca aberta, sem saber o que pensar. Ele tratou de continuar antes que o primo se dispersasse:
– Bem assustado, achando que não ouvi direito, eu precisei me sentar, respirando fundo e tendo aquela confissão da minha esposa martelando a mente. Imagine, ouvir dela que estava interessada na Fátima? Porra, tive que parar uns instantes para me acalmar. Foi uma grande surpresa.
Naquele momento, Oscar sorriu e Augusto imaginou o que deveria estar passando pela cabeça do primo, pois sua expressão era outra. Ele continuou a contar:
– Mesmo confuso, você sabe que eu nunca fui um homem careta, e me lembrei, na hora, de duas amigas da época de faculdade, duas lésbicas com as quais tinha uma boa amizade.
Oscar percebeu que Augusto se interessou pela mudança de rumo na conversa e achou melhor dar o devido contexto:
– Vou abrir um parêntese para contar essa história: Eu era o único homem que as acompanhava sem segundas intenções, pois éramos vizinhos de república. Na hora, eu me recordei de uma noite, ao final do semestre, quando me preparava para voltar para casa e sendo o único que ainda não tinha viajado, ouvi batidas na porta da frente. Parei de arrumar minha mala e fui atender. Eram as duas, com cara de assustadas e muito agitadas, pedindo: “Por favor, amigo, precisamos de você. Tem um rato gigantesco em casa e nós saímos correndo. Vimos a luz acesa e rezamos para que você ainda estivesse aqui.” – Primeiro, eu acalmei as duas e mandei que elas entrassem. Depois, como eu estava tendo o mesmo problema, busquei meia dúzia de ratoeiras que eu já tinha, e algumas iscas e pedi para elas aguardarem ali na minha casa. Fui até à casa das meninas e armei as armadilhas, retornando dez minutos depois. Eu disse a elas: “Agora temos que esperar, pois rato é um bicho esperto e enquanto não sentir segurança, não sairá de seu esconderijo. Umas duas horas devem bastar”. Em seguida, pedi para as duas ficarem à vontade e voltei a arrumar as minhas coisas para a viagem na manhã seguinte. Só então eu percebi que as duas estavam em trajes mínimos, roupas íntimas, que só usariam protegidas em casa. Mas, havia algo mais ali, pois elas estavam sempre bem próximas e cochichando, me olhando com expressão de safadas. Como não eu nunca fui bobo, rapidamente entendi o que acontecia, que elas se insinuavam de propósito, e me senti dono da situação. Fui até à geladeira e peguei uma garrafa de vinho da última festa que os amigos fizeram. Daí, ficamos conversando, elas se insinuando mais, e para acontecer o primeiro ménage da minha vida, as coisas evoluíram rapidamente.
Oscar parou de contar, achando muita graça da cara de espanto do Augusto, que nem esperava aquela história. Ele explicou:
– Então, primo, a partir daquele dia, eu entendi como funcionava a relação entre duas mulheres, já que por quase dois anos, eu me transformei no pau amigo das amigas bissexuais, que todos achavam ser lésbicas.
Enquanto contava, Oscar reparou que Augusto apresentava uma ereção marcando volume em sua calça. Mas nada disse. A expressão de incredulidade do primo era até cômica. Oscar não perdeu tempo e prosseguiu:
– Elas não eram um casal, apenas duas amigas de quarto, com benefícios, eram bissexuais, liberais, e sempre que encontravam um homem interessante, respeitoso e que soubesse guardar segredo, se a atração física estivesse presente, o sortudo acabava ganhando o grande prêmio de estar com duas lindas mulheres. E eu fui o escolhido.”
– Muito bem - disse Oscar, encerrando o parêntesis. – Agora, voltando na conversa com a Maria: Ela, me vendo meio atônito, se sentou ao meu lado e falou: “Eu sei que não é fácil, que eu peguei você desprevenido, mas eu não consigo mais guardar isso só para mim, está me matando por dentro”. Na hora, eu reagi e disse: “Se eu entendi direito, você não quer apenas transar com a Fátima, mas também me quer junto a vocês? É isso?” – A Maria até se assustou, vendo que ao invés de bravo, eu entendi rapidamente as intenções delas. Meio perdida, ela começou a falar sem parar: “Sim, meu amor. Sei que estamos meio fora de sintonia, que nossa vida de casal está uma bagunça, que eu estou negligenciando meu papel de esposa, que a Fátima acabou ocupando mais espaço do que deveria…” – Naquela hora, eu a surpreendi, vendo que ela estava mais nervosa do que eu. Falei: “Então todo esse show da Fátima na minha frente, sua incapacidade de repreendê-la, tudo isso é combinado? Vocês estavam fazendo para me testar?” - Mesmo com medo da minha reação, a Maria foi honesta novamente: “Sim! Tudo isso era um teste, para tentar entender se você não iria se zangar quando eu fosse honesta e me abrisse com você. Por favor, me desculpe, eu deveria ter sido honesta desde o começo”.
