Silvia
“Não entendo qual é o problema, Silvia! Você sempre saiu comigo assim. Por que não podemos ir dessa vez?”, ele disse, aos gritos.
“Acontece que meu coto está doendo, ok? Fiquei muito tempo com a prótese nesta semana e o coto está muito inchado! Se você não consegue entender isso, então vá sozinho! Caso contrário, terá que se contentar comigo e minhas muletas!”
“De jeito nenhum. Não vou fazer meus amigos rirem de mim por estar com uma aleijada.”
“Cretino!” eu gritei quando ele bateu a porta. “E não volte mais aqui!” Mas não adiantou nada. Comecei a chorar sem parar. Jorge não se acostumou com minha situação após o acidente. Eu até tentei, mas não teve jeito. Ele não se conformava com o fato de eu ter perdido a perna, apesar de eu sempre estar com a minha prótese. Bem, quase sempre, pois o uso contínuo passou a me machucar muito. Minha pele é muito fina e a prótese machuca muito se é usada por muito tempo.
Nós estávamos indo ao seu restaurante predileto para encontrarmos alguns amigos. Era nossa rotina nos sábados à noite. Depois do acidente, ficamos meses sem poder ir até lá. Jorge e eu namoramos... ou namorávamos há 4 anos. Quando o atropelamento aconteceu, ele só ficou sabendo no dia seguinte. E eu fiquei 20 dias sem abrir os olhos. Quando voltei do meu passeio ao céu, minha reação foi a pior possível. Para uma modelo, perder a perna era simplesmente o fim da vida. E era exatamente o que eu queria que acontecesse, que minha vida acabasse ali mesmo...
O suporte de meus pais e de Jorge me fez levantar a cabeça e seguir em frente. Os primeiros meses foram terríveis. Dores, tratamentos, mais dores, adaptações às muletas e prótese... Enfim, passado mais de um ano, pensei que minha vida voltaria ao normal. Quer dizer, quase, pois os desfiles acabaram. Mas eu consegui bons trabalhos de fotografia da cintura para cima. Eu tenho um rosto muito bonito – como dizem – e um corpo de arrasar! Quer dizer, tinha... Mas as fotos estavam aparecendo e eu estava me acostumando com esta nova fase da minha vida.
Jorge sempre manteve uma atitude defensiva. Somente admitia me ver de calças e com a prótese. Saias, nem pensar. Muletas então, nunca! E quando voltamos a fazer amor, nos despíamos em cima da cama, sempre no escuro. Ele nunca tocou meu coto. E nós nunca falávamos sobre a minha nova situação. Ele simplesmente fez de conta que nada havia acontecido. Até este dia, onde ele bateu a porta e simplesmente nunca mais apareceu...
Meus dias sempre são iguais. Quando acordo, vou saltando até o banheiro. Aliás, dificilmente uso muletas ou a prótese em casa. Pulo o tempo todo. A não ser quando necessito carregar algo. Então uso uma muleta apenas. Já me acostumei a “andar” com ela, firmando-a apenas com a axila, e ter as duas mãos livres. Quanto à prótese, deixo-a apenas para sair, ir aos primeiros trabalhos quando consigo algum novo. Quando o pessoal acostuma comigo, passo a aparecer de muletas. Como já disse, minha é pele é muito fina e a prótese machuca muito.
Na semana passada consegui um novo trabalho. Não entendi muito bem o chamado, mas o telefonema me motivou muito. Um fotógrafo famoso me telefonou dizendo que recebeu boas qualificações minhas e precisava de um modelo especial. Não entendi bem para o que era, mas ele confirmou que era eu mesma a modelo que ele estava procurando.
Fui até o endereço, meio desconfiada, mas afinal de contas, ele era conhecido de outros fotógrafos com os quais eu já tinha trabalhado. Um deles me disse: “Esteja preparada. Ele gosta de trabalhos bem diferentes.” Quando bati na porta, um cara lindo me abriu e sorriu. “Você deve ser Silvia. Eu sou Michel. Por favor, entre e fique à vontade. Estou preparando o estúdio para a nossa seção de fotos.” Fiquei espantada com a casa. Era enorme e muito bem decorada. “Eu moro aqui mesmo. É um antigo ginásio, muito grande. Posso ter casa e trabalho no mesmo lugar. Então tento deixá-lo com cara de lar e estúdio ao mesmo.” Ele disse.
“É muito lindo!” Eu disse.
“Eu ou o estúdio?” ele perguntou. E deu uma gargalhada, logo dizendo: “Desculpe, foi só uma brincadeira.”
Mas eu resolvi entrar na onda dele, só para descontrair. “Sua casa é bonita e aconchegante. Mas lindo mesmo é você.” Eu consegui deixá-lo encabulado.
“Você é muito rápida e bem-humorada. Gosto de pessoas assim. Acho que vamos nos dar bem. Vamos conversar sobre o trabalho?”
