Só consegui me levantar da cama e andar sozinho quatro dias depois. Eu fiquei naquele quarto de hotel sendo visitado por médicos e fisioterapeutas. Eu estava muito impressionado com o nível de atenção que esse dinheiro todo pôde me proporcionar. Se não fosse pela Aline eu provavelmente ficaria duas semanas tomando dorflex e me revirando no meu colchão de solteiro velho. Mas não, havia suco verde e um café da manhã completo, banquetes de almoço e janta e lanches a qualquer hora do dia. Eu não podia dar nenhum indício de querer algo que ela dava um jeito de fazer acontecer.
Fora do hotel a vida seguia normal, minha mãe voltou para o estúdio e a Sayuri para o conservatório. A Aline ficava comigo sempre que podia mas também saía por longos períodos. O pai dela estava passando para ela a direção sobre vários negócios da família. O casamento com o Arnor foi mantido por aparências, pelo menos por enquanto, ela dizia. Ele ficou na casa com o Renan e ela ficou no hotel, que eu descobri depois que era dela. Duas enfermeiras vinham me checar o tempo todo, em turnos alternados.
No fim do dia as três chegavam, nós jantávamos juntos ao redor da cama e elas dormiam comigo. O médico demandou repouso total porque eu tinha costelas quebradas então mesmo querendo muito eu não poderia fazer nada. Eu estava gostando muito desse universo paralelo aonde eu vivia onde não tinha que me preocupar com nada, tudo me era trazido. Eu pensei que poderia me acostumar com isso.
- "Será que é assim que vamos viver? Será que isso vai durar?" -- Eu mesmo me perguntava de tempos em tempos, esperando que a resposta fosse sim.
Acordei no quarto dia e estava sozinho na cama, ja estava bem claro. Olhei para o teto e tentei sentir meu corpo. Estava dolorido mas estava muito melhor. Tentei me sentar na cama e consegui sozinho. Depois fui me arrastando para a borda do colchão e coloquei os pés no chão. Meus dedos acariciavam um tapete macio e respirei fundo me permitindo sentir a sensação, eu estava conseguindo de volta alguma autonomia sobre meu corpo depois de tantos dias só deitado. Resolvi arriscar me levantar e também foi uma missão bem sucedida. Ainda doía mas eu não aguentava mais ficar na cama. Eu estava só de cueca mas nem sabia aonde tinha alguma roupa que eu pudesse usar, então nem me importei.
Saí do quarto e não vi ninguém, mas o espaço estava diferente do que eu me lembrava. Aonde havia uma área de sofá com algumas poltronas agora tinha um piano. Um piano de cauda, Yamaha e branco. Era incrivelmente bonito. Fui caminhando até ele como se tivesse um imã me atraindo.
Me sentei e toquei um acorde, Sol menor. Depois de ouvir as notas entrelaçadas no timbre excepcional daquele instrumento perfeitamente afinado, minhas mãos me levaram aonde a música queria ir e comecei a tocar. Não era nenhuma peça clássica dessa vez. Era uma parte da trilha sonora de um dos meus filmes favoritos. O Show de Truman. Se chama "Raising the Sail", que toca na cena onde ele está navegando rumo à liberdade. A tempestade acabou e agora viria a bonança. A música me levou e a progressão simples me permitiu improvisar variações e variações. Nem sei quanto tempo eu fiquei naquele piano mas eu estava flutuando.
- "Meu Deus..."
Eu ouvi as palavras e parei de tocar instantaneamente, olhei para trás e a Aline estava ali, encostada em uma janela e olhando pra mim. Os olhos dela estavam cheios de lágrimas e ela tinha um sorriso lindo no rosto.
- "Você é incrível, Felipe. Eu nem consigo entender o que é, mas você me acende. Você e a sua música, quando você se perde na sua arte eu me encontro no fundo de mim mesma..."
Eu me levantei e fui na direção dela, no mesmo transe em que estava quando estava tocando. Eu era levado e movido pelo instinto. Não existia pensamento, não existia razão. Eu a envolvi nos meus braços e nossos lábios se encontraram. Instantaneamente uma chama acendeu em mim e me entreguei por completo. Minhas mãos exploravam a forma dela e as dela bagunçavam meu cabelo e me puxavam pela nuca. Nossos corpos gladiavam entre si em uma sinfonia onde os únicos instrumentos eram os plenos pulmões. Inspirações e expirações, gemidos e sussurros, acompanhados da percussão dos beijos intensos.
Eu ja estava quase sem roupa e a mão dela começou a explorar minha ereção. Minhas mãos levantaram o vestido dela permitindo um toque dos nossos quadris. Eu senti ela descendo, eu sabia que ela queria me chupar mas nesse instante eu queria outra coisa. Não deixei ela descer a segurando pelos braços. Em um movimento brusco rasguei a calcinha dela, tirando um grito de susto seguido de um olhar sedento. Em poucos movimentos eu a levantei contra a janela e a penetrei profundamente. Eu mergulhei dentro dela com tudo o que havia em mim. Os movimentos eram cadenciados e eu entrava e saía dela em um ritmo sem fim. A segurando pelas pernas eu me forçava pra dentro tirando dela gemidos e urros de prazer. Ninguém falava nada, mas os olhares trocados diziam tudo. Ela queria mais e eu estava disposto a dar tudo o que eu tinha.