Oscar fez uma pausa na narrativa. Augusto exclamou:
– Caramba primo...
Oscar fez sinal para ele esperar, e prosseguiu:
– Eu comecei a rir, deixando a Maria mais nervosa, sem entender. Eu me levantei, puxei a maria e a abracei, dizendo: “Fala sério! Eu aqui numa seca danada, com o saco doendo e as duas safadas me testando. Porra, tinha jeitos mais fáceis de fazer isso, né? Estão de brincadeira? Eu topo. Ô, se topo!”
Augusto não aguentou e exclamou:
– Porra, primo, que coisa!
Oscar fazia sinal de calma, como se a história não houvesse terminado:
– Maria estranhava a minha atitude, claro, um homem sempre sério, aceitando tão passivamente sua confissão. Ela perguntou: “Mas, espera aí… onde esse Oscar que eu não conheço estava escondido? Você aceita tudo? Eu passei esses meses me martirizando à toa? ” – Eu estava feliz, aliviado, e, respondi: “Aconteceu tudo tão rápido na nossa vida… Casamos logo após eu abandonar a faculdade por causa do falecimento do meu pai e ter que assumir a fazenda e o negócio, você sempre foi uma esposa safadinha e muito parceira… eu nunca precisei de mais, você sempre deu conta de me satisfazer” – Só que eu também estava confuso com uma coisa, e questionei: “Mas, então, me explica. De onde saiu esse seu desejo por mulheres? Você nunca me mostrou esse lado. Se bem que…” – A Maria, quis saber: “Se bem o quê? ” – Eu expliquei, e você, Augusto, agora vai se lembrar dos detalhes. Eu disse a ela: “Eu sempre achei você muito feliz quando a Sheila vinha em nossa casa ou íamos na deles. Sempre notei um brilho especial no olhar das duas, se aproximando, se abraçando muito, até se roçando disfarçadamente…. Você se reprimiu esse tempo todo? – Nessa hora, a Maria, encurralada, manteve a honestidade e confirmou: “Não posso negar, a Sheila sempre mexeu comigo. Sempre me despertou um desejo enorme. Mas olha o fim de mundo em que moramos? Imagina, um escândalo desse aqui? Nossas vidas estariam acabadas. Tive que me reprimir”.
Augusto soltou outra observação:
– Caramba! Eu que não reparava nada!
Oscar nem deu bola e continuou:
– Eu entendi tudo, e falei: Mas com a Fátima aqui, protegida, juntas o tempo todo, o desejo falou mais forte, não foi? Eu entendo, amor. Agradeço por ser honesta. – Naquela hora eu queria saber o que ela desejava: “E então, o que quer fazer? Como vai acontecer?”
Oscar fez um gesto com as mãos e disse:
– Bom, o resto você já pode deduzir.
Augusto, meio aéreo, ainda impactado pela narrativa do primo, exclamou:
– Se a Sheila tivesse ido pelo mesmo caminho da Maria, quem sabe…
Ouvindo a lamentação do Augusto, Oscar não resistiu:
– Nem vem! Você teria se separado dela no ato. Você é fruto de sua formação. Me desculpe a sinceridade, primo, mas tudo acontece por um propósito. Tudo o que aconteceu nos trouxe até aqui. É daqui para a frente que temos que olhar.
Augusto sabia que ele tinha razão e Oscar ainda desejava dividir com ele o início de sua mudança de vida. Voltou a contar:
– Naquela primeira noite mesmo, depois da confissão da Maria, eu dei total liberdade para ela estar com a Fátima e só me incluir quando estivessem prontas. Maria ainda estava muito receosa, preocupada que a minha aceitação fosse apenas da boca pra fora.
Com aquela história, a pescaria tinha ficado esquecida. Começava a escurecer, e Augusto estava tão entretido na conversa com o primo, nas coisas que descobria, coisas que o ajudavam a entender melhor o seu próprio problema, que ele esqueceu de mandar uma mensagem para Sheila.
Em sua casa, preocupada, Sheila preferiu ficar na dela, não cobrar nada. Augusto poderia estar trabalhando ainda, em alguma emergência veterinária e apesar do bom momento entre o casal, ela não sabia o que realmente se passava na cabeça dele. Não queria ser chata, abusar da paciência do marido e acabar estragando a possível reconciliação que parecia ir tão bem. Como faltavam poucos dias para voltar ao trabalho, achou melhor se adiantar e começar a preparar seus planos de aula.