Ele me explicou o que queria fazer. E porque eu estava no projeto. O objetivo era fazer um trabalho sobre soutiens para mulheres com muito peito e ombros largos, tipo nadadoras. Era o meu caso. Sempre tive seios enormes, mas muito firmes. E meus ombros se alargaram um pouco mais do que o normal pelo uso contínuo das muletas. Então eu era a modelo perfeita.
Tínhamos diversos modelos de lingeries para fotografar. Ele me perguntou se já tinha feito um trabalho assim, e disse que já tinha desfilado com roupas íntimas em outras épocas. Mas nos últimos tempos quase só tinha fotografado o rosto. Mas eu topava fazer o trabalho.
“Ótimo! Então podemos começar, pois temos quase 50 peças para fotografar em vários ângulos. Você pode usar esta sala para se trocar. É um pouco longe da sala de fotos, mas é a mais perto que tenho. Eu vou ver a iluminação. Vamos fotografar lá no final do corredor.”
Ele saiu, deixando-me sozinha. Eu estava de calças, com a minha prótese e uma blusa solta, sem nada por baixo. Tirei a blusa e olhei para meus seios no espelho. Sempre foram meu orgulho! Eram lindos, bicudos e... enormes! Desde que perdi a perna, acabei por ganhar um pouco de peso, e minhas curvas apareceram. Meus amigos disseram que, de modelo, acabei me tornando gostosa, mesmo sem uma perna. Ganhei bunda e algumas curvas interessantes. Enfim, vesti o primeiro soutien, mantendo a calça, e fui para a outra sala, que ficava no final de um corredor pra lá de longo.
“Uau! Realmente acho que estou com a modelo certa.” Eu sorri e comecei a posar para as fotos. Ele conversava muito comigo, brincávamos sobre muitas coisas e o trabalho foi fluindo naturalmente, sendo muito divertido. Mas as idas e vindas para a sala de trocas acabou por me causar um pouco de dor no coto. Lá pela vigésima peça, começou a me incomodar mesmo. Michel notou e me perguntou o que estava de errado.
“Estou com muita dor na minha perna. Ficar este tempo todo de pé junto com as idas e vindas para o vestiário estão me matando.”
“Certo, vamos parar um pouco. Você quer ficar mais à vontade? Quer dizer... desculpe, não sei se posso sugerir que você fique sem a prótese.”
Eu olhei para ele com surpresa. “Pensei que eu já tinha aprendido a caminhar sem deixar traços, mas você é bem observador. Você se incomoda com isso?” eu perguntei num tom um tanto impaciente.
“Nem pensar. Isso não atrapalha em nada. Tenho um banco alto que podemos usar nas fotos. Mas você terá que ir pulando até o vestiário para se trocar.”
Nem podia imaginar ir pulando até um ponto tão longe. E ainda faltavam 30 peças para fotografar! Como inibição nunca foi mesmo o meu forte, pois sempre estive bem acostumada a trocar de roupa na frente de todo mundo quando desfilava, falei: “Vamos fazer o seguinte. Traga as peças lá do vestiário que eu as trocarei aqui mesmo.”
Ele me olhou e disse “Ok, posso sair a cada troca e...”
Eu o interrompi. “Michel, eu já fui modelo, lembra? Modelos trocam de roupa na frente de todo mundo o tempo todo. Não se preocupe, só traga as peças para mim, por favor.”
Ele sorriu e saiu. Eu aproveitei, tirei a calça rapidamente e comecei a soltar a prótese, coisa um pouquinho trabalhosa. Quando consegui, ele chegou. Seu olhar foi de espanto e constrangimento.
Eu disse: “Desculpe. Queria que tivesse dado tempo de vestir a calça outra vez. Não queria que você visse isso.”
“Está brincando?” ele disse. “Queria poder ver você todos os dias. Faz muito tempo que não vejo uma mulher tão linda. Realmente meus colegas têm razão. Visualmente, a perna não lhe faz falta. Quer dizer, desculpe, não foi bem isso que eu quis dizer e...”
“Tudo bem, Michel. Eu já entendi. Outros amigos já me disseram que eu lhes pareço um tanto ‘apetitosa’ da forma como sou hoje. E parece que causei isso em você também. Afinal, não é sempre que se vê uma ex-modelo perneta de calcinha e soutien.” Eu tentei dar um sorrisinho ao final da frase, mas ele ficou um pouco sem graça, pois eu estava me sentindo frágil naquele momento. Mas, para minha surpresa, a reação dele foi bem diferente do que eu esperava.
“Silvia, Silvia, nada disso. Ex-modelo por quê? Você não está aqui trabalhando? Então continua sendo modelo. Quanto ao seu corpo, você é muito... apetitosa, mesmo. Muito linda, com uma perna ou duas, e neste momento, já que estamos sendo sinceros, você realmente é mulher para abrir o apetite de qualquer um. Linda! É só o que posso dizer de você! E vamos trabalhar.”
