Conto inspirado em um relato do Reddit.
Eu, como tantos outros brasileiros, sou filho de um lar desfeito. Desde que me entendo por gente, meu pai sempre foi um canalha. Um conquistador barato. Um homem que pisou na minha mãe de tantas maneiras, que a destruiu completamente. Levou anos para ela se recuperar psicologicamente e seguir com sua vida.
Felizmente, minha mãe encontrou novamente o amor e hoje é feliz ao lado do meu padrasto. Um homem gentil e que se importa com ela.
Eu sou o Rafael, moreno claro, mais esbelto do que forte, com corpo em forma. 1,82m de altura. Sempre fui muito elogiado pelas mulheres e apesar de ser bastante caseiro e ter tido apenas um namorico sem importância na adolescência, sempre tive meus casos por aí. Hoje, aos vinte e quatros anos, e após ter passado pelo que passei, entendo um pouco da dor que a minha mãe sentiu durante os oito anos em que esteve casada com meu pai.
Meu pai, o Angelo, atualmente um coroa muito bonito, enxuto, um homem que sempre mexeu com as mulheres, saiu de casa quando eu ainda era muito novo e só nos reconciliamos quando eu entrei na faculdade, já que passei a morar na mesma cidade que ele. Apesar de tudo, minha mãe foi a incentivadora dessa aproximação, dizendo que a relação entre marido e mulher não pode ser confundida com a relação entre pais e filhos. Que por raiva, tentando machucá-lo, ela, mesmo sem ter intenção, acabou me afastando dele.
Não sei se por remorso, culpa, ou qualquer outro sentimento egoísta, ele resolveu se redimir e lembrou que tinha um filho. Inclusive, ele começou a se responsabilizar financeiramente por mim e, precisando dessa ajuda, querendo aliviar a barra para a minha mãe, eu acabei dando uma segunda chance a ele.
Eu conheci minha noiva, a Maitê, no segundo ano da faculdade e nos entendemos muito rapidamente. Eu sou um ano mais velho e também estava um ano à sua frente. Ela era a mulher mais linda que meus olhos já tinham visto, mas também, muito exibida, o que me fez, em princípio, ficar longe, manter a distância.
Maite e eu éramos completos opostos, já que ela era extrovertida, sociável, faladeira e muito simpática com todos. Já eu, um homem muito caseiro, impaciente, intransigente até e fechado ao extremo.
Nos aproximamos por insistência dela, que estava precisando de ajuda em oratória, gramática e escrita, principalmente, e soube, por intermédio das amigas, que eu era um bom tutor e costumava ajudar os poucos amigos que tinha.
Ela encontrou em mim o tipo de homem que a desafiava, pois eu não lambia o chão que ela pisava e não fazia nenhum esforço para realizar seus caprichos. Para quem está acostumada a ser o centro das atenções, minha indiferença provavelmente era um desafio ao seu ego.
Maitê é linda, realmente um espetáculo. Morena, cabelos e olhos negros, seios médios e durinhos, de aréolas escuras, bem pequenas. Sua cinturinha é um charme a parte, parecendo moldada, quase uma boneca, dando destaque a bunda redonda e empinada. As coxas esbeltas, não tão grossas, complementam o conjunto tão harmonioso aos olhos. Para efeito de comparação, ela lembra muito a atriz e modelo brasileira, Thaila Ayala.
O convívio me mostrou um lado da Maitê que eu não conhecia. Toda aquela alegria e simpatia era apenas uma máscara que escondia seu passado doloroso. No fundo, Maitê era apenas uma garota deslumbrada, que se viu livre da pesada educação restritiva de seu pai, e tendo atenção constante, acabou se embriagando por ela. Desde que saiu de casa, ela nunca mais voltou.
Descobri também, que diferente da fama que ostentava, Maitê era uma garota difícil e que nenhum dos babacas arrogantes que nos cercavam conseguiu levar para a cama. Ela se entregara apenas a um único homem durante a sua jovem vida, um namorado do ensino médio, que logo a traiu e abandonou após conseguir o que queria.
Esse trauma transformou Maitê e por mais que ela aparentasse ser uma mulher fútil, na intimidade, quanto estávamos a sós, ela era doce e carinhosa, dependente e submissa. Me encantei e começamos uma relação que me trouxe muita alegria e até fez com que eu saísse da minha concha.
Nossa primeira vez aconteceu naturalmente, no sétimo mês de namoro, na noite em que a convidei para morar comigo. Ela era realmente inexperiente e foi preciso paciência e muito carinho até que nos entendêssemos na cama. Ela tinha a certeza de que eu seria seu marido e eu, completamente apaixonado, já sonhava com tal promessa. A pedi em casamento no primeiro aniversário de namoro.
