O brilho suave da lua entrava pela janela do seu quarto, a lua cheia mexia com sua sensibilidade. Enquanto os ruídos distantes da cidade ecoavam pelas ruas quase desertas, ela se encontrava sozinha, imersa em seus pensamentos.
A brisa morna da noite balançava as cortinas. Envolta na penumbra, ela sentou-se à janela. Seus dedos, delicados e hesitantes, começaram a traçar padrões invisíveis na sua pele. Seus olhos, fixos na rua, observavam as pessoas que passavam, como sombras fugazes na noite.
Não era apenas a cidade que estava viva lá fora; eram histórias ambulantes. Passou a imaginar como aquelas pessoas transavam. Até desejou estar na cama com alguns passantes. A possibilidade de fazer sexo com um desconhecido aumentou sua excitação. Ela se deixava levar pela dança silenciosa das vidas que se cruzavam na rua.
Agora ela se tocava com mais intensidade, sentindo seu critóris avolumar-se na ponta do seu dedo, seus pensamentos vagueavam por possibilidades infinitas. A janela não era apenas uma moldura para o mundo exterior; era o portal que conectava sua solidão ao tecido pulsante da cidade adormecida.
Naquela noite ela descobriria que, mesmo no anonimato, a conexão entre ela e as pessoas que passavam não era apenas visual. Uma história inesperada estava prestes a desdobrar-se, tecendo um enredo único entre as sombras da noite e os suspiros silenciosos de uma janela entreaberta.
Não era a primeira vez que ela ficava na janela, se tocando e observando as pessoas passando. Seu apartamento ficava no andar térreo de um antigo prédio do centro da cidade. Sua janela ficava praticamente junto à calçada. Era o que o seu salário de vendedora de loja de shopping conseguia pagar.
Naquela noite sua excitação chegou a um nível que ela jamais experimentará. Já era madrugada e uma repentina brisa entrou ao seu quarto. Ela se aproximou da janela e envolveu seu corpo nu nas cortinas. Suas mãos percorriam seu corpo arrepiado de prazer. Ao alcançar e acariciar seus grandes lábios, gozou quase que instantaneamente. Gemeu de prazer olhando pra lua e para rua deserta. Rua deserta? Não, certamente não!
Naquela noite em particular, ele retornava do trabalho, cansado e ansioso para relaxar. Ele morava nas proximidades e sempre usava aquela rua para chegar até sua residência.
Ao passar pelo prédio dela, olhou para a janela. Por mais de uma vez ele pode observar sua silhueta pela janela entreaberta, mas hoje algo estava diferente.
Ela morava num antigo prédio de kitnetes. Lá um pequeno e estreito jardim separava a calçada das janelas dos apartamentos.
Diferentemente de outras vezes, quando ele apenas espiava sem diminuir o passo, ele parou. As cortinas entreabertas, revelavam um vislumbre íntimo do interior do apartamento.
Hesitou, pois estava a poucos metros dela, mas decidiu ficar onde estava. Ao espreitar pela fresta da cortina, testemunhou uma cena que fez seu coração acelerar. Ela não apenas estava lá, mas também se tocando, entregando-se a uma expressão de prazer que iluminava o ambiente.
A visão, inicialmente surpreendente, despertou nele uma mescla de sentimentos. Sentiu-se como um espectador indesejado, mas ao mesmo tempo, algo no ar o envolveu, criando uma conexão invisível entre eles. Ficou ali, imerso na cena que se desenrolava diante de seus olhos.
À medida que a intensidade do momento aumentava, ele se viu cativado pela autenticidade e paixão daquele momento íntimo. As cortinas pareciam ser uma fronteira frágil entre suas vidas, e ele se questionava sobre os limites entre o público e o privado, a observação casual e a invasão de privacidade.
Então, algo surpreendente aconteceu. Entre gemidos e movimentos de prazer, ela notou a presença dele, olhando diretamente em seus olhos através da fresta das cortinas. Em vez de expressar surpresa ou indignação, um sorriso sutil dançou em seus lábios, como se ela tivesse consentido com a presença silenciosa dele.
Já surpreso por ter vivenciado aquele momento íntimo, ficou atônito quando ela passou seu braço pela grade da janela, com a chave do seu apartamento na mão e convidado-o para entrar.. “Aí tem a chave da entrada do prédio e a do apartamento, o meu é o número três” disse ela com a voz trêmula e insegura, olhando com os olhos arregalados, fixos nele. Ele pegou a chave! Um arrepio de pavor correu sua espinha, ela até já pensará numa possibilidade destas, mas agora estava acontecendo, ele estava prestes a abrir a porta do prédio. “Seja o que Deus quiser” disse ela em voz alta para si mesma.
