Oi pra todos vocês.
Sou a Morgana e esse nome tem tudo a ver comigo, porque, assim como a Morgana original que foi a irmã do Arthur, aquele que virou rei por causa de sua espada mágica.
Todo mundo conhece a história do Rei Arthur, de seus cavaleiros e de sua távola redonda. O que pouca gente sabe é que ele tinha uma irmã por parte de mãe que era oriunda do povo dos lagos que eram aqueles que viviam de acordo com as crenças dos antigos Druidas.
Quem se interessar em conhecer melhor a história do Rei Arthur, leia os quatro livros da série A Senhora do Lago. Lá vocês vão encontrar toda a origem daquele Rei e algumas outras particularidades, como, por exemplo, o fato de ter sido sua irmã, como sacerdotisa, aquela que tirou a virgindade dele sendo a primeira a transar com ele e outras passagens mais interessantes, sendo a mais interessante de todas foi aquela em que o Lancelot fode a rainha na cama do casal real e na presença do Rei Arthur, o corno.
Não sou eu que estou inventando isso. Está tudo lá no livro.
Entretanto, não se enganem. Eu não era como sou hoje, Muito pelo contrário, se na minha adolescência alguém falasse sobre essas estripulias de minha xará e de seu irmão famoso, certamente eu perderia a fala e sairia correndo de perto do infeliz sem educação que se atrevesse a falar um absurdo desses na minha frente.
Lógico que, sendo assim, é melhor pular toda a história da minha vida até os meus vinte e um anos, quando já era uma senhora casada, fiel e cumpridora de minhas obrigações como esposa e dona de casa. É que a minha vida foi tão normal, mas tão normal, que um conto falando dessa parte fatalmente seria motivo para que os leitores ficassem com ódio de mim por estar tomando o tempo deles.
Só para não deixar dúvida, quando digo que a minha vida foi normal, quero dizer normal mesmo, perdi a virgindade em uma festinha de colégio quando fui incentivada por uma amiga, se gozei ou não nem sei dizer e depois disso transava de vez em quando, porém, só aceitava as cantadas que eu recebia para não ficar sendo a chata do pedaço. Um dia conheci o Leonardo, me apaixonei, transei com ele sempre que ele queria e nos casamos quando eu completei dezenove anos. Ele, um pouco mais velho que eu, contava com vinte e seis no dia do nosso casamento.
Durante algum tempo a nossa vida continuou sendo normal e, portanto, muito chata. Uma fodinha básica de três em três dias, se demorasse uma semana também ninguém reclamava e vida que segue.
A única coisa que saia um pouco do figurino das normas impostas pelos criadores da seita Tradição, Família e Propriedade aconteceu quando eu estava iniciando o final do segundo ano da faculdade e esse acontecimento tinha nome, endereço e CPF. O nome dela é Sara.
Sara, aparentemente, é muito parecida comigo. Temos a mesma estatura, um metro e sessenta e cinco e o mesmo peso, cinquenta e sete quilos, sendo que ela tem seios maiores que os meus que estão abaixo do tamanho médio enquanto o dela até parece a comissão de frente de uma Escola de Samba, com os integrantes, carros alegóricos e tudo o mais.
Ah! Com uma diferença no tamanho dos seios assim, então como é que vocês podem ter o mesmo peso? – É a pergunta que os leitores mais atentos farão.
E eu explico:
Cada centímetro, cada grama a mais que a Sara carrega em seus grandes seios que, apesar do tamanho são firmes e lindos, eu compenso com numa bunda grande, arrebitada e com minhas coxas com penugem dourada bem mais grossas que as dela.
No mais somos tão parecidas que muitas vezes agimos como se fôssemos irmãs e não tem quem não fique convencido disso. Cabelos loiros, os meus totalmente lisos e os dela ondulados e cerca de dez centímetros mais compridos que os meus que ficam um pouco abaixo da nuca. Olhos claros, sendo que os dela são de um tom que beira mais o violeta enquanto os meus são azuis como duas safiras. Nariz afilado sendo o dela um pouco mais arrebitado que o meu e as bocas. Bem, nossas bocas parecem algo produzido através de ‘Ctrl+C – Ctrl+V’. Todo mundo repara e comenta como são parecidas, com nossos lábios carnudos. Até mesmo os defeitos são iguais, pois tanto eu como ela ainda estamos sofrendo com o uso de aparelhos corretivos, pois ambas somos o que os antigos chamavam de dentuça, quando dizer isso a respeito de alguém não tinha nada a ver contra o fato de ser ‘politicamente correto’.
