Vou mudar um pouco e contar uma história onde eu mesmo não estou incluído, em todo conto tento dar pinceladas de realidade de coisas que acontecem ou que percebo na minha vida, mas fatos, acontecimentos, nomes, aparências nem sempre são totalmente fiéis, porém esse é em sua maior parte, pensado, mas talvez possam se identificar com a narrativa, ou parte dela pelo menos. A parte erótica vai pegar uma parcela bem menor, mas:
Roberto era um homem comum, no sentido de ser equilibrado, era veterinário, bem sucedido, 40 anos, moreno, era casado com uma mulher diferente.
Luiza era uma mulher temperamental, 35 anos, era pedagoga, de descendência alemã, também bem sucedida, emprego duradouro, estável.
Ambos tinham 2 filhos, e um casamento feliz, Roberto era correto, fiel, safado na medida do possível, responsável.
Quando digo temperamental, não quero dizer que era brava, ela era um amor de pessoa, amada no trabalho, pelos amigos, mas a questão é que Luiza havia sido criada pela mãe, filha mais velha, segunda mãe dos irmãos. O seu pai era um cafajeste, da pesada, do tipo que tinha mais de 10 filhos, que teve filhos a torto enquanto Luiza ainda estava no ventre.
Pode imaginar que o ressentimento era grande né? Nunca foi capaz de prover nem de forma material, nem de forma afetiva, e foi o responsável por incontáveis noites de insônia, tristeza e choro para mãe de Luiza. E naturalmente, ela presenciou grande parte disso.
Como se refletiu isso na vida do nosso casal?
Luiza tinha um amor muito grande por Roberto, amava os seus filhos, amava de maneira profunda o que construíram e tinham juntos, admirava ele, respeitava ele.
Mas tinha um ódio tremendo da masculinidade, sabia que dentro de todo homem existia um fragmento de alma que se assemelhava ao pai dela.
O resultado disso era uma demonstração constante de humilhação involuntária à masculinidade de Roberto, e paradoxalmente seguida da submissão mais conservadora já vista à ele.
Roberto não era burro, ele entendia, sabia, e contornava sempre mantendo o equilíbrio, do relacionamento, da casa, e da esposa.
2023, final de ano, depois de tanto tempo sem um momento para eles, decidem ir passar o reveillon na praia, no nordeste, os filhos ficam com os pais, e se sentem tranquilos por já terem reunido toda a família no natal.
A viajem vai bem, os dias de praia são perfeitos, o sexo é colocado em dia, mas o reveillon, nem tanto.
Véspera de virada, e eles se vêem presos em um engarrafamento para chegar ao local da festa, que já havia sido marcada a muito tempo, e paga. Seria em um restaurante, no segundo andar, a beira da praia.
Nao bastasse o engarrafamento eterno que quase os fez perder a festa, chegaram ao local para encontrar uma superlotação sobrenatural.
A quantidade de pessoas, espremidas naquele local quase impossibilitava a movimentação, e por consequência, podem imaginar que o atendimento era precário também.
Havia espaço, e apesar dos pesares, tentaram aproveitar o que dava, comeram, beberam o que conseguiram, e foram para beira do terraço, abraçados, observar o movimento (também gigantesco) na praia, e os fogos.
Ali abraçados, vendo a festa ela brincava:
-Vai prometer o que Roberto? Que vai dar mais no coro?
-Olha o tamanho desses caras Roberto, se você malhar você fica assim em?
-Na época de solteira eu estaria fazendo a festa.
-Tem pouco casal né? Achei que ia ter mais. Tudo as mãe solteira aí de pai bunda mole.
Ele ria, bebia, tentava dar o troco, mas era muito bonzinho e sensível pra falar algo que fosse a altura dos comentários que ela fazia sem nem se dar conta.
O Garçom passava a cada 2 horas, e tinha passado bem antes dos fogos estourarem. Olhando para o copo ele fala:
-Vou lá pegar mais direto no balcão, você quer alguma coisa?
-Não, mas eu vou com você vou ao banheiro.