Isso foi muito surpreendente. Primeiro, pela forma com que foi dito. Ele realmente me fez sentir desejada. E segundo, porque eu estava morrendo de tesão por ele naquele momento. Queria tirar o resto da pouca roupa que me cobria e me atirar naqueles braços. Mas o trabalho estava chamando e fomos a ele. Como ele já tinha me visto sem as calças, fiquei sem elas. Abri o soutien e tirei-o, pedindo que ele me alcançasse a nova peça. “Que peitos fantásticos você tem, menina! São de verdade mesmo?”
“Pare com isso! São, sim.” Eu comecei a rir e ele junto. Os cliques seguintes foram realmente um arraso. A cada troca ele fazia uma cara de lobo-mau e eu não conseguia parar de rir.
Quando chegamos ao final do trabalho, ele me disse: “Fazia muito tempo que não me divertia tanto no trabalho. Gostaria que essa diversão continuasse após o término. O que você acha de jantar comigo?”
“Será um prazer. Aonde vamos?”
“Aqui mesmo! Eu cozinho muito bem e gostaria que você experimentasse um de meus melhores pratos. Uma surpresa!”
Fiquei espantada! Era muito bom para um homem só. “Está bem. Vou me vestir e vamos para a sua cozinha.”
Eu tirei o último soutien e ia pegando minhas roupas quando ele, surpreendentemente, disse:
“Ah, não. Você vai assim mesmo. Como está. Vai ser o preço do jantar. Me dar o prazer de ficar olhando para você assim, como uma jóia. A mais linda jóia que já vi na vida!”
Eu realmente não sabia o que dizer! Não achava palavras para ir contra aquilo. Muito pelo contrário! Eu queria, e muito, ficar mais do que nua, queria ele dentro de mim a qualquer custo. Mas não queria dar uma de atirada logo na primeira vez. Tentei uma desculpa: “Bem, é que será difícil ficar pulando pra lá e pra cá, quer dizer, estou meio cansada e...”
Ele nem esperou eu terminar a frase. Pegou-me no colo e começou e me levar para a cozinha. Eu estava ali, nos seus braços, com o rosto colado ao dele, só de calcinha! Nem preciso dizer que o beijo aconteceu naturalmente. E com uma paixão, um tesão incrível. Acabamos parando no meio do caminho, na sua sala, e no chão mesmo fizemos amor como dois velhos amantes. Parecia que nos conhecíamos há tempos, pois sabíamos o que um e outro gostava, onde tocar, o que sentir. Eu não queria que aquele momento terminasse nunca mais. Nunca me senti tão mulher como naquela noite.
Ele me tocava, pegava meus seios e apertava levemente, fazendo com que uma pequena dorzinha me despertasse um tesão incrível. Eu rolei no chão até ficar por cima dele. E com meu coto, comecei a masturbá-lo levemente. Enquanto isso, eu o beijava e com as mãos tocava todo o seu corpo. Ele foi à loucura!
Então foi a vez dele. Me virou de costas e me perguntou se eu já havia sido penetrada por trás. Eu disse que era uma posição difícil para quem tinha só uma perna. Ele riu e me pegou de lado, sentou-me em cima dele e me penetrou vagarosamente, segurando meu coto com uma das mãos e aparando minhas costas com a outra. Aquele vai-e-vem foi simplesmente demais. Eu gozei com nunca tinha feito em toda a minha vida!
Ao final, após um beijo longo e carinhoso, ele disse: “Preciso confessar uma coisa, e tem que ser agora. Eu já me apaixonei por você há mais de um mês atrás, quando você fazia fotos com um amigo. Você nem me viu, mas eu não tirei os olhos de você. Queria ter um motivo para trazer você aqui de qualquer maneira. Até que tive a sorte deste trabalho aparecer.”
“Você...” eu comecei a dizer.
“Espere, deixe eu terminar. Não pensei em outra coisa a não ser em você desde que a vi naquele dia. E, para que tenha certeza de que sou sincero, só descobri que você não tinha uma perna tempos depois! Portanto, a paixão que sinto é sincera e por você toda, com ou sem perna. Foi pela mulher que me apaixonei, e por toda ela, com ou sem perna. Você é realmente linda, por dentro e por fora, e quero que você não vá embora nunca mais da minha vida!”
“Eu... eu não sei o que dizer. Quer dizer, sei sim. Apaixonei-me por você logo que o vi hoje, e esta paixão só aumentou durante o dia. Não via a hora de poder beijá-lo, de fazer amor com você. E o que senti foi simplesmente fantástico. E se quer saber, não, eu não pretendo deixá-lo. Nunca!”
E aquela noite de amor continuou e nunca mais terminou...
@Julho de 2003 by DvoT
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