Bom. Mas as semelhanças terminam por aí, pois se eu não tenho muito que contar sobre a minha vidinha monótona, Sara tem muito. Não sei se ela inventa para me provocar ou se ela viveu todas as aventuras que diz ter vivido, mas isso nem interessa mais, pois foi exatamente por causa desse jeito maluco e safado dela que a minha vida mudou.
Isso mesmo, por influência de Sara e suas maluquices que eu me vi na obrigação de mudar o meu comportamento, porém, soube fazer isso sem que a minha imagem junto à minha família, ou a de Leonardo, sofresse o menor arranhão. No ambiente familiar eu ainda sou a Morgana insossa e sem graça que sempre fui.
E como foi que tudo isso começou?
Bom, a Sara não veio com aquela conversa de que eu precisava mudar, que experimentar coisas novas transformaria minha vida para melhor, que meu relacionamento com meu marido precisava passar por umas situações que dessem nele umas sacudidelas. Nada disso aconteceu.
Para falar disso, antes é preciso falar um pouco mais de Sara e suas maluquices.
A Sara não era o tipo de mulher que não podia ver um pau duro que se arrepiava toda. Ela era sim muito safada, vivia com sua libido em alta, mas se comportava. Para ela se entregar a um cara era preciso que o sujeito suasse um pouquinho, ou seja, fosse inteligente em suas cantadas, encantador em seu comportamento e conseguisse despertar nela o desejo genuíno pelo sexo. Não pelo sexo em si, pois esse desejo era sempre presente nela, mas o desejo de transar especificamente com ele.
Não, eu não estou de sacanagem ao dizer que minha amiga era safada, uma taradinha por assim dizer e, quando pintava um galã por quem ela se interessava ela ficava fazendo doce. Não é isso. Com relação aos caras, ela sabia ir conduzindo a situação deixando o cara a par do que era preciso fazer sem que precisasse ficar explicando ou fazendo mapas com legendas ou ainda dando dicas de GPS. Ela agia de formas a conduzir a sua ‘vítima’ e era incrível como tudo acabava dando certo.
Eu me divertia muito quando ela dizia que o candidato ia agir de uma determinada forma e depois me surpreendia por ver que era exatamente o que o cara fazia. E com isso ela sempre conseguia o que queria, quando queria, com quem queria e aonde queria.
E depois me contava tudo, me deixando molinha. Foi com a Sara que aprendi a me masturbar, pois de repente o meu desejo de fazer algo mais ousado com meu marido esbarrava tanto na minha timidez quanto na seriedade dele e eu nunca tinha coragem de propor nada. Então, o remédio era usar os dedinhos durante meus prolongados banhos.
Então, ainda tem algo meio obscuro nisso tudo, pois de tudo o que falei, não tem nada que explique o fato de eu dizer que a Sara era uma safada e, antes que todo mundo desista de continuar lendo, vou explicar:
“A Sara é tão tarada que tem que gozar várias vezes por dia e, para isso, recorre a vídeos, imagens e, em sua peregrinação na internet buscando por algo que a deixasse excitada, acabou descobrindo a existência de contos eróticos e ficou extasiada com alguns deles, principalmente, segundo ela explicou, pela qualidade dos contos.”
Então é isso. A Sara curtia muito pornografia e o avanço da internet foi para ela um prato cheio.
E foi exatamente em um site de Contos Eróticos que ela se deparou com algo que mudou a minha vida. A princípio, não pareceu nada sério, com ela fazendo apenas alguns comentários ao acaso. Lembro-me perfeitamente da primeira vez em que, falando sobre esse site, sem especificar nenhum conto, ela falou sobre algo que chamou minha atenção:
– Sabe Morgana. Tem um cara que posta uns contos lá que está mexendo muito comigo.