Enquanto Sheila tentava ocupar a mente e se distrair para não passar o tempo todo pensando em Augusto, ele continuava prestando atenção ao relato do primo, mas notou que uma das varas dava sinal de fisgada. A pescaria voltou a ser prioridade e em pouco tempo já era o décimo peixe, e pela nona vez, outra tilápia. Irritado, ele resmungou:
– Puta que pariu, só vem essa praga.
Oscar, começando a sentir o gostoso entorpecimento das cervejas e da cachaça, riu dele, sendo repreendido em sequência:
– É sério, primo. Essa praga não é daqui, é um ciclídeo africano. Elas estão destruindo todo o ecossistema aquático que invadem. Elas competem com as espécies nativas por recursos, alimento e espaço. E por serem territorialistas e muito vorazes, dizimam a concorrência.
Oscar não queria implicar, mas acabou não resistindo:
– Pode até ser, mas a danada é gostosa. Combina muito bem com essa cachaça. – Ele ofereceu uma dose a Augusto. – Dá uma lapada aí, vai. Deixa o bicho em paz, já era, agora elas são as donas da porra toda. Vamos pescar e comer bem felizes.
Resignado, sabendo que ele tinha razão, e como já tinham uma dezena de peixes, Augusto guardou as varas, ligou o som da velha picape em volume baixo e se sentou ao lado do primo, ansioso pela continuação da narrativa. Ele pediu:
– Vai, acaba a história.
Oscar, fritando peixe e contando o passado, continuou:
– Sinceramente, eu estava preparado para esperar, dar tempo à Maria, achando que ela ainda estivesse na fase de preparação ou algo assim, mas me enganei, pois naquela mesma noite, as duas me surpreenderam.
Ele interrompeu. Serviu mais uma dose de cachaça e uma latinha de cerveja para cada um. Oscar já se sentia excitado com as lembranças da própria história, pois apertava o pau enquanto falava:
– Aquela preta é do caralho, que rabo lindo, gostoso. – Virando-se para Augusto, o provocou. — Cê sabe do que eu tô falando, né?
Sem reação, Augusto apenas sorriu, concordando, abanando a cabeça, se lembrando da transa deliciosa que teve com a Fátima. Oscar voltou a contar:
– Rapaz, eu tinha acabado de tomar banho e assim que entrei no quarto, Maria estava nua, deitada à minha espera. Eu estava com tanta saudade, que praticamente pulei em cima dela, beijando aquela boca e apertando aquela bundinha linda e redonda que ela tem.
Com o pau latejando de duro, Augusto tentou disfarçar a excitação e precisou ajeitar a pica na cueca, incentivando Oscar a não parar de falar:
– Quando eu estava mais concentrado, já partindo pra mamar nos seios da minha mulher, senti beijos no meu ombro e uma mão diferente segurando na minha rola. Primo! Não é brincadeira! Não acreditei ao me virar e ver a Fátima, também peladinha, se esfregando em mim. – Os olhos dele chegavam a brilhar com a lembrança. – Puta que pariu! Que tesão, primo. Aquele foi um dos dias mais incríveis da minha vida. Mas… as duas estavam a fim de me torturar um pouco, me levar à loucura.
Ansioso e curioso, Augusto se sentou de frente para o primo, que não parou:
– Achei que a Fátima ia vir com tudo pra cima, mas ela me deixou de lado e foi se pegar com Maria. Meu irmão… não sei você já teve a oportunidade de ver ao vivo, mas não existe coisa mais linda no mundo do que ver duas mulheres que se desejam em ação. Caralho! Chega a me arrepiar – Oscar mostrou os pelos eriçados do braço para ele, para provar que falava sério.
Augusto, por sua vez, apertava o pau duro sob as calças, sem falar nada.
Sentindo que tanto ele quanto Augusto já estavam bem altos, bastante bêbados, incapazes de dirigir, Oscar interrompeu o relato e mandou uma mensagem a esposa:
“Vem buscar a gente, abusamos um pouco da “marvada”. Não temos condição de dirigir.”
Antes que o Augusto protestasse, cobrando a continuação, ele guardou o celular e disse:
– Rapaz, eu pensava que sabia chupar uma boceta, mas ver Maria quase em convulsão, gozando na boca da Fátima, me fez reavaliar tudo o que eu pensava. Foi uma das cenas mais excitantes que eu vi na vida: Fátima, de quatro sobre a cama, com aquela bunda espetacular virada pra mim, chupando a bocetinha da Maria que gemia alucinada.
