Recomendo a leitura das 3 primeiras partes antes de iniciar essa, basta clicar no meu nome e ter acesso a elas.
Continuando…
Poucos dias passaram e até então não tínhamos tido oportunidade de ficarmos a sós de novo, estava cuidando dos meus irmão e primos a maioria dos dias e Kelly sempre em casa. Às vezes saía de casa e falava comigo, falava com meus irmãos e primos, como uma vizinha normal, sempre com um olhar malicioso em minha direção, aquele olhar de quando um leão tem uma presa e sabe que vai ser questão de tempo ter a presa da forma que desejar.
Um dia a noite, todos os adultos saíram, e fiquei estudando, meus irmãos estavam em casa e pediram pra ir brincar no quintal, mas pra isso acontecer eu teria que ir supervisionar a brincadeira que seria pique esconde. Então peguei um livro e fui. Chegando lá senti ao longe um perfume familiar. Kelly estava na porta da casa conversando com Tadeu, ela pediu a ele para que antes dele sair para jogar bola fosse com ela em uma farmácia, e ele respondeu que não dava tempo. Então ele me viu, me cumprimentou, deu um selinho em Kelly, que estava arrumada parecendo que realmente iria sair e foi embora. E Kelly me deu um sorriso que eu logo retribui, mas um pouco desconfiado. Ela se aproximou de mim e disse:
Você pode ir comigo à farmácia? Eu preciso tomar minha injeção e não gosto de ir sozinha pois o farmacêutico fica dando em cima de mim, e essa farmácia é a única que tem o remédio que eu tomo, e eu não posso ficar sem tomar.
Respondi: olha, queria muito ir, mas tenho meus irmãos e primos pra olhar, você está doente?
K: Não estou. É que meu anticoncepcional é injetável, eu preciso tomar todo mês na farmácia. Não tem mesmo como você me acompanhar, prometo que te dou uma recompensa que vai fazer seu sacrifício valer a pena. Não vamos demorar muito.
Já deixando o medo de lado, falei com meus irmãos irem brincar com alguns vizinhos que adoravam correr pela rua e brincar do que fosse. Naquela época não se precisava de nada para se divertirem. Falei pra eles que iria entregar um livro a um colega e já voltava. E saímos a caminho da farmácia.
K: Muito obrigado por fazer isso por mim. Eu não gosto mesmo de ir lá sozinha. O farmacêutico é muito galinha, me deixa incomodada e você sendo homem vai inibir que ele tome as atitudes que ele já teve antes.
R: O que foi que ele já fez?
K: Já pediu meu telefone, já perguntou se meu marido dava conta de mim, se eu queria tomar as injeções de graça, pois se eu quisesse iria me dar injeção no estoque da farmácia.
Na hora fiquei até com ciúmes depois do que ela falou e pensei que era melhor ir com ela. Chegando lá realmente pareceu que ele estava fazendo tudo de forma protocolar, ela recebeu a injeção, pagou e fomos embora. No caminho, ela me levou por uma rua escura e me pressionou novamente contra a parede. E começou a me beijar no meio da rua, eu correspondi. Mas depois do beijo começamos a conversar algumas coisas um tanto quanto sérias.
Eu a questionei do porquê fazer isso com marido, eu estava louco pra comer ela, os hormônios estavam à flor da pele, mas eu ainda pensava nessa situação.
K: olha eu entendo suas dúvidas, e vou entender se você não quiser, mas o fato é que tudo o que te falei é verdade, ele não me dá muita atenção, passo muito tempo sozinha, sou uma mulher que tem muito desejo e meu marido sabe que sou assim, no começo do namoro e casamento ele era mais presente e mais atencioso comigo, mas depois de algum tempo tudo mudou.
R: Então por qual motivo você não acaba o casamento, e fica realmente com quem você quiser. Não seria mais simples? Tudo iria ficar mais fácil. Você poderia escolher uma outra pessoa pra viver com você, que consiga lhe dar o que você precisa.
K: olha eu já pensei muito nisso, e pra ser sincera eu mesmo já tomei a iniciativa mas ele não aceita o fim do relacionamento, eu não vou mentir, gosto dele, o amo de verdade. E sinto que ele me ama também, mas tem outras prioridades e eu fico em segundo plano. Além de que mesmo eu não tendo dito a ele, acredito que ele sabe que já o traiu antes, acho que não temos maturidade para falar sobre o assunto abertamente, mas ele sabe que eu posso às vezes me interessar por alguém mas sou realmente dele, quando ele me quiser. E eu sei que você com sua idade não vai entender e aceitar tudo o que eu estou te dizendo. Mas é a verdade.
E nisso ela estava coberta de razão, eu jamais entendi completamente isso, ela não querer se separar dele, e às vezes ter algum caso com outros homens sem ter uma ligação, ser algo pontual e “voltar” sempre para o Tadeu. Essa conversa me deixou um tanto quanto pensativo, fiquei muito desconfiado, não sabia até que ponto toda aquela conversa era verdade, eu sendo inexperiente e pouco vivido no ramo amoroso tinha muitas dúvidas e não tinha a quem recorrer, não poderia chegar a ninguém e revelar essa história, não imaginava ser compreendido por ninguém.
Então depois de um momento de silêncio, voltamos pro caminho de casa e mudamos de assunto, ela estava tentando disfarçar, vamos assim dizer, tomando a frente e puxando assuntos diversos, até que chegamos, nos despedimos e eu fui chamar meus irmãos.