Voltando ao meu pai, ele era um homem conhecido e muito respeitado na cidade. Um empresário bem-sucedido e que estava prestes a se casar novamente. Eu estava indo para o último ano da faculdade e já ocupava um cargo de confiança em sua empresa. Ele adorava me exibir, me mostrar para os outros, “o seu herdeiro”, ele dizia, o futuro da companhia.
Maitê e meu pai ainda não se conheciam e com a desculpa de que sua noiva tinha praticamente a mesma idade que eu, ele nos convidou para um jantar, para que todos nós nos conhecêssemos melhor. Sem motivos para recusar, curiosos, aceitamos o convite e eu não fazia ideia de que minha vida estava prestes a mudar completamente. E para pior.
Martina, ou Tina, como ela gosta de ser chamada, a noiva do meu pai, uma argentina criada no Brasil, também era incrivelmente linda. Loira, olhos verdes, falsa magra, de seios siliconados e lábios carnudos. Toda perfeitinha. Maitê e ela se tornaram amigas quase que instantaneamente.
É lógico que eu notei os olhares avaliadores do meu pai para a Maitê, mas como também era impossível não fazer o mesmo com a Tina, acabei ficando na minha. Com mulheres tão belas ao lado, é impossível não admirar.
O jantar foi melhor do que eu esperava e a vida seguiu tranquila por alguns meses. Com tanto trabalho e o último ano da faculdade, eu estava ocupado ao extremo.
Como eu ganhava muito bem e Maitê tinha bolsa integral, concordamos que ela ficaria em casa, já que seu curso, medicina, era em horário integral e a minha renda, fora a ajuda do meu pai, era mais do que suficiente para sustentar a nós dois. Já éramos praticamente casados e eu não tinha motivos para me preocupar.
Naquela mesma época, minha noiva se tornou superprotetora com o celular e sempre que eu perguntava, ela dizia estar falando com a Tina. Como ela estava sempre sorrindo e nossa vida sexual estava plenamente satisfatória, eu não tinha motivos para desconfiar de nada e aquela bandeira vermelha passou despercebida.
Aquele ano passou e eu já era um engenheiro formado, prestes a assumir maiores responsabilidades na empresa do meu pai. Como um gesto de confiança, ele passou a delegar tarefas cada vez mais importantes para mim. Tarefas que me faziam viajar regularmente, praticamente toda semana. Ele insistia para que eu fizesse essas viagens, mesmo tendo funcionários mais experientes para o serviço.
Como eram viagens rápidas, indo num dia e voltando no outro, eu me sentia agradecido, feliz pela confiança. Meu pai sempre dizia que aquele era o caminho natural, que conhecendo nossos clientes, eu um dia assumiria a empresa e ele poderia descansar, se aposentar mais cedo e viajar o mundo com a Tina. Eu nem desconfiava do que acontecia na minha ausência.
Aos finais de semana, estávamos sempre juntos na casa do meu pai, – Eu e Maitê, Tina e ele. – Uma mansão com piscina, sauna, cozinha gourmet, sala de jogos … e, da mesma forma que ele sempre admirava minha Maitê de biquíni, eu também admirava a sua Tina. A diferença maior era que Maitê usava conjuntos mais comportados, enquanto Tina abusava dos fios dentais quase obscenos.
Meu pai e Maitê acabaram criando uma sólida amizade. Eu achava que era falta da família e que ela acabava vendo meu pai com uma figura paternal.
Minha vida desmoronou numa terça-feira, quando eu me preparava para mais uma viagem de negócios. Outra viagem rápida, para a instalação de uma nova máquina que tínhamos acabado de vender. Essa máquina era de última geração e eu era o responsável por treinar o operador.
Como os manuais técnicos eram muito formais, com escrita rebuscada e difícil, eu tinha o costume de levá-los para casa e fazer notas de rodapé, explicando mais detalhadamente, de forma simples, os procedimentos a serem executados na manutenção ou em casos de emergência ou pane do maquinário.
Naquele dia, eu acabei esquecendo o manual em casa e precisei voltar para buscá-lo. Eu já deveria estar na estrada há horas, mas uma série de atrasos me impediram de seguir o cronograma. Como a instalação de novas máquinas eram feitas geralmente durante a madrugada, para não atrapalhar a produtividade das empresas clientes, eu sempre saía com antecedência.