Augusto, tão excitado estava com o relato, conseguia recriar a cena em sua mente:
– Caralho, primo! Então foi assim que você se sentiu? Nem sei o que dizer. Chego a tremer de excitação, ao imaginar a Sheila nessa situação. Mas, sem ter coragem de assumir.
Oscar queria ir mais além, tentar passar para Augusto a veracidade de seus sentimentos. Mas sem intenção de manipular o primo:
– Então, na hora, me joguei, não resisti mais. Dei um tapão naquela bunda, abri as bandas e fui de boca, chupando o cuzinho e a xoxota daquela preta deliciosa desesperadamente, tentando dar a ela o mesmo orgasmo que ela arrancou da minha mulher. – Oscar chegava a suspirar enquanto contava. – Maria mal se recuperou e já me mandou deitar de costas, montando sobre mim. Ela encaixou minha rola que estava até doendo de tão dura, foi se abaixando, engolindo meu pau com a xoxota, cavalgando na pica, enquanto a Fátima sentou no meu rosto, me dando novamente aquela xoxota para lamber e chupar. Ela tem um cheiro que é inebriante!
Augusto precisou se levantar, incapaz de conter a ereção, também sentindo o pau latejar dentro da calça. Oscar não aliviava no relato:
– As duas fizeram gato e sapato de mim. Se revezando na rola, se beijando, se lambendo, se mordendo, uma chupando a outra, trocando de lugar e vindo me agradar, as duas me beijando… nunca gozei tanto na minha vida. Maria então? Acho que foi uns quatro ou cinco orgasmos em duas horas. Ela chegou a pedir arrego, dizendo que só de encostar na xaninha dava choque.
Vendo que o Augusto estava admirado e vidrado no relato, Oscar resolveu falar o que achava importante também:
– Sabe, primo, nada disso é errado, vergonhoso, imoral… eu entendo que houve uma traição, que a Sheila pisou na bola e não vou passar a mão na cabeça dela. Mas se ela tinha as mesmas tendências da Maria, imagina o quanto ela se segurou durante os anos, para tentar ser a esposa perfeita que você exigia? Tente se colocar um pouco no lugar dela. Não deve ter sido fácil. E você mesmo já assumiu que também tem a sua parcela de culpa na história, mesmo que em um grau infinitamente menor.
Quando o Augusto pensava em dizer alguma coisa, Maria surgiu na estradinha, chamando a atenção dos dois:
– Era só o que me faltava, ter que vir buscar dois marmanjos.
Oscar sorriu para a esposa, jogando a chave da picape para ela:
– Não só vir buscar, como também levar o alcoólatra do Augusto para casa. Ele tá mais chapado do que eu.
Sem saber se ria ou se protestava, Augusto acabou não retrucando. Mesmo bêbado, pensava seriamente nas palavras do primo. O relato do Oscar o ajudou bem mais do que esperava.
Com a ajuda da Maria, arrumaram tudo rapidamente e voltaram à fazenda. Ela apenas deixou Oscar aos cuidados da Fátima e pediu a um dos peões, um funcionário de confiança, que a seguisse na caminhonete da fazenda.
Maria percebeu que Augusto estava perdido em seus pensamentos e também sabia que Oscar devia ter feito o seu melhor para ajudá-lo a entender os conflitos pelos quais passava, mas foi o refrão de uma música, tocando baixinho no rádio da velha picape, que deu a Augusto o empurrão que ele precisava:
“Foi bom surgir você
Pra reabrir o meu coração
Me induzir de novo a paixão
E outra vez me fazer sorrir
A solidão se afastou enfim
Tudo que eu quero
É ir mais além
Pois encontrei o amor
Com a vida estou de bem
Que a Lua venha nos iluminar
E o sol para nos aquecer
Pois quando a brisa
Da manhã chegar
Irá fortalecer
Ainda mais a união
Vou sonhar então! ”
Augusto não sabia que a música se chama “Inigualável Paixão”, tendo sido gravada por uma dezena de artistas, tanto em versões de samba e pagode como de MPB.
Aquele pedacinho de música o fez entender o quanto amava a esposa e queria estar ao lado dela, independentemente do filho, que viria para solidificar ainda mais seus sentimentos, e trazer ao seu coração a certeza de que o perdão era o caminho certo, e os dois deveriam seguir em frente, juntos, como um casal.
Mas, ele pensava: Esse sentimento, também se estendia aos novos desejos confessados por Sheila? Para isso, só existia uma forma de descobrir. Estaria disposto a apostar tudo para tirar a sua dúvida de uma vez por todas?
Continua…
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