– O que foi? Está tão bom assim que está te deixando a fim dele?
– Não! Não se trata disso. O cara é muito bom. Mas tem algo nos contos dele que chama minha atenção.
– Tá bom. E você, logicamente, vai me dizer o que é que está mexendo com você.
– Errou. Não vou. Acho que não vai ser uma boa.
– Por que não? Eu nunca peço para você contar sobre o que você lê e você insiste em fazer. Agora vem me dizer que não quer contar! O que está acontecendo com você Sara?
– Nada não. Desculpa. Devo ter ficado encucada com alguma coisa.
– Hum! Sei não Sara! Papo mais estranho esse seu.
– É verdade. Muito esquisito mesmo. Vamos que o sinal para o reinício das aulas já tocou.
E a conversa morreu por aí.
Quer dizer, morrer não é bem a expressão, pois de vez em quando a Sara fazia algumas perguntas sobre algo que nunca antes havia demonstrado curiosidades. Como se eu já tinha sido casada ou tido um relacionamento sério com alguém antes de conhecer o Leonardo, o que estranhei, pois ela sabia que a resposta era não ou outras coisas sobre a minha vida amorosa, porém, sempre focando em um período anterior ao de eu conhecer meu marido.
A insistência dela nesse tipo de pergunta fez com que eu me irritasse até que explodi ao ouvir ela me perguntar:
– Você já traiu o Leonardo, Morgana?
– Lógico que não. De onde vem isso agora. – Respondi se esconder a irritação da minha voz.
–Nada não.
– Eu hem! Você de uns tempos pra cá anda com umas perguntas estranhas demais. O que deu em você? Acho até que essas suas leituras indevidas de contos de sacanagem estão afetando sua cabeça.
Sara ia dizer alguma coisa, porém, ao ouvir meu comentário ela se calou e ficou me encarando. Foi possível perceber o momento exato em que ela resolveu mudar a forma de sua abordagem e, depois de respirar fundo, explicou:
– Não é isso Morgana. Sabe o que é? De uns seis meses para cá apareceu um cara lá no site escrevendo uns contos e...
Fiquei esperando que ela concluísse o que estava dizendo, porém, ela apenas me encarava me obrigando e pedir:
– E? – Ela continuou me fitando e eu insisti: – Vai me dizer ou vou ter que ir a uma cigana para que ela me diga?
Sara sorriu timidamente, voltou a respirar fundo e finalmente colocou para fora o que estava incomodando sua cabecinha:
– E a personagem do cara é sempre uma. Sempre a mesma mulher que, no caso, é a esposa dele. Mas não é isso que me chama a atenção, pois histórias assim têm muitas por lá. O que me deixou impressionada é que, quando ele está descrevendo a mulher dele, tanto na aparência como no jeito de agir, parece que está falando de você.
– O que? Que tipo de maluquice é essa Sara? Quer dizer que agora eu virei personagem de contos eróticos?
– Não é isso. – Dava para notar que minha amiga estava embaraçada. Tão nervosa que gaguejou quando disse, logo a seguir, para a gente deixar aquele assunto de lado.
Deixamos de lado? Sim, deixamos.
Bom, pelo menos eu deixei, pois quinze minutos depois já não me lembrava de mais daquela conversa esquisita de Sara.
Só que as coisas não paravam por aí. De vez em quando ela comentava alguma coisa sobre algum conto que o cara escrevia e sempre fazendo questão de comentar algum detalhe que ela ligava a mim. Uma frase, um comentário ou até mesmo um gesto que o cara descrevia com detalhes ela dizia que já havia reparado ser algo que eu fazia com frequência.
Aquilo foi me irritando, porém, ao mesmo tempo em que tirava minha calma, me deixava curiosa e essa curiosidade aumentou ainda mais no dia em que ela comentou sobre uma aventura da personagem relatada no último conto daquele autor e, pela primeira vez, fiz questão de saber mais detalhes e fiquei pasma quando, ela me contou sobre algo que dizia sim respeito a mim, pois ao dizer aonde tinha acontecido a aventura do casal eu reconheci que foi exatamente na balada que meu marido tinha me levado há dois finais de semanas. Isso foi o suficiente para acender de vez a luzinha de desconfiança em meu cérebro.