Eram quase duas da tarde e eu não demorei a chegar em casa. Assim que estacionei, na rua mesmo, pois não iria demorar, apenas pegar o manual e voltar, já estranhei o fato de ver o carro do meu pai estacionado na minha garagem, ao lado do carro da Maitê. Naquele horário, ela deveria estar na faculdade, já que ainda faltava concluir o último ano.
A princípio, achei que poderia ser Tina, pois ela costuma usar aquele carro também, e meu pai tem um modelo mais simples, que usa para o dia a dia e quando saí da empresa, o outro carro dele estava estacionado em sua vaga habitual.
Entrei tranquilo em casa, mas já na sala comecei a me preocupar. Um blazer masculino, camisa, calça social e gravata colocados cuidadosamente sobre o sofá. Um par de sapatos sociais italianos ao lado e por fim, me dando a certeza, um cheiro de perfume único, caríssimo, que apenas meu pai usava entre as pessoas que eu conhecia.
Senti meu coração acelerar, as pernas tremerem e assim que me aproximei do corredor, ouvi os gemidos inconfundíveis, que eu costumava ouvir sempre, colados ao meu ouvido, sempre que fazia amor com a minha noiva:
— Safado, puto gostoso … assim eu não resisto, você acaba comigo …
Respirei fundo, tentei me acalmar. Não era possível, talvez fosse um sonho.
— Assim mesmo, do jeito que eu gosto … não consigo resistir a esse pau … como é grande …
Senti o estômago embrulhar, a ânsia subindo para a garganta e precisei ser forte para não vomitar ali mesmo, no corredor. Eu estava em choque, completamente abalado, mas precisava reagir, tomar o controle da situação.
— Putinha gostosa, da buceta apertada … tu é um tesão, garota … não me canso de foder você …
Não tinha mais volta, a voz era dele, do meu pai. Toda a minha decepção, apatia, sofrimento, começava a se transformar em raiva. Uma descarga de adrenalina me compeliu a agir. Peguei o celular, liguei a câmera e comecei a gravar.
Abri a porta do quarto silenciosamente e lá estavam eles, numa posição perfeita para eu gravar. Maitê de quatro, com meu pai engatado nela. Não estavam virados para mim e nem perceberam a minha chegada. Estavam tão envolvidos em sua canalhice, que continuaram metendo, alheios ao seu redor.
Meu pai estocava com força. A batida dos corpos ecoava alto pelo ambiente. Maite estava com a cara enfiada no colchão, tentando conter seus gemidos para não chamar a atenção dos vizinhos. Meu pai a provocava:
— Perdemos muito tempo com sua resistência. Agora está aqui, implorando para levar pau nessa buceta … quem é o seu macho? Quem é o seu dono?
Jogando a bunda pra trás, tentando ser ainda mais preenchida, com a voz abafada, a vadia não negava:
— Você é o meu macho … meu dono … meu amante safado e gostoso … fode essa buceta, me arromba inteira …
Meu pai estocava com ritmo, segurando forte no quadril dela e socando com força:
— Hoje eu vou foder essa buceta até você desmaiar. Eu quero esse cuzinho também, estou com saudade.
Nem pra mim a filha da puta tinha dado o cu e pelo jeito, meu pai já tinha comido. Enlouqueci, dando um tapa forte na porta e gritando:
— Que porra está acontecendo aqui? Seus desgraçados, como podem ter feito uma coisa dessas comigo?
Maitê se desesperou, se afastando rapidamente do meu pai, se cobrindo com o lençol, se encolhendo, tentando se esconder dos meus olhos. Já meu pai, assim que percebeu que eu gravava o que acontecia, veio em minha direção:
— Eu posso explicar, filho. Me dê esse celular, vamos conversar. – Ele esticou a mão, tentando alcançar o aparelho.
O alertei:
— Fica longe de mim. Você não tem o que explicar, eu vi muito bem o que aconteceu aqui. – Com ele bem perto, avisei novamente. – Para o seu próprio bem, não se aproxime de mim, seu nojento. Eu quero os dois fora da minha casa. Quando eu voltar, quero os dois fora da minha vida.
Ele tentou tomar o celular da minha mão e instintivamente, eu o soquei. Um único cruzado, direto na lateral do queixo, que o derrubou na hora. A vadia pulou da cama, vindo em seu socorro.
– Para, Rafa! Não faz isso.
Olhei para ela com nojo:
– Ainda vai defender o seu amante? Vocês se merecem, seus cretinos. Eu falei sério, some da minha casa e da minha vida, sua vadia.
Ela ainda tentou me abraçar, achando que eu deixaria que ela encostasse em mim. Puxei o cabideiro ao lado da porta, a assustando e criando uma barreira física entre nós.