Apertei a bunda dela com força sentindo a firmeza daquele monumento. Até hoje se eu fechar os olhos consigo lembrar daquele momento. O suor começou a escorrer, eu vi as gotas se formando no rosto dela. Ela começou a ter um orgasmo ali, sendo segurada contra uma janela de vidro. Eu nem sei se alguém poderia nos ver ali, e sendo bem sincero esse pensamento nem passou pela minha cabeça na hora, depois outro orgasmo. Ela se segurou no meu pescoço e arfava profundamente no meu ouvido. Prazer. Puro prazer.
- "AAahhh.. Ahhhhh.... NNnn..... Aaaaaaahhhh."
Ela dizia coisas desconexas e gemia, e eu urrava no ouvido dela como um touro enraivado. Eu só queria meter e meter, e aquela boceta abraçava meu pau com um calor que eu nunca havia sentido antes. Eu estava tão dentro do momento que nem conseguia gozar. Eu sentia o ápice do prazer em uma transa sem fim, e eu não sei quanto tempo mais ela aguentaria. Um terceiro orgasmo.
- "Aaahh... Calma.... Aahhhhh. Não da.... Não da... Calma.... Aaahhh.."
Ela dizia, e eu não queria contrariá-la mas meu corpo não me pertencia mais. Eu não estava no controle de nada. Ela falava, eu olhava naqueles olhos esmeralda e sentia pontadas no meu pau. Ele ficando ainda mais duro, se é que isso era possível.
Ela não conseguia mais segurar o próprio peso e quase caiu. Eu a segurei e mesmo com dor a levei até o sofá mais próximo, sem tirar meu pau de dentro. E ali em um frango assado meio torto eu continuei metendo. As mãos dela apertavam o tecido do estofado com força e a cabeça dela se virava pra trás. Outro orgasmo.
- "Aaaahah. Fe... Aaahh... NNnnNNn.. Aaaaahh. Chega.... Chega.... Não da.... Ahhhh. Aahhh.."
E aí eu senti, meu orgasmo chegando. Veio como um choque das maiores placas tectônicas. Como se fosse o verdadeiro magma querendo sair de mim e formar novas cordilheiras na silhueta da terra. Gozei, gozei e gozei. Tudo dentro dela. Só depois da última gota de porra sair do meu corpo que eu senti o ar entrando em mim de novo. Foi como se tudo isso tivesse sido vivido em um único ciclo de respiração. A tensão foi inacreditável.
Meu corpo voltou à terra, voltou às dores e cedeu. Caí por cima dela e ela me segurou. Os dois ainda respirando profundamente, como se tivéssemos acabo de terminar uma maratona. De repente me lembrei do poema que parece que foi lido em outra vida.
- "Tu me perguntarás e eu te responderei, a olhar com ternura as minhas pernas que o amor pacificou, lembrando-me que elas andaram muitas léguas de mulher até te descobrir. Pensarei que tu és a flor extrema dessa desesperada minha busca; que em ti fez-se a unidade."
Ficamos ali juntos até nossa respiração voltar ao normal.
- "O que foi isso?" -- Ela perguntou
- "Eu não sei, eu realmente não sei..." -- Eu respondi ainda levemente desnorteado
- "Eu nunca senti nada assim antes... Eu acho que... que..."
- "Que o que?"
- "Acho que estou apaixonada... Acho que nunca me senti tão viva antes"
- "Nem eu... Acho que finalmente estou entendendo o que significa essa palavra. Paixão."
- "Vem, vamos pra cama." -- Ela disse com uma voz doce.
Ela me ajudou a voltar para o quarto. Lá, quando senti tesão novamente ela subiu em mim e me cavalgou como uma amazona me olhando direto nos olhos. Gozamos juntos com ela rebolando em movimentos circulares na cabeça do meu pau. E depois, adormecemos.
Acordei e ja havia anoitecido, ela dormia profundamente do meu lado. Um semblante pacífico e suave. Me levantei e fui procurar água. Fui sem roupa mesmo, estava pensando em ter a mesma política que tinha na minha casa acima do estúdio. Vou andar pelado sempre que quiser, e comer quem eu quiser como eu quiser.
- "Levantou o belo adormecido" -- Disse a Sayuri que estava na mesa jantando ao lado da minha mãe.
- "E levantou com a ferramenta ativa pelo jeito" -- Brincou a minha mãe sobre o meu pau meia-bomba. Ele começou a subir quando viu as duas.
Fui até a mesa e tomei água do copo da Sayuri. Que acariciou de leve o roxo que ainda estava nas minhas costelas enquanto eu bebia.
- "Você está melhor?" -- Ela perguntou
- "Estou quase la, ainda estou com dor mas ja me sinto muito melhor hoje."
- "É... Pelo que eu ouvi acho que deve estar se sentindo melhor mesmo" -- Minha mãe disse e as duas riram
- "Como assim?" -- Perguntei confuso
- "Quando chegamos as enfermeiras estavam fofocando sobre a ... performance" -- Elas riram novamente -- "Elas viram um belo show aqui de camarote."
- "É mesmo? Eu não percebi que tinham espectadores"
- "Pois é, acho que você estava muito bem entretido" -- disse a Sayuri. -- "E mocinho, precisamos conversar sobre sua inscrição na faculdade. Está quase na data limite para enviar a gravação."
- "É verdade..." -- Eu disse voltando a lembrar da minha própria vida. Nem tinha pensado nisso ja fazia um bom tempo. Dias atrás eu achei que nunca mais encostaria em um piano. Eu ainda precisava de um tempo pra me recompor e decidir o que queria fazer da vida.
- "Mas não agora. Venham, quero deitar com as minhas mulheres. E hoje quero todas sem roupa nenhuma."
Continua...