Sara, ao perceber meu interesse, pegou o celular e se prontificou a abrir o site e localizar esse conto. Não sei dizer por que, mas recusei. Acho que eu temia encontrar alguma coisa ali que me comprometesse na frente dela. Entretanto, aceitei quando ela se prontificou a me passar o link.
Ela me passou através do aplicativo e ainda explicou que, se eu clicasse no nome do autor do conto, eu teria o acesso ao perfil dele e a relação de todos os contos que ele já tinha publicado.
Naquela tarde, me vi mergulhada em um mundo novo. Mal cheguei em casa, abri o conto que ela falou e, ao ver que se tratava de uma continuação, fiz o que ela sugeriu e fiquei diante de uma relação com mais de quinze contos. Olhei as datas e vi que eram pelo menos dois a cada semana e, só de ler os títulos, já dava para perceber que todos os contos eram sobre uma única personagem feminina, que era a mulher do autor, com os personagens masculinos sempre se alterando.
Resolvi ler na ordem cronológica e a princípio achei muito fantasioso. Li sobre coisas que eu jamais faria, porém, tinha que concordar que a personagem tinha tudo a ver comigo. Mesmo assim, não consegui evitar em ficar excitada lendo o primeiro conto que continha uma aventura do casal em uma situação de exibicionismo. O casal viajava em uma autoestrada e, por insistência de seu marido, começou a mostrar seu corpo para os caminhoneiros que eram ultrapassados por eles, até ficar apenas de calcinha, sendo o máximo de ousadia o fato de ela aceitar a ficar de quatro no banco, com as mãos apoiadas no encosto do banco do carona e um pouco inclinada para o seu marido, deixando sua bela bunda encostada no vidro á mercê dos felizardos que passavam por ali naquele dia.
O que mais me impressionava era que, no relato, a personagem era tímida e fazia tudo sem conseguir esconder a vergonha que sentia, mas fazia tudo o que o marido pedia e, quando estavam na cama naquela noite, transaram como não faziam há muito tempo e ela conseguiu controlar sua timidez para confessar que ficou com tanto tesão ao se mostrar que sua calcinha ficou ensopada.
O segundo conto tinha quase o mesmo conteúdo, com a diferença de que dessa vez ela enfiou a mão sob a calcinha e ficou se masturbando para ser assistida por quem conseguia ver.
Quando comecei a ler o terceiro, já tinha a noção exata que nesse algo a mais iria acontecer, pois dessa vez, o casal estava em um carro estacionado em um local com pouco movimento, mas nem por isso isento de que fossem visto.
Eu lia aquela história de Suzy, o nome da personagem, quando perdi o chão e, só não cai por estar deitada em minha cama.
Quando eu era criança, sofri um acidente de bicicleta que deixou uma pequena cicatriz em minha nádega esquerda. Não foi nada grave e nem a cicatriz era motivo de preocupação. Tratava-se apenas de um sinal em forma de meia luz um pouquinho mais claro que minha pele e que ficava aparecendo se eu usasse uma calcinha fio dental, mas coberto em uma de tamanho normal.
Não acreditei quando, no ato de exibicionismo do casal, lá estava a descrição da famigerada cicatriz. Era exatamente como a minha e o autor ainda fez questão de dizer que aquele sinal parecido com uma lua em minha bunda a deixava ainda mais bonita e despertava o tesão em todos os homens que olhavam para ela. Isso em falar no formato de meia lua e o fato dela ser mais claro que o tom normal da pele de minha bunda.
Assustadas, fechei o aplicativo, sem querer acreditar que a minha amiga Sara não estava errada. A personagem daqueles contos que tanto chamavam a atenção dela tinha tudo a ver comigo. Melhor dizendo, se aquela não era eu, então havia uma mulher que podia ser considerada minha sósia.
Não precisei de meio segundo para saber que era o safado que estava me expondo daquele jeito.