— Eu te odeio. Você sabe o que ele fez com a minha mãe, comigo e mesmo assim … você é pior do que ele, pois é falsa e mentirosa. Ele sempre foi assim, não é novidade. Já você …
Eu precisava sair dali, me afastar. Se continuasse ali, ia machucar os dois e acabar destruindo a minha vida, dando para aqueles dois seres abjetos, uma desculpa para me culpar. Desliguei a câmera, peguei o manual que tinha vindo buscar e saí daquela casa maldita. Entrei no meu carro e saí cantando os pneus.
Em poucos minutos, as ligações e mensagens começaram. Não atendi nenhum dos dois. Na verdade, nem cheguei a olhar o celular. Eu acho que entrei em modo automático, apenas dirigindo até a cidade vizinha, indo cumprir minha obrigação profissional. O cliente não tinha culpa dos meus problemas e como tratou comigo desde o começo, era o meu nome que estava em jogo.
Eu estava anestesiado, fora do ar, trabalhando como um robô e por volta das quatro e meia da manhã, a instalação da máquina terminou. Ensinei o operador da máquina a manusear o equipamento, liberei a equipe técnica e ao invés de voltar para casa, parei no primeiro hotel que encontrei.
Naquela noite, tomei as quatro garrafinhas de vodca, as quatro de whisky, as seis cervejas do frigobar e ainda desci até a loja de conveniência do outro lado da rua, comprando mais cervejas e outra garrafa de whisky. Bebi como se não houvesse amanhã, apagando já na tarde daquele dia.
Acordei na madrugada do dia seguinte. Passando mal e com urticárias pelo corpo, fruto da intoxicação causada pela quantidade absurda de álcool ingerida. Vomitei por horas, me sentindo zonzo, suando frio e sem forças para nada. Uma funcionária do hotel, uma senhora simpática e experiente, acabou cuidando de mim, ouvindo meu desabafo e sendo solidária a minha dor.
Eu não tinha vontade de voltar para casa. Principalmente, quando me lembrava que aquele era um imóvel do meu pai. Minha vontade era de sumir e nunca mais voltar. As mensagens e ligações continuaram e logo a bateria do celular descarregou completamente. Como eu não tinha carregador, acabei jogando o celular num canto qualquer do quarto e me esquecendo dele.
Eu sempre soube de memória o número de casa e somente falei com a minha mãe, mas sem entrar em detalhes ou explicar o que estava acontecendo. Para ela, minha vida estava normal e tudo corria bem.
No final das contas, acabei passando um mês naquele hotel, sem vontade de sair dali e resolver os meus problemas. Passava os dias bebendo ou andando pela cidade. A cada dia, a raiva em meu peito crescia mais, se transformando num monstro de ódio, uma aura negra que me envolvia e estava prestes a ditar as minhas ações futuras.
Finalmente comprei um novo carregador e o celular voltou a vida. As mensagens e ligações pararam no décimo dia e eu não ouvi nenhuma das que foram enviadas. Mesmo sem trabalhar, meu salário caiu normalmente no quinto dia útil.
No aplicativo do sistema de alarme da casa, as entradas e saídas da Maitê continuavam normais, batendo com seus horários da faculdade. Provavelmente, meu pai deveria estar sustentando a vadia, comprando comida e pagando por seu transporte e serviços básicos. Era muita cara de pau daquela puta continuar na casa.
No Instagram da Tina, havia fotos novas da rotina dela com o meu pai. Os dois felizes, como se nada tivesse acontecido. Com certeza, ela também estava sendo enganada, sem saber que era corna como eu. Aquilo aumentou ainda mais a minha raiva e resolvi mandar uma mensagem para ela:
“Precisamos falar com urgência. Precisa ser pessoalmente, é importante”.
Recebi a resposta em poucos minutos:
“Como você tem coragem de falar comigo? Você deveria estar preso, seu animal. Agrediu o seu pai, apenas por ele defender a Maitê de você. Por ele ter evitado que você a agredisse. Nunca mais fale comigo. Você deveria estar preso, seu agressor de mulheres”.
Meu sangue ferveu e eu parei de pensar racionalmente. Respondi:
“Sua trouxa, foi isso que eles te contaram? Eles disseram também que eu tenho um vídeo muito legal de tudo o que aconteceu?”.
Anexei o vídeo à mensagem e enviei. Como eu imaginava, a resposta chegou no tempo exato que ela levou para assistir a surpresa que eu enviei. Quatro vidas estavam prestes a mudar completamente, não apenas a minha. Todos deveriam sentir a mesma tristeza que eu sentia.
Continua.
Revisão: Id@