Chegando perto, o balcão a direita, já soterrado por pessoas, ele beija ela e vai na direção, dando as costas a ela.
Ela vai pro banheiro que fica a esquerda, em uma parte mais escurecida que dá caminho para um saguão enorme, que se encontra apagado, e não utilizado.
O prédio tem dois andares, o local da festa é obviamente concentrado na parte anterior, onde todos querem ver o movimento.
Os fogos acabaram de estourar, e o movimento no banheiro é quase zero.
Tão logo ela coloca a mão na macaneta uma mão segura seu braço, e puxa ela arrastando para o saguão. Ela tem tempo de ver o saguão com as luzes apagadas, e logo é jogada em um quarto, 4-5 metro de distancia do banheiro apos uma curva de 90 graus.
A luz fraca, amarela, um homem muito grande na frente dela, um no canto do quarto e um na porta.
O da frente já vem rápido pegando ela pelo cabelo e virando ela de costas enquanto aperta forte o peito dela e logo desce puxando o vestido pra cima, que sobe fácil até a cintura. Ela se debate com força mas pro tamanho do cara, parece até brincadeira:
-Luiza: Que porra é essa? Ta maluco?
-Grande: Adoro putinha assim, deixa bem claro que o marido é corno.
-Luiza: O quê?
Ele mal espera ela responder enquanto se debate e ele da um tapa na bunda dela tão forte que ela perde as forças na mesma hora.
-Grande: Eu gosto assim, que faz cena ainda.
Recuperando as forças ela segura na camisa dele por trás rasgando, mas ele nem se move. Com a mesma mão que dá o tapa ele rasga a calcinha dela, e enfia dois dedos dentro dela, seco, machucando.
Ela começa a gritar chorando, enquanto ele mexe os dedos dentro dela:
-Luiza: Para, para, socorro!!!
Enquanto continua a puxar a roupa e socar, arranhar.
Ele olha pro do canto:
-Grande: Ajuda a segurar essa puta aqui!!!
O segundo se aproxima já com o pau pra fora, e ela vendo isso começa a gritar muito alto.
Nessa hora o da porta fala pro maior:
-Porta: Ou Henrique, para com essa porra ai, ela não tá fazendo cena não.
Os dois olham pra ele enquanto continua:
-Porta: Teu tio não é conhecido do dono aqui? Vai dar merda isso ai, não ta vendo que ela não tá querendo? Quando você falou eu achei que era casada safada.
Os dois param olham pra ela, chorando sentada na cama agora, e o Henrique fala olhando pra ela:
-Henrique: É serio?
Ela continua ali tremendo e chorando sem falar nada, o do canto guarda o pau, e o Henrique começa a andar de um lado pro outro, para, puxa o cabelo dela de novo levantando a cabeça, aponta o dedo bem no rosto dela:
-Henrique: Olha só, você sabe meu nome, e ouviu merda aqui, se abrir o bico eu acabo com você em? Eu tinha certeza que tu tava provocando, piranha. Nem eu nem ninguém te comeu aqui.
Ele solta o cabelo e da outro tapa forte no rosto, e ela cai na cama.
Enquanto anda saindo com os outros dois ela ouve ele falar:
-Você tem que aprender a calar a boca porra, parece burro.
Ela se levanta, volta ao terraço, e logo dá de cara com o Roberto, e não tem nem como esconder, nariz sangrando, rosto vermelho, vestido rasgado. Vão logo pra delegacia.
Ela não fala nada, apenas que tentaram, e ela se defendeu.
A vida continua.
Bom, o conto é esse, e tenho certeza que ai na cabeça de vocês vão existir opiniões polêmicas, para um lado, ou para o outro.
Eu não tenho pretensão de dizer, ou ditar o que é correto, ou errado, mas acho que traz muitas nuances, e detalhes em relação a comportamento, psicologia, e aprendizado.
Mesmo que o conto fosse real, e tenho certeza que situações assim acontecem por ai, eu acharia irônico o fato de que ela provavelmente passe a odiar ainda mais a masculinidade, cada vez mais cega para o que se encontra tão próximo dela.
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