Ele mal podia acreditar na ousadia daquela linda e desnuda mulher, mas algo dentro dele o impeliu a aceitar o convite. Sem hesitar, pegou as chaves da mão dela e dirigiu-se para a portaria do prédio a passos largos.
Colocou a chave na porta, a imagem da sua esposa passou rapidamente na sua mente. Respirou fundo e entrou. Com poucos passos pelo corredor mal iluminado, estava defronte do apartamento três.
Ela ouvia seus passos, sentia sua presença cada vez mais próxima. Sensações de pânico e excitação percorriam seu corpo. Naqueles parcos instantes seus pensamentos eram uma total desordem. Pensava: coloco alguma roupa, pois estava nua, me apresento formalmente, ofereço uma bebida, vou abraça-la, beijá-lo, o que faço? Estava a beira de um ataque nervoso. Sentiu a mão dele tocar na porta, ela ficou em pé e de costas para a porta.
Ele forçou a maçaneta e a porta abriu-se. Sob uma luz tênue, um
suave perfume de incenso pairava no ar, envolvendo cada canto da sala em uma névoa sensual. Era ali, sob essa atmosfera de expectativa e ansiedade, que se desenrolaria um encontro inusitado e ardente.
Olhou para o seu pulso, seu relógio marcava os minutos com uma lentidão sugestiva, enquanto aquela figura enigmática o aguardava. O acaso criara um cenário cuidadosamente preparado, como se o próprio ambiente sussurrasse de tanta excitação.
Ela estava a sua frente, seus cabelos pouco mais compridos que a linha dos ombros, roçavam suas costas, acompanhando o leve movimento da sua cabeça. Sentia a suaviade da sua pele apenas no olhar. Sua bunda genererosa elevou sua excitação ao máximo. No auge dos seus trinta e poucos anos, ela era realmente linda. Seu corpo era esguio, pele clara, quadril largo, seios médios e um belo rosto de fisionomia serena.
Oi, tudo bem? Perguntou ele com a voz trêmula, fechando a porta entre aberta atrás de si.
O som da porta fechando fez com ela caísse de joelho sobre o tapete. De pernas abertas e com sua bunda arrebitada ela o convidava para viesse possui-la. Arreou suas calças e olhando para a buceta arroseada dela, aproximou e entrou nela com vontade.
Agora ela gemia de êxtase e prazer, sentindo-se preenchida e confortável com aquele frenético vai e vem. Ele soltava gemidos graves e contidos e não demorou pra gozar. Ela saiu daquela posição, deitou-o no tapete tirando suas calças e sapatos, jogando para os lados. Se olharam de perto pela primeira vez.
Olhou-o fixamente por alguns instantes e segurou o seu pau e começou a o engolir tentando manter o seu vigor. Em poucos minutos ela já estava cavalgando sobre ele, que vivia aquele momento, incrédulo: seria alucinação ou realidade?
Ela se inclinou para traz, apoiando suas mãos nas pernas dele, rebolando, subindo e descendo até gozar escandalosamente.
Agora ela respirava apressadamente e com o coração acelerado, como alguém que chegara de uma corrida de 100 metros rasos. Ainda sentada sobre ele, inclinou-se e o beijou, primeiro ardentemente, depois com suavidade como se apaixonados fossem.
Ficaram ali abraçados por alguns instantes, em silêncio. “Preciso ir, me esperam em casa” - ele disse quebrando o silêncio daquele breve momento, mas que parecera ser uma eternidade.
Sua esposa surgiu na sua mente novamente, ele já era cinquentão, tinha filhos, e trabalhava como recepcionista num prédio, não muito longe dali. As vezes ele até chegava mais tarde em casa, mas nada como esta noite.
Colocou sua roupa rapidamente, acariciou os cabelos dela e depois de um abraço caloroso partiu. Não perguntaram os nomes, nem trocaram telefone.
Na noite seguinte, ele saiu do trabalho e se dirigiu, com passos ansiosos, até o prédio onde ela morava. A janela estava fechada. Sua frustração estava estampada na sua cara. Nas noites seguintes a situação não mudou.
Passada uma semana, ele se dirigindo ao trabalho, resolveu perguntar ao zelador do prédio onde ela morava se a moradora do apartamento três estava em casa. “A Dona Regina se mudou no final de semana “ disse o zelador. Ele perguntou se o zelador sabia pra onde ela foi, mas ele não sabia.
Sua lembrança, pelo menos tinha nome e ele estava disposto a reencontra-la.
Continua....
Leia o segundo conto da série.
Título: Prazer além das cortinas (2)